29 de ago. de 2011

hold on

Nota SPOILER: o video abaixo é o final de 'Six Feet Under', se você nunca assistiu, pule para o texto ou verá spoilers e uma cena que deve ser apreciada quando o conjunto da obra foi degustado apenas.


Como medir uma vida? Como saber que estamos vivendo bem? Que estamos no caminho certo? Que não seria melhor largar todo o peso e simplesmente deitar?

Não é possível saber, não existe como, é algo que nos foge por completo e que muitos de nós passam a vida tentando entender e, fatalmente, não haverá resposta a contento. Na verdade, não existe uma resposta única, padrão e isso enlouquece pois se houvesse uma que agradasse a todos viverìamos um mundo sem guerras, sem problemas, sem neuroses, sem precisarmos mais do que realmente é necessário para viver bem, utópico, eu sei, somos humanos e fadados à eterna insatisfação, busca, ânsia, desejo.

Besteira, a resposta está sob nossos narizes desde a nascença, é simples, descomplicada, curta e grossa mas nós, humanos, adoramos dar nós nesse pingo d'água cristalino, não é? Viver bem , feliz é pouco, simples, não carece de grifes, marcas, tecnologia, redes sociais, carro do ano, viagens, coisas. Numa inversão total de valores queremos mais dessas mesmas coisas e elas não preenchem nada, só aumentam (clichê mas é verdade primordial, sinto pelos intelectuais e pensadores que se debruçam sobre o tema) o buraco e prendem a nós nessa noção de que vale o agora, o milésimo de segundo e ele vale mas o valor o errado.

Quer saber se sou feliz? Sim, muito e descubro isso sempre que, em tempos ruins como o que passo por agora (razões diversas, não vou adentrar por aí) eu tenho um companheiro que me olha nos olhos, segura cheio de carinho minha mão e diz que tudo vai ficar bem, que estará sempre ao meu lado e que nunca cessará de me apoiar e amar, não importa o que venha pela frente.

Da mesma forma, meu irmão, minha família, mostram o mesmo (ou ainda maior) zelo por mim e expressam seu amor e cuidade de forma irrestrita, incondicional e firme, sem titubear. Existe amor, ah, existe sim, eu sei, eu tenho, conheço e vivo todos os dias ele. Você não acredita? Descrê dessas coisas? Acha que somos sós e sempre seremos?

Direito seu mas, não posso deixar de pensar que algo em sua vida vai mal, não funciona e, muito provavelmente, você mesmo tem parcela de culpa por isso. Sim, não resolve culpar os outros ao lado, ao redor, mais fácil, prático, rápido e que não vai lhe tirar de sua zona de conforto vitimista.

Medo? Ah, mas quem não tem e ele pega nos pés, eu seo bem, creia mas, não domina pois o amor é 'n' vezes mais forte e poderoso e subjuga qualquer outro sentimento, o põe de joelhos e mostra quem manda de verdade. Cabe a você deixar ele trabalhar e não sabotar sua profissão de fé com seus atos falhos, sua humanidade incondicional, não ceder a essas amarras.

Fácil não é mas a recompensa é sem tamanho e eu sei pois eu amo Wans e tenho uma sorte sem fim, megasena acumulada de décadas que tirei, e ele a mim, de forma simples e única, somos assim e não me sinto triste ou desanimado pois sei que quando eu tropeçar, será sua mão que vai me levantar ou mesmo evitar que eu dê com a cara no chão (dele e de meus amigos doces e minha familia amada).

À frente, tem um caminho longo mas eu não temo ir por ele, nem poderia com tanto amor ao meu lado.

24 de ago. de 2011

Ediviges e Polegada Raivosa

Creio que os idiomas sejam mesmo mundos fechados em si, suas chaves reservadas aos que 'nasceram' falando o que não é garantia de domínio pleno da língua, ou aos que estudaram a fundo, devotaram tempo e suor ao entendimento de um idioma.

Como nem todos podem se dar ao luxo de estudar uma língua, seja por razões sócio-economicas ou simples preguiça mesmo (nesse caso, não há desculpa plausível ou palpável), precisamos sim que se façam as traduções para nosso Português permitindo que tenhamos acesso às cousas de outros países. Aqui já temos certo dilema pois não creio que grande parte do que se produz em outros idiomas realmente chegue até nós sobrando para tradução os 'filés', os medalhões ou o que o mercado editorial considera como demanda local.

Quem domina outros idiomas pode, então, ter acesso não somente a material nunca dantes navegado em nosso idioma como, sendo mais 'purista', conhecer as obras em sua língua original, como foram realmente concebidas posto que traduções e versões, mesmo executadas com profissionalismo e esmero, são muitas vezes incapazes de trasnmitir ao nosso idioma o que seus criadores pensaram em suas línguas de nascença.

Não significa que despreze nosso idioma, o oposto, acho o Português uma das línguas mais ricas do mundo e sua produção cultural idem e o mesmo dilema acima exposto se aplica às nossas obras quando precisam ser passadas para outras línguas, é um trabalho árduo pois uma tradução ou versão infeliz pode colocar a perder todo o conteúdo de uma obra.

