28 de abr. de 2011

meninos



A primeira lembrança clara de minha queda por meninos é de uma revista do extinto (acho eu) Círculo do Livro. Não sei bem se esse tal 'clube' funcionava mas sei que através dele li muitas coisas via minha mãe e tia que eram associadas, acho mesmo que era algo um tanto burgês pois os livros eram em capa dura, capas trabalhadas e traduções primorosas e, naquele tempo, fim dos anos 70 e quase início dos 80, a leitura não era assim algo acessível e mesmo idos mais de trinta anos ela ficou mais abrangente mas ainda longe de fazer parte da cesta básica.

Enfim, na revista do 'clube', listados os lançamentos do mês, as ofertas da semana e outros itens de interesse, muita tranqueira também, pronta para capturar os incautos mas não minhas duas iniciadoras do hábito mais saudável que existe, ler; elas sabiam o que buscar e eu comia ávido as páginas que elas devoravam primeiro. Numa dessas revistas veio certa vez uma oferta de algo que se chamava 'Vida Sexual' ou 'Enciclopédia da Vida Sexual' (enciclopédia da vida sexual? é se pode por tudo que há sobre sexo numa coisa dessas quando ele é algo mais mutável que o vírus da gripe?) ou qualquer coisa do gênero, não recordo bem mas sei que era dividido em tomos por fase da vida: um para a infância, um para a adolescência e um outro para a fase adulta. Lembro que o primeiro me ganhou a atenção pois mostrava um casal de crianças nuas num tipo de campo idilico.

Logo de cara, o menino nu me ligou alguma coisa dentro, uma chave virou, o gene que dormia acordou de súbito pois os demais esqueceram de forçá-lo ao sono ou prendê-lo pelo bem da espécie e dos bons costumes. Mesmo que seus pares invejosos o tivessem subjugado, ele teria achado seu caminho por entre as helicoidais e pares de A, T, G e C e inserido seu H na marra e no salto dizendo que era babado tirar ele dali. A foto não era generosa, podia ver o pingolim do garoto, imberbe e sabia que aquilo e não aquela coisa plana na outra era de interesse.

Não entendia isso na época, não sabia o que era e como era ou sequer o que fazer daquilo tudo mas sabia que ele me interessava. Rasguei a página e incapaz ainda de meu próprio onanismo, mirava o garoto isolando sua amiga e me pensando ao seu lado mas, como disse, incapaz de nomear esse sentimento e desejo. O tempo dá um salto e eu me vejo então na cama de meu quarto, estudando livros e meu pau recém coberto por pelos, um achado, um fenômeno pois apesar de não ser, à época me pareceu que simplesmente de uma noite para outra o que era liso recebeu sementes encantadas e uma tufarada de pelos negros crispados se espalhou pela região.

O estudo seguia normal e minha mão no pau idem, eu não sabia o que ela fazia mas ela era mais esperta do que eu e tinha a seu favor milhares de anos de evoluçãe e condicionamento e então, senti um esgar pelo corpo, uma urgência, como se algo quisesse sair de mim e olhando para o pau intumescido vejo dele jorra o primeiro leite. Nunca vou esquecer a sensação, mesmo que hoje eu fique semanas sem me tocar, não chegará perto dessa primeira vez comigo mesmo. Susto, não sabia o que era e nem pensei em perguntar aos pais, vergonha, medo e incerteza. A resposta veio da escola, os meninos estavam todos 'ovulando' afinal a idade era próxima de todos e uns antes, outros depois, já tinham visto seus paus jorrarem sangue branco. Bastou umn dia para a sabedoria escolar me instruir em termos como porra, punheta e afins, pra quê pais?

Macaco vê, e faz e assim explorei muito essa coisa nova mas ainda havia um vazio por aí. A imagem do menino da revista ainda me voava na mente e por mais que outros ares a afastassem, ela voava um pouco mais longe apenas e voltava devagarinho a me assombrar. Não sei como mas os rejeitados e não compreendidos se atraem como opostos e um dos amigos de classe (o do post anterior) ficou próximo. Comungávamos frustrações, éramos ruins de esportes, deixados de lado, nada atléticos, nada atraentes e essas diferenças aos olhos dos outros lia-se como atração aos nossos e a amizade nasceu.

