25 de fev. de 2010

interregnum



A pausa veio simples, rápida, junto com a morte do ano. Sua impostura foi calma, sem traumas, aplacou a fome não a extinguindo mas, sob coação, hibernou-a.
 
Versei muito antes de voltar. Apesar de haver desejo, faltava a ânsia, mojo, verve ou seja lá o que for que mantenha a pena fluindo. Um desgosto generalizado, uma pasmaceira, marasmo, estática, zero.
 
Mas do hábito forçado é que nascem as glórias, compostas de, como dizem, 90% transpiração e 10% inspiração.
 
Não sei mais o quanto isso vai durar. Enquanto for, espero que leiam (sigam em frente, tem muita coisa aí em baixo)

christine



quando eu fui jovem, não existiam modas ou existissem mas não eram isso mas sim descobertas.
descobria-se muito então, tudo era novo.
esse gosto se perdeu mesmo porque nunca mais achei nada com isto aqui.
esses ouvidos cansados, estéreis, preferem isso aos axés, rebolations e quaisquer outras ranhuras feitas pelas gralhas plásticas que hoje permeiam tudo.
quando existe algo novo é tão efêmero que nem mesmo me digno a prestar atenção.
eu sei, minha misantropia converte-se também em enfado crônico, uma coisa, afinal, leva a outra, não desejo mais nada a não ser que se acabe ante minha janela para que eu apague a luz no final.

still green..



when i was young, i dreamt of green...
not as a color but as a thing, material, irregular, closed within itself...
it used to embed me, engulf me, a warm feeling of green...
faded now, gone, left a bad taste in the back of my mouth, maybe that is what they call grow old...

memoirs of green....

 

relaxe, o tempo de resposta é essencial assim como sua sinceridade e rapidez nas respostas.

ultraviolence

 

a noticia é velha mas, como só li hoje, é nova.

oras, arrancar cabeças, desmembrar, violência gratuita e afins, tudo bem? engraçado como os asiáticos lidam com pornografia e erotismo de uma forma bem mais adulta.

vá lá, não se tolera pedofilia ou nem mesmo justifico o estupro em si, coisa hedionda e que animaliza o humano reduzindo-o à besta que é mas, se podemos matar virtualmente porque não fuder da mesma forma incluso nossas taras, perversões e anexos?

cobre-se um santo para descobrir outro bem ao estilo moralista de boteco ocidental masi especificamente 'wasp'. 

a(h)mem

 

alguém ainda acredita que o celibato funciona? que nada é além de um mecanismo da igreja para resguardar suas posses de litígios familiares?

o caralho que a carne é sublimada pela fé! no fim, a carne se volta contar os que menos podem ou se expõe em situações vexatórias como essa.

quem precisa da igreja católica? eu certamente não mesmo porque, sendo guei e herege assumido, se pisar numa queimo até ser pó.
vá de retro!!!

febeapá extra



como se nascer fosse fácil, coisa que se faz assim, de pronto.

ou se ganha comissão por parto executado no sentido literal da palavra posto foi natimorto?

ô país besta...

lendo



porque só ele sabia como satirizar com graça...

lido



Gostei muito. Carmen já foi incorporada há muito à cultura pop. No entanto, achei que no livro passou por um processo de endeusamento, não possuía defeitos ou, os poucos que tinha não eram falhas de caráter mas excessos do mesmo.
 
Não que desejasse ler sua bio para saber detalhes sórdidos ou pérfidos mas chega a ser irritante como ela é glorificada. Talvez fosse assim mesmo, quem sabe. Ainda assim, vale muito pelo retrato de época e de como funcionava o ‘star system’ da época quando os estúdios escravizavam seus astros e ditavam o quê, como e onde filmar.
 
Não que hoje seja muito diferente mas, aparentemente, essas relações ‘trabalhistas’ ficaram menos casa grande/senzala. Voltando, leia, recomendo muito.

colors



Não sou afeito ao bbb ou afins, fato. Mas, como temos gueis abertamente pela primeira vez e não revelações posteriores ainda que já fossem de domínio público, resolvi arriscar.
 
Não me fascina ver a globo arrebentar o armário pois, para mim, não se trata de diversidade mas publicidade e seria muito ingênuo crer que uma empresa conservadora apóia a causa colorida por simples senso de civilidade.
 
Enfim, talvez seja melhor alguma exposição do que nenhuma e de modo algum desgosto ou critico os participantes gueis do programa. Mas, fixa-se em mim a idéia de que servimos como alívio cômico, entretenimento, circo, vamos por a bichas porque dá audiência, é ‘in’, é moda.
 
Mais uma vez, não denigro nem condeno os participantes, estão lá quiçá realizando um sonho há muito almejado e, como disse, de qualquer forma, dando nossa cara a tapa, we’re queer, we’re here, get used to it.
 