Enfim, como dito pelos DPNN, este fim de semana estréia por aqui o musical 'Hedwig and The Angry Inch' baseado em seus homônimos do teatro e cinema. Até aqui nada demais, muito o contrario, legal termos produções desse porte chegando aqui mas, se o gênero já não é lá dos meu favoritos, sinto muito, o resto de ânimo que ainda poderia ter para me levar ao teatro (que gosto muito) agoniza quando sei que as canções imaculadas, perfeitas, viscerais de Hedwig foram traduzidas para o Português.

Temos então 'Peruca Encaixotada' e não 'Wig in a box' (OK, foi literal essa, desconto), 'Querem me detonar' ao invés 'Tear me down' e por aí vai. Não desmereço esforço de quem trabalhou duro para trazer a peça mas, principalmente na música creio eu, nunca se deve traduzir, versionar, deve se manter o original, intocado, imaculado pois o sentido que existe nas músicas vai se perder por completo quando tentarmos encaixar sintaxe, morfologia, fonemas e afins.

Para mim, que sou fã ardoroso do filme, soa como heresia ouvir as canções uterinas de Hedwig em Português beirando mesmo a comédia, sarro removendo qualquer seriedade que elas, ainda que não diretamente, destilam. Por essas e outras me recusei a ir ver 'Mamma Mia' porque, fã também arisco de ABBA, não queria ver canções que são verdadeiros 'monstros sagrados' pop detonados por barreiras que, para mim nesse caso, são intransponiveis, perderia a seriedade e eu ia desatar a rir do ridiculo de ouvir 'Dancing Queen' como 'Rainha Dançante' ou pior, não dá, é ofensivo, humilhante.

Vou acabar assistindo mas apenas porque Wans quer muito ir, só por isso mas vou meio que de ma vontade e, se possível, levo mp3/4 para, na hora das músicas, não sofrer de espamos ou AVC.

Desculpem mas certas coisas devem sempre permanecer como são, no original. Duvida? Compare os vídeos abaixo então e depois, me diga se não tenho um pouco de razão?



23 de ago. de 2011

(outta) control



Aqui em casa, bebemos. Outras drogas passam, no máximo, pela maconha e não por questões de princípios ou cagaço de um descontrole que consuma as quatro paredes e tudo que há entre elas mas, simplesmente, porque não nos atrai mas, talvez pela genética ou coisa de casa que herdamos, a bebida, nos apraz.

Faz é tempo porém que ela não me faz mal, só me deixa alegre mesmo, um pouco mais, um pouco menos às vezes mas atua, para nós, como liberadora de parte de amarras e convenções sociais, relax, fomentadora de amizades, quebra-gelo, aquecedora de papos, porta livre para língua mais solta e criatividade.

Fato é que, quem bebe, sabe porque o faz, não é mesmo? Obviamente, há que se manter certo controle mas, se o objetivo prático de encher a cara é, basicamente e descontando as pessoas que tem nisso doença, vício mesmo, perder um pouco do controle que sempre achamos que tínhamos, não se pode beber moderadamente sob a pena de ficar pouco ébrio ou muito sóbrio e, meus amigos, coisas que inexistem: meio grávida, meio viado, meio HIV, meio câncer e vai por aí.

Quando comecei a pegar gosto pela bebida, não sabia lidar com a mardita e o PS de Santana entre outros cansou de ver minhas veias ávidas por glicose e aquele coquetel que vai minimizar a sensação de 2012 de minha cabeça. Mas, isso foi há tempos, hoje eu sei o que faço e quando passo um pouco do limite, um ou dois Engov e um Plasil costumam dar conta do recado e, no dia seguinte, dá-lhe Coca, água, suco e ficar apenas na horizontal vendo documentários do NetGeo ou Animal Planet.

Menos no último Sábado, para embaraço meu. Fomos à casa de um grande novo amigo, Mr. Reginaldo e a noite prometia: lugar acolhedor (seu ap é um mimo, Reggie), petiscos saborosos e de primeira, anfitrião sem igual (All Hail Reggie!!) e um arsenal de bebidas que poucas vezes vi tão farto.

Achamos o problema! Fomos no vinho, depois cervejas e, do nada, pipocaram um pro-seco, mais vinho e então, a presença do cão, tentação vá de retro! Abrimos uma Cuervo Ouro e depois disso pouco mais me vem a mente salvo:

1. Música alta

2. Gente sem camisa

3. Gente de cueca

4. Gente almondegando

5. Gente cantando muito alto

6. Eu passando mal e indo parar no PS mais próximo

Primeira vez na casa do moço e faço isso? E ainda ele que me leva no PS? Onde enfio a cara? Now it's too late baby, baby it's too late....

Jesuis, que vexame, lembrei daqueles tempos quando eu não sabia beber, como pude cair nessa armadilha de novo? Nem sei, ou melhor, sei sim, bom papo e gente tão piniguça quanto nós. Sim, nós, porque Wans também quase deu perda completa e as almas bondosas de David & Marcelo levaram marido para casa enquanto eu ia semi-consciente ao bom doutor pra curar a carraspana.