E então, do nada, não sei como mas imagino que fosse o desejo daquele gene H devidamente instalado e bombardeando o cérebro com desejos, um dia fomos para minha casa depois da escola. Os pais fora no trabalho, a empregada ocupada com a casa e nós dois na sala vendo TV e conversando. Do ar tirei a idéia de lhe mostrar como além das vacas eu também dava leite e ele devia ter o mesmo gene pois aceitou e acho que até mesmo ansiava por aquilo, os dois ignorantes dos nomes que tudo aquilo possuía e talvez fosse melhor não termos sabido depois pois teria ficado algo puro.

Ele ainda era liso no pau, viu minha selva e o coiso duro e não pegou e nem queria que pegasse. Bati uma, gozei e ele ficou com aquela cara de como isso saiu daí? Depois desse dia nos víamos com frequência, ele se encantava com meu pau pondo porra pra fora até que um dia ele me liga de sua casa e pede que vá até lá. Pensei que havia acontecido algo sério mas quando chego, ele sozinho em casa também, apenas com a empregada, me leva para seu quarto e abaixa seu shorts mostrando uma porção generosa de pelos claros, quase loiros e um cacete duro e reto que quase me fura um dos olhos.

Perguntei se ele tinha se ordenhado já e ele disse que não e que ia tentar agora. Eu vi tudo, até que ele se torceu, possuído pela febre do sêmen e verteu leite branco e farto numa quantidade que nunca tinha visto antes. Depois disso, passamos à proxima fase que era um ordenhar o outro, estávamos muito próximos e queríamos todo dia mas tínhamos medo que os pais desconfiassem. Mesmo assim, dia sim, dia não, dávamos um jeito de nos fazer gozar.

Tudo evolui e assim nós também em nosso mundo de sexo. Um dia, em sua casa, eu quis por a boca e ele deixou. Hoje, engulo um pau sem pestanejar, naquele tempo, obviamente, não foi assim; fui me achegando e aquele cheiro forte de pau me arrebentou as narinas, não ia por a boca naquilo que ele usava pra mijar mas, fui aos poucos e quando dei por mim lá estava o cacete duro em minha boca e eu feito um débil mental sem saber o que fazer com ele lá dentro. Acho que o deixei por alguns momentos e depois fui correndo lavar a boca, prazer morto para os dois. Na vez dele a mesma coisa e achamos que aquilo não dava futuro, melhor ficar só na ordenha mesmo.

Mas a evolução, como disse acima, ocorre, não há como impedir ou atrasar e depois de um tempo e mais algum estudo intensivo com a molecada do colégio aprendemos o que fazer com bocas e paus e a noção de que era 'errado' também chegou na surdina e acho que o afetou mais do que a mim pois ele tinha rompantes de nunca mais só para voltar pedindo minha boca dias depois. Dessa época guardo uma lembrança das mais doces de toda minha existência: ele me liga e vou até sua casa. Chego lá, não havia ninguém em casa, nem mesmo a serviçal. Ele me recebe e me leva pra sala, por lá, a persiana filtrava fios de luz sobre o sofá e o chão, dia meio nublado e frio e próximo ao sofá um ninho de cobertores e travesseiros. Olhei para ele e ele para mim, nos entendemos e deitamos ali naquele meio. Nos beijamos com uma inocência que nunca mais tive ou experimentei, nos tocamos com mãos tão castas e sinceras que nunca mais fiz nada igual, nossos corpos se juntaram tão suavemente que pareciam feitos de penas e nos amamos ali mas sem uma consumação carnal efetiva pois ainda não tínhamos dado esse passo, era sério e não sabíamos se deveríamos, poderíamos, conseguiríamos ou desjávamos.

Depois do leite derramado, ficamos ali abraçados sob a luz do fim de tarde vazando pela janela em persianas, quietos, não precisava falar nada, hoje falamos e pomos tudo a perder. Por fim, precisei ir pois não podiam nos pegar ali, fui com o coração na mão e acho que o deixei com o dele em cacos. Infelizmente, esse paraíso não se repetiu mais, ainda tivemos sexo variado e delicioso e ele foi o primeiro a me 'abrir' e eu a ele nesse processo de descoberta que era o que fazíamos, dois campos de prazer a serem explorados, entendidos, fodidos, desbravados. Foi dele a primeira porra que provei e vive-versa, foi dele o beijo que senti antes de todos, foi dele o calor que senti antes do frio.

