28 de fev. de 2011

a besta

Já disse aqui várias vezes e em outros blogs em comentário também que nossa raça (humana, não viados) está fadada à extinção.

Não são considerações negativistas ou minha usual rabugice, apenas uma constatação das leis naturais e universais de que tudo começa e se começa um dia acaba e eu tenho pena de todos nós. Alia-se a isso o fato de que nossa raça é tão fétida e podre que merece sim ser varrida do globo e ninguém, ninguém mesmo vai sentir falta nossa posto que somos menos do que um ponto de bosta no vasto universo.

Sei que uns vão dizer que ainda há esperança, que apesar de você amanhã há de ser outro dia, que existe sim gente que faz ser humano valer a pele mas, sinto dizer que são as exceções dentro das exceções e tudo o que eu vejo depõe contra todos nós sem dó ou piedade e esfrega em nossa cara diariamente que nossos dias estão sim contados seja pela natureza de saco cheio da gente ou, se você prefere assim, alguma divindade que vai dar um jeito no que não tem mais jeito mesmo.

Encare os fatos, merecemos viver? Merecemos estar aqui? Acha que sim? Então como explicar isso aqui:


Toda estória tem sempre dois lados, fato. Mas, nada, absolutamente nada justifica uma atitude como a deste imbecil, dessa besta, monstro inominável. Não adianta alegar que se perdeu o controle do carro pois o video deixa claro que a intenção foi assassinar, sim, essa é a palavra, assassinar os ciclistas.

E depois ainda tenho de ler comentários como este aqui num site de notícias: 'Sem querer ser o advogado de defesa do motorista maluco.Mas nesta história não há bonzinhos.O grupo de ciclista não respeita semáforos e obstrui a passagem dos motoristas que são obrigados a pagar pesados impostos como IPVA, inspeção veicular, pedágios etc.Derrepente aparece um motorista irado e faz um strike como no boliche.O cara tem que pegar uns dias de cadeia, é verdade, mas este pessoal não tem o que fazer além de atrapalhar muita gente? E quem é essa ONG? De onde vem o dinheiro dela?' O autor da pérola é um tal J.Campos e pode ser achado no UOL.

Quer dizer que agora a vida tem o valor medido por tributos? Só nesta merda de país quem tem carro tem muito mais direitos do que os que não tem. Apenas porque você pode pagar pelo LUXO de ter um carro, de arcar com sua manutenção e pagar pelos impostos que, apesar de altos, são devidos pois carro é LUXO, não é necessidade, sinto dizer, você pode mais do que os demais? Pode, literalmente passar por cima de tudo e todos? Aqui pode.

A lei de transito nossa é pífia, patética e inócua e enquanto 'acidentes' como este não forem transformados em homicidio nada vai mudar e será uma questão de tempo até que se repita. Não somos educados para o transito, aliás, não somos é educados. O carro não é uma condução mas extensão de nós mesmos e de nossa casa, de nossa intimidade, qualquer agressão no transito não é um acidente mas uma invasão da privacidade e quem tem melhor carro pode mais. Não entendemos que o carro é uma máquina poderosa e pode matar e se algo nos ofende não hesitamos em usar dele como arma para ferir quem nos causou algum contratempo ou dissabor seja de forma consciente ou inconsciente.

A vida perdeu todo o valor e só é reconhecida se estiver de quatro rodas e atrás de um motor possante, gritando na acelarção para ver quem tem o torque maior. A sociedade valoriza o carro, idolatra, o põe num pedestal pagão e todos fazem das tripas coração para saciar o deus da locomoção não importa se você vai ter de passar fome ou mesmo de matar para manter seu carro e, em ocasiões como esta, deixar bem claro que quem tem o carro faz a regras, pode mais, tem dinheiro, tem poder, tem gasolina, tem seguro, tem culhão, é foda!

Você não tem carro? Fora do grupo, nem fale comigo, és ralé, andas de condução, pobre, miserável e se usa bicicleta é dos eco-chatos que preferem ver a industria automobilistica vomitar desemprego. De que serve trocar de carro todo ano se o preço que se paga é em sangue? Enquanto isso, comprar um carro e a habillitação é tão fácil quanto dar um peido e por isso mesmo existe esse bando de animais na direção e os numeros da batalha campal do transito aumentam exponecialmente todo ano.

Por essa e outras, minha fé em nossa raça morreu faz tempo e eu anseio pelo dia em que começaremos a fenecer, um a aum. Faço questão de ser o último e apagar a luz e se você é daqueles otimistas iludidos de plantão desejo-lhe toda a sorte para continuar crendo na merda desse espírito humano de porco, continue assim e no final veremos quem vai estar certo.

25 de fev. de 2011

frases incríveis da canção brasileira

 
'Eu cheguei em frente ao portão, meu cachorro me sorriu latindo...'
 
Como assim? Leva pra TV ou chama o exorcista!

tudoaomesmotempoagora

Um bilhão de coisas na cabeça mas escassa a vontade de por aqui. Como já dissemos antes, isto não é profissão, nem trabalho, é diversão e se eu sentir que a obrigação fez casa aqui, na mesma hora fecho tudo e mudo de endereço.

Difere no entanto de profissão de fé que é escrever, isso consuma-se fato e então não estar aqui implica em dar a vazão que a escrita me pede mas  em outro lugar e de outra forma. Nesses dias, limitei minha presença aos comentários, nada mais.

