31 de mar. de 2010

esporte é droga, não pratique



Não gosto de futebol. Aliás, de nenhum esporte que seja. Inexiste em mim esse espírito de grupo, esportivo, time, equipe; essa exaltação ufanista sazonal, esse circo sem pão. Não torço pelo Brazil em nenhum evento e os poucos que tiveram a chance de me fazer assistir a um tiveram uma experiência única e, de certo, jamais o farão novamente. Talvez eu precise de terapia ou talvez vocês precisem acordar para a realidade das coisas. Enfim, durante a Copa vou ler, ouvir música ou assistir a filmes mas, gostaria mesmo de me isolar por completo até que essa palhaçada acabasse mas, isso demanda uma quantidade de dinheiro inversamente proporcional à minha conta bancária.
 
Claro que faço parte de uma parcela que deve representar 0,0001% da população, fazer o quê. Não torci pelo Rio 2016 nem fiquei feliz por 2014 e nem mesmo anseio pela África do Sul. Para mim, serão dias de tortura pois tudo irá girar em torno da bola, do Brazil, do circo. Acho que esse tipo de evento deveria ser restrito aos países ricos, que podem arcar com as cifras astronômicas que esses eventos esportivos demandam e não países onde a população mal e porcamente consegue sobreviver.
 
Ou você acha realmente que o dinheiro a ser investido para 2014 e 2016 realmente não precisava ou poderia ser investidos em outras áreas como transporte, saúde e educação? Ah! Mas esses eventos trarão divisas para o país, promoverão obras e desenvolvimento e sei lá mais o quê. Vejamos, depois do Pan do Rio, o que mudou lá? Faço uma pausa dramática para aguardar a resposta.
.....
 
Então, que me diz? Viu? Continua achando que o Brazil pode mesmo bancar um evento desses? Sem essa de ‘pensamento pequeno latino-americano’, sem essa de complexo de inferioridade, é uma questão de fatos e contra estes não há argumentos. Só sendo realmente muito iludido para acreditar que em um país onde ainda reina a impunidade e a coisa pública é tratada com descaso se possa almejar eventos desse porte. Mas, ganhou o febeapá e só me resta aguardar para ver os escândalos de desvio de dinheiro das obras desses eventos e as patacoadas que ocorrerão durante os mesmos.
 
De certo que pouco me interessa que tais eventos aqui ocorram pela minha total falta de sentimento esportivo, para mim o Brazil ganhar ou perder é a mesma merda, nada muda.
 
Mas, o povo merece mais circo do que pão e assim será.

back in the closet...



Volte para o armário Ricky. Qual o serviço que você presta fazendo isso agora? Porque não há cinco ou mais anos?
 
Ou é mera coincidência a erguida que isso vai dar na sua combalida carreira? Desculpe mas você não assumiu porque estava na hora ou por qualquer motivo altruísta ou ligado aos direitos homossexuais mas simplesmente porque lhe convém, neste momento, fazê-lo. Acho graça dessas celebridades que resolvem, subitamente, assumir-se após um período de busca pessoal e um repentino ‘insight’ que lhes fazem ver que essa era a melhor opção.
 
Martin posava de ‘latin lover’, a imagem que a indústria musical americana, mesmo depois de tanto tempo, insiste em associar aos artistas localizados abaixo do Texas e, ‘latin lovers’ gostam de meninas e não de meninos. Porém, a esta altura do campeonato, pouco fará diferença pois ele já não anda tão em voga assim, já se foram os dias  de ‘vida loca’ e tema de novelas. Oras, nessa época se ele cogitasse assumir sua viadagem seria posto de lado tão rápido quanto um pneu furado ainda que o público guei fosse lhe abrir os braços mesmo porque sua gueizice era tão evidente que apenas os mais cegos ou obstinados o achariam hetero.
 
Enfim, não preciso de sua afirmação a esta altura do campeonato. Não preciso de sua homossexualidade agora. Lhe dou um desconto pois talvez você realmente possuísse coisas a resolver para se assumir, i give you that mas, não pose de ícone guei ainda que a comunidade, num gesto antes tarde do que nunca, lhe abra os braços. Os meus permanecem fechados a você que poderia ter feito muito há mais tempo e agora vai querer correr atrás do que perdeu.
 
Triste se não fosse patético.

30 de mar. de 2010

fortuna imperatrix mundi



Pode ser que as crônicas do cinemão tenham deixado aos leitores a impressão de que vosso escriba é uma puta sem precedentes. Não nego nada que já tenha feito e menos ainda me arrependo de tê-lo empreendido pois seria hipocrisia minha negar tais fatos como se o passado pudesse ser simplesmente apagado além do fato de que sim, obtive prazer imenso fazendo o que fiz.

 

Mesmo porque eram tempos loucos e eu, muito jovem e é do jovem não ter medidas nem pensar em conseqüências ou responsabilidades. Mas, cabe dizer que há muito tempo já não sou mais assim, obviamente. O tempo se encarregou de me dobrar e me fazer pensar que qualidade é melhor que quantidade mas não em termos absolutos já aviso a todos. Mas o principal é que wans me deu a paz necessária. Ele é meu cinemão. Prezo cada um de vocês pelas escolhas que fizeram e que farão mesmo que possa vir a não concordar com elas. Esse é o segredo da coisa: discordar sem julgar. Isso posto, vamos ao último relato das crônicas do cinemão.


Fechando a tríade prometida temos este relato. Aos acostumados à carga erótica demasiada dos outros relatos já aviso que este não conterá tanta putaria posto que fale mais ao coração do que ao pinto ainda que os dois, muitas vezes, estejam um no lugar do outro mas nunca o outro no lugar do um, enfim, filosofia barata, pense o que quiser afinal coração e pinto cada um tem o seu.
 
Como já sabem, já possuía com o cinemão uma relação simbiótica. Como largar esse templo do prazer que me proporcionava rolas a granel? Deixo claro, no entanto, que minha assiduidade não era militar tendendo mais para a do funcionalismo público dos anos de chumbo. Enfim, certo dia, uma Sexta acho, marco bem os dias que me são importantes ou grande maioria deles, fui ao cinemão, Art Palácio pois em minha opinião era o melhor provido de rolas. Cheguei lá e fiz alguns atendimentos básicos, o movimento estava fraco sabe-se lá por que.
 
Já estava me preparando para ir embora quando resolvi dar uma última volta para ver se, de repente, não rolava um boquete de última hora. Então, encostei-me a um dos cantos do fundo e fiquei ali uns minutos prometendo a mim mesmo que iria embora se nos próximos cinco minutos nada rolasse. Destino traquina que prega peças a todo o momento, a ilusão do controle é tão absoluta que nos deixa cegos mas, suas peripécias nos colocam no devido lugar onde planos e planejamentos são desfeitos tão rapidamente quanto foram elaborados.
 
