25 de nov. de 2009

pretérito..






Outro dia, voltando do trabalho, li um grafite que dizia: ‘Viver é desenhar sem borracha’. Achei muito bom. Mas algumas pessoas parecem insistir em comprar borrachas e usá-las. O que está feito está feito e se no hoje isso é motivo de orgulho ou vexação cada um deve aprender a lidar com isso da melhor forma sem renegar o que já foi mas sim tirando dali o melhor possível. 

Porque muitas celebridades adoram renegar partes de seu passado e se esforçam ao máximo para apagá-lo ou transformá-lo em algo que lhes sirva de orgulho? Xuxa deve ser o exemplo mais claro que lembro. 

As alegações são sempre as mesmas: essa fase da minha vida acabou, hoje tenho família, não sou apenas isso, isso foi em outro tempo, eu era uma pessoa imatura e por aí vai.

Oras, é tão ruim assim exibir as cagadas que a imaturidade nos impeliu a fazer? Não seria mais honrado e limpo dizer: ‘Sim, fiz isso, fui isso porque naquela época era o que eu quis fazer ou que pensava ser o certo a fazer. Não me arrependo mas não faria de novo e isso não diz o que sou hoje apesar de ter me ajudado a chegar onde estou como pessoa’. 

Deveriam pensar antes de ter feito pois a escolha, essa, é individual e até onde sei ninguém é forçado a fazer nada que não queira exceto na Coréia do Norte e em alguns países islâmicos de extrema direita. 

Não adianta mesmo chorar o leite derramado, chame o gato pra lamber.

aqui se faz, talvez se pague...






A mídia adora um factóide. Fato. Fosse Polanski um qualquer e sua prisão ficaria restrita ao noticiário local. Sendo quem é ligam-se todos os holofotes e o mundo vira sua cabeça raivosa para ele.

Não digo que ele não deva pagar pelos seus crimes. Acho mesmo esse movimento pró-Polanski (não resisti) estapafúrdio. Só por que ele fez ‘O Bebê de Rosamaria’ significa que possa fazer o que bem quer?

Ou as celebridades e pessoas importantes gozam de foros privilegiados? (sim). Agora estimaram um valor para sua fiança mas creio que a novela esteja longe de terminar. Mas, como tudo no mundo das celebridades, provavelmente ele retornará aos holofotes quando fugir ou for finalmente extraditado para os EUA.

lá na frente...


 
A tecnologia avança a passos extremamente largos. Fato. Coisas que pensamos impossíveis há poucos anos materializam-se hoje a nossa frente. Há pouco mais de vinte anos o computador jamais seria pessoal e a informação estava restrita às bibliotecas ou arquivos fossem estes públicos ou privados sendo sua consulta ato laborioso e demorado além de acessível apenas aos que pudessem deles dispor.

O computador pessoal e a internet viraram tudo de cabeça para baixo e hoje, ainda que grande parcela da população seja de ‘excluídos digitais’, ao acesso é mais democrático e livre. Penso que os únicos campos que ainda possam fornecer alguma força sobre nossa imaginação sejam: 

Exploração do espaço
Longevidade 
Robôs

Isso sem abranger as pseudociências e suas ramificações. Desses três, acho que o mais incomodo são os robôs. Esse ato de criar algo à sua imagem, essa busca da reprodução da centelha divina que nos foi dada ansiando achar as respostas que até hoje (e talvez nunca) não temos causa desconforto e medo. 

Não um mas vários medos. Creio que o primeiro seja o do novo e isso acontece com todo avanço que promove uma grande mudança em nossas vidas. Somos afeitos ao que já sabemos, ao que já conhecemos e que já dominamos.

O novo implica reaprender, remodelar, repensar e o pior adaptar. Foi assim quando Fibonacci introduziu os algarismos arábicos na Europa em 1202 e os comerciantes insistiam em usar os romanos, da mesma forma os EUA se recusam a adotar o sistema métrico e usamos como teclado algo que foi inventado por alguém que simplesmente esqueceu que 90% da população é destra.