Mas, ideias amadurecem e caem da cabeça e eis que vou sim colocá-las aqui pois nem só de contos vive o homem, o filho do Homem e o Homem em si. Por esses dias li muita coisa por aí e vou tentar aglomerar tudo abaixo.

1) O correto

Li no DPNN sobre como seria aplicar as leis anti-discriminação no cancioneiro popular. Ri muito, claro mas, o assunto é sério. Entendo que devemos lutar contra preconceitos, os estereótipos que nos são atribuídos socialmente e os termos e situações pejorativas que são geralmente associados aos homossexuais.

Mas, isso paga a perda do bom senso? Não gosto tanto quanto vocês de ver representações caricatas de nós mesmos porém, não temos essa parcela em nosso grupo? Não temos os afeminados ou eles servem apenas como alivio comico? Não temos as travestis que nem sequer são retratadas seja de que jeito for salvo nos programas sensacionalistas? Ou a cara do gay para a sociedade tem de ser asceta, impecável, 'normal' e só assim poderemos ser aceitos jogando para escanteio a 'banda podre' dos viados?

O que temos por aí é apenas a forma como a sociedade ainda nos vê e leva tempo para assimilar que além dos tipos vistos nos humorísticos, comerciais de tv e outros existem tantos nuances nossos quanto dos heteros. É um trabalho de formiga, lento, árduo mas não vejo como auxilio essa revisão fascista de conteudos.

Isso para mim soa como censura sim, cercear a liberdade de outro de dizer o que bem entende e como bem entende e proibir o uso de termos, digamos, chulos trocando-os por outros mais aceitos moral e socialmente ou mesmo banindo-os não vai ajudar mas nos passar o diploma de intolerantes quando o que buscamos é o oposto.

Não sei porque mas cada vez que ouço esse tipo de coisa me vem a mente na hora a queima de livros na Alemanha nazista. Acha exagero? Não é um passo lá muito grande entre controlar e alterar conteudos para eliminar o que se considera incorreto e eu mesmo quero poder sim ouvir piadas de viados, sujas, até ofensivas pois é direito dos outros poder faze-lo e meu me ofender e buscar reparação.

Isso para mim funciona pois está resguardado o direito que vem antes do fato de eu gostar de rola e outros de buceta, o direito de ser livre e pensar livre. No fim, tudo é uma questão de como os termos são usados, de contexto. Se perdemos a capacidade de interpretar contextos então não devemos lutar por absolutamente mais nada.

2) A abertura

Também no DPNN, teve um post sobre relacionamentos abertos e como os gays seriam, em tese, mais propensos a esse tipo de situação.

Não vejo muito essa diferença entre relações hetero e homo, são relacionamentos, pessoas e pessoas são e sempre serão fodidamente complexas e complicadas. Nascemos com o abençoado dom de foder mesmo com o que não se poderia, em hipótese alguma, foder e tornar as coisas mais simples em física quântica.

Não acho que por termos relacionamentos com o mesmo sexo as coisas ficam mais fáceis pois entenderíamos como funciona o homem. Besteira! Ninguém sabe como ninguém funciona e amor entre iguais chega a ser ainda pior que entre os diferentes. Partilhamos das mesmas neuroses, inseguranças, incertezas e problemas que os relacionamentos heteros só que valorizamos mais o pinto do que as mulheres as quais respeitam (a maioria) suas rachas.

Esse lance de relação aberta é meio carochinha pois todo mundo conhece alguém que vive ou viveu assim e alguns até admitem já tê-lo feito. Mas, no geral, é algo que olhamos com certa inveja (não existe inveja boa, lenda urbana completa, inveja é uma só e ruim, ponto final!) pois quem diz que consegue (onde estão as provas de total abdicação de posse?) nos dá um gosto de liberdade que todos queremos, não precisa fingir.

É muito hipócrita de nossa parte achar que a monogamia pode segurar anos a fio de relacionamento. Cada um de nós, no entanto, acha um modo de lidar com isso e não adianta dizer que se amam, que nunca fariam isso, que um basta para o outro e esse blá blá blá de romance de quinta pois é simplesmente ofensivo a qualquer adulto inteligente.

Ah, mas e o amor? Ele existe sim, sou prova cabal disso mas não sustenta sozinho esse idílio de 1 + 1 = 1. Então, a relação se abre quando o sexo vira rotina? Pode ser sim, e todo sexo vira rotina por mais que você invente, inove, pense; depois de muito tempo um sabe como o outro funciona e dificilmente vai sair algo muito diferente disso e talvez seja bom que não saia pois pode por as partes a pensar onde aquele truque novo foi aprendido se ambos se conheciam tão bem.

O sexo pode sim matar uma relação e, como disse acima, podemos escolher como lidar com isso. Fazer de conta que nada mudou e passar a buscar o sexo novo que queremos fora, conversar e tentar trazer sexo novo para dentro da relação,deixar que o sexo novo aconteça livremente e com consentimento das partes. Agora, sinceramente, qual dessas opções você escolhe? Tenho certeza que a maioria vai escolher intimamente a número um mas votar abertamente na dois ou ainda dizer que faltou uma quarta opção que é o amor.