Domingo, ficamos na cama, estragados, lembrando a noite anterior ou os flahses que tínhamos e prometendo nunca mais exagerar assim. Os que não bebem, Edu, Serginho, David e Marcelo devem ter assistido a um espetáculo sem igual e, bom, as fotos no meu FB e nos demais podem dar uma idéia do que foi esse babado e confusão e, creiam, deixei algumas, mais calientes, de fora, quem quiser ver terá de vir aqui em casa (sem Cuervo).

De resto, será uma noite inesquecível não só pelos vexames mas pela compania excepcional, ótimo papo, comes e bebes excelentes e risadas. Ainda me sinto constrangido por ter dado bafão mas, como diria um grande amiga, festa boa é festa com basfond, sem basfond nem pode chamar de festa e olha que nas dela dava até viatura na porta mais de uma vez e, abusando dos clichês, se você não bebe, não deve ter muito causo pra contar (ok, não desses de vergonha alheia, rsrsrsrs).

Só posso prometer não repetir a dose (ao menos não tão cedo....) e agradecer aos amigos que nos aguentaram, ajudaram, compreenderam, entenderam e que, ainda assim, querem que a gente volte nas suas casas! Amamos demais vocês e nossa casa estará sempre de portas abertas afinal, como diria Miss Lennox: 'Love is a stranger...'

19 de ago. de 2011

sexta sábado domingo

Vou ali ver o fim de semana que vale mais pra Wans posto que, atualmente, todos os dias para este aqui são finais de semana.

Vejam que meus contos 'sumiram', deve ter um só ou coisa que não se conte com uma das mãos toda. Estão sob revisão e outros novos nem irão para cá pois a prioridade é publicar, sem mais sobre esse assunto, para não azedar.

Até Segunda e um mimo de uma banda que não consigo parar de ouvir:

18 de ago. de 2011

o astro



Não somos muito espiritualizados aqui em casa. No máximo é isso aqui:




Não sou ateu, se tivesse de me classificar, preferiria agnóstico deísta. Acho que isso vem de casa pois meus pais nunca foram ratos de igreja e, que me lembre, não fizeram nenhum esforço para que eu ou meu irmão adquirissem sentimentos religiosos muito fortes. Meus pais eram razoavelmente cultos e acho que isso pesou no fato de não quererem que os filhos tivessem amarras morais ditadas por algum culto ainda mais no meu caso, viado que sou. 

Na verdade, a fé/religião em casa sempre apareceram como devem aparecer na vida de tantos que se dizem religiosos, só nos momentos de aperto, angústia e extrema necessidade. Quem aqui não se pegou ao menos uma vez de mãos juntas rogando ao altíssimo ou seja lé quem for numa hora difícil? Só para depois mal se lembrar de agradecer tenha sido obra divina ou não o desenrosco do imbroglio ou seja lá o que fosse. 

Lembro que adolescente cheguei a tentar dar um rumo espiritual a minha vida, fui protestante, espírita, terreiros e até tentei a católica mas, fato é que a razão de ter ido por esses caminhos não era uma busca pessoal por iluminação mas consequência direta das companias que tinha à epóca ou seja, ia por que outros iam e não porque representasse algo para mim. 

Resultado: nenhuma deu certo e, com o tempo, acabei abandonado tudo mesmo ainda mais quando fui aos poucos, atrevés de conhecimento adquirido, concretando a noção de que religiões possuem mais contras do que prós. Enfim, não vou debater o assunto, o motivo aqui é bem outro. 

Como dizia, não somos afeitos a religiões aqui e muito menos a ciências exotéricas ou coisas do tipo astrologia e afins. Se eu não sigo nenhuma religião, porque haveria de crer nos astros? Para mim é inútil dizer que estes influenciam a personalidade das pessoas, que moldam cada um de nós de acordo com ascendentes, signos e coisas do gênero ou mesmo ditam nossos caminhos, influenciam nossas escolhas.

Não gosto quando me perguntam, logo de cara ou depois também, qual meu signo e qual signo do Wans para analisar se há combinação e o que funciona e não funciona em nossa relação soltando frases como 'Ah, Câncer é assim mesmo, emocional', 'Xii, Capricórnio é osso!!' destilando com cátedra nosso perfil psicológico e parecendo usar os astros para (des)culpar falhas e desvios de personalidade e caráter. 

Pessoalmente acho que tais definições foram feitas por gente que entendia e estudava comportamento humano e usou constelações como simbologias para determinar cada caráter ou personalidade num estudo de arquétipos sem precedentes. 

Acho que passa longe Saturno dar um soluço e eu ser temperamental. Não leio horóscopo ou qualquer outro oráculo que seja, não boto meu destino nas mãos deles apesar de acreditar em coincidências e sincronicidade.


Os únicos 'oráculos' que sigo são:


1. Viver bem e em paz


2. Não fazer nem desejar mal a ninguém


3. Ser correto comigo e com os outros


4. Ser gentil comigo e com os outros


5. Cuidar de quem eu amo e de quem me ama


Pode ser que eu aqui seja não evoluído espiritualmente e que os que seguem uma fé, astros ou sejá o que for tenham um esclarecimento que me foge. Quem sabe eu venha a ter um dia, não sei. Também não critico quem o faz e acho que se está feliz assim, feliz estou eu também por vocês com toda a sinceridade.

Eu não acredito em bruxas mas, que elas existem, existem.

assando

Livro no forno, fogo baixo, vão esperando...

