Tenho pensado no sentir e na maneira como ele parece, ao menos para mim, ter uma intensidade maior conforme o tempo vai passando. Talvez seja apenas a ansiedade falando, quem luta contra ela sabe como é essa batalha diária, um dia você vence, noutro ela mas quase sempre ela sai ganhando.
O sentir é um buraco de onde tiramos terra só para colocar dentro de volta, não há sentimento de vazio apenas de momento vazio enquanto esvaziamos para encher de volta com muito mais coisas do que havia antes desafiando as leis da física as quais, se confrontadas com o sentir, põe o rabo no meio das pernas.
Talvez o passar dos anos cause um acúmulo de sentimentos, já idos, presente e a incerteza dos sentimentos futuros quando comparados com o fator tempo que vai sendo consumido muito mais rapidamente ou, talvez, seja apenas uma impressão vaga. Quando jovens, o tempo parece não passar, há toda uma pressa de atingir a maturidade e independência como se fôssemos automaticamente nos tornar amos e senhores de tudo e todos, engano besta, na juventude o tempo passa mais lento porque não sabemos medir, não temos as ferramentas adultas que passam a gerir nosso tempo nem as responsabilidade que nos atam aos nós da vida e que passam a devorar nossos dias com voracidade e, depois de certa idade, temos a exata noção do tempo e de como ele foge de nós de forma inevitável feito aquele cenoura que se estende a frente do bicho para fazer ele puxar a carroça e que jamais será alcançada, claro está quem é a cenoura e quem é o animal.
Há urgência em sentir porque o tempo aumenta exponencialmente essa necessidade de sentir tudo ao mesmo tempo, não mais paramos para nos deleitar com momentos, pressa, isso sim temos de sobra porque se perdemos de sentir algo aqui ou ali, jamais voltaremos a sentir de novo aquela mesma coisa nas mesmas condições. Depois de adultos somos criaturas do passado, o futuro nos apavora porque começamos a entender que boa parte dele de dará sem nós e tudo que sentimos ou poderíamos sentir será diluído nas barbas do tempo que são infinitas.
Essa é a pressa que eu ao menos tenho, cheia de medos e sentimentos que não terei e vivo dos que já tive, requentados, reaquecidos e revividos como algum tipo de futuro distópico de mim mesmo, uma alegoria de vida que está sem mim no amanhã e que no hoje vive uma pantomima ridícula e sem sentido só restando reencenar o passado para dar tempero ao presente.
Eu senti o ontem para viver o hoje e temer o amanhã...
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