De novo ele, o amor. Nada o substitui, não é? Voltemos um pouco às opções acima, já que estamos numa zona de conforto, relacionamento estável e longo, para quê por tudo isso abaixo com necessidades sexuais que pode ser supridas no anonimato? Então temos o amor, entendo eu. Quando algo mais o prende a outro você deseja que essa pessoa partilhe de suas frustrações e não se engane, o sexo depois de anos vira sim um elefante frustrado na sala, e queremos que vida nova seja injetada mas com aquela mesma pessoa. Então abrimos a relação em busca de sexo novo seja pago (nosso caso) ou gratuito (mais complicado pois pode envolver flerte, sedução algumas vezes).

Se não for possível abrir a relação para sexo renovado então muito provavelmente um dos dois irá fazer por fora e isso é tão líquido e certo quanto nossa respiração. Não quer dizer que o amor seja menor mas apenas que o animal precisa matar sua sede e vinho todo dia enjoa. Não é fácil pois todo tipo de neurose e insegurança pode aparecer como foi conosco até que percebemos que ainda nos amávamos e muito mas que nosso sexo já precisava de uma reciclagem.

Porém, se você sabe que existe a frustração mas entende que não precisa partilhar disso com seu companheiro, então é bem provável que o amor esteja morto e que você deseja não sexo mas outro relacionamento e está usando o primeiro como desculpa. Veja bem, eu disse que você nem mesmo cogitou conversar com seu marido sobre a vida sexual de vocês e se isso não acontece então porque estão juntos? Fácil falar? Claro, esse tipo de assunto sempre traz mais problemas que soluções pois não se vê o lado bom mas o lado ruim da falta, do descontentamento e já se agrega ali a traição quando ela nem mesmo foi ventilada.

Nos casos onde a relação é aberta totalmente, digo tanto o sexo como o coração podem vagar por aí, acho que é coisa de gente muito superior a mim, evoluída mesmo ou que mente descaradamente. Não acho que nossa raça está tão evoluída assim a ponto de adotar o amor comunitário, quando amamos temos ainda o sentimento de posse (sem exageros ou é patologia). Vocês que namoram ou são casados, parem um momento e pensem se achariam legal que o outro dissesse abertamente que está saindo com outro cara e que está apaixonado por ele, e então? Conseguem assimilar isso normalmente pois ele ainda ama você mas está amando também outro cara? Que é isso? Socialismo?

Não somos assim tão desapegados de nossos 'bens'. Talvez quem o faça tenha mesmo, com disse, um espírito e uma consciência mais elevados, não sei. Sei que para mim a abertura fuciona enquanto for de comum acordo e envolver me abrir na cama com outro desde que o Wans esteja junto. Quando eu resolver buscar sexo fora disso será outra estória.

18 de fev. de 2011

não se vá...

Creio que todos tenhan lido o post de nosso amado Serginho no JeD hoje.

Isto aqui é um mundo a parte mas, no fim, buscamos todos as mesmas coisas, queremos trocar idéias, ser reconhecidos pelo nosso 'trabalho' e ter ao nosso redor pessoas interessantes, que nos ajudem a ir em frente seja concordando ou discordando de nós mas quem escreve aqui não espera, imagino, passar impune.

Nos abrimos aqui, nos expomos de uma forma que não fazemos pessoalmente muitas vezes e isso é fácil pois aqui temos, por incrível que pareça, anonimato. Por mais que tenhamos fotos nossas, que saibam como somos, que nos conheçam, quando publicamos aqui somos outras pessoas, não aquelas que conhecemos mas entidades, alter egos, heterônimos, substitutos.

Entramos nessa ilusão de que os outros não sabem quem somos e que podemos escrever o que queremos esquecendo que ao fazer isso todos saberão quem somos de forma profunda e irreversível pois a escrita não goza dos nuances da fala, do gestual, do corpóreo e assim, não pode disfarçar seu intento se assim desejado.

O que está escrito não se pode tomar de volta, não dá para retirar, está na pedra e ainda que possa dar margem a interpretações diferenciadas, geralmente quer dizer o que queríamos dizer ficando a cabo de cada um os adicionais que porventura ocorram nos deixando na zona de conforto da afirmação de que você entendeu assim mas eu não quis dizer isso coisa impossível para a comunicação verbal ou gestual.

Claro, há que se saber escrever. Não precisamos todos ser Machado de Assis (que também é um porre à vezes) mas se lemos os blogs que lemos é porque ali encontramos algo que nos contatou, ligou, disse aglo. Pode ser que nem todos os dias leiamos algo que gostemos nesses mesmos blogs mas isso faz parte do jogo pois nem todos os dias temos posts viscerais, tocantes, rasgantes, interessantes. Às vezes só queremos dizer o que estamos lendo e ouvindo, fazendo, só compartilhar o momento, nada mais e quem nos lê deve entender isso.

Temos muito lixo por aí e se o JeD acabar ficaremos sem mais uma opção de leitura o que, em minha opinião é péssimo. Como disse a maioria, a decisão é individual pois o blog pertence ao Serginho e, como eu disse no comentário que lá deixei, se manter o blog tornou-se obrigação então ele deve mesmo considerar o encerramento pois, antes de tudo, isto aqui é prazer de escrever.

Se isso não existe mais, então não é com pesar mas com satisfação que recomendo a ele e a todos que se sintam na mesma encruzilhada (eu incluso) que fechem suas portas.

PUT(a) - polaróides urbanas em texto

Meu ensaio de aposentado continua. Achei que depois de vencida a barreira da primeira tríade mensal eu entraria em parafuso mas eis que o parafuso rosqueou tão bem que não solta mais nem com ky.

