Somos assim microcosmos, pequenos pedaços de galáxias
dentro de nós mesmos, uns universos únicos e individuais e mais fácil medir os
limites do universo externo, esse que está pra lá do céu, que conhecer mesmo a
fundo onde começacaba cada um de nós de tão complexos e intrincados que somos.
Você pode mesmo é passar a vidinha assim tentando
saber mas, quer saber, não sabe mesmo nem na hora da rigidez funérea, fato. Há
que se contentar em saber o que se sabe hoje que, em tese, deve ser mais do que
ontem e com certeza absoluta e absolutista menos do que amanhã.
Considerando esse postulado astrofisicohumano, de
certo que atraímos uns aos outros, gravitando hora mais em direção a uns,
depois a outros mas, via de regra e viado de regra, acabamos por atrair para
nossas órbitas aqueles que nos são mais parecidos, afinidades,simpatias e afins
e assados, repelindo os que não nos dizem assim nada demais o que não significa
que não signifiquem nada, apenas não querem dizer é nada pra nós mesmos.
Voltei ao micro-cosmo do trabalho-ex, pouco mais de um
mês agora e vejo lá os grupos, unidos, rindo e trocando nas redes de peixes
sociáveis fotos e confidências, e não me encaixo, não vejo onde minhas arestas
aparadas em mais de quatro décadas de vida podem se encaixar. Isso me leva lá
pra trás, sabes? Quando eu era assim novo e já não me encaixava, nascido assim,
menos culpas pater/mater (talvez um pouco) e mais mesmo da genética e da alma
que me foi inclusa no pacote.
Nunca me encaixei, sempre ia à um lado quando parecia
que todos iam ao outro, nunca fui assim unanimidade (bom, ela é burra mesmo,
melhor) e sempre me pareceu que as coisas assim de importância para todos eram
assim banais ou bestas para moi e vice-versa-vice, saca? Talvez eu veja nesse
grupo de hoje um pouco disso e não que isso me incomode assim demais, oras, nem
assim sou parte do grupo mesmo (queria ser? Não sei, acho que não) e por isso
me passa batido as coisas que trocam entre si.
Não é assim o desejo de estar incluso mas, o sentido
de não fazer sentido ser incluso nesse grupo posto que os estilos de vida,
gostos e atividades me são tão estranhos como o ar de Marte. Claro que a convivência
que possuem germinou essa intimidade e não a desfruto exatamente por não ter
feito parte dessa convivência prolongada mas, de qualquer forma ou jeito, não
vejo, se isso tivesse sido verdade, como eu faria parte desse quebra-cabeça
pois não consigo mesmo ver as coisas que falo, as coisas que penso e a vida que
levo como parte desse quadro depressionista, sim ao menos para mim e é provável
que na mão inversa se pense o mesmo de mim tamanha a polaridade oposta que nos
separa.
Vinga mais mesmo essa sensação de ser de novo o ‘de
fora’, o não-encaixe mas, não me aflige não pois ao meu redor tem gente sim que
me se encaixa, saca? Que gravitamos assim uns aos redores dos outros e isso vai
bem, amém! Talvez em parte essa onda de estranheza se dê pelo simples fato de
que não pedi para entrar e não me convidaram a fazê-lo e ficamos nessa de eu
achei que você tinha achado sem fazer progresso nas relações interpessoais e eu
mesmo cá me questiono se faço toda essa questão de ingressar ali, se é apenas
para constatar que não é meu lugar mesmo, salvo desejo de algum estudo sociológico.
A bem da verdade, essa ponta de inveja inexiste pois
vendo suas peregrinações rede-sociais vejo coisas que não me são afetas, nem
quero e não desprezo ou critico mas simplesmente não me dizem nada, fora de meu
cotidiano e vivência, que fazer se essa é a vida que fiz pra mim e, da qual mui
me orgulho, oras, o problema mesmo nem sou eu e nem há problema algum posto que
comungamos, então, de verdades opostas mas não opositoras e vivemos bem lá cada
um com a sua, não é?
Talvez bem cá no fundo, cala uma vontadinha de ser
acolhido por eles, memórias de tempos não tão verdes e remotos mas, ela passa é
rápido, viu? Muito rápido mesmo e deixo a vida que levo me tocar do jeito que
gosto e sempre hei de gostar, é assim, não poderia mesmo ser de outro modo.