Mas o pior medo é que sejamos suplantados por algo que criamos e que se mostra melhor do que nós mesmos. De certa forma, ter filhos não é a mesma coisa? A diferença está na forma em que se faz a coisa. Porém os filhos são a seqüência natural dos fatos e devem suplantar seus criadores, é o que se espera deles. Uma máquina é criada para um fim específico e deve atender esse fim até cair em desuso ou não ser mais possível dar-lha a manutenção adequada.

Pensar que ela pode pensar é outorgar-lhe ares de igual e de que pode então julgar-nos ultrapassados e dispor de nós da forma de desejar afinal são elas o próximo passo na evolução. Mas, isso assume um pressuposto: que elas, as máquinas, desenvolverão uma inteligência cognitiva e como isso pode acontecer se o criador mesmo não sabe como isso funciona em seu ‘computador pessoal’ e assim não o pode reproduzir na criatura?

Somos frutos de milhões de anos de evolução e mutações fortuitas. Ainda que aceitemos a hipótese de que as máquinas possam adquirir esse tipo de inteligência por si através de algum tipo similar de evolução, estaríamos falando de milhares ou centenas de anos posto que elas seriam mais rápidas em seu aprendizado.Acho então que esse complexo de Frankenstein (termo cunhado por Asimov) é meio indevido e fundado no medo do que os avanços podem nos trazer ainda mais se estes possuírem formas humanas.

No entanto, lutar contra isso é inútil. O melhor seria repensarmos como interagiremos com essa tecnologia e como ela pode nos ser útil ao invés de encontrar seus perigos e possíveis defeitos.

febeapá


 

É impressionante o FEBEAPÀ no qual ainda vivemos. Vide esta noticia. Tudo bem que neste caso ainda se pode argumentar que tal alegação faça parte da abstinência mas a verdade é que tratamentos que prometem ‘transformar’ os gays em heteros ou ‘normais’ são oferecidos normalmente. 

Não acredita? ‘Google it’ e verás. Ser homossexual representa uma ameaça tão grande à sociedade? Existiria uma conspiração gay em andamento e que pretende derrubar toda a estrutura da família cristã? Enfim existe algo que justifique tanto medo? Esse pavor está no fato de que subvertemos a ‘ordem natural’ das coisas as quais nos foram impostas por um condicionamento moral embasado na religião onde o sexo é sujo mesmo quando usado para fins procriativos. 

Considere também o fato, ainda que com peso menor, de que esse estilo de vida não promove exatamente o crescimento demográfico e isso é tiro certo nos currais eleitorais, comunidades religiosas, elites dominantes que precisam de gente para que o status quo se perpetue. O peso maior, no entanto está na moral e bons costumes. No fundo, trata-se não da questão sexual em si posto que o sexo será feito mesmo ainda que nas alcovas. Trata-se de uma questão de ‘escolhas’. 

Veja, não disse que escolhemos nascer/ser gays pois creio que tal coisa esteja além de qualquer escolha. No entanto, representamos um estilo alternativo de vida e tudo o que é diferente deve ser banido, desestimulado e até estigmatizado pois todos devem seguir o padrão ditado pela sociedade homgenizando todos numa alienação dominical sem fim.

Se condenamos o que vai na contra-mão da sociedade então estamos com o todo, seguros, secos. Se não questionamos somos aceitos e fica mais fácil de por-nos o cabresto. Assim mais fácil é condenar do que entender que os gays não querem transformar a sociedade num gigantesco ‘dark room’ (ainda que alguns de nós fôssemos adorar) nem invadir residências cristãs e forçar pais de família a dar o cu (ainda que alguns o façam às escondidas).

Isso serve não apenas para a questão gay mas para praticamente tudo. Se toda a sociedade realmente questionasse porque os gays são tratados como são, as coisas mudariam rapidamente pois não teríamos respostas convincentes ou embasadas em provas científicas. Certamente haveria um pouco de tumulto pois muitas famílias veriam sua estrutura ruir posto que muitos gays ainda se casam e levem uma vida no armário. Alguns talvez preferissem continuar assim seja por afeição, comiseração ou comodismo mas tantos outros abraçariam a nova vida se esta pudesse ser vivida sem medo.

Infelizmente, isso jamais ocorrerá e teremos de tirar nos dentes os direitos que tanto precisamos. E nesse meio tempo, teremos de enfrentar e lutar contra ações como essas que prometem curar os gays.