Claro, não sei fabricar grana e muito menos promessas para todos os santos da  Sé (vou logo na catedral que se o assunto é sério, melhor não economizar no templo) fazem chover, apenas aqui em casa, notas de Real, Euro ou Dólar. Assim, começo a alimentar com pequenas porções, metade de uma porção infantil diria eu, a volta ao batente mas com uma diferença: como eu quero e não como eles querem, vamos ver no que dá.

Nesse meio tempo, como todos sabem, vou batalhando a publicação dos contos mas seguir o caminho das editoras é um plano de médio (mais) longo prazo. Existem opções mas, esse prazer de ter esse formato de livro, publicado, não há e-book que pague ainda que a rede seja sim uma alternativa viável pelo que já pesquisei.

Enfim, levo aqui meus dias suaves escrevendo, pesquisando editoras, possibilidades e cuidando da casa e do meu marido, uma vida simples e que pode até parecer simplista mas que tem sim um valor ímpar ao menos para nós que estamos nela vide o prazer que retornou às nossas rotinas (sim, elas podem ser agradáveis quando realmente estamos afim de vivê-las e não quando nos são impostas seja pessoal ou profissionalmente) e o gosto que me dá preparar todos os dias o jantar para meu marido. Certas decisões na vida não se pode pagar, tome a sua antes que ela tome de você a vida.

Voltando, minha vida segue e dia sim, dia não, preciso claro sair de casa tanto para comprar mantimentos como também para arejar a mente, ver a cidade e ter idéias. E foi assim que hoje (Quinta) sai de casa para ir à farmácia e ao mercado. Já trocado, sai e fui para os elevadores e quando chego neles percebo que o vizinho do apartamentp que fica logo ao lado destes está com a porta aberta como costuma ficar mesmo nesses dias mais quentes.

Seu apartamento fica no 'meio' do prédio e a sala não tem janelas, o nosso que é de canto tem janela na sala e no quarto e assim entendo que ele deixe a porta aberta para refrescar o cômodo e dar calor na gente que passa. Ele é um mulato alto, deve ter mais de 1.90, aparenta ter quarenta, pouco mais ou menos. Suas coxas são grossas, se juntar as duas minhas não dá uma da dele, ele malha pode-se ver pois os braços são fortes mas sem exageros.

O que mais atrai nele é a cara de marginal que ele tem, sempre com uma barba por fazer e às vezes com ela cheia, se morássemos na favela, juraria que ele era dono da boca. Na verdade, nem é bem de bandido mas se eu tivesse de apontar o elo perdido na cadeia evolutiva, apontaria para ele na hora! Creio que não faz muito tempo que ele aprendeu a andar ereto! Ele é educado, sempre que encontra a mim ou wans ou os dois nos cumprimenta e tem o hábito de estar de shorts e regata. Já peguei elevador com ele fiquei mirando seu pé que mais parecia uma ripa de madeira para escorar alguma coisa, se o pé é assim que dizer do resto?

Hoje, ele estava largado no sofá e me disse bom dia quando me viu esperando o elevador. A sala estava meio na penumbra, a única luz natural vinha do quarto e era pouca, o resto vinha da televisão ligada que, em flashes, mostrava para mim aquele macho sem camisa e de pernas abertas. Meu desejo era entrar ali, fechar a porta e dizer que não se mechesse, pagava a boquete ali mesmo com ele deitado no sofá.

Novamente fotos não foram possiveis e eu tentei mas a pouca luz só deixou registrado o breu no celular. O elevador demorou e eu olhava para ele de relance, impossível tirar os olhos daquele macho rústico, animal ali posando para mim. Acho que ele já percebeu que o devoro de garfo e faca com os olhos mas como é macho nem rola intimidade e aqui em casa nós poderíamos fazer ele muito feliz.

O elevador chegou, eu entrei mas minha cabeça ficou ali no sexto andar.

rapidinho

Lendo:





Ouvindo:

Duas coisas que descobri e que não consigo parar de ouvir.

1. Avi Buffalo. Simples, singelo e lisérgico muitas vezes.



2. Salem. Wans que achou e eu estou simplesmente encantado apesar de não recomendar assistir o vídeo abaixo à noite ou sozinho. Dedico este aqui aos DPNN.

17 de fev. de 2011

pra onde é que eu vou...



Não ia publicar nada hoje. Havia uma esterilidade de idéias e nem um arado de aço parecia capaz de sulcar os gomos da mente e espremer para fora alguma coisa que prestasse. Ia continuar o conto que escrevo mas, li isto aqui e uma enxurrada de lembranças avançou o sinal vermelho batendo de frente com o vazio e como de toda explosão há que surgir algo, surgiu isto aqui.

Assim como o SCSE, Legião Urbana embalou boa parte de minha adolescência e os mesmos dilemas e angústias que ele camela hoje foram por mim já camelados guardadas, óbvio, as devidas proporções. Sentia as mesmas incertezas e ser homossexual era uma delas eu só não sabia como lidar com ela e as músicas de Russo pareciam falar para o mundo o que eu queria que todos ouvissem mas não tinha voz para bradar.

Mas fosse esse o único análogo da situação estaria bem. Já falei aqui sobre aquele que foi meu primeiro amor (o único sempre será meu wans), meu primeiro de mesmo sexo. Foi uma relação complexa e complicada, éramos jovens, sem saber nada do mundo e não como hoje quando ser homossexual está quase virando tendência e não orientação mas isso é alvo de outro post, não deste aqui.

