Damásio conheceu Eglantina na padaria, fila do caixa. Ela, desconcertada, abraçava o saquinho de pães como se deles dependesse a vida e rogava ao caixa clemência pelos dez centavos que faltavam para inteirar a compra pois, em casa, era aguardada com a encomenda para poderem tomar o café.
O caixa balançava a cabeça de um lado para outro já insinuando lhe tomar o embrulho quando Damásio, imbuído de caridade súbita alimentada pela beleza da moça, esticou a mão e pousou a moeda faltante no balcão. Eglantina, pega de surpresa, virou-se num mesclado de gratidão e desconfiança e, quando ia mencionar não ser possível aceitar tal generosidade, Damásio simplesmente ergueu a mão direita enquanto com a esquerda segurava o saquinho com seus pães e maneou a cabeça.
Ela, sem jeito e vendo que o caixa já contabilizava os centavos, agradeceu com um gesto tímido e um sorriso discreto. Damásio aceitou aquilo com leve gosto e disse que aceitaria, como retribuição pelo gesto, que ela tomasse com ele em outra ocasião já que era aguardada em casa, um suco ou um refrigerante acrescentando que ela não o tomasse por um galanteador barato ou oportunista, que lhe desse o valor da moeda pelo prazer da companhia, nada disso, o gesto fora de coração e ela que não se sentisse na obrigação mas que lhe faria muito gosto isso faria.
Eglantina sorriu e Damásio se apaixonou ali por seus dentes alvos, a gengiva rosada parecendo um manjar de cerejas e disse-lhe a moça que sim, que poderiam sair dia desses para tomar um suco ou algo assim desde que respeitadas as horas pois em casa elas eram contadas à risca e ela não era de expor-se na rua com qualquer um.
Acertaram o encontro para dali a alguns dias e se foram pois a fila já ia grande e o caixa da padaria começava a reclamar que ali não era lugar de romances mas de pão quente ainda que ambos sejam um conforto para a alma.
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Damásio já ia com Eglantina há alguns meses, foram aí muitos sucos, refrescos, refrigerantes e, num dia em que ousaram mais, um coquetel de frutas levemente alcóolico.
Ela lhe falava da família, dos pais que ainda labutavam para dar aos filhos alguma condição mais digna e de como ela, enquanto mais velha de três irmãos, fazia malabarismos para conciliar estudo e trabalho, tinha sonho de ser veterinária ou enfermeira, ainda não se decidira mas temia pelo aborto de tais ambições caso a situação em casa não melhorasse a curto prazo. Os dois irmãos mais jovens ainda estudavam apenas e ajudavam como podiam mas de concreto mesmo, apenas os rendimentos que ela e os pais punham na mesa.
Damásio lhe contou como viera do nada, tinha apenas a mãe, pai era algo que ele sabia apenas a palavra, nunca a pusera em alguém. Estudou muito até concluir o essencial que lhe garantisse alguma estabilidade e que pulou de emprego em emprego até finalmente acertar-se onde estava. Tinha planos de voltar aos livros e tomar um rumo melhor, quem sabe advogado ou algo que lhe permitisse abrir seu negócio, tomar conta do próprio nariz e, quem sabe, arranjar alguém que lhe esquentasse os pés nos dias mais frios e aceitasse com ele por umas crianças no mundo, algo que desse fé de que por ali havia ele passado.
Eglantina corou de leve quando Damásio disse isso pois, entrelinhas, havia clareza suficiente para entender que era a ela que o outro almejava ter em tal conta e destino e, ainda que houvessem roubado intimidades um do outro, guardava à distância arroubos mais efetivos temendo que ele apenas estivesse a lhe adoçar a boca com agrados para, ao final, roubar-lhe o mel e ir pousar em outras flores.
Damásio, que sentia a relutância de Eglantina ante alguns de seus avanços, assegurava como podia à moça que suas intenções eram das mais ilibadas e que se às vezes era afoito, era tão somente pelo amor que lhe dedicava, que ela se sentisse à vontade para pedir-lhe qualquer prova disso e ele a daria num átimo, com um sorriso no rosto.