Não se pude curar o que somos.

23 de nov. de 2009

on a hot summer night...



simplesmente maravilhoso, épico, desesperado, glam, adoro.

muscle mary

Dia desses, fuçando no orkut alheio (sim, todos fazemos não adiante torcer o nariz), notei o óbvio. Ursos tem ursos com amigos, barbies tem barbies, femininas tem femininas e por aí vai com raras exceções, muito raras mesmo.


Será sempre assim? Nunca mudará essa escravidão do corpão? Já não vivemos em gueto suficientemente para criar sub-guetos? Nunca vi os heteros fazerem isso, nós mesmo criamos essa segregação obcecados pelo corpão que somos.




Basta alguns quilos fora da escala aceita pela sociedade que as bocas torcem, os olhares ficam reprovadores e somos descartados rapidamente. Acho que essa fragmentação cultural e social dentro de nosso grupo enfraquece de certa forma o todo pois o que os ursos querem pode não ser exatamente o que as barbies querem que pode não ser o que as travestis querem que pode não ser o que as drags querem que pode não ser o que eu quero.


Aliás onde eu fico nisso tudo? Não sou barbie, não sou urso, não sou drag, sou apenas gay, não é o bastante? Ainda que essa divisão dê certa identidade ao mundo gay, penso mesmo, como disse, se ela não age contra nós pois somos os primeiros a rotular e alocar em castas nossos biotipos e quase como óleo para água é a chance de haver uma mistura entre as partes posto que até mesmo lugares de convívio social são separados ou você sabe de algum urso que tirou a camisa na the week?


Vejo como difícil unificar tudo sob uma única bandeira ainda que basicamente os anseios sejam os mesmos. Nesse meio tempo, sinto por aqueles que deixam o corpão ditar suas escolhas pois perdem chances preciosas.


Além do mais, o tempo é implacável com todos, o corpão um dia cai, eu gordinho não terei muita pelanca pra mostrar por aí.

22 de nov. de 2009

riscado e rabiscado

Lendo hoje o estado online vi isto.

A matéria em si não me disse muito, mais um desses 'flash mobs', coisa de gente conectada com seu tempo e que possui a velociade suficiente para acompanhá-lo.

Muito provavelmente, eu não consegueria estar na hora e local certo se é que tal coisa ainda é possível nessa cidade. O que me chamou a atenção foi este comentário para esta foto:



'Olhando essas fotos, percebemos que já não podemos contar com amplos segmentos da juventude, que ainda não perceberam o quanto que suas vidas e de seus futuros filhos está em risco. Aliás, por falar em riscos, por que o Estadão (nem nenhum outro jornal, que eu saiba) se debruça sobre esse fenômeno cada vez mais gritante nas ruas, de jovens (e nem tão jovens) todos riscados, rabiscados, pixados, como se vê nas fotos? Será que não tem nenhum jornalista capaz de pesquisar e nos explicar o que leva tantas pessoas a se esconderem atrás desses desenhos espalhafatosos, na busca de sensacionalismos que até poucas décadas atrás seriam considerados como pura cafagestagem?'

O ato de 'rabiscar ou 'riscar' a pela é quase tão antigo quanto a própria humanidade. O contexto de tal ato muda conforme a época em que este se encaixa. Houve tempos em que era marca certa de cafajestes e fascínoras, piratas, escória, putas e afins. Vale lembrar que estes são estigmas criados por nós ocidentais para estes 'rabiscos' pois em outras culturas soa considerados arte ou mesmo status.

Nossa visão é deturpada pois os rabiscos profanam o corpo, sagrado em sua forma e ofende os sentidos pois mostra a possibilidade e a necessidade (abençoada) de uns serem ou desejarem o diferente.


Tirar a parte pelo todo considerando-os todos como alienados é deixar sua visão deles como párias tomar a frente. É seu o sacrossanto direito de não aprovar mas não de julgar.

pastelão







A contrapartida de Ciao.

Trash total, interpretações pra lá de over, estereótipos aos montões, enredo de quinta, enfim, tão ruim que é bom.