Enfim, nos conhecemos como disse no link acima e na verdade só começamos a namorar mesmo muito tempo depois pois antes disso apenas nos encontrávamos e trepávamos. Não sabíamos que homens poderiam namorar com outros homens, não tínhamos esse entendimento e buscávamos as repostas juntos.

Mas eu era fraco e intercalava períodos de busca conjunta daquilo que queríamos com longas ausências tentando a todo custo ser normal, ser hetero. Ele morria a cada colapso meu e eu também perdia pedaços de mim ainda que achasse válido para ter uma vida de comercial de televisão. Ainda lembro como ele me ligava aos prantos perguntando porque eu fazia aquilo com ele e eu simplesmente não respondia e esperava ele desligar.

Finalmente, com o passar do tempo e talvez com a ajuda desse mesmo amor masculino ainda que a contragosto vide minhas mancadas, eu assimilei que gostava de homens mas ainda não dele. Ainda achava que ser gay era poder foder com quem eu quisesse e não ter compromisso algum pois a afetividade homo me escapava por completo. Infelizmente, mais uma vez ele pagou o preço e de novo intercalava permanências e ausências sendo que nas segundas me entregava a outros homens pois era novo e não queria me ver preso a um macho apenas.

Ainda hoje me recordo de um dia, durante uma de minhas ausências, me preparava para descer ao litoral com amigos, curtir, paquerar e ele me ligou. Sua voz pálida do outro lado da linha jogava uma sombra sobre minha noite promissora mas novamente adotei uma postura inerte e monossilábica até que ele disse eu te amo e eu simplesmente ignorei. Ele repetiu, perguntando se eu o havia ouvido bem e eu disse um sim tão frio que até o telefone teve medo de mim.

Depois disso, não me recordo ao certo quando nos reencontramos mas sei que foi por iniciativa minha talvez cansado do binômio festa/sexo e afim mesmo de algo sério pois mais uma vez o tempo mostrava que era preciso colocar conteúdo nas coisas ou elas voariam pelo ar de tão ocas. Incrivelmente ele quis me ver e me aceitou de volta mas me presenteou com uma frase que me assombraria para sempre e que me serviu de lição para tudo que vivi depois em termos de relacionamento.

'Eu quero sim' disse ele, não com estas palavras mas o sentido está aí, intacto 'mas aquele amor que eu sentia por você, tudo aquilo, acho que morreu, não sei se posso trazer isso de volta..'

Hoje sei que deveria ter deixado os mortos onde pertencem e dado outro rumo à vida mas algo me impelia para ele e aceitei seus termos de pronto. O pior sempre acontece, ainda mais quando merecemos que ele aconteça e paguei minhas dívidas com juros e correção não tanto por ele (que não era santo e fomentou muitas das atribulações e dissabores pelos quais passamos) mais por mim que agora me apaixonara de uma forma tão cega e desenfreada que ele vinha antes de tudo e todos para mim, arrancaria minha pele para que ele não passasse frio e pavimentaria uma rua com meus dentes para que ele pudesse passar.

Tínhamos momentos de puro amor e êxtase, coisas simples e tão mágicas que eu acreditava que Russo escrevera sua letras mais doces pensando em nós. Em compensação, quando estávamos na tempestade, as letras de Renato mais pesadas serviam também para arrancar o coração um do outro em horas a fio de solidão em estéreo olhando pela janela na direção do outro torcendo para que ele estivesse arrependido e pronto para voltar.

A pior fase foi quando ele, cansado de todos nossos jogos de vai e vem, disse que precisávamos de um tempo, me desesperei mas entendi que era inevitável e nem mesmo minhas lágrimas o demoveriam de sua resolução. Ficamos separados um bom tempo e eu sabia dele através de amigos, cada detalhe eu desejava que me fosse não revelado mas queria saber assim mesmo pois antes isso do que não saber nada dele.

Tentei preencher os espaços mas ele ocupava muitos, não consegui preenchê-los todos e quando eu começava a me acostumar com ele fora de mim eis que ele volta e eu me abro de todo para ele feliz por ter de novo o que sempre quis. Mas coisas que se quebram dificilmente são remendadas a contento e fazemos de conta que ainda podem ser usadas pelo apreço que lhes temos dando vista grossa às rachaduras e falhas no que um dia foi perfeito ou talvez nem fosse assim tão perfeito mas o amor disfarçava essas mesmas falhas. Seria esse o truque? Não deixar o amor velar os defeitos? Aceitá-los como são?

Enfim, não tardou para que voltássemos à rotina de bons/maus momentos e novamente o desgaste veio, com mais força como era de se esperar. Dessa vez eu pedi o afastamento sob protestos lacrimosos dele mas fiz pé firme e fui em frente. Quando eu encontrava alguém que me interessava, por alguma magia desconhecida ele aparecia do nada e me punha a balançar deixando a possibilidade de um amor novo para trás em troca daquele que eu já conhecia fosse bom ou ruim.

Ficamos nessa um bom tempo, gastando nossas energias com algo que não funcionava mais mas que era impossível de por fim. Não sei explicar como precisávamos um do outro, era algo tão fundo, tão extremo que apenas vidas passadas poderiam fornecer alguma base plausível para elucidação de tudo aquilo. Lembro de uma cena no apartamento que alugava quando morei só pela primeira vez, ele e eu no banheiro em pé, prontos para entrar no banho e ele me olha fundo e diz que se não fosse por mim, não teria ninguém para cuidar dele e eu respondi que minha missão na terra era exatemente essa, olhar por ele.

