o mundo é um polegar para cima, as mãos não tem mais cinco dedos mas cinco polegares, todos prontos para decidir entre vida e morte ou pior, esquecicancelamento eterno, hoje não matamos mais, pena de morte é obsoleta porque termina, acaba, fim da linha e não há mais como reviver ou condenar, morto não fala, pode ser crime ou vítima, foi-se, pode ser feito o que for e ninguém faz nada a respeito mas o vivo sim, sofre, carne e pele e ossos.
a necessidade de justiça expressa impera, impreca, cancelar é o esquecer sem deixar a memória ir embora e memórias foram feitas para serem diluídas, no tempo, depois virarem algo a ser degustado com gosto ou amargor mas não, no imediato que devora precisamos dos polegares e corações e ups, vida extra que compramos com os filtros e reels e memes e tiks e toks e tudo. entre like e dislike a vida vai correndo da gente porque ela virou algo que precisa encaixar e sempre foi de expandir, não foi a vida que ficou chata, pequena, iludida, falsa e sem sal, fomos nós imersos nas telas coloridas, pescoços curvados, olhos vermelhos, tela morta, sem descanso de tela, pausa ou break, enlatados, consumidos, engarrafados, consumo imediato, não consuma se o lacre estiver aberto, tudo precisa estar fechado, encapsulado, envolto em banners, anúncios, inserções e tempo para pular o anúncio.
e a hipocrisia enfim, igual ao meme, somos os memes que nunca param, fora do insta, do face, do tik, do pint, do tumb, tudo bem (?) sim claro porque não estaria (?) só pode estar porque a gente só fica sabendo através deles, não da gente mesmo, aquele ali não sou eu não, é uma cópia, esse aqui na timeline, feed sim sou eu, olha que beleza, olha como fico bem nesse filtro, com essa luz e esse bico, tem de ser com gesto senão não tem engajamento, engajar é preciso viver não é preciso aliás nunca foi, viver sempre foi impreciso porque se for preciso não é viver mas emular.
a vida que se emula é a vida que empaca feito mula.
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