Eis que encosta ao meu lado um carinha. Distante o suficiente para nos vermos, não para nos tocarmos. Ele não era bonito mas algo emanava dele, um ‘it’, e acho que de mim ele sentia o mesmo pois os olhares eram retribuídos. Aos poucos, a distância foi diminuindo, timidamente, até que estávamos realmente lado a lado mas, seguindo o ritual local, mesmo a essa distância, ainda os olhares buscavam cumplicidade, autorização e as mãos eram por demais recatadas para atrever um toque.
 
Finalmente, os olhares não deixavam margem a outra coisa que não fosse ação e nossas mãos se uniram só para em seguida nós mesmos nos unirmos. O beijo foi longo, doce, saboroso, não era beijo de sexo casual mas de algo além. Fatalmente descobrimos a intimidade um do outro e confesso que ele tinha uma neca de respeito. Sim, nos pegamos ali mesmo, nos mamamos, beijamos, amassamos e gozamos farta e avidamente. Porém, depois de matado o tesão, não houve a separação já esperada e que não representava para ninguém ali um problema posto que a finalidade principal da união já fora consumada (ainda que intimamente, creio que todos – eu incluso - desejassem ardentemente que aquele fosse o primeiro de muitos encontros e que dali, daquele caldo de luxúria saísse algo que germinasse amor duradouro mas ninguém, conscientemente, admitiria isso).
 
Ficamos ali, de mãos dadas, um de frente para outro, olhos alinhados e o sexo já não era o moto que nos movia. Havia certa tristeza nele, algo que precisava de carinho e atenção e não sei ao certo que ele viu em mim mas acho que foi alguém que tinha amor para dar e ainda não encontrara nada além de fodas. Então, do nada ele me disse: ‘Fica comigo’. Não sabia como responder àquilo, assim de cara, ainda que gostasse de estar com ele ali e que intimamente desejasse vê-lo mais vezes, assumir de bate e pronto um compromisso deixava meu lado messalina preocupado pois era novo e ainda tinha muita rola pra chupar antes de adotar um fixa.
 
‘Quanto tempo’ foi minha resposta e ele rebateu ‘Pra sempre...’ piorando a situação. ‘Pra sempre é muito tempo’ disse eu ‘E se a gente for se vendo e ver como fica?’ e ele ‘Tá bom’. Lembro que resolvemos sair dali e paramos num boteco próximo para tomar algo, uma coca acho, ainda não tinha desenvolvido plenamente meu gosto pelos gorós. Ficamos conversando muito, coisas que gostávamos de fazer, como éramos e essas amenidades típicas dos recém apaixonados e que não tem peso algum naquele momento pois ambos eram pouco capazes de distinguir ou mesmo refinar ou descartar afinidades. Acompanhei-o até o Metrô São Bento e combinamos de nos encontrar no próximo Sábado dentro do Art Palácio.
 
Falta completa de criatividade ou tino amoroso inexperientes que éramos os dois, dentro do cinemão? E se um pegasse o outro com um caralho na boca afinal mal tínhamos nos conhecido e entre nós havia o mesmo compromisso de Judas com Jesus mas, a mesma inexperiência nos fez crer mutuamente coisa que o tempo se encarrega de matar e torna algo inverossímil ao nos tornarmos adultos. Na verdade, escolhemos aquele lugar pois ainda que não soubéssemos o que era ser guei, sabíamos que éramos os diferentes e que não poderíamos nos encontrar simplesmente em praça publica, nos beijar e sair de mãos dadas sem sermos alvo de lapidação. O medo é genético, já vem embutido nos que sabem que serão discriminados.
 
No dia marcado eu lá estava antes do horário. E as horas começaram a passar e o desapontamento a crescer e já me conformara em afogar as mágoas num balde de porra mas, sabe-se lá porque, resolvi ir embora. Estava na entrada do Metrô São Bento quando dou de cara com ele. Disse que já estava indo embora e ele se desculpou pois morava longe, nos acertamos e fomos para nosso cinemão. Destino matreiro, maldito e que escreve certo por linhas tortas; por pouco não perco aquele que foi a grande paixão da minha vida (Wans não se encaixa aqui, é um caso à parte e inexplicável pois minha essência não pode ser de outro) e dali correram cinco anos cheios de alegrias, tristezas, tumultos, infantilidades e todos os elementos que costumam marcar as relações que queimam dez anos em cinco. Um blog não seria bastante para contar todas as estórias mas me comprometo a contar as melhores com o tempo.
 
Hoje, ele não está mais aqui, se foi. Para minha infelicidade, em um ponto de nossas vidas quando já não nos falávamos tendo tomado rumos diversos na vida; e essa infelicidade só não se transformou em remorso porque, dias antes dele partir, resolvi visitá-lo (Wans insistiu para que eu fosse e me acompanhou, como se soubesse que seria minha última chance de limpar esse carma) e acertar as coisas entre nós. Foi um momento único pois ainda que anos tivessem nos separado, ao vê-lo, tive a impressão de ter saído de sua casa no dia anterior como se nada tivesse mudado. Combinamos que no próximo final de semana eu o levaria para dar uma volta pois ele andava em depressão profunda inclusive com problemas de saúde decorrentes da mesma.
 
Infelizmente, não deu tempo. Na Sexta do final de semana prometido ele faleceu. Não me esqueço de como isso me pareceu delicadamente orquestrado por forças superiores para que ambos pudessem dar o próximo passo cientes de que nada mais deviam um ao outro. O baque foi forte e demorei um pouco para assimilar a perda, sem o Wans não teria conseguido. Uma parte importante de minha vida foi com ele, uma época em tudo era novo, descobria-se muito e nos aventurávamos no mundo guei. Parece que ninguém mais foi tão feliz descobrindo as coisas como nós, ser guei era algo novo, proibido e não meio modismo como se prega hoje mas, pode ser apenas saudosismo puro.
 
Nunca o esqueci e se a morte me reserva suas surpresas para o pós-vida, gostaria muito que ele fosse uma delas para que pudéssemos por em dia todas as conversas que nunca tivemos.

29 de mar. de 2010

isabellas




Quantas Isabellas morrem por dia em SP? Não digo que este caso especificamente seja justificado, nenhum crime assim o é mas, esse circo todo joga uma sombra nefasta sobre todas as outras Isabellas que perecem dia a dia na cidade.

Durante o julgamento desse caso, no mesmo fórum, julgava-se uma mãe que matara a filha pequena. Sem TV, sem tumulto, sem manifestos, sem solidariedade, sem nada. 

A violência só existe quando ocorre dentro de cada círculo social. Assim, se os miseráveis matam suas crias, para nós de classe média ou alta é apenas barbárie e falta de estrutura social e mais uma página policiesca.

 Se o crime é entre a classe média então ganha-se a primeira página pois somos estudados, educados e tivemos acesso à tudo que os abaixo de nós não tiveram e, assim, inconcebível que crimes hediondos ocorram entre nós. Faz-se o circo da mídia para purgar esses elementos nocivos em praça pública trocando as fogueiras pela TV.

