haóitoanoseuquenãosabiadenadapasseiaamar
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sermaisaindaapesardotempocorrido
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14 de dez. de 2009
surrender...
em algum lugar do oitenta...quando eu sonhava musica e pensava amor.
essas coisas que hoje chamo wans...
certo saudosismo, gosto antigo, desejo de voltar mas ficando algo daqui ainda.
a sensação de deslocamento que nunca deixei de sentir, não encaixar, ser a peça faltante, o buraco no quebra-cabeça.
quebro a cabeça então pois prefiro não ser parte do todo.
longe, sempre, melhor assim do que na fila com os demais.
essas coisas que hoje chamo wans...
certo saudosismo, gosto antigo, desejo de voltar mas ficando algo daqui ainda.
a sensação de deslocamento que nunca deixei de sentir, não encaixar, ser a peça faltante, o buraco no quebra-cabeça.
quebro a cabeça então pois prefiro não ser parte do todo.
longe, sempre, melhor assim do que na fila com os demais.
41
there are 41 ways to go
41 needs to show
41 ways to blow
but you're my truth in disguise..
there are 41 songs i learnt
41 things i forgot
41 years to know
41 ashes burn..
much could not be done
but you're my truth in disguise...
that's the number i know
that's the combination i have
but again you are the truth in disguise...
that's the end of it and the share of it
that's the best of it and the shit of it
depends on what we design for fate
and we need to separate what it means to the eye
there are 41 fears to know
41 shapes to throw
but then again you're my truth, not i
41 needs to show
41 ways to blow
but you're my truth in disguise..
there are 41 songs i learnt
41 things i forgot
41 years to know
41 ashes burn..
much could not be done
but you're my truth in disguise...
that's the number i know
that's the combination i have
but again you are the truth in disguise...
that's the end of it and the share of it
that's the best of it and the shit of it
depends on what we design for fate
and we need to separate what it means to the eye
there are 41 fears to know
41 shapes to throw
but then again you're my truth, not i
10 de dez. de 2009
apenas crescei...
Ainda no mesmo almoço, ao chegar no local, eu, que me encontrava no banco traseiro, não pude sair do carro pois este era ‘child proof’. Assim, tive que aguardar que a ‘amiga’ sentada no banco da frente se dignasse a me abrir a porta.
Que a função dos heteros é povoar o mundo para mim é ponto pacifico. Deixem a nós preocupar-se com as coisas belas e viver em si abraçando abertamente o hedonismo que vocês escolheram não aceitar quando resolveram procriar.
O mundo passa a girar em torno de alguém que nem mesmo faz parte dele, tudo para essa coisa que nem mesmo ainda é passa a ser prioritário, tudo gira em torno disso e espera-se que nós também.
Não recrimino quem fez a escolha reprodutiva mas espero um mínimo de respeito por aqueles que escolheram outra via sejam gays ou mesmo heteros. Não sei o que é pior: nós gays que somos taxados de pecadores e pervertidos, anti-naturais ou os heteros que resolvem cuspir na cara da mãe natureza.
Acho que os dedos apontam para nós, seja de qual caminho sexual formos, que escolhemos não procriar carregados de culpa e não de recriminação pois representamos a escolha que poderia ter sido feita, o que poderia ter sido.
Dedos ignorantes e cheios de remorsos, angústias, afinal, nunca lhes disseram que tudo na vida (ou quase tudo) são escolhas mesmo o multiplicai-vos.
indigesto
Indo almoçar com duas 'amigas' do trabalho, no carro:
Ela1: ‘Você é casado?’
Eu: ‘Sou’ sem dizer que era com outro homem
Ela1: ‘Quanto tempo?’
Eu: ‘Oito anos, praticamente’
Ela1: ‘Tem filhos?’
Eu: ‘Não, nós não queremos’
Ela1: ‘Nossa! Mas por quê?’
Ela2: ‘Sim, vocês já até passaram da idade, não acha?’
Eu: ‘Nós ainda queremos fazer muitas coisas...’
Ela1: ‘Ah mas um casal sem filhos...’
Ela2: ‘Completa a relação’
Eu: ‘Não gosto de crianças...’
Fim da conversa e do almoço.
dogs & cats
Tudo parado. Há anos é a mesma coisa. Jamais mudará.
Isso para mim é certo pois além de autoridades tão competentes quanto uma planária, temos a educação de bárbaros. Fato.
