Velho. Chato. Amargo. Ranzinza. Morto.
Adjetivo: que serve para modificar um substantivo, acrescentando uma qualidade, uma extensão ou uma quantidade àquilo que ele nomeia (diz-se de palavra, locução, oração, pronome).
Adjetivar é um hábito humano desde que aprendemos a desenhar nas paredes de cavernas e descobrimos a comunicação, a comunicação sem adjetivos inexiste, o problemas é que nos tornamos criaturas adjetivas e nunca mais usamos substantivos.
Ficamos tentando entender como pudemos eleger um mito, fácil saber! Qual surpresa em ter um demente na presidência num país que idolatra personalidades da internet e suas dancinhas e opiniões de cinco minutos? Sim, somos nós os culpados! Deixamos de lado a veracidade dos fatos para seguir correntes de whatsapp e likes do insta, se está na rede então deve ser verdade e não tem problema não verificar afinal, quem está postando tem mais de um milhão de seguidores!
Somos a raça digital por excelência, alguns se perguntam de vamos migrar nossas consciências para o meio digital, já o fizemos! Basta ver que todos nós não existimos no mundo real se não existirmos no digital. Não conhecemos mais uns aos outros mas nossos avatares, postagens e likes, sem isso não somos, não há vida e não há presença.
Deixamos de lado a leitura factual e interpretação, a semiótica das coisas e a discussão por 140 caracteres ou vídeos ilustrativos e ficam todos gritando para obter mais e mais visualizações e curtidas. Não há mais espaço para aprofundar um tema, há apenas efeitos e filtros e produção, quem fizer melhor leva! O que formadores de opinião vendem em seus canais não é clareza ou verdade mas vícios e verdades de um certo ponto de vista o que nos isola em grupos e fomenta cada vez mais a polarização e a divisão.
Preferimos ver dancinhas e reels do que entender que nossas vidas estão indo pelo ralo enquanto as celebridades e influencers gastam milhões para manter o cabresto, ao venderem um estilo de vida fazem da gente escravos que irão batalhar incansavelmente para conseguir aquilo até que, ao conseguirmos, eles estarão em outro nível e teremos de começar tudo de novo.
Damos mais atenção a shows de realidade e celebridades digitais do que pessoas de fato, essas que vivem e morrem sabe? Essa mentira vendida como se fosse creme divino, essa pose toda que não garante um prato cheio, estamos esvaziando nossas panelas para manter a deles sempre cheia e quem paga a conta no final somos nós.
Antes, éramos estúpidos restritos apenas a nossa bolha de ignorância e ainda havia alguma chance de sairmos dela mas hoje, estamos todos imbecilizados e incapazes de tirar o nariz de nossos celulares, a estupidez virou mercadoria e valiosa! A ignorância virou moda e oportunidade, ser imbecil é algo bom e a frivolidade aceita como coisa boa, vestida de moda ou onde cultural, ganhou ares de conceito e arte e prospera forte em todos os meios sem medo de ser obscura.
Acreditamos mais nos tiktokers do que na igreja e uns nos outros, se um deles disser que precisamos matar alguém, faremos de bom grade e com um sorriso no rosto, a internet sempre sabe o que faz. Temos mais fé nos ex-bbb-fazenda-masterchef do que em nós mesmos, estamos tão descrentes de nós mesmo que precisamos de pessoas que ganham competições para entendermos que temos valor e pautar nossas vidas por elas, estamos imersos em um QR code que nunca vai terminar e estamos felizes!
Deixamos a realidade de lado e estamos plenos vivendo de sonhos feitos de chips molhados e processadores saturados, queremos o fácil, o simples, o imediato porque o amanhã não existe, é uma invenção do hoje e o passado é velho e não se usa mais, viramos seres minuto, humanos do segundo, pessoas do se não for agora não presta, viramos uma pasta amorfa que não alimenta ninguém.
O agora está morto. Longa vida ao agora!