Um amor doente talvez mas ainda assim um amor de força arrebatadora e que talvez ainda hoje, relembrando aqueles que passaram por aqui e que sejam dignos de nota, pudesse exercer alguma força sobre mim, nenhum outro ex teria esse poder. As coisas são como são e quem leu o post que mecionei lá em cima sabe como acabou essa estória.

Não me arrependo de nada disso, pelo contrário, me orgulho de tudo e ainda hoje, em raros momentos de saudosismo como este, mesmo as lembranças mais ásperas me caem como açúcar pois são parte dessa coisa doida que vivemos com tamanha intensidade que se consumiu e se consumou muito rápido.

Não sei o que existe depois da morte mas, se eu for antes de meu wans, gostaria que ele estivesse me esperando lá para dar um oi e pormos os assuntos em dia quem sabe.

16 de fev. de 2011

old ladies [2]

para as 'old ladies'...







diz que fui por aí...

Agora o blog tem patrocínio de grandes empresas que vão me ajudar com meu livro. Prestigiem as corporações ao lado, são empresas comprometidas em fazer um amanhã melhor.





*to be heard at maximum volume

15 de fev. de 2011

trust no one

Verdade que ando sumido daqui mas, quando eu só escrevia era tudo mais fácil. A partir do momento que resolvi publicar me vi envolto num sem fim de coisas que é preciso fazer antes de finalmente enviar o original às editoras.

Revisão, reescreve, revisão da revisão, reescreve, edita, corta, refaz, cola, remenda, troca, e por aí vai afinal; se é para profissionalizar a coisa, há que se fazer bem feito e acreditar que o material que possuo pode ser enviado 'bruto' a um editor é contar com o ovo antes da galinha ainda mais se você não é ninguém no mercado editorial nacional.

Enfim, estou na reta final, esta semana vou novamente estar com a atenção totalmente voltada para meu material e venho aqui hoje só para dar um oi. Tenho contos novos mas esses, quem quiser ler, vai ter de esperar sair um livro meu.

Deixo os amigos com um mimo (ri muito com o video) e uma PUT (polaróide urbana em texto).

1. Mimo audiovisual



2. PUT(a)

Sexta passada à tarde. Pego meus apetrechos e vou para a casa de uma amiga no Paraíso, ela me ajuda na revisão dos contos.

Pego o ônibus na porta de casa, mochila nas costas, fone nos ouvidos, Suede em lista pois precisava de coisas que me deixassem animado. Passo pela catraca, guardo meu bilhete único, o coletivo está vazio, vou para o fundo e me sento.

Do meu lado direito, sentado próximo a janela, está um cafuçuzinho. Moreno, mochila sobre as pernas, veste uma dessas calças de tecido flanelado, ar de pedreiro que acabou de sair da obra, cada um na sua, nada demais.

Mal tinham se passado cinco minutos quando esse cafuçu 'pula' de assento e fica bem ao meu lado. Até aí tudo bem, nada demais ainda. Quando o ônibus começa a subir a Consolação, sinto que ele está me olhando. Não dou bola e sigo ouvindo Suede.

Já quase para entrar na Paulista, sinto que ele cruza os braços e deixa a mão direita por sobre o braço esquerdo mas espalmada, com os dedos abertos os quais começam a 'acidentalmente' roçar em mim. Já não havia duvida quanto a suas intenções.

Sigo na minha, vamos ver até onde vai a brincadeira, penso comigo. Na Paulista, o ônibus enche e ele tira a mão envergonhado mas sinto sua perna roçar a minha atrevés da calça que ele vestia. Depois da Brigadeiro, o coletivo esvazia quase por completo e ficamos só nos dois no fundo.

Então ele se solta e começa mesmo a passar a mão em meu braço direito num movimento leve de baixo para cima e voltando. Dou uma olhada para ele, ele olha meio de lado e abana a cabeça sem parar com o 'carinho'. Ao mesmo tempo, coloca a mão esquerda ao lado de minha perna e começa a roçar seus dedos nela.

Deixei que ele ficasse assim até chegar no ponto onde desceria. Me levantei e ele fez menção de fazer o mesmo, não sei se realmente desceria ali ou achava que deveria me acompanhar. Fico em pé, de frente para a porta do ônibus, esperando que chegue o ponto e ele, sentado às minhas costas, aperta minha mão que segurava um balaústre.

O ônibus pára, eu desço e ele também, Sigo em frente, em direção à casa de minha amiga e ele fica ali plantado no ponto de ônibus. Depois de atravessar, ainda o vejo parado no ponto, era um cafuçu catável mas eu sou moça direita e de família, oras.

Agora, ele foi ousado pois como sabia que eu não lhe meteria uma porrada na cara? Ele era gay? Não sei, como saber? Não parecia ser o que me deixa com a idéia de que o mundo é, definitivamente, guei, está perdido mesmo, o futuro da raça é reprodução artificial. Abordar alguém assim no ônibus é muita cara de pau, eu nunca consegui fazer isso e tenho inveja de quem já fez mas, o risco é grande, não acham?

Enfim, ao menos serviu para inflar o ego.