Partindo do modelo das comédias 'high school' e "American Pie' (referência explícita literalmente) esta queria fazer o mesmo mas com um enfoque gay. Os tipos estão todos lá, só que gostam de meninos: o atleta, o nerd, o afetado, o comedor (uma sapatão, claro) e o virgem bem intencionado. Todos atrás de uma única coisa: perder a virgindade antes do fim do verão, esse estigma de filme americano para adolescentes, depois reclamam que sua sociedade é toda torta.

Enfim, salvo alguns momentos impagáveis como um sonho 'Carrie', não tem muito no filme que valha assistí-lo. Porém, alguma coisa ali, talvez pelo 'peso' de minha idade, me deixou com um certo saudosismo de quando me descobria e queria/pensava sexo 30hs por dia mas, lá no fundo, o que queria mesmo era alguém pra mim lição de moral do filme no final das contas.

Na verdade, se não for levado a sério, vale como tentativa de trazer um enfoque gay para um tema clássico. Afinal, não passamos pelas mesmas dúvidas, dilemas, anseios e expectativas?


Assista se tiver tempo ou estiver sem fazer nada.

hello/goodbye




Ciao serve tanto para dizer oi como tchau. Fato linguístico.

Infelizmente, nós gays não estamos contidos num gueto sob um único aspecto vide este filme que, até onde vai meu conhecimento, numca tocou as telas daqui e se o fez foi de forma restrita a algum festival ultramegafechado daqueles que participam apenas meia dúzia de inciados.

Pena. É um drama excepcional em minha opinião. Trata a questão da perda como renovação posto que podemos muitas vezes estar presos ao que julgamos ser nosso objeto de desejo pois, como diria Dr. Lecter: 'Cobiçamos o que vemos todos os dias...'

Também fala algo, entendo eu, sobre não guardar para si sentimentos. Pior que as oportunidades que tal sinceridade poderiam gerar é o fato de não poder nunca mais tê-las pela simples não existência do outro.


No fim, tem-se aquela sensação de como nos conhecemos pouco, como não nos falamos e como acabamos procurando por respostas 'longe de casa' quando estas, ainda que possam não ser as que desejávamos ouvir, estavam sim aqui ao lado.


Assista sem falta.

em pedaços...





A realidade em si pode ser extremamente decepcionante. Talvez a decepção esteja no esquecimento ao qual jogamos as coisas simples do dia a dia.

Fomentados pela velocidade e pela ânsia do chegar (não importa aonde) essas coisas perdem-se no caminho e quando tentamos resgatá-las é tarde demais.

Talvez por isso, ao ler isto aqui não tenha sentido uma guinada em minha vida, nem mesmo cheguei aos prantos quanto em outras coisas que li. Mas, de alguma forma, ver essa vida cheia das mesmas (com as devidas proporções guardadas) dúvidas, anseios, desejos, re(pressões), o sentimento de 'não sou só eu' fica.

Doce, poético e sincero. Leia.

19 de nov. de 2009

this time of night...




Era noite em são paulo.

Da janela aberta outras janelas abertas para a nossa, cada uma fechada em si.
Era noite em são paulo.

Na TV ligada nada muito novo ou velho, apenas o mesmo de sempre, perdido na mesmice da semana. No quarto, nada de muito novo também, apenas o mesmo amor de sempre, intacto, imutável, sereno.
Era noite em são paulo.
As luzes piscaram, algumas vezes, rápidas, oscilantes, fraquejavam. Foram-se de vez logo após deixando pra trás nada além de breu. Nossas vidas são regidas pela ausência ou presença de eletricidade, fato.
Quando ela se vai, ouvem-se gritos de comoção menores apenas dos que são ouvidos quando ela retorna. Ficamos olhando afora, para outros que também desprovidos de luz voltavam sua atenção para o exterior buscando algo que lhes preenchesse os olhos. Livres momentaneamente da máquina alienadora, notam os detalhes que os cercam por anos, mudos, sem pedir nada em troca contentes com o simples fato de ali estarem e só.
Os que não podem viver um segundo sem luz agarram-se às novas lanternas em que se converteram os fones móveis, os menos afortunados usam velas mesmo. Distinguimos alguns flashes, incluindo um nosso. Era um fato tão incomum e tão proporcional ao tamanho da cidade que merecia ser perpetuado em ‘filme’.
Era noite em são paulo.
As travestis se aconchegaram mais às sombras pois nela são mais livres, imperfeições tornam-se apenas detalhes ignoráveis, a falta de luz é um excelente fotoshop.
Pensamos em como se fazia quando as velas reinavam absolutas, que fazer? Onde ir? Como chegamos a esse ponto de dependência de algo que, no fim das contas, não sabemos controlar direito?
Vivemos presos a fios mui finos, como cabelos fracos, feitos pelas nossas mãos habilidosas mas ainda assim fracos. Basta um deles romper-se para que sinais de barbárie se manifestem entre nós. Teremos o dia em que todos os fios vão se romper.
Até lá, sempre será noite em são paulo.

