24 de fev. de 2020

Ouvir para entender e não temer

As vozes estão aí, basta querer ouvi-las.



Ainda mais nos tempos em que vivemos, onde o obscurantismo parece fazer morada e refastelar-se sem medo ou vergonha, cada vez mais precisamos de vozes que ecoem lições aprendidas para que não incorramos nos mesmos erros e, melhor, para que fiquemos atentos ante os sinais que nos são dados de que a sociedade caminha aberta e livremente para um regime onde a regra é não haver exceção, ou estamos dentro ou estaremos fora.

Ouvir Trevisan falar é sempre um alento, uma voz que ainda traz alguma calma em tempos tão caóticos, faz crer que nem tudo está perdido e que ainda temos algum tipo de saída. Ele segue falando, talvez para mais gente agora mas ainda menos do que deveria ou poderia ou mereceria falar mas, segue falando porque ele não quer, não pode e nem deve calar, o dia que sua voz sumir, estaremos por nossa conta soltos nessa aridez de ódio e preconceito que vem nos atingindo em ondas cada vez maiores e mais fortes e, rezo para que tenhamos capacidade de ter absorvido suas palavras para poder levar adiante a faísca de esperança que ele está nos passando.

Quando você estiver cansado, exausto, pensando que não há saída, vá ouvi-lo falar, leia alguma matéria, texto ou livro sobre ele ou de sua autoria, procure conhecer sua obra e vida, tire disso a força e ânimo para seguir adiante. Não, ele não é Deus, um santo ou algum tipo de cânone divino, longe disso, mas a bagagem que ele traz é útil para todos nós que padecemos da condição humana e não aceitamos ser dela removidos ou demovidos.

Ele é apenas um homem, uma pessoa, um ser humano, alguém que foi um pouco mais além e que viu aquele outro lado e está lá nos acenando para que façamos a travessia pelo caminho certo independente que seja mais ou menos doloroso, ele trilhou e ajudou a pavimentar, nós estamos andando sobre o asfalto que ele colocou e desviando dos buracos na medida do possível. Nessa estrada, estamos também colocando nosso asfalto, sobre o dele, junto, para fazer caminho para quem vier depois de nós e assim por diante.

A dinâmica da coisa é assim, olhar para a frente deixando o caminho atrás aberto para que outros possam seguir nossos passos e trilhar seu caminho com a ajuda do que fizemos, fechados uns nos outros jamais chegaremos a lugar algum, ficaremos presos em desvios e contornos opacos sem saber se chegamos onde queríamos chegar ou onde poderíamos chegar, estaremos rodando no mesmo lugar, atrás do próprio rabo sem nos darmos conta de que o tempo passa mais rápido que o caminho e, quando o tempo acaba, a gente acaba mas o caminho segue.

Então ouça, sem medo, quando essas vozes falarem. Peça que elas falem, não as cale, peça que sigam falando, que sigam dando alento e luz para que sigamos nossos caminhos, já há gente demais plantando ódio e rancor, preconceito e horror, essas sim são vozes que devemos calar, não ouvir, esquecer e isolar.

Vamos ouvir que ouvindo vamos entender e entendendo, vamos parar de ter medo.

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