Eglantina então resolveu pôr à prova tal dedicação. Sugeriu que já passava da hora d'ele ir conhecer sua família e acalmar os ânimos dos pais que já tinham dado fé do ar enamorado da filha. Se Damásio realmente a queria tanto, agendaria o dia e ele formalmente iria cortejar a moça, como se costuma fazer quando as intenções são boas e o sentimento puro.
Eglantina esperava recusa e hesitação, havia preparado coração e alma para tal desgosto a partir do qual poria data de validade ao namoro mas, Damásio não titubeou e disse-lhe que marcasse o dia, preferencialmente um fim de semana para não atrapalhar aos empregos de ambos, que ele fazia imenso gosto de pedir a mão da moça aos pais e ter deles a benção.
Segurando um choro autêntico, Eglantina concordou e disse que marcaria assim que possível, olhou a Damásio nos olhos e deles viu que o moço era sincero, pegou em sua mão e deu-lhe um leve beijo na face.
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Damásio chegou cedo, muito cedo mesmo. Incapaz de ficar dentro de casa com mãe a lhe benzer e pedir calma, resolvera sair e ir ter com a família de Eglantina mas, calculando mal o horário em horas ansiosas, chegara muito antes e, receoso de passar vexame ou colocar sua amada em situação delicada, ficou perambulando pela vizinhança da moça para consumir algumas horas.
Temeu que algum vizinho o julgasse mal intencionado e chamasse a polícia afinal, era um estranho, bem vestido vá lá, mas ainda um estranho zanzando num bairro que não era o seu. Por fim, parou num boteco que encontrou nas proximidades e, sentando ao balcão, pediu ao rapaz do outro lado uma cachaça, apenas um dedo que não desejava chegar a casa dos sogros cheirando a álcool mas, ajudaria a lhe acalmar os nervos que ameaçavam sair pelos poros.
E se não o aprovassem? E se não gostassem dele? E se o pai julgasse que ele não tinha como manter a filha? E a mãe? Se ela enxergasse nela qualquer falha que pensasse inerente aos homens e, evitando que filha cometesse os mesmos erros, barrasse a união? Que dizer então dos irmãos, se estes lhe fizessem desfeitas ou provocações as quais teria de aguentar sorrindo, não ficaria também maculada sua intenção de desposar Eglantina? De certo que era com ela que pretendia casar-se mas, no casamento, leva-se de brinde não apenas quem se desposa mas todo um corolário de parentes a quem, se a opinião não conta, faz valer a palavra mal colocada quando lhes apetece.
Despertou com o barulho do copo sendo colocado no balcão. Bebeu a cachaça de um trago, pousou o copo sobre o balcão, jogou algumas moedas ao lado e perguntou ao rapaz onde ficava o banheiro ao que este lhe apontou os fundos do bar. Damásio foi até lá mas não entrou no reservado, apenas apoiou-se na pia que ficava antes da entrada do mesmo, abriu a torneira e colheu um pouco d'água, fez um bochecho, salpicou um pouco no rosto, cuspiu a água e com as mãos em concha, sentiu o hálito, por segurança, compraria alguma bala na saída.
Saindo do bar, olhou o relógio e deu-se por satisfeito. Se não era demasiado cedo também não estaria atrasado, sempre pensou que o segredo das coisas era saber o momento exato de chegar e sair dos lugares, muito cedo ou muito tarde pode ser a diferença entre sucesso ou fracasso, ajeitou-se foi lá tocar a campainha da casa de Eglantina.
Tocou apenas uma vez, não queria ser considerado inoportuno e campainhas são coisas que tiram a paciência de qualquer um; quando desatinam a berrar através dos dedos alheios, põe doidos os donos da casa que já atendem as visitas com um muxoxo de reprovação. Depois de alguns minutos, a porta foi aberta e ali estava Eglantina.