17 de ago. de 2011

+


Eu era -.

- coragem, - conforto, - desejo, - tesão, - viver, - sonhos, - futuro, - presente, - palavras, - amigos.

Eu era -. Assim, pra baixo mesmo, sem me dar conta de que de tão raso nem comportava mais água alguma. -, só isso com a vida a me pegar pelas bolas e eu a lhe olhar de volta frio, pegou no lugar errado, - bolas, vida.

- entrou, - caiu, livre em mim enquanto eu deixava que me esquecessem das coisas que eu queria tanto lembrar, essa bandeira heróica, confuso pra caralho, faz doer a cabeça, essa queda livre ao inverso, - ar, - espaço, - nomes, - faces, - saco.

Mas, você esqueceu de tomar seus remédios?

- alegria, - sexo mas só na qualidade a quantidade era sempre + + + + + + + +.

Mas, você esqueceu de tomar seus remédios?

- sexo, + porra, + sexo, - sede, - mais, + menos e a vontade esquece sabe? Passa batida por entre as pernas e vai fodida no cérebro, vruuuuuuuuuuuuuuuuuum, queima – pneus, + neurônios e eu fui deixando -, cada vez +, foi assim, atrapalhado por + nós, - eu e fui esquecendo mesmo, - registros, + apagados.

Mas, você esqueceu de tomar seus remédios?

Baby, + rolas, + cus, + porra, - tempo, - delicia, -. E foi, fundo quando – me jogou no chão.

Mas, você esqueceu de tomar seus remédios?

Sangrei, em tubos e deles veio a resposta, melhor, - ganhou, me deixou +, o sangue gritava, esfregava na minha cara o +. Foi, assim, - real, - verdade, eu abraçava -, queria -, desejava -.

Mas era + e depois disso mandei – a merda, foda-se -, já que tudo é +, está em mim, então, vamos todos ser +, vou +, em tudo.

Mas, você esqueceu de tomar seus remédios?

Afinal, somos opostos, +/-

breeder

Acho graça esse fuzuê todo sobre Dia do Orgulho Hetero, mais um factóide fabricado para desmoralizar, desmerecer, achincalhar e fazer chorar nós, viados e nossa suposta militância.

Meu saco na lua pra isso, cansei, cada peido que os que são contra nós dão e 'nossos defensores' fazem um alarde tão grande que a coisa fica mesmo mais ferrenha e com ares de razão, quer fazer o DOH, que faça! Oras, porque não? Deixa, vamos discutir coisas mais importantes? Move on?

Cansei desse lance de beijo noveleiro, série, mini-série ou seu lá, de novo um auê tão grande pra nada, apenas para as emissoras engordarem seu IBOPE com a polêmica e, como sabido, tirar da boca o doce na última hora. Não gosto de novela, sem intelectualismos ou demagogias, simplesmente não desce, não tenho saco, não gosto, acho chato, porre total e nem mesmo a presença de gays, bem retratados ou não me animaria a tomar isso como hábito, nem é e, assim, toda essa polêmica passou pra mim meio que de lado, desapercebida e achei foi bom porque eram só ânimos inflamados, tão inflamados que infeccionou, gangrenou o assunto, morreu, próximo, please! Chega!

Tem de ser assim na base do Darwin sabe, mais pelo natural que pela sobrevivência do mais apto pois então só teríamos nós mesmo no mundo, pensamento gay absolutista, gay power, pink force, super edy. Vai no muque e ninguém quer saber e se fazem que querem é só pra gente calar a boca e virar o disco porque, sério, nem a gente aguenta mais esse mimimi.

Agora, esse DHO, hein? Pois é, vai lá, aprova e faz, marcha, festa e afins. Vai ter rifa de buceta? Jogo de graça nos estádios? Breja liberadas nos botecos? E as rachas? Não podem ter o DOB - Dia do Orgulho da Buceta? E por aí vai, né?

Onde aperta o botão pra descer? Será que o movimento negro passou por essas mesmas palhaçadas ou a culpa, o fardo escravagista fez com que a supremacia ariana freasse seu ímpeto? Alguém lembra de que, meio por baixo assim, houve um zum zum zum de Dia do Orgulha Branco? Heresia, hein? E de certo que era.

Como é esse DOH, dia de hetero é todo dia, toda noite, toda hora. Hetero não precisa fingir, omitir, esconder, disfarçar. Hetero não é alvo de olhares de viés, nem de olhares rábicos, desvacinados, afã de ver sangue rosa no chão. Hetero é todo dia, tudo bem, faz o que quer, como quem quer, fode quem quer e ainda leva tapinha nas costas, parabéns, meu filho! Assim que se faz!

Hetero pode coçar o saco, peidar, fazer jus aos estereótipos que se esperam deles, pode sim, tudo e mais um pouco, não tem hora pra nada, tem hora pra tudo. Hetero tem Deus, os apóstolos, bíblia, lei e tudo mais lhe dando suporte e apoio. Hetero tem mais, é mais, hetero é assim todo dia.

Hetero acorda e a vida é assim sorrisos afinal, ele é hetero, não tem os dez dedos lhe apontando na cara. Hetero é sussa, beleza, tranquilo, a sociedade platinada, plastificada lhe dá boas vindas. Hetero é cult, bom, é 'in'.

