26 de jan. de 2011

errado sou eu

Creio que na semana passada quase todos tenham visto o caso do cadeirante agredido por um delegado. De certo que todos, creio eu, ficaram pasmos com essa demosntração de barbárie mas, no fundo, até entendemos o delegado.

Explico antes que me atirem pedras. Não fomos e não somos educados para respeitar as diferenças sejam elas quais forem. Pare um momento e pense se em toda a sua vida você não ficou puto por que um idoso ou deficiente passou na sua frente seja no banco, ônibus, padaria ou sejá lá o que for?

Sim? Claro, não precisa se recriminar. Como disse, não fomos educados para isso e encaramos os idosos e deficientes como um fardo na sociedade, pessoas que não tem mais utilidade alguma e que ainda assim ficam no caminho dos outros, não é?

Não é nossa culpa que você esteja confinado a uma cadeira de rodas. Assim, porque você insiste em ter prioridade? Você não mama nas tetas do governo? Não tem mimos e cuidados especiais? Pra que sai de casa? Pra esfregar na minha cara que você não pode andar e ter a atenção dos outros quando eu a merecia?

No caso dos velhos, é culpa nossa que vocês estejam assim? É culpa nossa você não conseguir andar direito e ser lento? É culpa nossa você esquecer as coisas? Porque precisa pegar ônibus? Porque não fica em casa vendo tv e esperando a morte chegar?

Esses entre outros pensamentos devem sim ter passado na cabeça de quase todos nós aqui e quem diz que nunca os teve merece ser ovacionado em pé. A diferença está em que podemos ter esses pensamentos ocasionalmente pois, como disse e repito, não fomos educados para lidar com essas situações mas, podemos nos educar para lidar com elas.

Achamos que os deficientes estão aí de favor, porque precisamos ser gentis quando não tem nada a ver conosco? Mas tem sim, tem pois poderia ser eu ou você e além disso  são pessoas com os mesmos direitos que nós e até um pouco mais pois para eles existe uma dificuldade de acesso tremenda pois a cidade foi feita para nós, os normais equanto eles, que também são normais, não podemo usufruir de tudo que a cidade oferece pois as barreiras, muitas vezes, são intransponíveis sejam elas concretas ou sociais.

O delegado agiu com violência pois tinha o cargo a lhe respaldar, ranço ditatorial que ainda levamos nas polícias mas, qualquer pessoa poderia sim ter reagido da mesmo forma vide a carga de estresse que um vivente de cidades como São Paulo leva consigo diariamente e que pode explodir por coisas tão banais quanto um bom dia.

Achamos ruim os privilégios dos deficientes e idosos e afins. Achamos que eles não merecem pois não são mais pessoas, não fazem mais parte da sociedade que conhecemos onde todos são sarados (ou tentam), bonitos (ou quase), BBBs, celebridades seja de qual escalão for. Eles são o refugo e a lembrança de que as coisas acabam e podem dar errado e não queremos ver isso pois a verdade só vale quando inserida num 'reality show'.

Não temos respeito mas pena sim, isso podemos dar, coitado, pobre, infeliz mas lhes ceder vagas, dar preferência, entender que ele não goza dos mesmos privilégios naturais que nós e precisa sim de preferência no tratamento, isso não e se fazemos é de má vontade.

O caso da semana passada ganhou notoriedade porque o cadeirante reclamou um direito que é seu e foi agredido por isso. Agredido por reclamar um direito!! Pode? Quantos outros deficientes não sofrem calados no dia a dia?

Acho mesmo que o futuro pode reservar uma sociedade mais justa e onde esse tipo de crime não exista mais ainda que, lá no fundo, tema que acabemos numa selva geral.

9 comentários:

  1. Hoje em dia todo mundo que reclama seu direito acaba tendo destaque da imprensa porque reclamar dos direitos ninguém o faz mais!

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  2. Forte, direto! Esta é a grande verdade ... somos todos assim mesmo ... qdo o caso ganha a mídia nos comovemos e nos indignamos e logo logo acusamos, mas em nosso dia a dia somos iguais ou piores ... como vc disse não somos educados para isto ... uma lástima mesmo ... mas enfim ... ser otimista e acreditar em dias melhores e em SERES mais humanos é fundamental ... que assim seja ...

    ;-)

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  3. A gente é muito menos nobre, educado ou limpinho do que gosta de demonstrar...

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  4. Infelizmente o Homem vem sofrendo ao longo de décadas um embrutecimento cada vez mais triste pois em um mundo que se supervaloriza o novo e o belo, o que é antigo,velho e feio acaba gerando repulsa. Triste constatação.
    Abraços.

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  5. No hiato entre um pensamento deste tipo e uma atitude desrespeitosa e/ou violenta reside (ou não) a nossa civilidade, não é mesmo?

    Ótima reflexão

    Bj

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  6. O pior de tudo, é que tudo que você escreveu é a mais pura verdade. Por mais cruel que seja.
    Bjão

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  7. E assim caminha a humanidade, cada um (o delegado, nós...) exigindo o "seu" sem se importar em devolver o "do outro".

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  8. Acho que a coisa seria menos calamitosa com um sistema que atendesse melhor as necessidades das pessoas invés de criar paliativos...

    Mas eu digo por experiência própria que é um pouco mais de reclamar seus diretos, é tratar todo mundo como o cidadão que é. Certa vez, em uma turma com três cegos, ouvi eles confessarem que a coisa que mais odeiam é que as pessoas os tratem como incapazes.

    Dificil? Sim. Impossível? Nem um pouco.

    Beijos Melo!

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  9. Puts, Melo... pH = 2 essa sua declaração sobre o assunto!
    Eu acredito que as coisas estão melhorando bastante... Talvez, daqui há uns 10 ou 20 anos, esse tipo de atitude não seja mais tão comum... Numa visão mais otimista, acredito qté que chegue ao fim... As novas gerações estão aí, e se eles não aprendem em casa (como deveria ser), ele acabam cendo na novela, na escola, ou até por eles mesmo... Como vc bem expressou, nada nos impede de chegar a essa conclusão por nós mesmo... Mesmo que o pensamento seja negativo, na maior parte dos casos, a reflexão nos faz enchergar o assunto por melhores ângulos!!!

    Um abraço, Melo...

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