Não adianta limpar, arrumar, canalizar, afundar se ainda jogamos de papel a geladeira no rio. Aqui, ainda somos colônia, não evoluímos muito desde aquela época.
Melhorar as coisas é jogar pérolas aos porcos. Primeiro nos educamos e depois nossos governantes nos terão medo, não o contrário. Daí, as coisas começarão a entrar nos eixos.
fame me
Pior do que não ter fama, é tê-la e perdê-la. Essa máquina idolatrada por todos, mastiga impiedosamente até triturar os ossos e cospe o bagaço no prato do esquecimento.
Poucos conseguem deixar seu gosto prolongado na boca da fera, deixando-a com sede por mais. A grande maioria tem seus minutos e passa o resto da vida tentando fazer o caminho de volta à boca da besta entrando em moto perpétuo.
Fica a sensação de que Leila fez seu último esforço para voltar aos dentes do bicho. Já que foder e lidar com o erótico não surtiu o efeito desejado, sua última chance era sair desta pra melhor em ‘grande estilo’.
Alie-se a isso suas frustrações e desgostos e ela conseguiu ser assunto mais uma vez. Cômico e quase trágico. Num mundo onde ser eliminado de um show de realidade é motivo para choro convulsivo como se lhe tivessem roubado a razão de viver, que esperar mais?
Certa estava Garbo.
working girl...
Reunião de amigos. Final de ano. Festa. Confraternização.
No bar, no meio deles todos, sente a garganta seca não importa que já seja o sexto chope. Entalado, o segredo quer sair, se misturar aos seios, bundas, vaginas e imagens putas soltas pelos outros.
Porém, suas imagens putas são do contrário, mais alguns chopes e os amigos ali presentes passariam a fazer parte delas. Soltá-las seria pedir o fim da festa. Melhor continuar tentando forçá-las goela abaixo.
Mais petiscos, mais álcool, mais tédio, mais futebol, mais gostosas, mais conversa de machos. E o tédio crescendo, ele ainda se esforça para participar e comentar um ou outro assunto mas se avança dois passos dentro daquele território estranho é muito. Quando isso ocorre, o próximo passo causa um isolamento como se ele descobrisse falar uma língua totalmente diferente dos habitantes daquele local.
Mais álcool, é o remédio. Então, a certa altura, alguém lhe faz uma pergunta, não entende bem mas sente o cheiro do sexo permeando a inquisição. Todos olham para ele, culpado, dez anos de trabalhos forçados. Pensa em responder qualquer coisa mas a verdade sai limpa e crua:
‘Porque sou gay’
Há um segundo, ou minuto, ou hora de silêncio. Solene. Palpável. Olhares se cruzam na mesa, o desconforto é material. Então um deles agarra o machado irônico e solta:
‘Ah! Mas a gente já sabia, tava esperando só você contar..’ seguido de outro encorajado pela quebra do protocolo:
‘Claro! Além do mais, isso não importa pra gente, você é nosso amigo’. Seguem-se mais demonstrações solidárias, chistes, ironias e afins. Ele vai aos poucos encontrando conforto e sentindo que as rédeas que segurava até deixar roxos os dedos vão aos poucos se afrouxando e quando dá por si, seus cavalos estão novamente selvagens.
De posse de um assunto novo, todos se animam em analisar, contestar, questionar. As perguntas chovem nele e entre os outros. Respostas descabidas, idéias arcaicas, pré-concebidas, pré-conceitos, estereótipos e ele tentando, da melhor forma possível, esclarecer a todos. Difícil esclarecer coisas sobre um grupo ainda que seja parte dele, as opiniões que emite, deixa claro, são suas, subjetivas e não devem ser tomadas como uma verdade gay.
Fatalmente a conversa descamba para o sexo. A curiosidade é enorme pois foge do papai/mamãe que lhes é familiar e, sendo machos, qualquer chance de fornicação é válida ainda que neguem isso sob tortura. E lá vai ele se desdobrando sobre ativos, passivos, oral, anal e afins.
Na mesa, os olhares são de espanto, algum nojo (disfarce do desejo) e muito sarcasmo. A cada revelação daquele mundo ele vê os outros querendo mais, ansiosos por algo que lhes tire o tabu da cabeça liberando-os da culpa ancestral. Então, um deles dá um golpe final:
‘De nós aqui, quem você faria?’. Coro de desaprovação, mais risos, mais piadas mas a curiosidade sobre o que ele acharia atraente é maior. Como um macho enxerga outro, ser o alvo do desejo de outro macho, essa ambigüidade, esse veneno, essa coisa é maior que os pudores e eles se postam a espera de respostas.