Damásio achou que talvez fosse o sol do fim de tarde mas ela parecia radiante, não teve dúvidas, era a mulher que amava e estava ali para fazer disso oficial e firme, reconheceria isso em qualquer cartório, daria fé e testemunharia em qualquer tribunal, abnegaria da própria condição humana para fazer dela feliz e poder tê-la a seu lado mas, quando aquela luz fulgida se dissipou, pode notar que apenas seus olhos a enxergavam assim. Eglantina estava cabisbaixa e evitava olhar a Damásio nos olhos, parecia surpresa por vê-lo ali ante sua porta e até mesmo desejosa de que ele ali não estivesse.
Sem saber ao certo o que falar ou fazer, Damásio mirou os céus como a buscar por aquela luz anterior que havia lhe dado tamanho vislumbre de um futuro promissor mas o momento se fora, pertencia a outro e agora, ele tentava decifrar aquela esfinge que ameaçava devorar sua alegria com sua tristeza. Questionou a Eglantina o motivo pelo qual se encontrava em tal estado de espírito mas a moça ficou muda. De dentro da casa vinha o som de risos e vozes, como se a festa houvesse começado sem ele, ela e o amor dos dois, voltou a perguntar a moça que se passava e porque ela não o chamava a entrar, não estava ele ali para lhe provar que era sério e que suas intenções eram as mais elevadas?
Ou ela demandaria alguma prova adicional? Que falasse qual era, ele a cumpriria à risca por mais estapafúrdia que fosse! Eglantina permanecia em silêncio, olhava para o chão e para ele apenas de relance, teria sido vítima de algum tipo de apoplexia? Damásio lembrou-se de uma tia que no dia do casamento, tomada por severa emoção, tinha sofrido algo assim e fora necessário adiar a cerimônia por meses até que os nervos da noiva voltassem ao normal.
Pegou Eglantina pelo braço e já começava a elevar o tom de voz quando o pai da moça apareceu por trás dela e a afastou com um gesto leve. Eglantina, sucumbindo à vontade paterna, encostou-se na sombra do homem e deixou escapar um suspiro leve. Damásio, sem entender nada, estendeu a mão ao sogro apresentando-se, um prazer estar ali e poder conhecer a família de sua pretendente mas, ficou com a mão planando pois a do pai da moça permanecia distante.
Damásio, ciente de que todo pai zeloso sente ciúmes da filha e enxerga no homem que a corteja apenas o lobo que vem lhe comer as ovelhas, recolheu a mão e expressou sua preocupação com o estado de Eglantina, teria ela passado mal ou ocorrido algo inesperado? Se fosse o caso, ele, que não desejava meter-se em assuntos de família, poderia voltar quando fosse mais conveniente, não era problema algum.
Eglantina soçobrava ao fundo e seu pai, de soslaio, mandou que ela se retirasse e, olhando bem nos olhos de Damásio, disse-lhe que fosse embora, que não era bem vindo ali e que estava a atrapalhar uma festa de família para um primo que chegara a pouco de outro estado, que não voltasse a procurar a moça pois ela estava mesmo era prometida a esse primo, um rapaz de posses e estudado, que poderia lhe dar uma vida decente e estável.
Damásio, pasmo, não sabia como retrucar tais afirmações, buscava por Eglantina por sobre os ombros do pai mas ela se fora para dentro. Por fim, sua boca ganhou vida e disse ao senhor que aquilo era um absurdo, que ele e Eglantina amavam-se e que ela o havia chamado para estar ali naquele dia para formalizar o compromisso, que ele poderia sim dar a ela uma vida decente, sem luxos, mas honesta, limpa e direita, era trabalhador e estudava, daria a ela uma vida melhor que sonhara para si mesmo.