 Se o crime é nas classes abastadas, nada se fala pois o dinheiro encobre tudo e os abastados resolvem tudo entre si.

O status quo está mantido.

listen again...

alôka



Continuando meus relatos este é o segundo. Não há ordem certa mesmo porque a cronologia dos fatos me escapou há muito conseguindo apenas alocá-los em um mesmo momento do tempo e não ordená-los dentro do mesmo.


Enfim, como dito, eu já era, no cinemão, 'da casa'. Tive a prova cab(n)al disso quando um dia, sei lá porque, resolvi ir cedo para o cinemão, por voltas das 14:00 acho eu. À época não trabalhava posto que me dedicava com apenas aos estudos sob olhares satisfeitos dos meus pais ainda que muito do que estudei tenha sido para fechar a conta do binômio carreira/diploma e não por gosto próprio o que faço hoje.


Voltando (sim, eu divago, coisas coloridas passam e já me vejo tecendo comentários sobre cousas), cheguei no cinemão e não me recordo, por assim dizer, de rolas importantes nesse dia. Sei que mamei várias, isso é fato mas nada que seja digno de lembrança pois tenho memória paquidérmica para caralhos e fodas, fui feito assim e é minha missão no mundo a qual cumpro com gosto e orgulho.


A certa altura, acendem as luzes do puteiro e todos correm a sentar pois temem ser pegos com a boca no caralho. Coisa besta pois todos ali estão com o mesmo ânimo, mesma finalidade e objetivo assim escuro ou claro é questão da íris e não da moral mas, o humano sempre delegou às sombras o que lhe é escuso, sujo, moralmente dúbio e a luz faz com que se possa olhar bem e ali ninguém, raras excessões como eu, quer realmente algo olhos nos olhos pois certamente estão com o nome sujo na praça e ainda que não se fossem tecer julgamentos melhor a penumbra gritante do que a claridade muda.


Bom, luzes acesas e eu me pergunto que porra aconteceu...Então, chega o que julgo ser o zelador do puteiro e diz que, por hoje, a função acabou. Caralho! O lugar estava fechando! Não usava relógio e pergunto ao zelador as horas e descubro que eram quase dez da noite!


Porra! Passara o dia chupando rola, que dizer? Viciados em sexo? Bom, nada mais restava ali e o negócio era ir embora mesmo, junto com os demais que iam, de cabeça baixa e com pressa (ha ha ha) se esgueirando do lugar. Isso mesmo pois se ascender a luz é colocar as baratas em polvorosa, sair da mansão dos caralhos é pior ainda. Cansei de ver gente ensaiando a saída, esperando o momento perfeito, ninguém olhando o que é impossível pois é o centro, oras!


Quem deve teme e não adianta contornar pois mesmo eu uma vez, saindo de lá muito tempo depois, não dei de cara com um amigo do trabalho? Nem me importei e subimos a São João papeando no melhor estilo 'don't ask, don't tell'.


Já estava pra sair do cinemão quando me dou conta de que não tinha como voltar pra casa, não tinha passe nem dinheiro (naquela época não existia bilhete único, era passe de papel mesmo). Gelei, como ia voltar pra casa? Comecei a pensar: dormir na rua? pedir? ir a pé?  Nenhuma alternativa me parecia boa o bastante e então, tomado de uma coragem que deve ter saído do leite de macho que tomei em excesso naquele dia abordei o zelador.

Expliquei minha situação e ele, dizendo que não tinha problema me estendeu um passe dizendo que hoje era eu, amanhã podia ser ele. Agradei muito, deveria ter oferecido uma boquete mas como queria ir embora ficamos no obrigado mesmo.

Fui pra casa promentendo nunca mais voltar naquele lugar (ha ha ha).

25 de mar. de 2010

el diablo



Como disse antes, fui por muito tempo frequentador assíduo dos cinemões do centro de sp. Lugar onde não se precisa de carão, onde rola é farta e correm rios de porra. No entanto, também como disse, três ocasiões merecem destaque e esta é a primeira.

Já era sócio remido do Art Palácio quando este relato aconteceu. Certa feita, fui até lá e já devia ter chupado umas duas rolas acho quando um cafuçuzinho baixinho começou a me olhar. Fiz a sonsa pois ele era bem feio e ainda que seja profissional, água e boquete não se nega a ninguém, estava meio que no horário de descanço e não precisava fazê-lo, as travas estavam ali para isso.

Mas ele foi se chegando e eu nem aí, tipo pra ele se mancar e vazar mesmo até que, daquele toco de gente saiu uma rola que não podia ser de verdade. Estava explicada sua baixa estatura, fora tudo pra rola! Tirei a placa de volto já e na hora catei aquele monstro na mão e o cafuçu gemeu de tesão. Começamos a nos beijar, já nem estava aí para a plástica com aquela rola enorme na minha mão.

Puxei-o para o canto e comecei a mamar ali mesmo, depois subia e nos beijávamos e então, numa das vezes que desci pra encarar aquela belezura, vi que tinha mais gente perto e que o cafuçu começara a bombar outro caralho do lado dele. Não era igual ao dele, perto era apenas um pinto, nada mais e, como sou profissional, acabei prestando serviço ao outro também e já era então um ' a troi'. 

Mamava as duas rolas e tentava colocar as duas na boca mas a do primeiro cafuçu não permitia tal façanha, nem me lembro do rosto do outro. E então o que estava bom ficou melhor, senti mais uma rola querendo entrar e entrou. Era comum no cinemão que se formassem verdadeiras almôndegas com uma guei no centro a servir todos e quando dei por mim estava eu de recheio da porpeta.

Não sei como apareceram tantas rolas tão rápido, mas era uma pegação geral, eu e mais uns cinco ou seis caras, subia e todos se lambiam, se beijavam e se apertavam; descia e tinha uma infinidade de rolas para mamar, podia escolher! Que maravilha, era o milagre da multiplicação das rolas!

Os machos ávidos por ter sua rola mamada disputavam espaço em minha boca e queriam enfiar mais de uma ao mesmo tempo o que eu permitia com cara de cabe mais uma. Enquanto isso eles se beijavam e alguns desciam para me beijar e mamar junto numa putaria do caralho e que parecia sem fim.  

Poucas vezes me senti tão puta. Aos poucos os machos foram gozando e indo embora, eu fedia a porra, estava todo melado e com dor no maxilar de tanto mamar. Então finalmente sobrou apenas meu cafuço dotado e ele gozou com meu pau em suas coxas, por trás. Gozei junto.

Terminado o serviço ele esfregou a mão na parede, quase lambi depois, me deu um selinho e foi embora. Lembro que a camiseta daquele dia eu joguei fora e a calça ficou de molho um dia todo. Mesmo dias depois ainda parecia que o cheiro de porra não tinha ido embora.