Ele chega a se negar mas a vaia vem espessa, em bloco e o álcool não ajuda a lhe fazer barreira.
‘Bom’ diz ele ‘dos que aqui estão, só não faria o Paulo e o Luis’. Gargalham até o choro entre ironias e piadas baixas, humilham os rejeitados incitando-os a ingressar no seminário pois nem mesmo os machos os cobiçam. Estes dão graças por não serem alvo do amor masculino, da afeição sem nome.
Ofensa para ele afinal, ser gay não significava ficar com restos, com o que as fêmeas enjeitaram porém a guarda para si não querendo fazer palanques ali. O álcool se faz presente em sua bexiga, precisa esvaziá-la.
Levanta-se e via em direção do banheiro. Entra e dá de cara com o espelho, uma caricatura? Um novo eu, liberto? Sorri de esgar e vai para o mictório quando vê que outra pessoa entra no recinto das águas.
‘E aí, Paulo?’ diz ele para o amigo que ia compartilhar com ele o alivio. O outro nada responde enquanto ele começa a verter sua água. Percebe que o outro não faz nada, está apenas ao seu lado com olhar contrariado.
‘Porque?’ diz o outro.
‘Porque o que?’ responde ele.
‘Porque você não me faria?’ diz o outro. Pego de surpresa, ele nem sabe como responder e nem consegue pensar e urinar ao mesmo tempo por já estar bem alto. Olha para o outro com ar perdido, a boca numa abertura estranha esperando que lhe saiam palavras.
‘Porque?’ repete o outro.
‘Não sei’ diz ele ‘Acho que nunca pensei direito...ah...acho que você não faz meu tipo, sei lá e...nunca nos falamos direito e você nunca...sei lá..’ o álcool lhe inibe as sílibas tornado-o pouco mais que um símio.
‘Como você sabe que não sou seu tipo?’ diz o outro chegando mais perto dele ‘Sou tão feio assim?
Ele já acabara de urinar mas ainda segurava o pau flácido e úmido.
‘Não, não é isso’ diz ele acuado ‘É que eu nunca...deixa pra lá..vamos sair daqui..’
Ele tenta fazer caminho para sair mas o outro barra sua passagem e de súbito, aproveitando os reflexos mais lentos do alcoolizado, prende-o num beijo longo, brusco, áspero, sôfrego e determinado.
Uma eternidade depois, desgrudam-se. Um satisfeito por ter sido determinado, o outro desnorteado por não saber mais o que fazer. Trocam um olhar furtivo, rápido, cúmplice, feromônico.
‘Agora você vai saber se eu sou seu tipo ou não’ diz o outro e sai do banheiro.
3 de dez. de 2009
amém
Ora, ora, não é que uma de nós conseguiu?
Agora o padre diz que não sabia que não era uma mulher. Bom, sei que o senhor não deve ter experiência com as rachas mas, com as gays, isso deve ter, é certo. Então, nada de dizer que não sabia que era uma trava.
Mesmo que anulado, a amiga já realizou o sonho de tantas outras. Sonho esse que não deseja desmontar a sociedade mas integrar-nos a ela e a seus ritos religiosos que nos foram impostos desde pequenos.
Primeiro nos dizem que Ele ama a todos sem distinção mas, se você der o cu ou chupar uma rola a coisa não é bem assim. Se Ele me fez assim, porque não haveria de me amar também e me deixar gozar de todas as suas bênçãos?
É esse medo primitivo de que ao sancionar a união dos iguais se abrirá a porta do inferno e sabe-se lá que mais virá depois. Estamos no século futuro com as meias de três séculos atrás. Mas essa batalha é lenta, tem de ser ganha pelas bordas, talvez eu não veja a causa ganha mas sei que ela o será.
8ivy
Só damos valor ao que perdemos. Fato.
Viver com 8ivy é viver com granada na mão, sem o pino, ouvir o tic-tac da bomba dia e noite e aprender a ouvi-lo como se fosse o canto dos pássaros. É cruzar a rua sem saber se há outro lado. Aperfeiçoar o pior e piorar o melhor. Un-dead.