Hetero, você tem certeza de que nesse mundo do qual imploramos, sim imploramos migalhas como casar, amar livres, existir apenas, você precisa mesmo de UM dia para mostrar que tem esse tal de orgulho?

9 de ago. de 2011

rápido e rasteiro

Amigo diz em seu FB que as atuais gerações consideram já músicas do ano passado como relíquias, como nós, estes que me acompanham na faixa etária, consideramos o que ouvíamos nos 80, 70 ou mesmo antes disso respeitadas as dimensões temporais.

Porém, parece que ao invés de modismo transmuta-se em fato esse paladar voraz do qual não compartilho. Há hoje um imediatismo tão imperativo e dominante que as pessoas não se dão mesmo ao trabalho de ouvir, ler, pesquisar, saber, conhecer, entender seja lá o que for a fundo e acabamos, parafraseando certa música, 'eu sei de quase tudo um pouco e quase tudo mal'.

Há que se ter tudo mastigado e pronto e se faz a opção por coisas prontas e de fácil assimilação, na música, já li gente dizendo que hoje se ouve efetivamente menos música do que há dez anos posto que ela precisa, já nos primeiros acordes, captar a atenção ou é deixada de lado. A facilidade com se baixa música pela rede e a comodidade de montarmos listas com aquilo que nos agrada aos ouvidos é, sem dúvida, incrível e eu mesmo me rendo a isso mas, não estaríamos abandonando um contato mais íntimo com um disco? Com o conjunto que aquelas músicas na sequência deseja passar?

Acabamos montando um pequeno monstro que não tem mesmo a cara de nada e perdemos então algumas preciosidades e preciosismos, acho eu. Não sou contra esse imediatismo da rede, acho mesmo que o formato com gravadoras está fadado ao fim mas, me parece consumirmos tudo tão rápido e a abundância é tanta que não estamos sentindo o gosto das coisas que pomos nos cinco sentidos.

Isso ainda vai na soma de que ser descolado, articulado, 'indie' é conhecer tudo que nem mesmo se conhece e quando as pessoas comentam você meio que acha aquilo muito 'last season', pode não ser a cultura dominante nas massas mas desenha bem o caráter descartável de um geração que preza mais quantidade à qualidade e que enxerga nesse binômio seu ideal de vida.

Que a rede permite mesmo um acesso indiscriminado e imenso à informação não há dúvida mas, o que se faz com tanta informação, esse creio ser o problema. É tanta que banalizou e, como no mercado, quando a oferta é excessiva, vira carne de vaca e todos perdemos o real valor das coisas.

nos olhos de quem vê...






nota: album completo no FB...

memórias verdes...



Cheguei na casa que já foi minha e que hoje é apenas um lar de emergência, precisou, quebra a tampa e aciona. Ainda me sente como casa mas as doses precisam vir assim, homeopáticas, o excesso corrompe meu senso familiar e me impele de volta à minha casa de agora, onde eu vejo a mim mesmo nas paredes e coisas ao redor.

Os laços familiares existem mesmo e, ousado, ensaio proclama-los mais fortes em virtude da distância e convivio potual e breve, como disse, dosado parcimoniosamente. Mas, eu não sou mais lá, não cabe mais lá, não pertenço como antes, cousas da vida, voei, fiz outro ninho e o compartilho com um amor que há muito tem ousado dizer seu nome.

Enfim, fui lá, ter com os meus de sangue comum, aprazível, agradável, beira o tédio em alguns momentos mas a sensação de contedúdo/continente vem forte sabe? Deixa você confuso sobre ter saído de lá um dia mas então vem a clareza de que a vida seguiu seu rumo e que fiz a melhor escolha, voltar hoje, só como caso de extrema necessidade ou quando mesmo bate, fundo lá, aquela vontade de falar 'irmão' e 'pai' e sentir aqueles aromas de coisas que você julgava ter esquecido, passado, largado, soterrado mas não enterrado.

Íamos limpar a garagem, medo, sim muito pois dali nem mesmo eu sabia o que poderia emergir. Camadas sobrepostas de relíquias familiares e pessoais, que deveriam, em tese, permanecer dessa forma e dali sair apenas para o lixo sem que nenhum de nós que as colocamos por lá levantasse dedo para salvá-las, pede-se a um desses homens que aceitam entulhos reais e morais que os leve de bate e pronto e sem questionar se isso ou aquilo deve ficar, se tem valor algum para a família, se realmente desejamos que se vá.

Foi-se o homem e sua ajudaente/esposa a limpar aquele quarto de carros que há muito um não via posto tão entupido de memórias estava. Foram saindo as coisas, formas, cheiros, artigos dados como perdidos, suplantados por outros mais do atual ou simplesmente esquecidos, deixados para trás num turbilhão de fatos e versões que lhes roubaram o siginificado primordial.

'Esse é de ficar' diz o irmão 'Não vai não! Fica'

'Mas' rebate sua mulher' 'É assim que vai limpar isso? De cada três coisas que saem, você quer manter duas!'

'Vista grossa' arremedo eu 'Deixa ir senão precisa fazer mais uma garagem...'