10 de fev. de 2011

a vida num flash



Levava a vida a sete chaves. Até que perdeu uma.

polaróides urbanas em texto

Hoje, acordei por volta das 08:40. Espreguiçei-me vagarosamente e em seguida, sentei-me na cama esperando que a circulação passasse a trabalhar na vertical.

Isso feito, fui ao banheiro para as abluções matinais e comecei após estas findas a abrir as janelas da casa para deixar o dia entrar. Quando faço isso no quarto e, do sexto andar onde moramos, olho para baixo, vejo um de nossos vizinhos ao celular. Ele mora no primeiro andar onde os apartamentos possuem (os dos fundos que é para onde temos nossa visão da janela do quarto) um pequeno quintal junto com a lavanderia.

Porque fiquei ali a mirá-lo de cima para baixo? Bom, ele é branco, forte sem ser malhado, pernas bem torneadas e com as batatas que mais parecem melões. Peludo na medida certa, barriguinha de um sedentarismo saudável e braços suculentos com um peitoral que me faria voltar aos tempos de lactente.

Já o tinha visto nesses encontros fortuitos cotidianos e ele é sim delicioso e, claro, parece que mora com uma racha. Ainda assin, porque ficar olhando certo? Explico de novo; enquanto falava ao fone massageava o conjunto pau/bolas com vontade por sobre a bermuda que usava. Estava sentado, com as pernas de Rodes esticadas e a mão esquerda a gentilmente castigar o que eu queria por na boca. 

Daí fiquei ali vendo aquela delicia se auto massageando. Ele alternava pau/bolas com seu ventre, passando a mão e dando tapinhas na pequena barriga que tinha e que eu adoraria lamber. Então, ele flexionou as pernas para apoia-las sobre algum apoio e suas coxas dobraram de tamanho me deixando com o triplo do desejo.

Voltou a carinhar suas partes e eu já com a mão em concha sobre a boca para segurar a saliva que não se continha mais na boca. Queria era pular de boca aberta do sexto andar e cair em cima do pau dele ou já pular de cócoras para um perfeito encaixe.

Estaria ele falando com alguma racha? Com outro homem? Eu a fantasiar esperanças. Não pude tirar fotos pois o zoom do celular é ruim e nas duas tentativas que fiz saiu uma mancha branca ao longe que tanto podia ser ele como um defeito na lente me fazendo desitir.

A chamada então acabou e ele entrou e eu fiquei na janela encoxando a parede. Sobra apenas esse post meio fantasia meio realidade.

9 de fev. de 2011

felizarda

Chico Anysio come pela 1ª vez em 72 dias, diz mulher

que bom pra ela....

old ladies



Ontem, vi isto aqui lá no Pampubli(king)kong. Todos aqui nascemos sozinhos e vamos morrer da mesma forma. Fato, não há como negar, torcer, mudar, adiar ou cancelar; uma das únicas coisas que nivela a todos nós pois não importa o quanto se lute contra, ela virá cantando a reta final de nossos dias.

Mas talvez esse fato concreto e imóvel seja mais de mais fácil deglutição do que o como isso se dará e a antesala da hora difícil é a velhice que a cada dia nosso aqui passado torna-se mais presente e menos futuro.

Infelizmente, nossa sociedade encara os idosos como um fardo, um peso (já) morto, algo indesejado e que deve ser isolado do convívio familiar e social como já disse em outro post. Assim, enfiamos nossos velhos em asilos ou qualquer outro lugar que não nos permita lembrar que eles existem pois apenas o novo tem valor, beleza, encaixe na sociedade; a experiência é trocada pela vitalidade, tudo demanda e exala juventude e execra o velho num ciclo mercadológico sem fim ensinando que o idoso já cumpriu seu papel na vida, está usado, gasto e precisa ser reposto, deve ficar quietinho em seu canto esperando a morte chegar afinal, já teve sua vez, que faça espaço para os que são agora jovens.

E a idade de corte para ser encaixado como idoso é cada vez menor. Hoje, ter mais de trinta e cinco já é motivo para ser chamado de 'tio' que dirá mais de quarenta? Infelizmente, se a sociedade em si é cruel para com seus idosos, nosso grupo, os gueis, são ainda piores beirando o sadismo.

Ser viado com mais de trinta e cinco ou quarenta é quase uma sentença de morte. Nós valorizamos muito mais o corpo com vigor, juventude, pele firme, anos dourados. Acha que não? Entre em uma sala de bate-papo ou sites de 'encontros' e veja se os maduros tem algum chance? Existem os que curtem? Claro que sim mas fora desse gueto dentro do gueto as chances reais de gueis maduros ou afins realmente encontrarem alguém são pequenas.

Sim, temos exceções mas o retrato do gay velho deveria ser guardado num sótão pois é pavoroso demais para ser visto; ele traz a marca da solidão e aqueles que disserem que não temem ficar sozinhos nos anos vindouros mentem descaradamente ou são pessoas desprovidas de sentimentos, penso eu. Ninguém quer ficar sozinho, desculpe, mas salvo você tenha vocação para clausura ou ermitão acho pouco provável que encare a simples idéia com naturalidade.

E não acredito na máxima de que estar consigo não é estar sozinho. Somos seres sociais, precisamos de pessoas ao nosso lado, ao nosso redor e principalmente em nossa vida. Alguém para dividir sonhos, frustrações, raiva, alegria, amor, tristeza, as coisas boas e as merdas da porra da vida.

