Internet é invenção do cramulhão. Não tem mais volta e talvez o 3D possa salvar as salas de exibição. Não creio que o cinema será extinto, dizia-se a mesa coisa quando a TV surgiu mas, que o número de pessoas a freqüentar deve, acho, cair, isso sim.
Vejamos, cinema, fila, estacionamento, horários, gente falando, celulares rebeldes, cochichos, papéis de bala, pipocas. Em casa, conforto, televisão moderna, som idem, sem barulho, sem pressa, sem gente, programação livre tranqüilidade.
Ao menos para mim, cinema já é coisa obsoleta. Resultado de nossas últimas maratonas:
Elementar, meu caro.
Uma palavra: ruim. Arranha terrivelmente a imagem de Holmes colocando-o no mesmo patamar dos heróis de hoje com direito a correrias, explosões e tudo aquilo que tira sua atenção de um roteiro frouxo.
Visualmente é ótimo mas é só. Uma coisa é modernizar um personagem clássico respeitando sua características originais encaixando-as no contexto atual, outra é desfigurar completamente o mesmo no afã de angariar a simpatia da geração ps3.
Brothers in arms
Bom mas não perfeito. Mais uma drama de guerra mas ao invés de focar nas mazelas do campo de batalha envereda pelos caminhos dos traumas pós conflito na volta para a casa.
Atuações convincentes mas não achei foda. Particularmente, o melhor do filme é Natalie Portman.
Zombieland.
Ótimo! Vá lá, mais um de mortos-vivos mas com uma dose de humor negro excelente. No fundo mostra que todos já estamos em processo de zumbificação.
Entre as piadas, uma cutucada no comportamento humano e de como somos, no fim, zumbis de nós mesmos.
Grace
Terror trash de primeira. Bem feito e dá medo mas nada além do suportável. Possui no entanto um conteúdo mais profundo.
A relação mãe/filho e até que ponto um está disposto a ir para manter o outro colocando os rebentos como sanguessugas que nada fazem além de sugar seus provedores até os ossos. A obsessão na continuidade e na realização dos desejos abortados/abandonados de uma geração na seguinte.
Ironia pois a mãe é vegan e assim, em tese, deveria ter parido uma criança mais do que normal e saudável além do fato de ser ‘ex-gay’ o que pode dar a entender que foi o preço que pagou por não ter sido fiel a sua orientação sexual abandonada como um desvio de juventude.
Certa opressão no desejo tórrido da avó em manter a guarda da criança prolongando uma pedaço do filho morto que lhe era caro em maneiras mais do que normais.
Assista
Dorian
O mesmo problema de Holmes. Dizem que esta adaptação de Wilde tentou ser a mais fiel ao livro. No entanto, o filme chega a ser chato e não se consegue ter uma empatia ou antipatia com Dorian.
Visualmente é impecável e as atuações não são ruins no entanto a história não decola. Não me recordo de todos os detalhes do livro e talvez o final carregado de efeitos tenha sido demais.
Para mim, a melhor adaptação ainda é uma de 1945 acho eu.
A caixa
Adorei. Um suspense sci-fi de primeira. Não espere nada mastigado, é do mesmo diretor de ‘Donnie Darko’ então, as interpretações serão muito subjetivas. Talvez a questão alienígena tenha sido meio forçada, mas de resto achei excelente e o elenco é impecável com destaque para Frank Langella que dá arrepios.
Sem entregar muito, achei um exemplo claro de ação/reação ou de como cada ato gera uma cadeia inexorável não importando o que se faça para mudar o resultado final. Uma frase do personagem de Langella, primorosa:
‘Your home is a box. Your car is a box on wheels. You drive to work in it. You drive home in it. You sit in your home, staring into a box. It erodes your soul, while the box that is your body inevitably withers... then dies. Where upon it is placed in the ultimate box, to slowly decompose.’
Necessário.
Bastardos
Quando Tarantino vai se aposentar? Não é ruim mas é apenas a mesma coisa em releitura, vingança e justiça. Adoro os nomes, ele escolhe como ninguém, fora isso, não tem mais nada.
A fotografia também é ótima e as cenas de suspense excelentes mas isso não segura o filme. Vá lá, é uma fantasia sobre a WW2 mas já vimos outras fantasias de Tarantino e ele meio que virou ‘hors concours’ nesse quesito.
Isso não serve porém como desculpa para variações infinitas sobre o mesmo tema. A melhor coisa é Christoph Waltz como vilão nazista.
Se tiver tempo.....
No ar
Esse sim é excelente. Não dava muito não, achava que era mais filme daqueles meio sem sal. Surpresa! É um tratado sobre relacionamentos de primeira!
Qual o peso que as pessoas têm em sua vida? Esse peso vale a pena carregar? Não seria mais prática uma vida sem compromissos ou ligações com outras pessoas seja família, cônjuge ou amigos?
Mas então, o que você carrega além de si mesmo? Que experiências viveu? O que aprendeu posto que o aprendizado implica troca e a troca implica contato?
Isso vai pelo filem todo. De Ryan que leva apenas o que pode conter sua mala de viagem de porte médio, a Natalie que acredita piamente que não precisa conhecer nada além das paredes do escritório a Alex que aparentemente chegou a uma receita equilibrada entre uma vida desprendida e a realidade.
Terno, comovente e simples. Assista o quanto antes.
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