Já me perguntaram inúmeras vezes porque escrevo, o que motiva, qual o ímpeto, qual a razão, enfim, aquelas perguntas de sempre o que é normal, para quem está de fora, escrever parece algo mágico quase sobrenatural.
Não sei bem se acredito em dons ou bênçãos, algo do tipo 'você nasceu com esse dom' mas, pode até ser, porque não? Se há algo divino ou sobre ou super natural no ato em si, desconheço mas sei que escrever está em mim desde muito cedo assim como acho que está em todos que escrevem salvo raras exceções que podem não escrever por natureza mas por esforço o que também vale afinal, o que importa é escrever, se é bom ou não tem muita gente aí para dar um parecer.
Escrever pode ser um hobby como pode ser uma profissão como pode ser destino, praga, martírio, horror, gozo, trabalho, enfim, uma série de coisas dependendo de como você encara a profissão de fé mas, escrever é uma necessidade, ao menos para mim. Há uma urgência, uma fome, um desejo de expressar que, imagino eu, todo mundo que trabalha com algum tipo de arte, tem.
A coisa começa a ficar problemática quando tentamos associar essa produção com sucesso, reconhecimento e afirmação, coisas distintas mas relacionadas.
Hoje, com a internet e redes sociais e dancinhas e vídeos e reels, todo mundo quer e consegue sua tão merecida fama de 15 ou mais minutos mas essa é uma droga poderosa, vicia mais que crack e quando não conseguimos, vem a abstinência.
Não sou hipócrita, obviamente desejo sucesso e reconhecimento, quem não? Viver constantemente em busca disso, não. Houve um tempo em que sim, buscava muito e incansável mas, numa sociedade que pouco valoriza a leitura e arte de forma geral, as janelas de oportunidade são poucas e muitas vezes, de cartas marcadas.
Ah! Lá vem o amargo e rancoroso! Vocês podem dizer mas é a mais pura verdade, a literatura por si é bela e me proporcionou alegrias não há como negar, ao mesmo tempo, pude ver sua outra face horrenda cheia de dentes, aparências e contradições o que é normal, todo ambiente é assim pois é feito de pessoas e pessoas são complicadas e cheias de falhas então, nada demais que seus ambientes também o sejam.
Abri mão disso para viver em paz comigo mesmo, quero prêmios e sucesso? Sim! Quero isso a qualquer custo? Não. E para quem disser que é mentira, tudo bem, seu direito não acreditar e pensar que eu não lido bem com o sucesso alheio o que, se me permitem, afirmo ser totalmente falso.
Num país que trata cultura e livro como crime, qualquer um de nós que ultrapasse a barreira merece meu apoio e abraço, fico extremamente feliz quando vejo amigos escritores conseguindo reconhecimento, uma parte de mim vai junto e não me sinto esquecido, menosprezado ou preterido por isso.
Creio que a ideia central aqui seja fazer primeiro para si e depois para os outros e não aguardar uma grande chance que pode jamais vir, ser realista e parar com o complexo de coitado, não aconteceu? Tudo bem! Deixe estar! Mais importante do que ser laureado é ser lido e ter deixado de alguma forma sua marcar mesmo que seja mínima.
A alternativa pode ser frustrante e decepcionante e o preço a ser pago, alto demais.
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