a bala de prata sai rasgando o cano da armapau feito orgasmo natimorto de um gozo abduzido de um corpo que não sabe como ser se não for no risco, no perigo, no fio da navalhacarne que corte rios de almas feito manteiga.
ela mata o lobo, o homem, o lobo do homem, o lobo no homem, o lobhomem que não é lobisomem porque esse são dois distintos, o lobhomem é um bicho que só faz se alimentar de seus pares porque não consegue encontrar satisfação que outra carne que não seja a dos seus iguais, sente prazer, lambe as patas e dedos e quer mais e gosta de ver a vítima sofrer enquanto lhe devora os ossos.
a bala de prata é magia feita minério mas só funciona ali, no abra ka dabra, na prestidigitação de centoquarenta caracteres, de live de fim de semana, de like, de curtida, de fé no fake, eu acima de tudo e deu acima de todos. ela voa rápido para matar não o bicho que roa nossos pés mas o coração que já vai fraco e bate vez ou outra de tão irregular ante o tempo que não tem mais cadência.
vamos comprando balas de prata, para matar não os monstros mas nossos pensamentos, nossas ideias, nossos amores, nossos sexos, nossos amigos, nossa humana(idade), a gente atira no que não viu e acerta o que vê todos os dias e o monstro segue rindo porque as balas de prata são doce em sua boca cheia de carne e sangue, se há bala para matar o monstro, há de encontrar o revólver que a atire, propulsão a jato de palavras que todos falam mas não sabem dizer e, se você não sabe dizer o que fala, como quer falar o que diz?
balas de prata são jujubas que ferem, estilhaçam os dentes e partem osso, articulação e pele, alojadas dentro de nós vão se dissolvendo e enchendo a gente de prata, expulsando o sangue até que fica apenas prata e gente que tem prata no lugar do sangue não morre mais com bala de prata, gente que tem prata dentro não tem nem valor, só é fria e dura e cheia de prata e aí não tem mais remédio ou bala que dê jeito...
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