Depois da Páscoa ficou claro que um dos maiores medos que tenho é o da não continuidade. Deixo claro, entretanto, que não se trata de um medo pela decisão de não ter filhos, de não ter parte de mim eternizada, clonada, perpetuada; essa coisa não é para mim, sou incompatível com os pequenos e nem mesmo recém-nascidos me comovem. Não consigo achar essa beleza pueril e ficar embasbacado com sua existência ainda que não lhes deseje mal de qualquer espécie, apenas distância segura.
Porém, meu pai já acumula pouco mais de oitenta primaveras e sei que sua vida foi cheia de altos e baixos, realizações e coisas que ficaram por fazer e que me são dadas de relance quando ele começa a discorrer sobre o passado e tudo que este lhe proporcionou. Isso amparado por um rico acervo fotográfico mostra coisas de um tempo antes de mim e sempre fui mais fascinado pelo passado do que pelo presente ou futuro talvez porque é de lá que tudo veio. Enfim, penso onde tudo aquilo que ele viveu irá para quando ele cessar de existir.
Ainda que as fotos digam muito e que seus relatos estejam guardados em minha memória, creio que muito há de se perder fatalmente. Talvez eu devesse gravar tudo quanto fosse possível e deixar como legado aos netos dele, filhos de meu irmão diga-se aqui. Mais provável que eles nem mesmo se dignem a ouvir coisas de décadas passadas posto que as novas gerações possuem uma sede incontrolável pelo amanhã e pouca digestão para o ontem ou antes disso. Preocupa-me fato de que tudo isso vai se perder nas brumas do tempo e que apenas eu e pouco meu irmão teremos conhecimento de tudo que nos trouxe até aqui.
Nesse ponto, procriar pouco mais é do que assegurar a sobrevivência da espécie sem ao menos assegurar a sobrevivência de quem somos realmente.
recorro mto ao meu passado para não fazer algumas besteiras novamente...outras vezes pra lembrar de que eu era e me motivar a continuar ser ou então a mudar.
ResponderExcluirfonte inesgotável!
tb curto meus acervos do passado, meus, de meus pais, avós, e outros que pude resgatar ... dou o maior valor ... mas tenho a mesma dúvida ... eu valorizo ... e depois ... alguém vai valorizar ou vai tudo pra mesma vala que eu for? vai saber né?
ResponderExcluirbjux
;-)
Juro, procriar faz bem. As pessoas certas deveriam sempre procriar. As erradas não. Deveria ter um teste, um exame para saber se pode procriar ou não. Muito válido. Salvaria o mundo, ó.
ResponderExcluirTb não faço questão. Já tem gente demais. Se pelo menos o pai tivesse um blog, ficava registrado pela eternidade. Ou até a próxima grande invenção.
ResponderExcluirSei pouco da história de meus pais.
ResponderExcluirMelo!
ResponderExcluirPassando aqui pra conhecer seu espaço XD.
Compartilho a incompatibilidade com crianças... talvez um dia, mas por enquanto, são lindas na família dos outros.
A perda é inevitável. Por mais que tentemos conservar tudo, algo sempre se perde. Adivinhar se os outros vão ter o mesmo interesse que nós, não dá; Mas fazer a nossa parte e deixar o legado, a gente pode. O que vão fazer com ele no futuro, não cabe a nós decidir...
Abraços!
Tem que ver se o nosso legado, nossos sobrinhos gostariam de levar adiante. Eu no mínimo quero poder ensinar aos meus sobrinhos tudo o que faz feliz na vida do tio. Espero que eles levem adiante.
ResponderExcluirProcriar ou não procriar: that's the question... hehehe!!!!
ResponderExcluirEu adoro criança... criança dos outros, claro... hahahaha!!!!!!
Hugzzzzzz, Mario Bros... hehehe!!!!