Roupas, jogos de chá, tapetes, quadros, livros, enciclopédias, revistas, discos, cds, fitas VHS, brinquedos (para nós, os mais novos os tomariam por coisa de museus), ferramentas, documentos, fotos, coisas sem nome e utilidade ou ambos que nos lembremos de forma efetiva, tintas, papéis, cartas.

Saindo assim, cornucópia familiar exposta ali para quem desejasse ver, besteira, só tinha a nós de platéia mesmo. Foi saindo assim, fazendo um volume do lado de fora e nós, confrontados com nossas vidas passadas, íamos assim tentando desapegar de coisas que nem sabiamos mais ser, longe dos olhos, oras, e que agora de novo postas ante esses servos ingratos que nos comandam as caras, despertavam desejos pensados mortos mas que estavam apenas sondando o ambiente e esperando a hora de brotar.

Fazer as coisas é uma arte mas, arte suprema é desfazer-se delas, dizer não às que não te servem mais, mandar embora, largar, desapegar. Somos criaturas cumulativas por natureza, desejamos acumular tudo quanto for possível, material e emocionalmente, fazer o quê? Somos assim mesmo, compulsivos e daí o imenso fardo que levamos até o momento de larga-lo na hora de ir de vez.

Iam as coisas brotando daquela tumba sem fim.

'Este sim', 'Este não!', 'Este não sei, deixa ali de lado...'

Saindo cada vez mais, desapego, desapego, precisa fazer é coração duro além da vista grossa. Sai uma caixa de sapatos, cheia de fitas cassete, paro e fico mirando aquelas coisas quase sem uso hoje. Um tempo em que eu as fazia para meu namorado na época e vice-versa e não apenas as músicas gravadas mas fazíamos capas para as fitas, pequenas obras de arte concebidas para um único propósito, agradar o outro, arte é (deve ser) isso, fazer algo com gosto para outra pessoa e que, de tão coração que se pôs, fica ao agrado de muitos e passa a ter valor como arte em si e não mais como mimo ou agrado.

Não só por essas, especiais, passei, haviam outras, de outros motivos e o tempo andou para trás ali comigo. Ao lado delas, algumas cartas, poucas, as que escaparam da últma vez em que me desapeguei de memórias físicas (para as aqui de dentro, conto com o tempo insensível). Poucas, digo aqui, mas que mostraram um momento ímpar daquele amor de danação nos consumia então.

Fui lendo, relembrando, recordando e coisas que julgava idas voltaram tão claras a mente quanto uma tela virgem, vi sim tudo aquilo e mais e as palavras nas cartas pulavam alegres à minha frente como satisfeitas de ainda terem alguma utilidade. Se me levaram a lembrar coisas boas, também não se fizeram de rogadas em me esfregar na cara que o conteúdo em algumas páginas era não tão doce, não ia amargar mas a língua ia repuxar no final. Li aquilo com gosto e sem amargura ou arrependimentos, era outro tempo e outro eu o que, se não serve como desculpa, vai ao menos de consolo.

As datas nas cartas me alimentavam mais de dez anos atrás, pensar em remorso seria inútil e simplesmente um saudosismo reconfortanet foi me acolhendo, tranquilizando. Acabei de ler as cartas e fiquei ainda ali mirando as fitas cassete, que fazer com elas? Guardar? Talvez mas quando iria realmente ouvi-las? Nunca é a reposta mais provável e assim, acionei os mecanismos do desapego e fui vertendo uma a uma no esquecimento reciclável.

Então, uma das últimas cortou esse processo de liberação. A capa era apenas um pedaço de papel canson onde se havia aplicado (eu o fiz) giz de cera preto e, no canto inferior direito lia-se, em letra set, apenas 'russo'. Abri a caixinha, com jeito, medo que essa relíquia se desfizesse no ar de minha ansiedade turbinada por uma lembrança mais forte.

Dentro, a fita intacta, a relação de músicas lado A/lado B e, sob a capa que eu fizera para aquela jóia, a capa original onde li a letra de meu amor de então, bem feita, escrita com estilo, charme e amor (sim): 'Cada vez que ouvir uma dessas músicas, lembre-se que estarei pensando em você' seguidos de nome e data.

Fechei a caixinha, olhei bem para ela, jogando-a desta mão para outra, dei aquele riso meio de lado namorando-a, resgatei um choro que vinha correndo lá do fundo, respirei um pouco mais fundo, soltei o ar de uma golfada e a guardei no bolso, despachei as restantes para seu destino incerto.

E a dedicatória, prova-se ainda hoje, verdadeira....

3 de ago. de 2011

THE GUITAR OF CHRIST COMPELS YOU!



Deu no UOL. Que o rock é a música do demo, todos estamos estafados de saber, não é? Rodar as bolachas no sentido anti-horário pode abrir as portas do inferno e fazer com Estrela da Manhã se materializa na sua frente, contrato em punho e o mundo aos seus pés mediante um pouco de alma, nada mais.