Com o tempo, eu aprendi quem e o que eu era e sabia que havia muito, mas muito mais a fazer e sentir e queria isso com ele mas, apesar de partilharmos as mesmas dúvidas, temores e neuroses, eu lidava com as minhas de uma maneira e ele de outra, mais pesada, mais séria e carregada de culpa e remorsos e isso acabou por nos afastar de vez. Segui meu caminho e nunca mais o vi, penso que se ele tivesse assumido outra postura (impossível, sei) talvez tivéssemos sido namorados com o passar de alguns anos mas não concebíamos isso então, dávamos um ao outro prazer e muito mais mas éramos incapazes de visualizar o quadro completo e por isso mesmo incapazes de entender a nós mesmos no meio daquilo tudo prevalecendo o gozo sempre ao invés de algo maior e mais eficiente.

Mas não há remorsos meus (dele eu não posso dizer, espero que não) pois foi jóia rara em sua duração e mesmo que não tenha atingido seu brilho mais esplendoroso, iluminou e aqueceu bem dois adolescentes que só queriam prazer e um pouco de carinho, no fim, é o que todos querem e precisam.

nota: música do post; Banda -Young the Giant com '12 fingers' maravilhosos!!! Coisa de Wans...

13 comentários:

  1. Nossa, que coincidência! Se a gente tivesse combinado de escrever sobre o tema, não sairia desta forma!

    Legal sua história de vida, no meu caso foi bem diferente... com essa idade eu estava pegando a filha da vizinha. Como eu era bobo! kkkk

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  2. e não é? pensei o mesmo quando li seu post.

    filha da vizinha? olha a louça!!

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  3. gente... eu acabei de voltar a um momento doce e encantador do meu passado com este relato

    lindo
    arrebatador

    obrigado querido

    beijos

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  4. Que coisa mais delicada... Natural!
    Olha, eu realmente sinto inveja de pessoas que tem alguma história de vida assim. Minha vida é tão boring... XD
    Bom, minha "descoberta" também foi natural, mas acho tão normalzinha, comum... Não tive esse "primeiro amor", sabe? Na verdade, como nunca tive um relacionamento com outro homem acho que posso dizer que ainda sou "indeciso", hahahahaha! ;P Zueira!
    Mas enfim, belíssimo post. Muitíssimo bem escrito. Abraços.

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  5. Momentos tão lindos e importantes eu duvido que causem qualquer arrependimento. Após que, vez ou outra - talvez até hoje mesmo - ele lembre de você com carinho! :-)

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  6. Todos temos nossas histórias para contar ... e como são ricas e extraordinárias ... claro q os velhos tempos, por incrível q pareça, eram mais favoráveis para nós ... hoje percebo o qto a juventude gay se encontra perdida e alienada de si próprias ...

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  7. A primeira gozada a gente nunca esquece. E é abolutamente épica!!!!

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  8. Adoro as tuas MELices... hehehehe!!!!!
    E achei teu comment sobre o Royal Wedding muito propício e oportuno. Vc sempre fala a coisa certa, gente! Bjzzzzz!

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  9. Que lindo! A minha primeira vez foi tão assustada, rápida e culpada que nem vale um bom post..rs

    Bj

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  10. No meu caso foi bem menos libidinoso. Não com uma carga de drama menor, mas pelo menos eu consegui não envolver outra pessoa a esse ponto.

    Mas é legal ler histórias assim, que mostrem essa naturalidade. Acho que e bem por ai que tem que ser.

    Beijo Melo!

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  11. pergunta: como alguém inexperiente em sexo chega a idéia de chupar o pau? eu lembro q qndo me contaram a primeira vez, eu nem consegui imaginar...

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  12. Fox²: intuição gato, por isso digo que já nascemos assim, a natureza chama...

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  13. Quando a gente analisa a nossa vida é tão louco, né? sei lá passa um sentimento maluco, mas meninos são como doces.. nada seria sem eles no mundo. Beijo

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