Impávido, o pai da moça fez ouvidos moucos ante as alegações de Damásio, disse-lhe que a filha agira mal em ter prometido tais coisas que não lhe caberia o poder de cumprir e que ela sabia do compromisso assumido em família muito antes de ambos terem nascido. Ele, como pai, não poderia desgraçar assim o nome da filha e da família por um desconhecido, julgara que a paixão dos dois fosse algo ligeiro, que passaria como passam as chuvas da estação e que ele desconhecia o fato de que Damásio estaria ali naquela data para prestar seus respeitos e cortejar a Eglantina.
De dentro da casa ainda vinham risos e vozes altas, Damásio teve ímpetos de romper a cara do pai da moça, entra pela casa e raptar para si a amada, que a família lidasse ela com as promessas feitas ao primo abastado, sabia apenas de seu amor por Eglantina mas, a figura paterna à porta, parecendo intuir o rompante do pretendente enganado, fincou posição feito boi bravo, fechou a cara e ficaram ali em ameaça velada por alguns minutos.
Por fim, apelando para o amor que o moço parecia genuinamente sentir pela filha, pediu-lhe o pai abrandando o semblante que se ele realmente dedicava a ela tamanha afeição, iria dali embora e nunca mais a procuraria pois ela seria feliz com o primo. Que deixasse a moça usufruir de um futuro tranquilo e livre das mesquinharias que a vida de ambos tinha a eles reservado, pusesse de lado seu egoísmo e pensasse na felicidade dela e da família que seria desgraçada ante tamanha vergonha caso o compromisso não fosse honrado.
Desolado, Damásio cerrou os punhos, rangeu os dentes, deus as costas e partiu segurando um choro raivoso e sentido.
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O tempo é um curativo muito grande, tão grande que termina por cobrir quaisquer feridas que a vida venha a nos infligir. Acabamos esquecendo da ferida e quando tiramos o curativo ou alguém o faz por nós, em alguns casos não há mais nada, nem mesmo cicatriz que relembre o mal que foi feito mas, maioria das vezes, ao removermos o curativo, a ferida está lá, viva, respirando, pulsando e excretando seu conteúdo pestilento contido apenas por aquela fina camada de tempo e, exposta, volta a doer como fosse aberta naquele instante.
Assim era para Damásio. Seguiu sua vida escorado numa esperança de ver aquele equívoco desfeito, uma piada de mal gosto, certamente eram um família de brincalhões e lhe haviam pregado uma peça mas, os dias pariram semanas e estas meses que gestaram anos e Damásio assimilou que o curativo fora posto para sempre e deixou ele ali, quieto, haviam feito um trato de um não incomodar o outro.
Perdera entretanto parte do prazer em viver, trabalhava mas largou os estudos, não via razão em dedicar-se a algo para o futuro se este era apenas dele e não de Eglantina também. Só não largou o trabalho porque era dele que tirava o sustento e as doses de cachaça que bebia aos finais de semana. Para Damásio, a vida parecia um daqueles filmes onde os atores dublam sua própria voz por cima do som original, o som da voz não encaixa com o som ambiente e muito menos com o movimento dos lábios na tela.
Estava Damásio no bar num Sábado quando um amigo o avistou e foi sentar-se com ele. Logo após o fim de seu idílio, Damásio desfiava seu infortúnio a quem estivesse ali para ouvi-lo mas, com o tempo, tornara-se apenas uma pálida figura que respondia com sim, não ou apenas balançava a cabeça ante o que lhe diziam.
O amigo ia ali discorrendo sobre as coisas da vida quando entre frases, Damásio jurou ter reconhecido o nome de Eglantina. Seguia o amigo falando de suas mazelas quando Damásio o interrompeu bruscamente perguntando se ele falara algo sobre Eglantina, o amigo desconversou, que não era nada demais e que ele nem deveria ter comentado com ele pois sabia de todo o ocorrido mas Damásio insistiu e como ameaçava alterar-se, confessou o amigo que Eglantina iria se casar dali a alguns dias com o tal primo, que soubera através de um amigo que namorava uma conhecida de Eglantina.