Não é de hoje que ele e suas vertentes são excomungadas e responsabilizadas pelas mazelas do mundo moderno e até mesmo pela crise americana. Claro que, dentre todas as facetas do rock, a que mais paga o preço de sê-lo é o heavy metal em todas as divisões e sub-divisões, sempre atrelados ao coisa ruim mesmo que seus intérpretes tenham de parte com o cão mal e porcamente apenas as personas que decidem encarnar ou compor sendo, em suas vidas internas, pessoas calmas, estudadas muitas vezes, coerente, articuladas e até religiosas.

Porém, como praxe, muito mais prático estirpar da sociedade o rock e suas letras sujas, satanistas, que desestruturam famílias do que realmente promover algo construtivo e que caminhe para tentar, ao menos, resolver os dramas da vida humana em sociedade, da individual cada um que pague sua libra de carne. Como esse tipo de música, em especial, prima (talvez não tanto hoje, deglutido pela indústria e adotado como modo de vida desejado mas, ainda visto como marginal mais por ter nas pessoas que o abraçam gente decidida e que não segue o rebanho do que pela contestação em si como manifestação artística) pela contestação de valores, padrões, formas, conceitos e pré-conceitos, acaba como bode expiatório dos religiosos de plantão.

Sim, religião, fodendo a mente humana desde antes de sermos humanos. Fé é algo magnânimo, elevado e de complexa explicação ou entendimento mas, religião, é bosta, merda, nem pra adubo serve! Boa parte das desgraças que tivemos e temos saiu da boca de religiões, vomitado em nome dos deuses e afins. E se os católicos são chatos, os protestantes são ainda piores (generalizo, não ponho a todos no mesmo gólgota) pois entendem que qualquer coisa fora de sua visão de mundo abençoado é coisa do demo e deve ser convertido e, se essa conversão é impossível então deve ser banido, isolado e queimado em praça públoca. Cuidado com esses pois não hesitariam, em tendo pleno poder, em arder fogueiras santas para queimar toda a cultura não abençoada e nós gays de tabela.

Nesse caso de SJRP, assumamos, sem saber de todo os dois lados do fato, que a diretora tenha mesmo exortado o menino a abandonar Satã em guitarras desejosa de salvar a família desse garoto. A escola em si, ao que parece, dedica-se aos alunos que outras escolas não querem ter e não digo que seja, talvez, devido a comportamento mas, tomando o garoto aqui, crianças hiperativas, com forte estímulo e tendência para arte e que, entendo eu, precisam mesmo de um ambiente adequado, que as ajude a moldar essa 'ânsia' em sua arte futura e estimule os alunos a entender melhor como lidar com algo que é deles, como escrever é para nós aqui de BV.

De novo, vamos assumir entendimento apenas pelos fatos do UOL, que tipo de postura educadora é essa? Se houve problemas de comportamento, os pais deveriam ser chamados e não o menino ser catequisado à fórceps, mostrando que tudo aquilo que ele sonha (tocar no Iron Maiden) é do mal, da besta e que ele se der mais do um acorde vai destruir o mundo. Por essas e outras entendo que religião não deve ser assunto pra escola, isso é lá com os pais e não com professor, nada contra, entretanto, com escolas que adotem essa linha e com os pais que, miseravelmente, vão matricular os filhos certos de que o 'crucifixo' e não as Leis de Newton vão formar seus filhos.

Pense por um momento que esse menino pode sim vir a ser o melhor guitarrista que o Iron já teve, um astro mesmo ou, quem sabe, enveredar por outros caminhos da música com equivalente sucesso. Que teria acontecido se Bob Dylam, Keith Richards (vá lá, acho que ele é demo) e outros tivessem sido demovidos de suas aspirações artísticas por religiosos como esse de SJRP? Onde estaríamos hoje? Ouvindo mais gospel burro e menos rock, fato!

Enquanto deixarmos essa corja religiosa com rédeas soltas na sociedade, estamos fadados ao atraso, retrocesso, intolerância, ignorância e todos os males humanos que se tem conhecimento. Sei que existe o joio e o trigo mas para mim, trigo é a fé e o joio as religiões concebidas e conduzidas por nós.

Deus ou seja lá quem ou o quê for não está nem aí pra nós e se pudesse falar conosco acho que diria apenas: 'Porra! Vocês entenderam tudo errado!'

1 de ago. de 2011

Harvey Dent


Lobo veio a Sampa. Com todos os pés atrás vide suas experiências nefastas anteriores com a fera de concreto e que doaram um tom amargo ao relacionamento dos dois, magoados, ficavam um de cada lado sem discutir a relação e Lobo certo de que a cidade o odiava com todos os tijolos e camadas de poluição.

Mas, ao menos no que diz respeito à visita ao nosso canto aqui, no coração do centro velho de Sampa, acho que essa impressão, apesar de sólida, desfez-se no meio do som, riso e quantidades abusivas de álcool ingeridas (não por Mr Woolf). Acho que demos nosso 'empurrão' para que Lobo e São Paulo ao menos desfaçam o muxoxo recíproco e passem a olhar-se com um pouco mais de atenção e, porque não dizer, carinho.

Por outro lado, meus brios paulistanos inflamaram-se ao ler os comentários neste post de Lobo. Aliás, coisa que paulistano tem é de sobra, quando se fala de sua cidade, são brios, do mesmo jeito que deve ser no Rio, em Salvador, em Curitiba e afins mas, se São Paulo é uma cidade superlativa, os ânimos quanto a ela não poderiam ser de outra forma.