face it, you're old!




Envelhecer é fato incontornável, inexorável.

A sensação, creio eu, não vem de dentro onde se conserva fresca a flor jovem regada não pelo sangue lento e corrompido, mas pelos sonhos vívidos que jamais morrem e servem de amparo à senilidade pois então parecem-se mais com realidades do que metas nunca atingidas, a prerrogativa do ancião.

De fora é que vem o veneno da velhice, das pessoas que não estão mais, das idéias que não são mais, dos ideais que pouco eram, dos lugares que já não são. Entram e se apegam ao dna provocando sua degradação.

Em certos lugares isso para mim é muito evidente. Como na faixa em frente ao que foi um dia o Cine Belas Artes onde havia, um dia:


Bar Baguette: lugar nostálgico onde tomei incontáveis porres e onde podia usar até mesmo o telefone. Onde chamava o garçom pelo nome e conhecia o dono. Onde podia sair sem pagar e acertar na próxima.


Esfiha Chic: sempre aberto para matar aquela fome de final de noite ou aquela antes de cair na noite


Burger & Beer: um clássico que apenas as balzaquianas conhecem. Deve ter sido um dos primeiros bares gls da cidade, fervia de Sexta a Domingo, bebida farta, porções divinas e flertes à vontade. Sinto pela nova geração que não poderá conhecer um lugar tão acolhedor.


Ainda restam alguns dinossauros por ali como uma pizzaria das antigas mas o resto, ou está fechado, aguardando que a região seja renovada (como o Bar Riviera do qual só restou o luminoso informando que um dia ali se vendeu Chopp Brahma) para que um dia volte a receber pessoas ou está em constante mudança indo de concessionária de motos a loja de complementos alimentares, Mcdonalds, salão de beleza, escola de dança e por aí vai.

Esses lugares que já não são me enchem de uma nostalgia agradável mas, ao mesmo tempo, dão-me conta do tempo que passou e de tudo que vivi ali. Chego mesmo a cogitar passar em frente os lugares e postar-me no mesmo pedaço de calçada, porta, enfim, tentar resgatar algo desse passado que aos poucos vai me deixando.

No final, sei que tudo que me restará são essas lembranças.

lua (realmente) nova

Assistimos, fim de semana passado, a isto:





Por ter sido dirigido pelo filho do homem (leia-se Bowie) o filme já é cult. Gostei, confesso, mas esperava algo mais filosófico, cabeça mesmo. Visualmente o filme é impecável, uma atmosfera meio retro que me lembrou algumas séries de sci-fi dos anos 70/80, sem grandes efeitos gerados por computador, apenas um apuro visual muito grande.

Não vou revelar nada sobre a trama pois é a chave de tudo. Apesar de, como disse, esperar algo mais profundo, o filme trata questões como ética científica, ganância corporativa, solidão e compaixão e auto-conhecimento de forma simples e tocante.

Preciso dizer que o filme todo possui referências explícitas (como o computador que controla a estação lunar, por exemplo) a 2001? Só não as vê quem não quer ou não assistiu ao clássico.
Assista assim que puder ou, como nós, baixe e veja em casa. Cinema é coisa do passado, nunca mais, ainda mais eu que detesto interagir com os de minha espécie.

hal




Falando em 2001, apenas há alguns dias notei como até mesmo Wall-e tem referências do filme. Basta ver os computadores que controlam a nave onde os humanos se exilaram não somente em aparência como em comportamento.
Claro, tudo devidamente diluído para não causar aversão aos pequenos, alvo primário de tais animações.


