Dia 02 ficamos todos pasmos, em choque, sem entender o que estava acontecendo e com um sentimento de falha, fracasso, erro, medo.
Não deveríamos. Já não passamos por isso tantas outras vezes mas, a memória é curta e seletiva e não aprendemos nada e assim, estamos fadados a, em loop, seguir repetindo até aprendermos a não cair nas mesmas armadilhas.
Nos deixemos levar pela mesma euforia de outros anos, acreditamos que tudo era possível e que as pessoas teriam a consciência de decidir pelo bem maior. Por mais que tenhamos tentado, não conseguimos evitar o sentimento de já ganhou afinal, tudo assim indicava, íamos lavar o país, passar a régua e recomeçar, construir o que fora destruído e colocar as coisas novamente nos eixos.
Que engano! Que farsa! Que mico!
Precisamos porém validar e dar fé das conquistas em níveis 'menores', conseguirmos eleger uma bancada expressiva e representantes de minorias que farão a diferença, isso é muito importante e precisa ser comemorado!
Mas então, porque esse sentimento de derrota? Porque o brasileiro é, antes de tudo, um derrotado nato, pode ser aquele que não desiste nunca mas sabe ser derrotado como poucos. Uma eleição não deveria ser tratada como final de campeonato ou corrida de cavalos, deveria ser algo acima disso, uma oportunidade para discutir assuntos importantes e dar rumo ao país e a sociedade mas, ao invés de propostas e diálogo, tivemos rinha de galos, fofoca e bate boca.
Deixamos de lado a discussão que importa para debater assuntos como banheiros unissex, ideologia de gênero, quem é mais cristão, quem serve o demônio, quem é mais beato, quem defende mais os costumes e não que com isso desmerecer as pautas identitárias e de luta que são importantes mas que deveriam ser discutidas em paralelo e não virarem cavalo de batalha de candidatos.
Voltando a derrota - que não assim uma derrota, vá lá - será que não aprendemos, como disse, nada? Quando vamos entender que a esquerda está sem rumo e presa num messianismo que nada fica a dever ao Bolsonarismo? O Lulismo e o PT mataram na fonte todas vozes da militância que poderiam representar um bafo de ar fresco em prol da figura de salvador de Lula, como dizem por aí, o PT precisa descer do salto e sair dos apartamentos de chão de taco, samambaia e brasilidades no som e voltar a falar a voz do povo, do chão de fábrica, não adiante ter apoio de artistas de esquerda que a maioria da população acha um bando de maconheiros e fora da realidade, não adianta tecer alianças das mais improváveis porque o povo pode ser sonso mas não é burro!
O 'placar' do primeiro turno mostra bem isso, como o Bolsonarismo aprendeu e dialogar diretamente com suas bases e distorcer qualquer possibilidade de previsão porque eles pregam o caos e a desordem, não seguem as regras do jogo - tudo bem, a esquerda também não ainda que pague de isentona - e como o PT parece ter ficado preso no tempo em que bastava Lula abrir a boca para ganhar uma eleição.
Isso ainda é válido, Lula tem um carisma e um apelo inegáveis mas o Brasil mudou, não é mais aquele país que o PT pensava, ele tirou a máscara e mostrou os dentes e o PT não está sabendo como conversar com esse novo Brasil, ainda acredita a cartilha 'social-marxista' se aplica quando ela está mais mofada que fruta ao sol.
Se Lula e PT não caírem na real, existe uma real possibilidade de termos mais quatro anos de Bolsonaro e, sinceramente, acho que até merecemos isso porque esse é o Brasil de fato, não aquele que discutimos nas mesas de bares descolados ao som de Chico e Caetano.
Se Lula vencer, o PT tem o imenso desafio de encontra em quatro anos um nome forte e de consenso porque Lula não tem como aguentar mais quatro anos, seu prazo de validade está expirando e, caso não encontremos um nome, muito provavelmente teremos um dos filhos do mito no governo e isso não sei como conceber ou cogitar...
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