O vestido, a bandeira, os dentes à mostra, as plumas, os sapatos (apertados), os gestos, a corte.
Os camarotes, arquibancada, o som, o suor, a pressa, as notas, o gracejo.
Roda a bandeira, solta a mão, faz reverência, circunda a rainha em sentido anti-horário como para fazer o tempo voltar, beija a bandeira como se fosse a rainha, olho no olho, compreensão.
Passo marcado, gira de novo, mais uma vez, apressa o passo, roda, roda e roda mais uma vez.
Mais reverência, mais compasso, mais bateria, suor, sabor.
Passa o meio, passam três quartos, reta final, cansaço, tontura, alívio, pressão.
Risos, abraços, olho no olho, freio de mão. Do meio da roupa brilhante, saca o revólver e com dois tiros mata sua dama.
Sangue, tumulto, bandeira no chão.
Chega em casa José onde o espera a esposa com um prato de arroz, feijão, bife, fritas e salada.
o arroz foi feito com seu cérebro branco.
o feijão com as migalhas de seus sonhos
o bife com o fígado da parceira
as fritas com os dedos do filho seco
e a salada com as almas dos três
temperadas com o choro caseiro em moto perpétuo
o arroz foi feito com seu cérebro branco.
o feijão com as migalhas de seus sonhos
o bife com o fígado da parceira
as fritas com os dedos do filho seco
e a salada com as almas dos três
temperadas com o choro caseiro em moto perpétuo
maria sentou-se na poltrona ao lado de josé.
a tv jorrava o noticiário sem dar tempo para réplicas.
josé semi-deitado encara o aparelho com apatia.
maria o observa, cândida em seus chinelos gastos e vestido barato.
olha para a tv, pega o prato com restos de comida à sua frente e se levanta.
josé continua desligado.
maria olha para josé mais uma vez e diz:
'Não tem açúcar pro café.....' pausa dramática inútil de milésimos de segundo.
'....e estou grávida' completa retumbante.
maria sai da sala.
josé muda de canal
a tv jorrava o noticiário sem dar tempo para réplicas.
josé semi-deitado encara o aparelho com apatia.
maria o observa, cândida em seus chinelos gastos e vestido barato.
olha para a tv, pega o prato com restos de comida à sua frente e se levanta.
josé continua desligado.
maria olha para josé mais uma vez e diz:
'Não tem açúcar pro café.....' pausa dramática inútil de milésimos de segundo.
'....e estou grávida' completa retumbante.
maria sai da sala.
josé muda de canal
A vida dá tantos golpes em alguns que chega uma hora que anestesia...
ResponderExcluirBeijos Melo!
O cotidiano pode ser massacrante... Agora deixa eu ir comprar pão.
ResponderExcluiroha só o Alê revelando com grande esplendor a sua vertente literária ... super super adorável ...
ResponderExcluirperfeito retrato da rotina q por vezes nos oprime ... mas enfim ... a nossa ainda pode ser sustentada ... existem algumas q se mostram insuportaveis mesmo ...
bjux queridão
;-)
Adoro quando vc escreve fatos cotidianos.
ResponderExcluirSó resta oa ser humano se trancar em sonhos e tentar viver o que pode.
a rotina pode matar
ResponderExcluirmas ainda se permite sonhar
e escrever coisas maravilhosas assim
beijos
E visitar a boa e velha JC, nada né????? Humpft....... hahahaha!!!!!
ResponderExcluirHugz&Kizzz!!!!!!!
Fazia tempo que nao lia uma contextualização dessa da rotina.
ResponderExcluirEu, caindo aqui de paraquedas graças a pessoa acima!
Abração!