Nós viados muitas vezes não temos mais a família e se não tivermos a sorte de um amor ao nosso lado, estamos fadados a depender dos amigos que apesar de serem frutos dourados do sol podem não estar lá no momento mais preciso por razões que jamais deporiam contra sua lealdade mas pelo simples fato de que possuem suas vidas e seus problemas para lidar.

Então, corremos sim o risco de sermos no fim da vida, viados solitários, comendo miojo ou comida congelada conversando com a tv e olhando pela janela da casa uma paisagem que não reconhece mais em nós nada de familiar.

No fim das contas, só queremos alguém que nos ame e que cuide da gente quando já não pudermos fazer isso por nós mesmos ou, se com sorte ainda pudermos faze-lo, alguém simplesmente para segurar nossa mão enquanto a noite não vem.

8 de fev. de 2011

rosebud

nota: ando bem ocupado com meus contos, preparando tudo para enviar as editoras por isso ando sumido mas, sempre que possível, darei as caras como hoje.

'Cidadão Kane' (1941) é considerado por muitos (eu incluso) um dos melhores filmes já feitos. Quem está na minha faixa etária de certo já assitiu e se não o fez deve fazê-lo e depois voltar aqui e ler o resto. Os mais novos que ainda não viram devem fazer o mesmo pois é imprescindível vê-lo se você gosta mesmo de filmes.

Porque ver? Várias razões, algumas delas:


1. Orson Welles, em glória no rádio e na Broadway em Nova Iorque foi cortejado por Hollywood em 1939 logo após sua locução para o clássico de H.G.Wells 'A Guerra dos Mundos' que causou um pânico generalizado na população  a qual realmente acreditou que marcianos invadiam a Terra.

Incrivelmente para a época em que os grandes estúdios eram amos e senhores de tudo e todos na industria do cinema, Welles conseguiu um contrato para dois filmes com total liberdade e controle criativos inclusa a opção do 'final cut' (versão do diretor e não a que o estúdio entende como comercialmente correta).

2. O roteiro é inspirado na vida de William Randolph Hearst, barão da mídia impressa americana do início do século XX e também possui pitadas autobiográficas de Welles ainda que este nunca tenha admitido o fato.

O filme narra vida de Charles Foster Kane (Orson Welles), magnata dos jornais americanos, através de depoimentos de pessoas próximas a ele dados a um jornalista que busca o significado de 'Rosebud', as últimas palavras proferidas por Kane em seu leito de morte. Através desses depoimentos, surge a figura de um homem complexo, sedento de poder, egocêntrico e megalomaníaco  mas, ao mesmo tempo, frágil, carente e em busca de uma felicidade há muito perdida e que julga ser possível reconquistar através do dinheiro, influência e manipulação de pessoas sejam elas amigos ou amores (quem ou o quê é 'Rosebud'? Assista e tire suas conclusões).

Reza a lenda que Hearst teve acesso ao roteiro através do sobrinho de sua amante vendo sua vida exposta começou uma campanha através de seus jornais contra Welles e o filme inclusive boicotando a indústria caso o filme visse a luz do dia.

Ainda que seu poder não fosse mais, à época da realização do filme, tão extenso, ainda era considerável em Hollywood e 'Cidadão Kane' chegou realmente a beira da destruição e sua data de lançamento era postergada indefinidamente vide o medo que Hearst infligia nos cartolas do cinema.

Porém, em uma exibição fechada em NY, um Welles inflamado convenceu os executivos a lançar o filme além de uma leve ameaça de processá-los por cercear a liberdade de expressão tão laureada pela carta magna do país. Assim 'Cidadão Kane' foi lançado finalmente em 06/05/1941 em NY e em 08/05/1941 em Los Angeles.

Infelizmente, a polêmica do filme trabalhou contra Welles e muitos cinemas se recusaram a exibir o filme. 'Cidadão Kane' foi recolhido após algumas semana de exibição mal se pagando porém, a crítica louvou o filme e ele recebeu nove indicações ao Oscar levando apenas a de roteiro num claro reflexo de que Hearst ainda dava as cartas.

Depois de 'Kane', Welles não conseguiu mais emplacar nenhum filme do mesmo nível ainda que tenha produzido muito entre filmes bons e realmente ruins. Nos seus anos finais (1970-85) ele fazia pontas por dinheiro, comerciais e dirigia qualquer coisa desde que fosse pago mas seu temperamento difícil era sempre obstáculo para qualquer trabalho que fizesse.

Morreu em 1985 de ataque cardíaco e deixando uma série de projetos inacabados.

3. 'Cidadão Kane' inovou várias áreas do cinema. Rompeu a narrativa linear contando em flashback a estória toda e não do ponto de vista de um mas de vários narradores. Usou truques de cena para representar a passagen de tempo sem que isso afetasse o entendimento da trama, usou novas técnicas de filmagem com ângulos pouco usados e efeitos especiais pioneiros para a época.

Há quem diga que o filme estava, no mínimo, quarenta anos a frente de seu tempo e diretores renomados da atulidade (Martin Scorsese, Ridley Scott, Francis Ford Coppola, Brian De Palma) o tem como um de seus filmes favoritos e influência/inspiração.


lembranças aleatórias não relacionadas com a infância

Lembrança #10 Lembro de uma festa ou rave ou balada que eu ajudei um amigo a organizar num tipo de sítio eu acho. Estava separado do meu nam...