Domingo para Segunda a cidade sofreu com o excesso de chuva, reinou o caos e ainda ontem ainda sentíamos a ressaca da calamidade, muito provavelmente hoje e nos dias a seguir sentiremos ainda alguns reflexos para não mencionar o preço de frutas, legumes e verduras que devem disparar já que o CEAGESP que abastece a capital teve praticamente toda suas mercadorias estragadas.
Engraçado, vai ano e vem ano e nada se resolve, todos sabemos que essa época é de chuvas intensas caraterísticas de nosso clima mas as autoridade perecem crer que moramos na Suíça e, quando a tragédia se passa, culpam o clima, a chuva, Deus e seja lá mais o que for enquanto a verba para obras de contenção e prevenção de enchentes teve apenas 40% de seu total gastas em obras e medidas efetivas para a cidade.
Mas, a bem da verdade, não adianta culpar apenas as autoridades ainda que elas sejam sim responsáveis em antever e tomar as medidas necessárias pois já conhecem bem como a banda toca por aqui. Parte dessa culpa deve ser repartida conosco que seguimos jogando lixo e detritos nas ruas, bueiros, locais inadequados sem nos preocuparmos com os efeitos que isso causa no ambiente.
A solução, que não é simples, parte de uma consciência coletiva tanto nossa quanto das autoridades de que uma cidade como a nossa precisa de um plano de reflorestamento urgente assim como de um plano diretor que remova as pessoas de locais de risco e as coloque em segurança, mais fácil dizer do que fazer, infelizmente.
Mudando de assunto para o título do texto, a chuva de rico não é a mesma chuva do pobre.
Enquanto a maioria esmagadora da população lutou para chegar ao trabalho pensando em evitar ter descontado o dia de trabalho ou pior, perder o emprego, perdendo horas sem fim dento de coletivos ou ilhados em alagamentos, pondo suas vidas e saúde em risco para não irritar o patrão, outra parcela contabilizou prejuízos muito mais fúteis quando seus carros de luxo ficaram submersos.
A chuva do pobre castiga e mata, atrasa e isola. O que já é difícil no dia a dia torna-se uma tarefa de Sísifo quando chove desse jeito. A chuva de pobre vem como ira divina, castigo para fazer quem não tem carro se locomover mais humilhado pela cidade cruzando de um extremo a outro para que a madame e o empresário não fiquem seus serviços sem os quais suas vidas mais do que perfeitas sairiam do eixo em questão de minutos.
A chuva do pobre não tem compaixão. Ela vem do riso dos ricos que ficam com pena digital ao ver terminais de ônibus ilhados, trilhos debaixo d'água, estações de trem fechadas, um horror pós-moderno feito filem coreando neo distópico exibido em 4K na sala de pé direito algo.
A chuva do rico traz é o dilema de arrumar a caranga que custa o suficiente para sustentar algumas famílias por alguns anos ou comprar outra. Saber como vai passar a manteiga no pão sem a empregada, por a roupa na máquina que nem sabe como usar, quem vai olhar as crianças para que eu possa ir na minha aula de pilates?
Nem nas catástrofes naturais os pobres conseguem algum tipo de igualdade, talvez até elas saibam distinguir ou os ricos consigam comprar suas graças e deixar o pior naco, para variar, para os pobres.
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