21 de set. de 2011

ralo abaixo

A revista Piauí deste mês trouxe uma matéria sobre Silas Malafaia, a encarnação do demo para nós viados, nosso Hitler particular, calvário e nêmesis.

Sim, tudo isso mas ainda assim, eu defendo seu santo direito de falar que não gosta, não aprova e condena a viadagem, gays, dar o cu e chupar rola. Sou capaz de dar um braço meu para que ele possa ter assegurado seu direito de falar o que pensa, acredita, esteja ou não embasado em provas irrefutáveis, sejam elas científicas, cientologíficas, de fé, de fato ou imaginárias.

Já disse antes que não quero nenhum direito assegurado nos escombros dos de outros, perde a graça, o valor e a importância; de xiita, já basta esse povo que nos deseja ver a anos-luz de distância. Na verdade, na improbabilidade dos 'evengélicos' em peitar causas e combates de peso, seja por falta de amparo ou despreparo e falta de articulação política mais eficaz posto que, entre 'eles', há mais sub-divisões, cismas e vertentes que dentro da própria política fato pelo qual, penso, ainda não se elegeu um presidente 'crente', enfim,  nesse balaio, ao invés de comprar brigas reais e que possam mesmo fazer algo de diferente pelo país e sociedade, esses 'religiosos' massacram os gays, ponta de lança sempre em riste para nos cutucar e sangrar porque não se espera que nós realmente revidemos e, como somos sim minoria desamparada do Livro, sofremos o efeito capacho.

Malham a nós para tirar os olhos do que realmente faz conta e interessa, não há agenda salvo uma falsa missão de resguardar e salvar a família de nós que vamos comer as criancinhas no café, almoço, janta e ceia. Não vejo o mesmo empenho em combater os afro-brasileiros (não prego aqui que se deva, fique claro!), porque será? Porque ainda bem temos leis que se aplicam contra esse tipo de barbárie mas, nas sacristias, penso se eles não soltam termos pejorativos e ofensas raciais, quem aposta o oposto?

Não vejo também empenho dos 'crentes' em debater assuntos como reformas políticas, sociais, agrárias ou diminuição da jornada de trabalho (representaria, indiretamente, uma redução no dízimo?Não sei), só vejo tudo contra os viados, como se carregássemos nas costas todos os males que afligem a sociedade. Não questiono quem segue, doa seus ganhos, total ou parcialmente à igreja que segue, acho que se é da fé da pessoa e ela se sente bem, que o faça mas, será que também nós viados, por não termos assim, de forma geral, uma boa relação com as igrejas e afins, não estamos de fora do circuito de doações e, fato sabido, somos conhecidos por termos mais recursos financeiros? Não haveria um interesse em converter esse bando de bichas em fiéis que doariam sem pestanejar?

E se a fé deve, antes de tudo, propagar amor, porque se insiste em fazer o oposto? O ódio? Simplesmente porque o Livro assim o diz? Mas esse mesmo Livro não pode ser interpretado de várias formas? Não é essa a causa da proliferação 'gremlinistica' de igrejas? Então porque focar apenas no ódio? No ataque? Faz bem a católica que, comendo óstias, vê o embate e vai levar pra casa o saldo remanescente.

No mínimo, deveria have o que falta em toneladas, respeito. Malafaia, meu velho, pode não gostar das bichas, viu? Pode pregar contra e esfolar os 'gatos' que quiser mas, vamos manter o respeito? Não precisa se referir a nós, na entrevista, como bichas, viados, bicharada e nos tratar como o estereótipo que se espera de nós. Também acho que, de nosso lado, temos xiitas e que não sabem como lutar pelos nossos direitos mas, se você nos trata assim, de forma baixa e sem a deferência que um ser humano merece, como podemos dialogar ou mesmo não dialogar mas tentar uma convivência menos agressiva? Isso é fé?

Pode nos condenar em seus templos e cultos, pode ser contra, eu mesmo assino aqui por você mas, que tal nos tratar com um mínimo de respeito? De civilidade? De humanidade? Ainda mais quando alvo de uma matéria em uma revista (que poucos vão ler, fato)?

Fico triste pois se há fato mais certo do que sua fé é que o mundo dá voltas e a bicha que você denigre hoje pode ser a mão salvadora de amanhã, e daí? Como faz?

5 comentários:

  1. só posso aplaudir agora!
    de pé!

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  2. Eu comprei a Piauí (gosto deler a revista, não foi pela edição do Malafaia) e ainda nem li a entrevista, sabia? Estava me preparando pra tonelada de merda que iria ler...
    Mas o que posso acrescentar nesse seu excelente desabafo, Melo? Nada, somente meu consentimento, pois assino embaixo em tudo o que disse. Também defendo uma luta de direitos com classe, mas às vezes acho que em determinados momentos é preciso gritar pra se fazer ouvido. Mas deve ser uma "gritaria consciente", não entrar no mesmo nível de pessoas como Malafaia.
    Abraços!

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  3. definitivamente meu caro Mello, eu cansei disto ... do fundo de meu coração quero mais é que tenha muitos netos viados e netas sapatas, pois filho ele não deve fazer mais ... e quem o segue e a todos congêneres entregando o seu suado dinheiro, tb quero mais é q se fodam ... para mim RESPEITO é para quem se dá a ele e para quem sabe respeitar ... SACO CHEIO ...

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  4. Ai que vontade de procurar Shangri-láaaaaaaaaaaa.......

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  5. Assino embaixo o que você disse lá no começo, também prefiro que amebas como ele possam dizer suas bobagens do que a censura. Eu acho que a explicação para os evangélicos pegarem tanto no pé do gay é que é um discurso que funciona, pois encontra respaldo no que o cara simples - que não tem contato com gays em seu quotidiano - pensa, por puro desconhecimento. Cara, para quem não tem contato com os gays, é exatamente essa a imagem que nós temos - e, para não tirar o nosso da reta, a gente também ajuda a perpetuar.

    Eu não sei, de verdade, quem é o mais chato, se o militante gay xiita ou o evangélico fanático, mas confesso que consigo dialogar mais com o segundo...

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