Infelizmente, quando os holofotes apagarem, nada restará e pouco terá sido alcançado quanto aos direitos sonhados.
 
No fim, fomos todos eliminados.

older



Fim de semana desses, estivemos com amigos. Engraçado como após certa idade, seu circulo de amigos dificilmente cresce, tende mesmo a diminuir não pela exclusão mas pelas coisas da vida que nos levam por caminhos opostos.
 
Esse foi o consenso, entre nós, de que os anos nos deixam restritos a uma roda de pessoas que, no fim, são as que contam realmente e que serão as lhe acompanhar até a hora difícil. Esse grupo de pessoas possui, arrisco dizer, laços mais fortes que os de sangue, em alguns casos.
 
Conhecer gente nova é um processo trabalhoso, desgastante e decepcionante pois os dígitos acumulados lhe dão uma clarividência única sobre o gênero humano possibilitando o descarte imediato daqueles que não lhe tem nada a acrescentar aos seus dias.
 
Resumindo: fica-se menos tolerante, mais crítico. Muitos podem dizer tratar-se de rabugice mas, prefiro encarar simplesmente como envelhecimento.

let me tell u a secret...



Não sei dizer com precisão o que faz um relacionamento durar. Nem mesmo arrisco enumerar os pertences de uma receita para tal sucesso.
 
Creio mesmo que não exista fórmula certa vide a infindável gama de personalidades e nuances de cada um de nós. O que posso dizer é que simplesmente gostar não basta, é preciso um pouco mais que isso ainda que seja um princípio.
 
Principalmente, creio eu, é preciso que haja uma capacidade de riso incrivelmente grande. Sem isso não vejo muito futuro ainda que, como disse, cada um acaba por achar a fórmula que lhe convém. Eu e wans rimos a toa, um do outro, de situações criadas e reais, arrisco dizer que nossa vida é quase burlesca.
 
Acima de tudo, ter alguém ao seu lado requer dedicação, respeito e uma cumplicidade total. Não é tarefa fácil, pratico há oito anos e certamente tive meus percalços mas jamais trocaria meus momentos com wans por qualquer outra experiência.

maratona

Internet é invenção do cramulhão. Não tem mais volta e talvez o 3D possa salvar as salas de exibição. Não creio que o cinema será extinto, dizia-se a mesa coisa quando a TV surgiu mas, que o número de pessoas a freqüentar deve, acho, cair, isso sim.
 
Vejamos, cinema, fila, estacionamento, horários, gente falando, celulares rebeldes, cochichos, papéis de bala, pipocas. Em casa, conforto, televisão moderna, som idem, sem barulho, sem pressa, sem gente, programação livre tranqüilidade.
 
Ao menos para mim, cinema já é coisa obsoleta. Resultado de nossas últimas maratonas:
 

Elementar, meu caro.


 
Uma palavra: ruim. Arranha terrivelmente a imagem de Holmes colocando-o no mesmo patamar dos heróis de hoje com direito a correrias, explosões e tudo aquilo que tira sua atenção de um roteiro frouxo.
 
Visualmente é ótimo mas é só. Uma coisa é modernizar um personagem clássico respeitando sua características originais encaixando-as no contexto atual, outra é desfigurar completamente o mesmo no afã de angariar a simpatia da geração ps3.
 
Brothers in arms


 
Bom mas não perfeito. Mais uma drama de guerra mas ao invés de focar nas mazelas do campo de batalha envereda pelos caminhos dos traumas pós conflito na volta para a casa.
 
Atuações convincentes mas não achei foda. Particularmente, o melhor do filme é Natalie Portman.
 
Zombieland.


 
Ótimo! Vá lá, mais um de mortos-vivos mas com uma dose de humor negro excelente. No fundo mostra que todos já estamos em processo de zumbificação.
 
Entre as piadas, uma cutucada no comportamento humano e de como somos, no fim, zumbis de nós mesmos.
 
Grace


 
Terror trash de primeira. Bem feito e dá medo mas nada além do suportável. Possui no entanto um conteúdo mais profundo.
 
A relação mãe/filho e até que ponto um está disposto a ir para manter o outro colocando os rebentos como sanguessugas que nada fazem além de sugar seus provedores até os ossos. A obsessão na continuidade e na realização dos desejos abortados/abandonados  de uma geração na seguinte.
 
Ironia pois a mãe é vegan e assim, em tese, deveria ter parido uma criança mais do que normal e saudável além do fato de ser ‘ex-gay’ o que pode dar a entender que foi o preço que pagou por não ter sido fiel a sua orientação sexual abandonada como um desvio de juventude.
 
Certa opressão no desejo tórrido da avó em manter a guarda da criança prolongando uma pedaço do filho morto que lhe era caro em maneiras mais do que normais.
 
