13 de abr. de 2011

PUT(a)

Volto aos poucos pois isso aqui é antes um parque de diversões que repartição pública ainda que, em vários casos, seja complicado dizer um do outro. Tenham paciência comigo que 'Paulo' vai dar seguimento, peço desculpas aos estimados leitores.

Para celebrar esta volta, uma PUT fresca, de hoje de manhã. Enjoy!

Fui hoje cedo ao laboratório fazer uns exames de sangue de rotina (desculpa sonsa de quando estamos muito doentes e sem idéia do que temos, no meu caso foi rotina mesmo e se não era o caso morre aqui). Chego no lugar, próximo ao metrô Ana Rosa e pego uma senha, sorte, o lugar está vazio o que era de se esperar afinal já eram mais de dez horas prerrogativa de quem está desocupado, faz-se o que se quer e precisa na hora que se bem entende.

Fosse pela manhã cedo, haveria um sem fim de trabalhadores/as em fila agarrados às suas sacolas, bolsas, mochilas e afins, com olhar faminto pois estão todos em jejum e preocupados em não perder a hora ainda que sua senha seja a 200 e estejam chamando o 150. Enfim, essas relações trabalhistas são coisas para outro post. Estava sentando, sendo 'fichado' pela atendente quando vejo próximo à porta do banheiro um cafuçu todo paramentado com uniforme da Mancha Verde = fetiche mode on.

O cafuçu deveria ter mais ou menos 1.80cm, branco, cabelos cortados bem baixos, braços que pareciam duas toras, tatuado tribal (que esperava eu? Hedwig?) e desconfio que aprendera a andar ereto há pouco tempo. Cara de poucos amigos, olhos claros, moletom deixando ver que as pernas eram grossas e uma pochete linda dependurada a sua frente, pronta para cometer suicídio. Tênis surrado, jeito de macho que deve ter deixado, além de mim, uma bichinha atendente que ali trabalhava e as rachas do lugar ensandecidas.

Fui atendido e deveria aguardar no corredor ao lado para coletar os exames. Achei um lugar para sentar e fiquei ali no compasso de espera. Do meu lado esquerdo, um  lugar também vazio e ao chão, uma mochila e uma capacete. Bom, pensei, a pessoas deve ter ido coletar exames e já volta. PLIM, o painel eletrônico chama, longe de ser a minha senha ainda. Nada de novo por ali, gente cansada, com fome e preocupada porque fazer exames é como arqueologia, fuça muito que você acha alguma coisa.

PLIM, nada, longe ainda e então o palmeirense delicioso vem pelo corredor e senta ao meu lado. Eram dele a mochila e o capacete. Umideci, vazei, untei, cruzei as pernas para não molhar o chão. De perto pude ver que ele era quase ruivo, o cabelo cortado quase rente ao crânio, pelos vermelhos pelo braço que eu queria lamber, mãos rústicas, sem unhas, segurando a chave de moto e uma tattoo no outro braço que eu não pude identificar o que era. Ele não fedia mas tinha cheiro de homem, mui discretamente eu sorvi fundo o aroma e só não gozei ali mesmo porque sou fina e discreta.

Ele me olha, porrada na certa, catou que sou viado e estava cheirando ele, vai, me arrebenta mas ao menos deixa eu chupar você.

'Sabe se chamaram o 211?' disse ele. Seus olhos eram castanhos bem claros, rosto rude, macho pra me pegar e me fazer virar bagaço.

'Não, mas eu posso chamar agora se você quiser, aliás, comigo você nem precisa de senha!'

Na minha mente foi assim.

'Acho que não, estou aqui faz um tempo e não vi chamar o 211 não..' respondi.

'Ah, valeu' disse ele 'foda né, eles chamam fora de ordem, a gente fica sem saber...'

'Quer ordem? Fora de ordem estou eu aqui louco pra te chupar! Foda é você, tesão! Já te falaram que você é delicioso? Macho?'

Só aqui dentro mesmo.

'Ah mas isso é porque tem criança, idoso, gestante, eles tem prioridade..'

Ele não disse mais nada e fiquei ali calado com aquele macho delicioso exalando testosterona na minha cara, se os resultados saírem alterados a culpa é dele! Mas tudo (ou quase) tem dois lados e eis que chega um casal de gays, um acompanhando o outro para fazer exame. Como eu sei que eram das nossas? Gatos/as, não adianta, a gente pega no ar e elas impregnavam o ar com sua viadagem.

O cafuçu mediu os dois e depois, quando uma delas atendeu o celular, pude ver meio que de rabo de olho seu olhar reprovador. De certo é do tipo que bate em viado ou pior, do tipo que sai com viado e depois bate nele. Chamaram sua senha e ele levantou, foi fazer seus exames; alguns minutos depois saiu e foi-se embora, confesso que parte do tesão se desfez depois de vê-lo em fobia muda mas ainda assim, era um macho de respeito e meu tesão faz meio que vista grossa para o preconceito afinal era só pra gozar mesmo.

9 comentários:

  1. Garimpadas na Put[a]
    “Paulo”
    “Desconfio que aprendera a andar ereto há pouco tempo”
    “uma pochete linda dependurada a sua frente, pronta para cometer suicídio”
    “Umideci, vazei, untei, cruzei as pernas para não molhar o chão”
    “De certo é do tipo que bate em viado ou pior, do tipo que sai com viado e depois bate nele”
    “Era um macho de respeito e meu tesão faz meio que vista grossa para o preconceito afinal era só pra gozar mesmo”

    Ale me deixa LOUCA da xereca! FATO

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  2. se percebo esse olhar, desencano na hora.

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  3. Vai ver a fobia que você pensou que era nem era fobia e sim raiva: "merda, eu louco pra comer esses frangos e eles tudo casado!"

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  4. “Desconfio que aprendera a andar ereto há pouco tempo”... incrível isso! rs

    Adotarei com os devidos créditos.

    Bj

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  5. Sou que nem o Dan, comigo esse olhar acabam com todo o encanto na hora.

    Beijo Melo!

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  6. Hétero não tem chance comigo. Não rola, mesmo. Ruivo, então, piorou (tenho um irmão ruivo de 1,80m - mas é corintiano, não era ele...).

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  7. adoro a palavra cafuçu! aprendi com meus amigos de Fortaleza!!! ahahhaa.. nossa.. q situação!! e as vezes dependendo do jeito que gay-macho se comporta o hetero-macho cai facil em tentação! ahauauha..

    bjo

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  8. E nem pro senhora tirar foto do bofe???

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  9. o cafu era tão rudimentar que era capaz de achar que eu tentava roubar sua alma com a câmera...

    medo, ele estava ao meu lado e fui lá para fazer exame e não ser internada...

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