Poderia escrever um texto longo, incendiário, panfletário e afins mas, nada disso mudaria o fato de que ‘people are still having sex’ e de que ‘the safe thing is not working’ e de que a vida com 8ivy é a mesma que a dos outros só o fio que nos liga a tomada é mais curto, movimentos bruscos podem nos desconectar.
A principio o gosto não muda muito mas, os dias passam e o gosto vem de vez em quando pois você pode não ver a próxima estréia, o próximo disco, o próximo livro, o próximo dia. O gosto vem e vai, tic-tac, tic-tac, e você faz o melhor que pode com aquilo que tem sendo que já fazia isso antes mas não se dava conta.
O mundo não muda, a vida não muda, as coisas não mudam, você muda um pouco e as pessoas muito pois o 8ivy lhes mostram sua verdadeira cor, esse arco-íris que começa a perder as cores, lentamente.
Tic-tac, tic-tac. O tempo passa e as coisas que você não fez não importam mais, só as que você faz agora pois o imediato é tudo que se tem, tudo que se pode. O prazo longo comprime-se no curto pois é tudo que se tem para aproveitar.
Assim se (sobre)vive com 8ivy.
pré
No estúdio de tatuagem, enquanto aguardava para ser atendido. Do lado de fora, em frente a vitrine onde se exibem diversos penduricalhos, três proto-humanas param, encantadas pelo brilho dos balagandãs.
Uma: ‘Alá o baguio que você queria..’
Outra: ‘Que nada mano, nem é, vamuembora’
Mais uma: ‘É, mano, vamuembora que a gente precisa ir’
E saem s três arrastando as mãos pelo chão.
Vida de tatuado III
Outro ponto importante é a escolha do desenho. Pense com cuidado, escolha bem. É pra sempre.
Claro, você pode escolher algo novo, que ninguém tem como tribais, índias, peixes, dragões, nome de noiva, pai, mãe, mulher, filhos, cachorro ou o pior, a face do homenageado. Tenha certeza de que qualquer uma dessas irá colocá-lo no panteão da mesmice ao lado de outros zilhares já lá acomodados.
Escolha algo que lhe diga alguma coisa, que represente alguma coisa para você e não algo que vá ficar bonito. Para isso existem bijuterias e badulaques de montão. E tente, na medida do possível, ser original.
E tenha certeza de que quer mesmo fazer a tatuagem, como disse, é para sempre.
Vida de tatuado II
Como disse em outro post, tem gente que precisa mesmo de tratamento antes de resolver se marcar. Existem aqueles que preferem uma garrafa de qualquer coisa com álcool para enfrentar o processo mas isso é péssimo.
Em minha opinião, isso atrapalha todo o trabalho. A dor é parte integral da tatuagem, é o preço que se paga para embelezar o corpo assim como um lifting. Anestesiar tira parte da beleza, da arte em si, da dor da criação.
Além disso, o tatuador é um profissional e não seu padrinho do AA. Outro ponto é que sóbrio você pode dar opiniões sobre o trabalho em andamento, ébrio, você pode acabar com a Aracy de Almeida ao invés daquele tribal que tanto desejava.
Vida de tatuado I
Fazer uma tatuagem é coisa séria. Creio mesmo que os menos seguros sobre o assunto deveriam até procurar ajuda especializada antes de marcar a pela em definitivo. Fazer por impulso é certeza de arrependimento posterior e cobrir o erro pode ter resultado ainda pior. Removê-lo é tarefa árdua e pode sair mais caro do que foi para fazê-lo.
Dói? Sim, na alma. Existem, certamente, dores piores mas o prazer posterior é tão imenso que o sacrifício mostra-se válido. Isso sem dizer o status que as tatuagens lhe outorgam. Por mais que vivamos numa sociedade moderna, esse ainda é um tabu.
Vejo nos olhares que cruzam as minhas três tipos de ares:
Reprovadores: aqueles que vêem a tatuagem como uma mácula, um símbolo de cafajestagem ou de vadiagem, de irresponsabilidade, de desafio à ordem estabelecida.
Desejosos: aqueles que vêem, gostam e pensam ‘Se eu tivesse coragem....’. Esses olham com cobiça e desejo pois o outro foi capaz de ir além do que puderam, ousaram, passam a imagem de não ter medo de nada (afinal dói), de serem sexy, seguros de si.
Irmãos: outros tatuados que olham as suas buscando referências, idéias, ideais.