24 de mar. de 2010

o mago



De certa forma, passar tudo a limpo aqui tornou-se algo catártico. Como parece funcionar para todas as partes, ainda que eu pense em muitas outras coisas, vou manter o ritmo até que nada mais tenha para escrever sobre o que se foi ou que nada mais tenha para expor sobre o tema.

Enfim, lá pelos meus vinte anos o sexo guei limitava-se a ele e outros poucos fuck buddies que eu tinha reminiscentes do colégio. Mas eram FBs incertos e que só me chamavam quando suas necessidades eram não atendidas por outros (menos o que já lhes falei aqui). Quando as minhas eram para ser preenchidas geralmente ficava, literalmente, na mão e com aquela sensação de xepa.

Então, meu FB do outro post, certo dia, me disse: 'Cara, você precisa ir nos cinemas do centro!'. Não entendi e pedi que ele explicasse pois os cinemas do centro de sp, para mim, foram no máximo uma experiência traumática que depois conto aqui em detalhes. Ele então me disse que eram cinemas onde, obviamente, se viam filmes de foda pesada, putaria franciscana, fudeção total e que, em algumas partes da sala, o povo se pegava geral com gente fodendo, mamando rola e porra farta pra dar e vender.

O relato me fez pensar como seria o jardim das delícias, um lugar onde não seria preciso mendigar por rola e onde todos queriam só uma coisa: fuder e gozar tanto quanto fosse possível. Desnecessário explicar como ficou minha mente e como essa idéia ficou como recorrente e não deixaria minha cabeça em paz enquanto não fosse concretizada.

Assim, pedi a ele que me levasse lá e ele aceitou e marcou para dali a dois dias de nossa conversa sobre esse puteiro encravado no coração da cidade. O dia chegou e minhas pernas tremiam. Encontrei com ele no metrô e fomos para o centro, nosso alvo era o Cine Art Palácio, no Largo do Paissandu que é este aqui para os que não conhcem sp:


Bem, chegamos em frente ao cinema e já da porta dava para sentir o cheiro de sexo no ar, aquele cheiro de gente, de porra, de gozo, de cio. Pagamos a entrada de uns R$ 3,00 acho eu à época (sim, foi antes do Real, já passei por vários planos) e entramos. Fiquei meio que grudado nele pois não sabia o que esperar daquele lugar.

Entramos pela lateral da sala e dali, um pouco de luz penetrava e podíamos dar os primeiros passos, encostamos bem ao lado da porta, pouco mais para cima e aguardamos que as vistas se habituassem ao breu. Isso feito, ele me pegou pelo braço e fomos para o fundo da sala onde, segundo ele, a putaria era mais pesada.

Esses cinemas do centro de sp são dinossauros vivos de uma época em que ir ao cinema sem terno e gravata era pedir para ser barrado na entrada. Meu pai e minha mãe sempre me contavam como era pois eram cinéfilos e não perdiam um filme sequer e era preciso, como disse, ir na estica senão ficava na porta mesmo.

Salas suntuosas, tecido nas paredes e detalhes beirando o rococó, coisas que hoje não são mais, servem para que os outros gozem em seus brocados e lhe empastem os assentos de porra. As telas que viram antes clássicos hoje passam bucetas invadidas por caralhos, cus arrombados, boquetes e todo tipo de fudeção. Morreu o glamour e quem matou foi o mulitplex e a falta de interesse geral.

Enfim, de volta a vaca (não Jersey) fria. Chegando no fundo encostamos na parede e ele, do meu lado, disse: 'Agora, fica aí, na boa, se chegar alguém do seu lado e rolar uns olhares, vai fundo'. E pronto, mais nada. Era um vai e vem de gente naquele meio breu cortado apenas pelas bucetas e caralhos iluminados da tela. Havia mais gente encostada no fundo e dava pra ver que alguns já se pegavam. Algumas travas também estavam lá dentro fazendo programas.

Estava apavorado, confesso. Que fazia ali? Queria ir embora mas o tesão aumentava ao ouvir gemidos próximos e alguns agachados mamamdo rolas com vontade ainda que fosse possível apenas distinguir contornos. De repente meu amigo sumiu e pensei: ou fico e me arranjo ou vou embora de vez. Arrisquei e fui sondando o ambiente, pegando olhares, catando flertes até que um cara, melhor, cafuçu tipo pedreirão (depois ia descobrir que lá era o paraíso do cafuçus pois era barato e cheio de bichas sempre ávidas por rola) encostou do meu lado.

Nos olhamos e rolou ali mesmo, quando dei por mim estava com o caralho dele (não grande mas muito grosso) na boca e mamei o pedreirão com gosto até que ele disse que ia gozar, tirei e ele me lavou o queixo de porra que escorreu por dentro da camiseta. Ele pôs o cacete pra dentro, me deu um tapinha nas costas e foi embora.

Descabaçara. Agora nada ia me segurar e assim foi mesmo tanto que voltei inúmeras vezes ao mesmo cinemão e ainda descobri outros enquanto meu amigo, pelo que sei, nunca mais foi a um desses. Perdi a conta de quantas rolas chupei lá mas três ocasiões se destacam em minhas lembranças e vou contar-lhes em três posts diferentes.

23 de mar. de 2010

fuck buddy



Como disse antes, vai a estória do fuck buddy.

Ainda não me sabia como guei, apenas gostava de garotos, era isso. A cabeça dava nós tentando entender como isso fora ocorrer e, enquanto ela se ocupava disso, o corpo pedia mais e era prontamente atendido.

Eu, novo ainda, sempre queria gozar, fato. Cursava o que hoje se chama de Ensino Médio acho (no meu tempo era Colegial) quando conheci um rapaz que tinha os mesmos problemas que eu leia-se aqui apenas problemas de desajuste, não conformidade e extrema dificuldade em relacionar-se com os grupos da escola posto que meus interesses e gostos, não apenas em sexo, eram completamente opostos aos dos demais valendo-me apelidos como estranho e por aí vai.

Enfim, sem intenções sexuais abertas, começamos a nos falar e ainda que ele não gostasse das mesmas coisas que eu o papo era bom e nos dávamos bem párias que éramos. Certo dia, ele me convida para estudar na sua casa a qual ficava perto do colégio, aceito na melhor das intenções pois prezava sua amizade acima de tudo e o sexo nem mesmo era uma remota hipótese em minha cabeça.

Chegando lá, almoçamos, conversei com os pais dele que já me conheciam e fomos estudar na parte de trás da casa dele onde havia algo como um pequeno estúdio. Mais para o fim da da tarde, seus pais nos avisam que vão sair e que voltam só mais a noite e que nos servíssemos do que quiséssemos na cozinha ao que agradeci.

Assim que ficamos a sós, ele quis ouvir música e eu disse que sim. Não me lembro direito o que ele pôs a tocar, alguma coisa dos 80 e nacional acho mas sei que ele começou a dançar e me chamava. Eu, naquela época, mal sabia andar que diria dançar mas ele repentinamente me puxou e eu acabei cedendo.

