Lembrança #10
Lembro de uma festa ou rave ou balada que eu ajudei um amigo a organizar num tipo de sítio eu acho. Estava separado do meu namorado na época e já meio que namorando com um outro cara que lembrava um pouco ele, que dizer, ato falho ou hábitos antigos são os mais difíceis de abandonar.
Lembro de chegar na festa com meu novo boy e ajudar meu amigo com várias coisas da festa e, ao mesmo tempo, evitar ficar cara a cara com meu ex. Deixei o boy novo dançando e disse que precisava ajudar meu amigo na organização da festa e ele aceitou e eu realmente estava ajudando até que, certo momento, meu ex já um tanto bêbado me puxa para conversar e pergunta o que eu estava fazendo com aquele cara que não tinha nada a ver comigo e lembro de um diálogo tenso que terminou com cada um indo para seu lado com algum tipo de ferida para lamber.
Lembro de acabar a festa e eu me oferecer para dar carona para algumas pessoas que moravam perto incluso vocês sabem quem. Lembro de chegar na casa dele e ele me pedir para descer, lembro de nos beijarmos e nos chuparmos e nos amaramos numa laje e ele dizendo que eu era dele e ele era meu mas talvez fosse apenas o álcool falando, lembro de voltar para festa, pegar me ficante e ir embora e, dias depois, terminar com ele para voltar com meu ex, quem nunca..
Lembrança #11
Lembro desse mesmo ex e de uma das N vezes que terminamos e voltamos e de como eu ficava buscando pela cidade traços dele, buscando sua trilha e pequenos detalhes que ia juntando para montar um quebra cabeça que nunca se completaria. De ouvir dele aqui e ali e de uma vez, chegar na casa de um amigo para descobrir que ela acabara de sair e encher a cara porque eu não aceitava, a gente quando é novo sempre acha e enche a cara para esquecer mas depois fica velho e acaba enchendo a cara para esquecer também mas não o ex mas o tempo que joga contra e nos mostra os ponteiros cada vez mais rápidos.
Lembrança #12
Levar ele para casa de carro, a estrada aberta e escura, apenas as luzes do painel e a música tocando feito algum efeito sonoro vindo de algum mundo diferente e ele com a cabeça deitada em meu colo - nunca antes de entrarmos na estrada, sempre ao entrarmos, como se ali naquele breu feito de asfalto de lanternas fosse o lugar onde eu e ele poderíamos enfim repousar um no outro - e eu tentando trocar as marchas sem incomodar ele e olhos fixo na estrada e um sentimento de completo e amor e posse de mim que não cabia naquele caminho feito de escuridão e luzes falsas e eu com um sentimento de que aquele era meu mundo e de que eu poderia morrer ali mesmo porque seria bom porque ele estaria comigo e ele em seu sono em meu colo era algo palpável, rastreável, vivo e que me dizia que a vida era possível e que amar ao menos ali era bom, um pedaço de estrada e música e um amor no colo é tudo que se precisa para se feliz...
Oi, Princesinho! Olha quem voltou para esse espaço! Voltei mais ácido e ferino por que os anos fazem isso com a gente. Vai durar? Só Deus sabe mas por hora estou aqui e bem animadinho.
ResponderExcluirA blogosfera morreu, pelo jeito, né? Mas adorei saber que vc ainda anda por aqui, mesmo que mais sazonal. Vc e o Wans sempre foram uma inspiração pra mim e estão sendo mais uma vez.. Adorei ler suas lembranças, me fez pensar na riqueza do espaço blogger. te sigo em redes sociais , mas que espaço há em redes sociais para partilhar lembranças tão íntimas? Tudo é tão detestavelmente efêmero.
Senti vontade de escrever sobre o meu passado tbm, mais uma vez vc me inspira. Adorei as lembranças com seu pai, a descrição do passeio de avião, do trem fantasma e essa última com o namoradinho... Foi um privilégio entrar nessa viagem contigo.