5 de abr. de 2010

fácil/difícil



Na Quinta, véspera de feriado, resolvi ir aqui. Não haveria nenhum evento especial além do fato de que a pessoa que era meu chefe na empresa onde trabalhei antes de estar onde estou iria fazer algo como um acústico.
 
Sim, ele tem pretensões artísticas e, ainda que tenha certo talento, as ditas pretensões mal passaram disso um dia ainda que ele tenha gozado de certa visibilidade (não notoriedade) durante certa época de sua vida pelo que me foi dito. Enfim, fui mais para estar com outros amigos que lá estavam do que realmente ver o ‘show’ em si e no mesmo humor encontravam-se os referidos amigos, havia também a possibilidade de rever amigos de meu antigo emprego o que me deu ânimo extra.
 
Chegando lá, o bar estava bem vazio e além de nós havia apenas mais uma mesa ocupada; véspera de feriado. Notei que da empresa mesmo só havia meu ex-chefe já ao violão e cantando acompanhado por outro que desconhecia e eu, ex-funcionário sendo que na outra mesa estavam, pelo que soube, amigos dele e familiares. Mais uma vez, véspera de feriado. O som dele em si não era ruim, uma coletânea de roque clássico raspando o blues mas tudo com aquele ranço do amador que diz nunca ter se profissionalizado porque não queria ser mainstream e que na verdade nunca o fez por pura preguiça ou capricho passageiro que era o que acabou se tornando um hobby não profissão.
 
Ele me viu e eu a ele, nos acenamos e ele começou com alguma brincadeiras no estilo animador que funcionavam tanto quanto uma injeção de morfina. A conversa ia solta na mesa e nem mesmo dávamos atenção ao som coisa que nada tinha a ver com o fato dele estar a tocar mas que é pertinente aos bares onde mesmo pérolas não descobertas da música servem apenas para amortecer as conversas desencontradas; então, ele fez uma pausa e veio a nossa mesa. Cumprimentamos-nos de forma educada mas algo nele exalava um certo sarcasmo, uma ironia velada pois perguntou mais de uma vez se eu ainda estava no mesmo emprego e disse aos da mesa que me encontrava com freqüência o que passa mui longa da verdade pois ainda que trabalhemos na mesma área, desde que saí de sua empresa em 2007 o vi apenas uma única vez e mesmo assim acidentalmente pois fazíamos coisas diferentes num mesmo lugar. Tudo permeado por um sorriso amarelo, de força, de falso.
 
Depois ele se foi e começamos a comentar a mesa a cena surreal. Explico, trabalhei na empresa dele por pouco mais de seis meses quando outra pessoa que já fora meu chefe no passado chamou-me para estar onde estou hoje. Como era pessoa de minha estima, resolvi aceitar mesmo porque era uma oportunidade única. Assim, por mais que gostasse de trabalhar onde estava, na empresa dele, pedi as contas pacificamente explicando meus motivos, deixando claro que nada pessoal motivara minha decisão e que fora algo totalmente aleatório, não planejado.
 
Informei quando precisaria sair e ele me disse que não havia problema, que me liberaria de pronto mas, senti que o clima azedara. Ao sair de sua sala, comentei com os amigos que já sabiam de minha ida e estes me advertiram de que ele não gostava de quem lhe ‘dava às costas’ independente de como era feito o negócio. Relevei pois ainda tinha um dia de trabalho pela frente mas, ao sentar em minha mesa, descobri que todos meus acessos haviam sido revogados e que deveria entregar meu crachá imediatamente. Ainda era de manhã.
 
Pasmei. Como podia ser parte desse teatro infantilóide? Resolvi porém que não ia dar mole para ele. Se ele desejava que eu me rebelasse ou fizesse cena, quebrou-se pois nada fiz. Fiquei por lá o dia todo, até o último minuto porém, sem fazer nada. A situação beirou o patético quando eu, conversando com os amigos que conseguiam trabalhar, fui interrompido por ele que me perguntou se havia algo errado ou se eu precisava de alguma coisa ao que respondi de forma seca que não. A réplica foi que se eu precisasse de algo que o procurasse ao que aquiesci.
 
Não passei meu trabalho para ninguém pois não conseguia acessar meu documentos e, como disse, fiquei lá de bobeira e fui embora na hora determinada. Despedi-me de todos inclusive dele e fui-me. Praticamente três anos depois parece que para ele ainda é esse dia tolo e sua pergunta se ainda estava onde estou emanava, agora sei, cheiro de ‘ainda não fizeste com eles o que fez comigo, traidor!’ e sei que ele só veio me cumprimentar por obrigatoriedade e não cortesia e, com a vã esperança de me avexar perante meus amigos tarefa que já era fadada ao fracasso desde sua mentalização; quem posou de ridículo foi ele e não eu.
 
Tenho pena, sujeito infeliz que vive de glórias erguidas sobre restos de outros e não próprias. Não o digo sem valor mas suas atitudes depõe contra si vide outros casos semelhantes ao meu que soube depois. Comportamento infantil do tipo não quer brincar mais? Estou de mal! Jardim da infância é pouco.
 
Triste pois ele ainda está lá e eu, aqui, muito, muito melhor.

4 comentários:

  1. Tenho horror a mediocridade ... enfim ... como somos PHINOS o tapa de luvas [de pelica é claro] foi de bom tom ...

    bjux queridão ...

    ;-)

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  2. Isso me lembra o post do David sobre o ex chefe.

    Não o conheço, mas a fama do menino é dessa pra pior. Fizestes bem.

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  3. infelizmente nunca tive um chefe bacana, alguém que me inspirasse, q soubesse mais do q eu, enfim..o chamado líder.

    ai tive q me virar com esses bostas medíocres da porra.

    ainda bem q me livrei da maioria deles senão estaria no mesmo nível q os infelizes.

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  4. Hoje eu tenho uma chefe bacana. na verdade eu tenho vários chefes, eu sou o maior pau mandado da face da Terra.

    De qualquer forma meu rei, tá muito claro a situação em sua mente. Então, que esse aí se exploda na própria inferioridade.

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