Viramos, às vezes, o centro das atenções pois uma tatuagem já é alvo de admiração mas, duas ou mais e você vira referência. E lá se vão as mesmas perguntas:
‘Dói muito?’, ‘Que desenho é esse?’, ‘Onde você faz?’, ‘Quanto saiu (preço)?’
Respondo a todas da mesma forma, com certo orgulho é verdade. Afinal, meu corpo é uma obra de arte.
Vida de tatuador II
No mesmo dia, outro momento. Duas adolescentes entram:
Ela: Quanto ‘sai’ pra fazer uma tattoo?
Outra: ‘Depende do desenho, do tamanho, de onde você quer fazer...’
Ela: ‘O desenho já tenho’ suponho que o tenha mostrado pois não podia ver nada estando no estúdio em si
Outra: ‘Aonde você quer fazer?’
Ela: ‘No braço, acho’
Outra: ‘Bem, deve sair uns cem reais mas precisa falar com o tatuador para ter certeza’
Ela: ‘No dia vou vir bêbada, pra não sentir a dor’
Outra: ‘Não é legal, você pode passar mal...’
Ela: ‘Ah, mas é só um pouco, só pra não sentir a dor mesmo...’
Vida de tatuador I
No estúdio de tatuagem, enquanto adornava minha pele, do lado de fora, entra uma mulher. Dirige-se à mulher do dono do estúdio que atua como recepcionista e colocadora de piercings:
Ela: Quanto ‘sai’ pra fazer uma tattoo?
Outra: ‘Depende do desenho, do tamanho, de onde você quer fazer...’
Ela: ‘Queria uma Nossa Sra Aparecida nas costas, bem grande...’
Pois é.
25 de nov. de 2009
pretérito..
Outro dia, voltando do trabalho, li um grafite que dizia: ‘Viver é desenhar sem borracha’. Achei muito bom. Mas algumas pessoas parecem insistir em comprar borrachas e usá-las. O que está feito está feito e se no hoje isso é motivo de orgulho ou vexação cada um deve aprender a lidar com isso da melhor forma sem renegar o que já foi mas sim tirando dali o melhor possível.
Porque muitas celebridades adoram renegar partes de seu passado e se esforçam ao máximo para apagá-lo ou transformá-lo em algo que lhes sirva de orgulho? Xuxa deve ser o exemplo mais claro que lembro.
As alegações são sempre as mesmas: essa fase da minha vida acabou, hoje tenho família, não sou apenas isso, isso foi em outro tempo, eu era uma pessoa imatura e por aí vai.
Oras, é tão ruim assim exibir as cagadas que a imaturidade nos impeliu a fazer? Não seria mais honrado e limpo dizer: ‘Sim, fiz isso, fui isso porque naquela época era o que eu quis fazer ou que pensava ser o certo a fazer. Não me arrependo mas não faria de novo e isso não diz o que sou hoje apesar de ter me ajudado a chegar onde estou como pessoa’.
Oras, é tão ruim assim exibir as cagadas que a imaturidade nos impeliu a fazer? Não seria mais honrado e limpo dizer: ‘Sim, fiz isso, fui isso porque naquela época era o que eu quis fazer ou que pensava ser o certo a fazer. Não me arrependo mas não faria de novo e isso não diz o que sou hoje apesar de ter me ajudado a chegar onde estou como pessoa’.
Deveriam pensar antes de ter feito pois a escolha, essa, é individual e até onde sei ninguém é forçado a fazer nada que não queira exceto na Coréia do Norte e em alguns países islâmicos de extrema direita.
Não adianta mesmo chorar o leite derramado, chame o gato pra lamber.
aqui se faz, talvez se pague...
A mídia adora um factóide. Fato. Fosse Polanski um qualquer e sua prisão ficaria restrita ao noticiário local. Sendo quem é ligam-se todos os holofotes e o mundo vira sua cabeça raivosa para ele.
Não digo que ele não deva pagar pelos seus crimes. Acho mesmo esse movimento pró-Polanski (não resisti) estapafúrdio. Só por que ele fez ‘O Bebê de Rosamaria’ significa que possa fazer o que bem quer?
Ou as celebridades e pessoas importantes gozam de foros privilegiados? (sim). Agora estimaram um valor para sua fiança mas creio que a novela esteja longe de terminar. Mas, como tudo no mundo das celebridades, provavelmente ele retornará aos holofotes quando fugir ou for finalmente extraditado para os EUA.
