27 de dez. de 2011

tudo acaba (mas começa de novo)




Friamente, quando o relógio anunciar que 2011 é morto e, de sua mortalha gasta nascer 2012, nada terá mudado. Todos (salvo os que passarem desta para melhor em data tão auspiciosa) acordaremos os mesmos, fazendo basicamente as mesmas coisas, como nossos pais.

Esse voto de confiança cega que se empresta ao novo ano é papo para bovino pegar no sono, serve mais como auto-indulgência, um tapa em costas próprias nos parabenizando pelo que realizamos (geralmente pouco diante do sonhado/planejado) e incentivando a nós mesmos a ter novos planos para os 365 dias vindouros assim como acumular, no mesmo período, seja lá o for que não realizamos nos 365 que acabaram de perecer, gratos de não ter mais que olhar na nossa cara de pau.

Vamos empurrar com a pança desde o primeiro do ano e fazer como Souza de ‘Não verás país nenhum’ afinal, não é assim que somos mesmo? Essa catarse do último dia do ano, essa lavagem intestinal e interna que promovemos, na verdade, é de faxada, não vinga mesmo nas raízes e faz apenas tirar a capa de verniz do ano velho trocando-a pelo do ano novo, mais brilhante, mais bonita, nova, promissora.

Mas seria isso mesmo? Esse amargo é o tom certo para essa época? Alguns dizem que sim, balela de fim de ano, hipocrisia sazonal, abestalhamento espiritual, simplificação de coisas complexas ante o fim de um ciclo e inicio de um outro novo mas que, via de regra, não faz mudar nada salvo os dias no calendário.

Por outro lado, somos essencialmente criaturas cíclicas, direta ou indiretamente, propositadamente ou sem propósito algum mas não menos cíclicas. Temos a vida regida por fases, ciclos e ritos de passagem e acho que estes são em si essenciais ao bom desenvolvimento do que somos ou podemos vir a ser e como lidamos com cada fase dessas determina e muito o quê e quem somos.

Assim, esse rito de matar um ano e deixar para trás tudo que se passou, dar essa esperança, mesmo que inocente e quase imbecil a um futuro que não sabemos o que tem reservado ou, pior, sabedores de que não trará talvez efetivamente nada de realmente novo, creio ser essencial para manter a sanidade. Traçar as mesmas metas e, imbuído de uma certeza férrea, determinar-se a executá-las no ano recém nascido ainda que seja apenas para ao final dele renovar os votos para o seguinte, ajuda a manter a cabeça no lugar, o espírito em ordem e nos torna mais humanos.

Esperar o melhor, ter certeza do pior e para ele preparar-se, pode soar coisa de auto-ajuda mas acho que funciona mais do que o inverso. Não se trata de um clichê festivo mas de uma constatção básica de que ser humano é enterrar ciclos para trazer ao mundo novos, dar essa chance a nós mesmos e aos que nos rodeiam para que tudo possa ser realmente melhor ou o mais próximo disso quanto possível.

Por isso mesmo, eu apoio integralmente esse expurgo de fim de ano, esse exorcismo coletivo, esse prugatório universal e vou mesmo na passagem do óbito deste para o nascimento do outro desejar ardentemente que tudo que eu quero não só para mim como para todos nós se concretize da melhor forma possível o que já muito bom pois todos nós sempre estamos insatisfeitos com a forma com que nossos planos acabam sendo executados sem saber que, na grande maioria daz vezes, este e o executado podem diferir enormemente sem que o resultado final seja alterado.

Usando um clichê, pedi laranjas mas vieram limões, então, o que você faz?

9 comentários:

  1. Hey =)
    Feliz 2012
    Adicionando você tambem.

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  2. eu faço uma caipirinha
    e feliz ano novo baby!

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  3. Eu tomo pingo na Coca-Cola ao invés de no Guaraná!

    Apóio também! Que venha a festa, o expurgo e a certeza de vitória no ano que vem!!

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  4. Eu tomo pingo não, eu só pingo.

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  5. Se é um tom muito amargo para essa época eu não sei, mas é o tom que sempre uso. E tem me feito muito bem, por incrível que pareça

    Beijo Melo!

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  6. Sempre expurgo as coisas ruins na intenção de ter um ano melhor sempreee...rs. Acho que é quase uma sessão de descarrego mesmo(rs).
    Lindo 2012. Abraço querido.

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  7. Não suporto nada destas festas de final de ano! Para mim o melhor dia é o dia 02 de Janeiro qdo tudo volta ao trilho da normalidade ... ainda bem q só faltam 04 dias para ele chegar ...

    Bjão querido e dias felizes para todos nós ...

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  8. Eu sempre preciso desta Catarse de final de ano, independente de não cumprir as propostas, pra mim é importante ter um deadline para recomeçar, mesmo que seja de forma figurada. Acredito que estes "Ritos" e "Ciclos" nos dão capacidade para expurgar os limões e ter confiança que colheremos apenas laranjas independente se algumas destas laranjar vierem azedas.

    Bjão e até o nosso rito de passagem para 2012.

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  9. Eu não tenho medo desses ritos, pois "passo" praticamente ao seu lado e isso é o que importa. Você sabe das tamanhas diversidades que já enfrentamos, né? Mas temos um ao outro, e isso, é melhor do que tudo nessa vida.

    Love U!

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