Reitero aqui que não julgo essa postura, a entendo perfeitamente, como dizer que agiria diferente se fosse comigo e meu marido? Difícil dizer. Entendo também essas pessoas que, ante a possibilidade (sim, possibilidade pois hipótese é algo remoto e as agressões contra gueis são um fato, não algo hipotético) de se tornarem vítimas desses animais, preferem antes ir para outro país onde, como li na matéria, sejam tratados como seres humanos e não uma condição.
Porém, nesses países não há preconceito? Violência? Seria um mundo perfeito? Acho pouco provável mas a grande diferença deve ser que as leis aparentemente funcionam ao passo que aqui, capaz de o agredido ainda ser tachado de culpado. Também acho que não se trata, como disse em outro post, apenas da violência direcionada aos gueis ou qualquer outro grupo, acho que o problema é pior, é a ultra-violência, gratuita, sem culpa, sem medo, por prazer. Não há limites e nossas leis são tão inócuas que seria possível limparmos a bunda com elas e ainda ficarmos com os traseiros sujos!
O quadro porém fica mais grotesco quando chega a nós gueis e outros alvos preferenciais desses abusos pois, se a lei já é falha como um todo, quando chega a nós, mal podemos clamar pelas rebarbas ou restos afinal, quem somos nós? Nada, ninguém, apenas um bando de bichas. Não sei realmente o que faria se acontecesse uma agressão dessas conosco mas, assim, de momento, creio que minha atitude seria jamais permitir que esses criminosos maculassem ou destruíssem a vida que construí aqui, que me tirassem o prazer e alegria de viver num país tão meu quanto deles.
Creio que lutaria com unhas e dentes para que pagassem pelo crime enquanto reerguesse minha vida. Não estou acusando os moços do outro post ou quaisquer outros que tenham feito o mesmo de fujões, longe disso, disse e repito, cada um sabe o peso que pode carregar e há que se dizer que eles não se calaram, muito o oposto, mostraram a cara, pagaram caro por isso e acharam os culpados (segundo eles mais graças a eles mesmos que às autoridades). Para mim, não resolve muito recomeçar em outro lugar mas sim tentar ao máximo arrumar este aqui que temos; se todos resolvêssemos ir embora, eles vencem, provam estarem certos, que não merecíamos mesmo estar aqui, vivendo e convivendo uns com os outros. Não, meus amigos intolerantes, somos da mesma carne, temos os mesmos direitos e eu não vou embora, você vai ter de aprender a me respeitar e à lei que deve(ria) fazer valer esse respeito na ausência do bom senso que deveria intui-lo naturalmente.
Podem dizer que é fácil falar assim sem conhecimento de causa (na pele) mas, quanto mais frágeis parecermos, quanto mais fugirmos, quanto mais nos acovardarmos, mais terreno cedemos aos que nos querem ver longe, lhes damos a vitória de mão beijada. Não quero isso para mim nem para meu marido, não quero também, como parece ter ocorrido com os moços, virar 'overnight' ativista pois aqui essa palavra tem um sentido muito vago; eles mesmos foram alçados a essa condição meio num turbilhão e, infelizmente, triste mesmo, essas entidades que 'lutam' pelos gueis sugaram deles os famigerados quinze minutos e depois quem se lembrava do sofrimento ou sede de justiça deles?
Creio que o caminho seja cada um de nós não fazer silêncio de cada violência que sofremos seja pela nossa orientação sexual, classe ou qualquer outro estereótipo social, e não é apenas a violência física mas, às vezes até pior, a psicológica, mental, velada. Quanto mais gritarmos pelos direitos que são nossos mais alto ficará o brado até que um dia alguém certamente há de nos ouvir.
sim, temos mesmo q falar
ResponderExcluirqnto mais visibilidade conseguirmos
mais protegidos estaremos
na luz há segurança.
Too much is not enough
ResponderExcluirE o que é esta música! perfeita pra ilustrar o post. "Numb" tradução perfeita. :-)
ResponderExcluirTambém penso assim. A gente tem que fazer barulho.
ResponderExcluirAntes da paz, muita gente morre no meio da guerra. Mas sem a guerra, nada muda.