26 de set. de 2022

positivo/negativo

 


É horrível que estejamos nas vésperas de uma eleição e que, ao invés de discutir temas importantes para nosso futuro, estejamos é discutindo mitos, messias e salvadores da pátria e incapazes de conciliar nossas diferenças ou sequer abertos para uma possibilidade de diálogo sobre questões que mexem profundamente com nosso cotidiano atual e futuro.

Triste termos de escolher o menor entre dois males ainda que, obviamente, um deles seja 'o mal' personificado e o outro seja apenas não tão ruim.

Ainda que o atual mandatário represente tudo que de pior existe em nós como sociedade e flerte abertamente com um autoritarismo em voga no mundo, a alternativa a ele é apenas um reflexo à esquerda ainda que, como disse, na atual conjuntura, seja melhor que mais quatro anos de barbárie.

A questão é sermos reféns de duas opções que pouco trazem algo de novo, um ar mais fresco e ideias mais novas, vamos votar num para não deixar o outro vencer e isso é péssimo! Mostra o quanto estamos perdidos enquanto sociedade e como a política deixou de ser algo importante em nossas vidas para virar apenas uma imensa briga de condomínio.

Quem segue e vota em Lula (eu incluso) padece do mesmo messianismo que inflama o Bolsonarismo, podemos negar e dizer e jamais mas é, aceitemos que também tratamos Lula como mito, messias e salvador, a diferença é que ele, para nós, é o verdadeiro messias enquanto o outro é o anticristo, é uma linha muito tênue que separa os dois e não em termos de ideologia ou consciência social e de classe mas em termos de seguir cegamente e idolatrar a pessoa e o que ela representa e não sua atual capacidade de tratar o país com seriedade e respeito.

O messianismo de Lula foi a gênese do messianismo de Bolsonaro, ficamos aqui nos perguntando de onde saiu esse ser, como pode ter acontecido isso e outras questões afins e a resposta é muito simples: fomos nós!

Passamos quase duas décadas cultuando uma figura, uma ideia, removemos do plano terreno e colocamos num panteão com incensos e cânticos e isso, na política, é extremamente perigoso. Acreditamos que havíamos salvado o Brasil e que seriam apenas anos de rosas e vinhos mas, o outro lado aprendeu a fabricar mitos e lendas e não nos demos conta de que o Brasil é uma ilha de boas intenções rodeada de Bolsonaros por todos os lados.

Nós criamos Bolsonaro, simples assim. Ao não darmos atenção aos sinais de culto que o petismo e o lulismo viraram demos de mão beijada o caminho para a extrema direita empossar seu messias e agora ficamos pasmos sem entender e ainda assim não aprendemos pois vamos novamente ter de escolher entre dois messias, oxalá mais a frente aprendamos que presidente da república não deve ser messias mas apenas competente.

Vou votar 13 porque não posso conceber mais quatro anos de 22 mas, desejo ardentemente que ele não se candidate e que outra pessoa tome rédeas e que seja alguém novo e longe dos extremos para tentarmos começar a curar as feridas que seguem inflamadas. Precisamos de políticos com ideias, determinados e comprometidos com pautas humanitárias e sociais e não pais, mães ou ídolos, precisamos parar de tratar um prestador de serviços públicos como santo e salvador e encarar que a era do messianismo tem de acabar o quanto antes.

Precisamos nos livrar dos Lulas e Bolsonaros, precisamos parar de tratar a política como campo de salvação e passar a tratar dela como campo de mediação e discussão e qualquer messianismo não dá conta disso pois é por demais centrado em sua figura central e não no grupo que o segue, quem segue messias está fadado e cometer erros crassos e depois chorar a perda da razão, entregar nossas ideias e ideais a um salvador é morte certa porque não existem salvadores que não sejam nós mesmos.

A era dos messias precisa acabar, precisamos crescer e aprender que não somos mais crianças, parar de fazer birra e assumir que a responsabilidade pelas coisas e pelo país é nossa e não deles, parar de discutir esquerda e direita e entender que depois da eleição tanto faz qual lado porque, no final das contas, quem paga a conta somos todos nós independente de qual lado estejamos.

Que em quatro anos não estejamos elegendo santos mas pessoas.


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