Tudo ia bem até que ele resolveu, com um movimento rápido, me agarrar por trás e daí, já não era mais dança o que ele queria isso eu podia ver. Foi esforço me libertar, não queria nada com ele pois ele era meu amigo, misturar as coisas não podia ser bom. Custou mas ele acalmou o tesão e resolvemos acabar de estudar dentro da casa.

Lá dentro, a certa altura, ele disse que estava louco pra bater uma e queria saber se eu não queria também. Disse que não, que ele podia fazer sozinho e ele se levantou e foi para o quarto. Já não sabia mais se devia ignorar ou, como diria Wilde, ceder a tentação escapando da mesma. Do quarto, ele me chamava e acabei indo até a porta que estava entreaberta. Não dava para vê-lo mas no silêncio da casa, apenas conosco nela, dava pra ouvir o barulho inconfundível da punheta e fiquei com vontade mas ele, de propósito, não me deixou entrar e gozou atrás da porta me deixando entrar depois e ver seu leite ainda escorrendo do lado de dentro da mesma.

Disso ele foi para o banho e não se tocou mais no assunto. Fui embora louco de tesão mas ainda bloqueando sua imagem pois era meu amigo e não queria perder sua amizade que me era mui cara. Não aconteceu de novo até que um dia ele me disse que ia mudar para Atibaia com os pais o que me deixou desolado pois, ainda que não tenha sido nenhuma paixonite, sua amizade era muito importante para mim e vice-versa.

Tempos depois, quando sua nova casa estava pronta, ele me chamou para conhecê-la e lá fui eu para o interior. Fiquei feliz com o convite e chegando lá foi muito bom revê-lo pois desde que mudara só nos falávamos por cartas. Seus pais também ficaram felizes em me rever e eu a eles pois gostava muito deles e o dia foi tranquilo e de muito papo para por em dia.

À noite, fomos dormir cansados. Nós dois no mesmo quarto mas em camas separadas. Começava a pegar no sono quando sinto algo ao meu lado, era ele, sentado na beirada da minha cama. Perguntei o que ele queria e ele simplesmente pegou no meu pau.

Gelei, não sabia o que fazer, consentir ou gritar, sim, eu gostava de meninos mas aquele menino não era para ser sujo com o sexo, era meu amigo. Ele insistia e eu disse que se não parasse ia chamar o pai dele ao que ele de imediato respondeu tirando a mão e voltando para sua cama. Não dormi mais naquela noite e acho que nem ele.

Dia seguinte, ainda na ressaca do assédio, resolvo ir embora mais cedo sem dar maiores explicações o que põe a seus pais num estado de interrogação e ele, com certo de ar de 'ainda te pego, questão de tempo'. Voltei para a casa e resolvi não pensar mais no assunto e nem mesmo sabendo que certamente iria revê-lo, em como lidar com tudo aquilo.

Mais um tempo depois e foi aniversário do pai dele, creio eu e ele me ligou convidando. Não podia dizer não e acho que, de forma inconsciente, já sabia como tudo iria acabar mas, novo que era, não sabia como lidar com essas coisas e tudo me apavorava. Fui pra lá mais uma vez, deixando que o destino resolvesse o que fazer comigo.

A festa foi boa, muita gente, bebida e comida, foi até altas horas. Já quase de manhã sobravam apenas seus pais e nós e resolvemos todos nos recolher. Novamente, eu e ele no mesmo quarto mas as camas estavam mais distantes desta feita; teriam desconfiado e imposto uma pequena fronteira?

Como era inevitável, depois da casa quieta, ele investiu novamente e mais agressivo. Eu dizia que não mas meu pau estava que era pedra e ele disse: "Se não quer porque tá com o pau duro?' Foi a conta, mandei tudo às favas e fudemos como se fosse o último dia dos dois na face do planeta. Tomamos a porra um do outro e na terceira vez, sim, éramos novos e o tesão tanto que fudemos três vezes (espaçadas, diga-se), ele me deixou melado e assim fui dormir.


Isso na Sexta, não preciso dizer como passamos o Sábado e o Domingo. Só precisávamos cuidado com seus pais mas a casa era grande e fudemos nos cômodos mais afastados enquanto eles estavam na sala ou em outros cômodos, o perigo de sermos pegos era estimulante. Depois disso, perdi a conta de quantas vezes fudemos sendo que cheguei a loucura de ir para Atibaia apenas para fudermos num  hotel da cidade e depois voltar a sp.


Depois, ele mudou de novo para SP sozinho e sua casa foi testumunha de várias fodas que tivemos. Era batata, bastava eu ir na casa dele e ele já estava me esperando pelado pra fuder sem dó. Até que ele, sabe-se lá porque começou a sair com mulheres e, confesso, acho que fiquei meio enciumado ainda que, quando nos víamos, o sexo era muito bom mas, acho que nunca entendi bem esse lance dele com as rachas pois me parecia uma fuga do armário que ele insistia em negar existir (sim, ele não achava que por fudermos ele era homossexual, era apenas uma fase se é que tal coisa existe ou seja possível).


O tempo se encarrega de por as coisas nos trilhos e, para o bem ou mal, nos separamos. Não propositadamente mas pelas curvas que a vida tem e que tiram centrifugamente as pessoas de nós. Muito tempo depois o vi pela última vez meio que por acaso. Ia casar, parecia com ar entristecido, não sei; talvez pela farsa que empreenderia para apaziguar os pais quando em seus leitos de morte.


Fudemos uma última vez mas não foi bom, perdera-se a magia ou qualquer outra coisa. Na verdade, eu já não precisava dele para sexo, foi a prova que tirei e temia por ele que ia enveredar por caminhos que não deveriam ser trilhados segundo meus conceitos. Não fui ao seu casamento, não por birra mas simplesmente por que não deu.


Nunca mais o vi, nem mesmo sei se vive ou já é morto ou se foi feliz na vida que escolheu para si. Espero que sim, nunca mais achei um FB como ele.

alegria de palhaço...

Longe de mim fofocas mas, achei esta foto da VacaJ durante seus tenros anos (entenda como quiser):


I rest my case.....

21 de mar. de 2010

mater dei



A que me trouxe ao mundo há um bom tempo se foi restando apenas lembranças. Nunca fui muito de reviver os mortos posto que eles pouco podem fazer pelos vivos. Se um dia tirarei isso a prova e se aquela que me pariu virá me cobrar por não ter lhe prestado homenagem póstuma como devido é assunto a ser ainda revelado e que não poderei, creio eu, compartlhar convosco salvo algum mediúnico o que, acho, não farei pois uma vez morto certamente terei mais o que fazer do que falar com os vivos.