 

A frustração é um bicho de várias cabeças com fomes diferentes. Fecha seus caminhos, impede suas passagens e poda seus movimentos ao mínimo necessário para sobrevivência.

Nesse caldeirão rancoroso interno, borbulha uma receita perigosa que leva a alguns até o fim da linha e outros a viverem eternamente mergulhados em fel.

Se há antídoto ele existe dentro mesmo, não há remédio ou panacéia que lhe dê jeito, apenas uma força muito grande interna pode fazê-la recuar e abrir espaço para ares mais frescos. Essa tarefa é quase impossível, cada dia promete cumpri-la apenas para o anoitecer lhe dar a certeza de que pouco ou quase nada foi realizado ou conseguido.

Um dia desses, um dia desses.

no trabalho III


Ela me pergunta por que pedi livros como presente de amigo secreto o qual me vi impelido a participar para não dar ares de nojento ou fascista:
 
Ela: ‘Voce pediu três livros né?’
Eu: ‘Sim’
Ela: ‘Nossa, porque não pediu um livro e outras coisas?’
Eu: ‘Gosto muito de ler’
Ela: ‘Eu não tenho muita paciência, sabe’ (eu já notara pelas músicas que ela ouvia e frases da profundidade de uma planária que a mesma insiste em proferir)
Eu: ‘Não sei o que faria se não pudesse ler.....’
Ela: ‘Quem é Carmem Miranda?’ (ao ver que um dos meus pedidos era a biografia da pequena notável)
Eu fingi que precisava atender o celular e saí de perto. Não tenho paciência.

no trabalho II

Ela: ‘Sabe, acho que fulana fez merda mas eu não sei se falo pro chefe ou fico quieta’
Eu: ‘Foi algo muito sério?’
Ela: ‘Ah, mais ou menos mas pode dar problema...’
Eu: ‘Melhor falar ou você pode ser apontada como conivente...’
Ela: ‘Que é isso? Conivente’


Desisto.

não sou gay, sou bi


Lendo isto fiquei satisfeito ao ver que a inclusão toma mais uma área. Da geração que é agora não se pode demandar muito posto que ainda carrega o ranço de outras eras e dificilmente abrirá caminho (só à foice mesmo) às mudanças que tanto precisamos.


Somente as próximas poderão, assim espero mas ciente de que muito provavelmente não verei, tratar da questão com a naturalidade e seriedade que ela merece usando como base tudo o que plantamos agora.


Irrita-me porém (novidade) um detalhe que tornou-se comum entre aqueles que, em minha opinião, não conseguem resolver direito sua orientação. Assumem-se bissexuais o que é mais palatável a opinião pública.


Ser viado, ser gay, ser homossexual é motivo para execração e danação eterna mas, ao que parece, o bi não padece da mesma sina e pode sim andar tranqüilo nas ruas sem medo de ser currado e apontado como bicha afinal, ele gosta ‘das duas coisas’ ou seja implicitamente ele gosta de mulheres predominantemente mas, às vezes, dorme com homens.


Acho isso ruim pois cada vez menos pessoas se assumirão como realmente gays e vislumbro um futuro onde todos serão bi. Ainda que acredite na possibilidade de que se possa gostar das duas (ou mais) coisas, usar isso como disfarce para sua real orientação me parece falso e repulsivo.



no trabalho I

Ela: ‘Já estou usando o aparelho faz (sic) um ano’ 
Eu, desconsiderando o gerúndio e o verbo: ‘Que bom’
Ela: ‘Você devia usar também, seus dentes são bonitos, devia arrumar’
Eu: ‘Pra quê? Para ficar igual a todos vocês com uma mordida milimetricamente perfeita? Tipo linha de produção?’


Ela me dá as costas e vai embora.

lembranças aleatórias não relacionadas com a infância

Lembrança #10 Lembro de uma festa ou rave ou balada que eu ajudei um amigo a organizar num tipo de sítio eu acho. Estava separado do meu nam...