Ninguém sai por aí dizendo que odeia uma cidade tanto quanto os que odeiam São Paulo ou os que, numa atitude mais contida, resvalando o blasé, esnobam a cidade dando-lhe ares de algo super valorizado numa atitude que, perdão, soa a mim como pura e simples dor de cotovelo (sim, deixei um pouco de meus brios nessa última frase).

As pessoas odeiam São Paulo porque ela é cinza, porque ela é concreto, porque ela é grande, porque não tem atrativos naturais, porque não tem segurança, porque o trânsito é uma bosta e mais ainda porque nós, paulistanos, somos arrogantes, achamos que a cidade é o umbigo do mundo, que tudo e todos estão/acontece/está aqui. Novamente, não me lembro de outras capitais, salvo o Rio de Janeiro, nosso 'nêmesis', despertarem sentimentos tão exarcebados o que, de novo, só pode estar diretamente ligado às proporções da metrópole.

Não sou de bairrismos, morei no Rio por quase três anos e gosto muito dessa cidade, tenho amigos nela e, quando cheguei, minha visão era a de um paulistano alimentado por anos de luta midiática estereótipo que foi demolido gradativamente até não restar mais que poeira no ar. Se gostava, porque saiu? Simples, podemos sempre morar em qualquer cidade, é do humano essa capacidade nata de adaptação (uns mais, outro menos ou nada) mas, ante a possibilidade de voltar ao lugar onde estão suas raízes, acho provável que a grande maioria aqui, ainda que vivesse bem no lar novo, não fosse lá hesitar em aceitar esse retorno e não adianta discursar sobre independências, desafios ou um sem fim de motivos individualistas e pseudo evolutivos salvo você seja dos que prefere manter longa distâncias de amigos e família fato o qual respeito e compreendo.

Da mesma forma que desagrada aos demais amigos de outras cidades ouvir despautérios sobre estas, desagrada a mim como paulistano ouvi-los sobre a minha. Repito, acho graça como Sampa desperta essas emoções fortes e nós mesmos paulistamos temos essas mesmas emoções quanto à nossa cidade, de novo, proporcional ao tamanho de tudo aqui. Como o resto do país, amamos odiar São Paulo e odiamos amar tanto essa cidade doida que come você todo dia e cospe pouco mais que trapos só pra fazer tudo de novo no dia seguinte.

O trânsito é um inferno, barulho, drogas, prostiuição, transporte público confuso e caótico, ar carregado, cinza, cimento, correria, gente de cara fechada, falta de segurança, gente doida, carestia, preços nas nuvens, pressão, estresse e um sem fim de itens de uma lista que poderia muito bem se encaixar em outras cidades do Brasil com extrema facilidade mas, como é São Paulo, fica melhor para descer a lenha e culpar os paulistanos por serem essas criaturas que são.

Desculpem mas, se Sampa tem tudo isso de ruim, como sua cidade também tem em maior ou menor grau, para cada item negativo desses eu posso lhe dar outros tantos que certamente suplantam os ruins e permitem aos paulistanos, como eu, que coloquem, e com propriedade, o rei na barriga, sinto mesmo se você pensa o oposto ou prefere fazer que não está nem aí pra São Paulo.

A cidade é rude com quem não lhe conhece e vai devorá-lo num piscar de olhos, moer seus ossos até o tutano sem pestanejar, sem dó mesmo e não pense que ela não faz isso conosco, faz sim mas, como somos seus filhos, ela dá um desconto e, no final do processo, devolve um pouco de vida apenas para que você tenha como passar por mais um dia em suas entranhas. Ao mesmo tempo, ela abre um leque tão vasto de possibilidades e oportunidades que nenhum outro lugar abriria e se você tem mesmo foco, a cidade vai ver isso e, ainda que não lhe abra os caminhos ou as pernas, vai te fazer entender que ela aceita a corte.

Eu amo São Paulo, queria não amar, sumir e viver num local onde as coisas fossem mais simples mas, cada dia eu acordo e vejo esse mar de espigões de minha janela e não consigo pensar em outro lugar onde desejasse tanto morar, onde posso aproveitar quase tudo, onde acho de tudo um pouco, onde tenho de todos um pouco e onde vivo bem apesar de ter a cidade me cobrando mais, me pedindo mais, me tirando mais.

No fim, isso não importa mesmo pois quanto mais ela tira mais eu dou com gosto pois sei que vou ter isso de volta com juros e correção, você pode achar que nessa barganha nós, paulistamos, estamos é tomando no cu mas então, você não conhece São Paulo, não sabe essa cidade-mãe, essa puta insaciável e esposa compreensiva que ela é e só nós mesmos, que amamos e odiamos essa cidade é que podemos entende-la, aceita-la como ela é e amá-la da mesma forma.

Ao fim de cada dia, quando alguns de nós dormem, é ela, a cidade, que vela nosso sono e que ampara os que vagam por suas ruas madrugadas, ela conhece seus filhos, ela nos ama.

lembranças aleatórias não relacionadas com a infância

Lembrança #10 Lembro de uma festa ou rave ou balada que eu ajudei um amigo a organizar num tipo de sítio eu acho. Estava separado do meu nam...