Enfim, isto me inspirou a lembrar de quando meu armário foi aberto. Hoje com mais de quatro décadas nas costas parece coisa distante, quase fictícia mas aconteceu mesmo. À época, eu beirando os vinte anos acho eu, pouco menos, conhecera uma cara do sul, nos escrevíamos com frequência (sim, sou desse tempo) e depois de várias missivas nos encontramos em SP. Foi algo meio abstrato pois ainda que não tenhamos tido nenhum contato físico seja por minha inexperiência então ou pela dele (não me lembro direito, deveria ter minha idade ou pouco mais velho) algo deu liga e adorávamos estar um com o outro.

Ele passou uma semana em SP e nos vimos todos os dias, íamos a shoppings, lanchonetes e lugares assim pois, ao menos para mim, o mundo guei não existia e nem mesmo me usava o termo por não saber se podia fazê-lo. Um dia antes de ir, ele me pediu que fosse com ele, que em Porto Alegre ele poderia me bancar e que poderíamos viver bem o que me apavorou e deixou encantado ao mesmo tempo.

Eu fiquei, como poderia ir? Como lidar com minha familia? Nem mesmo sabia o que era amor...Enfim, ele se foi e as cartas pararam como deveria ser mas mantive nosso histórico guardado entre a coleção de Monteiro Lobato numa antiga estante em casa o que me parece hoje algum tipo de simbologia.

Ainda apegado ao que se rompera, resolvi ir, pouco tempo depois, à casa de um amigo meu da época que morava no interior (e que era um fuck buddy mas essa é outra estória) para mudar os ares e fuder com ele para apagar o gaúcho de mim. Fui e lá fiquei uns dias.
Quando de minha volta, resolvi pedir que meus pais me pegassem na rodoviária e já ao telefone senti que a voz de minha mãe não era a de costume. Havia algo estranho e se os pais conhecem do avesso aos filhos, o contrário também é verdadeiro vide que um e outro são entranhas mútuas. Não dei atenção e peguei meu caminho de volta.

Chegando na rodoviária, estão lá os dois a me esperar no carro. Entro e o clima é ártico, digo oi e eles respondem com uma falsa calma. O caminho pra casa é alongado pelo silêncio e, ao embicar o carro na garagem de casa sou interceptado por uma pergunta sem arestas:

'Achamos suas cartas, daquele rapaz do sul..' diz ela. Eu não tinha o que retrucar, parecia impossível que estivesse acontecendo, ela continuou 'É verdade?'

Meu pai permanecia com o carro ligado como que para evitar que a conversa extrapolasse o interior do veículo e sem emitir um som sequer, os olhos fixos na porta da garagem.

'É' foi tudo que consegui dizer, não podia dizer mais nada.

'Seu amigo do interior' disse ela 'tem algo com isso?' perguntou ela desconfiada.

'Não! Ele é só meu amigo mesmo, juro!' disse eu apavorado que ela me proibisse de vê-lo.

'Filho' disse ela 'vamos ajudar você, no que for preciso, não sei, o que você achar que precisa e...' não completou a frase pois o choro rompeu solto e meu pai baixou a cabeça mas eu podia ouvir seus soluços baixinhos.

'Mãe' disse eu 'Não sei o que é mas sei que eu amo vocês dois do mesmo jeito e não queria que isso acontecesse, juro' já mal articulando as palavras entre o choro.

Pus o corpo para a frente e fiquei entre os dois, no espaço entre motorista e passageiro e nos abraçamos. Senti que naquele dia matara alguns sonhos de meu pai e desonrientara minha mãe e não sabia como seguir dali pra frente. Com a melhor das intenções, eles me colocaram na terapia o que só cimentou a certeza de que eu era mesmo guei. Quando isso não era mais inevitável, inegável ou contornável, minha mãe me disse:

'Filho, você vai ser feliz assim?'

'Sim' respondi 'é o que eu quero, mãe e até já tenho namorado....' arrisquei pois era muita informação para uma mãe recém sáida do armário.

Ela se resignou e disse 'Bom, se é assim, quero que você seja feliz mas tome cuidado..você nunca deixará de ser nosso filho'.

Meu pai a começo não quis tomar partidos mas ainda me tratava, na medida do possível, com o mesmo carinho e amor. Muito tempo depois passei a levar meu namorado à época em casa e eles o tratavam como meu namorado e não amigo e hoje, se apareço sem wans em casa o pessoal reclama e pregunta sempre dele pois sabem que é meu companheiro e moramos juntos.

Se a sorte existe eu a tirei quando nasci em uma família que, não sem traumas, me aceita e me entende, coisa sem preço e que não há quem ou coisa qualquer que compre. Disso tudo tive certeza quando meu pai, já com idade, um dia me perguntou:

'E o Wans, filho?'

'Não pode vir, pai' respondi.

'Ele é um bom moço, gosta muito de você, você deu muita sorte...'

16 de mar. de 2010

notícias que podem mudar sua vida e o mundo

vida besta...

mulher de malandro




Todos nós temos fetiches, fato. Com um pouco de sorte, realizaremos parte deles e, com muita sorte (e algum dinheiro) realizaremos todos eles ainda que pense isso como quase impossível posto que a mente humana é pródiga em buscar novas formas e fontes de prazer.
 
Considere-se também o fato de que o manjar dos deuses para uns é bosta para outros e assim fica ainda mais difícil dizer que uns realizaram ou não todos os seus fetiches. Porém, um dos que considero como quase consenso (ao menos com quem já discuti o assunto) é foder com presidiários ou ex-presidiários.
 
Creio que seja aquela sensação de flertar com o perigo, de sentir-se a mulher do malandro além do ar de macho que esse tipo de cidadão transpira. Enfim, não me recordo bem o ano mas lá se vão uns vinte mais ou menos, quando eu realizei esse fetiche.
 
À época, saíra de casa pela primeira vez e me deslumbrava com o fato de ter um lugar só meu e que acabou virando um tipo de garçonière. Certa noite, o esquenta rolava solto em casa com amigos e resolvemos então finalmente sair indo parar na Vieira de Carvalho (para os de fora de SP, seria a Farme no Rio ou a Liberty Ave local) que, na época, ainda era freqüentável.
 
Chegando lá, o esquenta entrou em ebulição e nem mesmo sabia quanto já havia bebido ou mesmo em que bar estava quando resolvemos sair dele e ir para outro. Não estava imprestável mas bem alto. Na rua, fomos nos dirigindo ao Vermont quando em sentido contrário passa por nós um moreno com cara de macho me deixando já untada.
 
Não tive dúvidas e depois que ele passou, olhei para trás e ele também e não precisou mais que isso para que eu deixasse meus amigos e fosse conversar com ele. Não me recordo exatamente o que aconteceu com meus amigos depois disso, a lembrança deles se resume a um borrão completo mas lembro bem do malandro, isso sim.
 