Assista

Dorian


 
O mesmo problema de Holmes. Dizem que esta adaptação de Wilde tentou ser a mais fiel ao livro. No entanto, o filme chega a ser chato e não se consegue ter uma empatia ou antipatia com Dorian.
 
Visualmente é impecável e as atuações não são ruins no entanto a história não decola. Não me recordo de todos os detalhes do livro e talvez o final carregado de efeitos tenha sido demais.
 
Para mim, a melhor adaptação ainda é uma de 1945 acho eu.
 
A caixa


 
Adorei. Um suspense sci-fi de primeira. Não espere nada mastigado, é do mesmo diretor de ‘Donnie Darko’ então, as interpretações serão muito subjetivas. Talvez a questão alienígena tenha sido meio forçada, mas de resto achei excelente e o elenco é impecável com destaque para Frank Langella que dá arrepios.
 
Sem entregar muito, achei um exemplo claro de ação/reação ou de como cada ato gera uma cadeia inexorável não importando o que se faça para mudar o resultado final. Uma frase do personagem de Langella, primorosa:
 
Your home is a box. Your car is a box on wheels. You drive to work in it. You drive home in it. You sit in your home, staring into a box. It erodes your soul, while the box that is your body inevitably withers... then dies. Where upon it is placed in the ultimate box, to slowly decompose.
 
Necessário.
 
Bastardos


 
Quando Tarantino vai se aposentar? Não é ruim mas é apenas a mesma coisa em releitura, vingança e justiça. Adoro os nomes, ele escolhe como ninguém, fora isso, não tem mais nada.
 
A fotografia também é ótima e as cenas de suspense excelentes mas isso não segura o filme. Vá lá, é uma fantasia sobre a WW2 mas já vimos outras fantasias de Tarantino e ele meio que virou ‘hors concours’ nesse quesito.
 
Isso não serve porém como desculpa para variações infinitas sobre o mesmo tema. A melhor coisa é Christoph Waltz como vilão nazista.
 
Se tiver tempo.....
 

No ar


 
Esse sim é excelente. Não dava muito não, achava que era mais filme daqueles meio sem sal. Surpresa! É um tratado sobre relacionamentos de primeira!
 
Qual o peso que as pessoas têm em sua vida? Esse peso vale a pena carregar? Não seria mais prática uma vida sem compromissos ou ligações com outras pessoas seja família, cônjuge ou amigos?
 
Mas então, o que você carrega além de si mesmo? Que experiências viveu? O que aprendeu posto que o aprendizado implica troca e a troca implica contato?
 
Isso vai pelo filem todo. De Ryan que leva apenas o que pode conter sua mala de viagem de porte médio, a Natalie que acredita piamente que não precisa conhecer nada além das paredes do escritório a Alex que aparentemente chegou a uma receita equilibrada entre uma vida desprendida e a realidade.
 
Terno, comovente e simples. Assista o quanto antes.
 

baila comigo



Há tempos não me digno a sair de casa para ir à boites. As razões navegam entre baixa tolerância com aglomerações, mesmice dos bate-cabelos e a idade que faz ser menos tolerante com quase tudo, prerrogativa que me é cada vez mais cara e freqüente.
 
Obviamente, podem me taxar de velho, ranzinza a afins pois o novo sempre vem. Pois que fique com ele quem é novo ou assim se sente e ainda possui essa paciência divina que, sinto dizer, irá se esgotar por entre as primaveras que hão de vir adiante.
 
Então, quando resolvo sair de casa, o que já ocorre na razão exata das visitas de amigos, vamos ao ABC Bailão. Por quê? Porque lá ninguém quer nada novo, ninguém quer fazer moda, ninguém que conhecer nada, ninguém quer ser nada, ninguém quer nada.
 
Parece uma festa de amigos? Sim, isso é ruim? Depende do que você procura. Talvez você seja dos que preferem os dias novos, cada um com algo novo a deflorar e descobrir o que é ótimo e me faz certa inveja posto que para mim o novo já foi mesmo até exumado. Se assim é, o Bailão não é seu lugar mesmo.
 
Lá parece a casa do amigo, o baile de Sábado, a festa do conhecido, coisas assim. Pode soar deprimente e talvez até seja para quem o vê de fora mas para nos que lá vamos é uma festa simples e pura. Sim, temos lembranças vívidas para cada música antiga que toca e talvez sejamos realmente presos a elas de forma inseparável.
 
Assim, visto de fora, você deve achar que são um bando de mariconas presas ao seu passado glorioso e que nada mais podem fazer a não ser se reunirem e compartilharem sua eterna festa. Isso posto, sugiro voltarmos a discutir este assunto daqui uns 20 ou 30 anos.
 
Quem sabe......

lembranças aleatórias não relacionadas com a infância

Lembrança #10 Lembro de uma festa ou rave ou balada que eu ajudei um amigo a organizar num tipo de sítio eu acho. Estava separado do meu nam...