Damásio ficou mudo, olhou para o amigo que sentiu um calafrio lhe correr a espinha e então deu a Damásio todo o serviço sobre a cerimônia.
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Eglantina era festa, podia não ser sincera quanto a ela mas assim como Damásio usara bem seu curativo, assim ela o fizera e, com o passar do tempo, acabou por emprestar a si mesma uma sensação de plenitude e calma, não poderia chamar de amor pois este sentiu apenas uma vez mas, era um sentimento que muito disso se aproximava e lhe dava o acalanto necessário para seguir com seus dias.
Depois do sim proferido de forma honesta mas pouco convincente a quem se atentasse ao sentimento, encarava a vida diante de si como um pequeno mar de rosas e alguns espinhos mas, estava determinada a fazer deles o melhor que pudesse e nas noites mais frias, quando o calor do amor comprado houvesse já arrefecido, ela teria em seu íntimo as lembranças de Damásio para aninhar-se e tomar algumas baforadas de vida que lhe emprestassem ânimo para seguir por mais um dia.
Saindo pela nave, ela e o marido iam sorrindo aqui e ali e, em certo momento, ela desconfiou de que estava realmente sentido-se um pouco feliz e que talvez, um talvez pequeno mas ao qual se agarrou com unhas e dentes, pudesse ser ao menos um pouco feliz mesmo que durasse pouco, melhor que nada ter e se há lição que devemos aprender na vida é a de fazermos com as migalhas que ela nos dá o pão nosso de cada dia.
Quando finalmente saíram da igreja, aguardavam que o arroz viesse do alto lhes desejar boa fortuna mas, ao invés de arroz veio foi um gelo súbito que lhe saiu do peito e entalou na boca ao ver Damásio na frente dela e do esposo novo em folha.
Ficou lívida e olhou Damásio nos olhos, seu esposo olhou para ele e depois para ela esperando que alguém lhe desse alguma explicação, os convidados ficaram com as mãos presas dentro dos saquinhos de arroz, o suor frio cozinhando aos poucos os grãos, formando pequenos bolos de desconforto.
Como o marido lhe olhasse sisudo, Eglantina abriu a boca para pedir a Damásio que se fosse dali, que não viesse lhe arrancar o curativo que estava tão bem colocado mas, não teve tempo de completar a frase. Ouviu-se uma gritaria generalizada quando Damásio puxou sabe-se lá de onde uma faca longa e que parecia ter o fio afiado o suficiente para cortar sentimentos, Eglantina arregalou os olhos e seu marido, temeroso de um tragédia iminente, pôs-se entre Damásio e a recém-casada.
Damásio deu um riso seco e escabroso, olhou ao redor, olhou para o marido depois para Eglantina e, de um golpe só, cravou em seu próprio peito a faca soltando um gemido que mais parecia um animal sendo abatido.
Cambaleou e caiu de joelhos ante o casal, Eglantina fez menção de o acudir mas seu marido a deteve, Damásio então cravou ainda mais fundo a lâmina no peito e a foi torcendo, cada golpe um urro de dor que assombraria até os mais incrédulos, caiu para a frente escorando-se com uma das mãos no chão.
Eglantina lutava para ir lhe acudir mas seu marido novo em folha lhe tolhia os movimentos, o vestido agitava-se ao vento e o véu lhe cobria a face impedindo que enxergasse direito o que se passava com Damásio. Quando conseguiu finalmente tirá-lo da frente dos olhos, viu que Damásio voltara a ficar de joelhos, havia uma poça de sangue ao redor dele como a delimitar uma fronteira entre o amor que ele sentia e que ela imaginara.
Damásio tinha um dos braços soltos, lânguido e pendente e, ao final, a mão que segurava a faca vermelha do trabalho concluído. O outro braço ia estendido, moribundo mas rígido, esticado como algum tipo de régua e, ao final deste, a mão que amparava o coração que ainda pulsava.
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