Começamos com banalidades, nome, idade, o que curtia fazer e afins e acabamos entrando num boteco para tomar mais umas. O papo lá seguiu nas amenidades e não me lembro que frase ou palavra acabou colando minha boca na dele. Era macho mesmo, beijava com fogo e como se quisesse arrancar minha boca. Não era bombado mas era moldado na vida, dava para perceber.
 
Quando ele resolveu me soltar, quase sangrava pelos lábios e então notei que ele tinha várias tatuagens nos braços uma vez que ele tirara a jaqueta que vestia. Eram daquelas vagabundas, feitas na cadeia mesmo, impossível negar e isso só aumentou meu tesão. Não perguntei nada mas ele deve ter notado pois disse que realmente saíra a pouco tempo da cadeia e não me lembro exatamente a causa de ele ter ido lá parar. Eu disse que não me importava e devo ter soltado uma daquelas balelas sociológicas demagogas.
 
Então ele quis sair do boteco, disse que queria fumar. Não me fiz de rogado e paguei a conta como boa bisca que sou. Saímos e nos dirigimos para o Arouche, próximo às floriculturas e lá sentamos num banco. Já era alta madrugada, nem me preocupei se podíamos ser assaltados ou mortos mesmo porque se ele era bandido eu, como sua puta, estava garantida. Lá, ele puxou um baseado e fumamos, disse que queria me ter como sua fêmea, sua puta e que ia me apresentar para os colegas dele bandidos também. Dizia isso e ma agarrava, puxava o beque e me beijava e eu já me vendo num gang bang na favela ou, na pior hipótese, nas paginas policiescas.
 
Enfim, o beque acabou e eu, louca, o levei para casa. Hoje, tremo só de pensar no que fiz. Chegamos ao apartamento e imagino que o porteiro tenha ficado horrorizado mas guardado para si e para as fofoqueiras do prédio quaisquer comentários. Assim que entramos em casa, ele me agarrou de jeito e me jogou no chão, ia me estuprar e com meu mais absoluto consentimento. Com esforço pedi um tempo e ele consentiu dizendo que queria tomar uma ducha.
 
Levei-o ao banheiro e uma vez no chuveiro perguntou se havia comida pois estava faminto. Imbuído do mais puro espírito Madre Teresa, fui para a cozinha e preparei o que era possível para meu macho que, ao sair do banho, devorou meus quitutes com avidez. Nem sei se estava bom de gosto ou o que era mas ele comeu e lambeu os beiços. Na certa devia ser muito melhor que o rango da cadeia.
 
 
De bucho cheio, ele me pegou pela mão e fomos ao quarto onde ele me fudeu sem dó tamanha devia ser a carência de foda na cadeia ou ao menos de uma como eu, moça de família, culta, carnes tenras e não aquelas coisas da prisão. Não era dotado mas era um cacete de respeito que eu mamei como se fosse o último na face da terra. Ele me enrabou sem dó, a borracha queimava em contato com minhas pregas e ele me chamando de putinha e de minha mulherzinha.
 
Poucas vezes gozei tanto e com tanto gosto. Por incrível que pareça, o macho bandido dormiu abraçado comigo. No dia seguinte, acordei atrasado, precisava trabalhar. Ele tomou banho e fiz café para meu ladrão. Ele me beijou com desejo mais uma vez, o gosto do café misturado com sua boca me deu tesão mas precisava ir. Ele então me fez um último pedido: precisava de uma calça pois a dele estava imprestável. Só então vi o estado em que ela realmente estava e nem mesmo os mendigos iam querê-la.
 
Procurei algo que lhe servisse e lhe dei, ele agradeceu e me beijou de novo. Saímos e, na porta do prédio, nos despedimos de forma meio fria desejando sorte um ao outro cientes de que aquela noite fora única e dificilmente se repetiria. Quando voltei naquela noite, a calça podre ainda estava lá e não resisti, bati uma pensando nele e gozei sobre ela jogando-a, em seguida, no lixo junto com o desejo de rever meu marginal.
 
Muito tempo depois eu o vi de novo na Vieira mas ele ou não me reconheceu ou assim o fez e depois disso nunca mais mesmo. Só restam as lembranças da foda que foi maravilhosa pois nem mesmo o nome dele eu me lembro mais.
 
Por uma noite que seja, eu fui mulher de bandido.

out



Existe alguma obra como ‘A Arte de ser Gay’? Um ex-colega de trabalho, hetero até que se prove o contrário, irá se casar em Abril. Recebi o convite onde se lia ‘Alexandre Willer & acompanhante’ e até aí não houve ofensa pois todos receberam convites com os mesmos dizeres. Ficaria melindrado se todos recebessem convites com os nomes dos casais ostentados e apenas o meu viesse como ‘& acompanhante’.
 
Enfim, nem mesmo resolvi se vou a esse casório posto que o evento em si é antes um espetáculo do que uma cerimônia mas, acima de tudo, porque o noivo, depois de saber-me guei, ainda que não me maltratasse mudou o jeito com que lidava comigo numa evidente falta de tato para com os invertidos. Soube depois que ele realmente tinha lá seus problemas com gente do meu tipo o que novamente não me ofende ou magoou pois é crença minha que ninguém é obrigado a aceitar minha orientação sexual sendo exigido apenas o devido respeito o que ele, diga-se aqui, sempre apresentou.
 
Porém, se já não tínhamos uma relação lá muito próxima, minha gueizice só fez aumentar o espaço que já havia e até mesmo piadas de viado ele evitava fazer quando em minha presença como se eu fosse ter um chilique ao menor comentário pejorativo. Detesto os xiitas politicamente corretos mesmo porque sei diferenciar uma simples brincadeira de uma ofensa intencional.
 
Enfim, ir a esse casório será escancarar de vez o armário profissional uma vez que poucos aqui sabem que tenho marido e ando pouco me importando com o que pensem ultimamente. Confesso que certo medo por uma possível ascensão ronda minha decisão de não abrir o jogo aqui mas ele anda agonizando ante à minha pouca paciência de esconder o que e quem sou afinal não sou mais adolescente e cago para os outros e suas opiniões.
 
Adoraria ver as caras ao me verem com wans e eu o apresentando com meu companheiro, seria memorável. Por outro lado, penso em porque deveria ir ao casório de alguém que nem mesmo me entende ou me conhece direito e nem mesmo aceita o que eu sou, por demais hipócrita, creio eu.
 
No fim, se resolver ir, será mesmo para embasbacar os que lá estiverem mesmo e fazer uma boquinha afinal, nos dias de hoje, não se pode abrir mão, não é?

a imagem do besta



No trabalho.
 
Ela, a todos: ‘Vocês viram o Faustão ontem?’
Respostas: ‘Vi só até tal parte’; ‘Vi o se vira nos 30’ ; ‘Ah foi muito legal, tinha um cara lá fazendo não sei o quê’ (não prestava muita atenção)
Ela para mim: ‘Você não assiste?’
Eu: ‘Não, prefiro a TV a cabo, ou qualquer outra coisa, às vezes fico lendo..’
Ela: ‘Ah....’ com aquele ar de que falava com um alienígena.
 
Aliás, como alguém em sã consciência pode assistir o Faustão? Será que o Domingo é assim tão deprimente que leva as pessoas a isso? Ou será a simples falta de opção? Ao menos as pessoas com as quais trabalho não me parecem ser do tipo que não podem ter acesso ao l(i)uxo da TV paga mas então, porque essa insistência em assistir o programa?
 
A opção existe, isso é certo mas falta a vontade de sair do mesmo, de não pensar em algo que não seja pasteurizado ou formatado para liquefazer sua mente já antipática por natureza ao sétimo dia. Há que se pensar também que ir contra a corrente pode acarretar comentários como o de minha colega de trabalho e dedos apontando sorrateiramente quando você passa com suas respectivas bocas a sussurrar que você é diferente. No fundo, os programas de Domingo são ações afirmativas do marasmo, do comodismo, pão e circo afinal uma audiência feliz é uma audiência domada.
 
Esqueça por algumas horas que na Segunda você retorna à sua vida proletária e resumida a um binômio onde a ordem dos fatores certamente jamais alterará o produto. Certo que não desejo que todos passem o fim de semana discutindo Dostoievski mas também não precisam passar no vácuo ou você acha realmente que os programas dominicais adicionam algo à sua vida?

15 de mar. de 2010

alzira



Alzira era uma mulher medíocre. Não dessas rampeiras ou mesmo desfavorecidas pela sorte ou destino mas simplesmente medíocre. Daquelas que passam pela vida sem deixar marca que não sejam o CPF e RG.
 
Alzira trabalhava muito, em uma empresa de remessas urgentes, operava a maquina que gerava etiquetas de endereços as quais iam ter com suas caixas, envelopes e afins para que estes atingissem seu destino final.
 
Alzira pensava que se mesmo esses possuíam suas etiquetas, ela também teria algo que a completasse, que lhe dissesse qual seu destino e a levasse lá. Alzira entrava com as informações na máquina desejando que uma das etiquetas fosse a de seu endereço e que lhe enviasse um amor duradouro, que etiquetasse seu coração sem destino.
 
Alzira tinha uma hora de almoço. Geralmente com as amigas, conversavam entre colheres de arroz, feijão e misturas. Discutiam as novelas, o trabalho, amenidades e homens. Alzira não sabia o que falar sobre homens pois para ela eram como arroz e feijão, pareciam ótimos juntos mas eram sempre vendidos em embalagens separadas.
 
Alzira tinha um alento na empresa, alguém que já a fizera errar a digitação na máquina. Alzira sabia que muitas ali queriam que as etiquetas lhes enviassem ele mas ela, de alguma forma, sabia que ele só teria etiquetas para ela. Os olhares, os modos com que a tratava, como lhe dava bom dia, boa tarde e boa noite.
 
Alzira, em casa, se olhava no espelho do guará-roupa. Não era ruim de corpo, algumas carnes a mais aqui e ali mas, no geral, era bem feita sim ainda que já fosse pouco mais que uma balzaquiana. Alzira em segredo de suas paredes, sonhava com ele a chegar em sua porta, entregue pelas etiquetas mágicas que lhe sabiam o desejo, restavam apenas a mão lambuzada e o gosto falso na boca.
 
Alzira um dia foi pega de surpresa. Ele, ao fim do dia, chega perto de seu posto e lhe pergunta se não ela quer ir tomar um chope. Ela sem jeito acena que sim, só precisava se trocar ali mesmo, depois do expediente. Ele diz que a esperaria na saída ela errava várias etiquetas.
 
Alzira foi tomar uns chopes. Bebeu à larga, com gosto e a conversa ia solta quando ela flagrou as mãos dele em suas coxas. Estariam lá há mais tempo e ela só notara agora? Era um abuso mas os protestos nunca saíram de sua garganta já obstruída por gemidos contidos.
 
Alzira gozou muito naquela noite. Chegou até a pensar que ia morrer. Quando os dois, vencidos pelo cansaço, jogaram-se um de cada lado da cama, ela pensou que finalmente a máquina lhe ouvira as preces e que não precisaria mais vagar em desatino. Ele descansava a seu lado, ela quis tocá-lo mas ele levantou-se e disse que ali não poderia dormir pois precisava voltar para a casa.
 
Alzira temeu que ele fosse o destino de outra mas ele disse que apenas queria ir para a casa e que não ficaria bem chegarem juntos no trabalho no dia seguinte. Ela entendeu ou fez que entendeu e deixou-o ir. Dormiu sobre seu cheiro, acordou molhada.
 
Alzira foi trabalhar, normalmente mas de forma especial. A pele brilhava, os olhos em luz, os cabelos soltos flutuavam com graça ímpar. As amigas notaram, interrogavam Alzira mas ela se negava a dizer uma sílaba sobre a noite que passara. No entanto, o olhar é traiçoeiro, lhe entregou a empreitada quando ele passou a sua frente sem lhe dar atenção ou sequer bons dias.
 
Alzira foi advertida pelas amigas de que ele boa coisa não era, que ela não se iludisse pois muitas outras haviam tomado daquela água e perdido a razão. Mas ela sabia como calar essas maldades e soterrar os alarmes que sua mente lhe dava sobre o palpitar de seu coração.
 
Alzira viu o tempo passar e o que era uma noite inesquecível tornar-se lembrança pesarosa. Ele dela se esquivava, mal lhe cumprimentava e limitava seus diálogos ao estritamente profissional. Ela, temerosa de fazer cenas, aceitava tudo com resignação ainda que aos poucos, por dentro, só restassem escombros.
 
Alzira agüentou firme, as amigas a lhe apoiar e tentar levantar os ânimos. Mas ela, ainda que por fora aparentasse superação sofrida, por dentro perdera o viço e arrastava os dias de forma sem sal e robótica.
 
Alzira finalmente resolveu. Foi trabalhar um dia, bem cedo, antes de todos, ligou sua máquina de etiquetas e passou pouco mais de meia hora digitando. Era rápida, por isso conseguira o emprego. Quando os colegas chegaram, diz-se indisposta e pede a uma colega que a substitua na máquina e que já havia adiantado o trabalho.
 
Dois dias depois, acharam Alzira em casa, esticada no chão da cozinha, uma espuma verde ressecada a lhe pender do lado esquerdo da boca. Houve choro, comoção, as amigas lhe adoravam.
 
Três dias depois, todos, inclusive ele, receberam encomendas expressas, envelopes etiquetados contendo cada um deles um pequeno pedaço de coração de papel. O maior e mais vermelho foi para ele.

lembranças aleatórias não relacionadas com a infância

Lembrança #10 Lembro de uma festa ou rave ou balada que eu ajudei um amigo a organizar num tipo de sítio eu acho. Estava separado do meu nam...