Não digo que ele não deva pagar pelos seus crimes. Acho mesmo esse movimento pró-Polanski (não resisti) estapafúrdio. Só por que ele fez ‘O Bebê de Rosamaria’ significa que possa fazer o que bem quer?
Ou as celebridades e pessoas importantes gozam de foros privilegiados? (sim). Agora estimaram um valor para sua fiança mas creio que a novela esteja longe de terminar. Mas, como tudo no mundo das celebridades, provavelmente ele retornará aos holofotes quando fugir ou for finalmente extraditado para os EUA.
lá na frente...
A tecnologia avança a passos extremamente largos. Fato. Coisas que pensamos impossíveis há poucos anos materializam-se hoje a nossa frente. Há pouco mais de vinte anos o computador jamais seria pessoal e a informação estava restrita às bibliotecas ou arquivos fossem estes públicos ou privados sendo sua consulta ato laborioso e demorado além de acessível apenas aos que pudessem deles dispor.
O computador pessoal e a internet viraram tudo de cabeça para baixo e hoje, ainda que grande parcela da população seja de ‘excluídos digitais’, ao acesso é mais democrático e livre. Penso que os únicos campos que ainda possam fornecer alguma força sobre nossa imaginação sejam:
O computador pessoal e a internet viraram tudo de cabeça para baixo e hoje, ainda que grande parcela da população seja de ‘excluídos digitais’, ao acesso é mais democrático e livre. Penso que os únicos campos que ainda possam fornecer alguma força sobre nossa imaginação sejam:
Exploração do espaço
Longevidade
RobôsIsso sem abranger as pseudociências e suas ramificações. Desses três, acho que o mais incomodo são os robôs. Esse ato de criar algo à sua imagem, essa busca da reprodução da centelha divina que nos foi dada ansiando achar as respostas que até hoje (e talvez nunca) não temos causa desconforto e medo.
Não um mas vários medos. Creio que o primeiro seja o do novo e isso acontece com todo avanço que promove uma grande mudança em nossas vidas. Somos afeitos ao que já sabemos, ao que já conhecemos e que já dominamos.
O novo implica reaprender, remodelar, repensar e o pior adaptar. Foi assim quando Fibonacci introduziu os algarismos arábicos na Europa em 1202 e os comerciantes insistiam em usar os romanos, da mesma forma os EUA se recusam a adotar o sistema métrico e usamos como teclado algo que foi inventado por alguém que simplesmente esqueceu que 90% da população é destra.
Mas o pior medo é que sejamos suplantados por algo que criamos e que se mostra melhor do que nós mesmos. De certa forma, ter filhos não é a mesma coisa? A diferença está na forma em que se faz a coisa. Porém os filhos são a seqüência natural dos fatos e devem suplantar seus criadores, é o que se espera deles. Uma máquina é criada para um fim específico e deve atender esse fim até cair em desuso ou não ser mais possível dar-lha a manutenção adequada.
Pensar que ela pode pensar é outorgar-lhe ares de igual e de que pode então julgar-nos ultrapassados e dispor de nós da forma de desejar afinal são elas o próximo passo na evolução. Mas, isso assume um pressuposto: que elas, as máquinas, desenvolverão uma inteligência cognitiva e como isso pode acontecer se o criador mesmo não sabe como isso funciona em seu ‘computador pessoal’ e assim não o pode reproduzir na criatura?
Somos frutos de milhões de anos de evolução e mutações fortuitas. Ainda que aceitemos a hipótese de que as máquinas possam adquirir esse tipo de inteligência por si através de algum tipo similar de evolução, estaríamos falando de milhares ou centenas de anos posto que elas seriam mais rápidas em seu aprendizado.Acho então que esse complexo de Frankenstein (termo cunhado por Asimov) é meio indevido e fundado no medo do que os avanços podem nos trazer ainda mais se estes possuírem formas humanas.
No entanto, lutar contra isso é inútil. O melhor seria repensarmos como interagiremos com essa tecnologia e como ela pode nos ser útil ao invés de encontrar seus perigos e possíveis defeitos.
Não um mas vários medos. Creio que o primeiro seja o do novo e isso acontece com todo avanço que promove uma grande mudança em nossas vidas. Somos afeitos ao que já sabemos, ao que já conhecemos e que já dominamos.
O novo implica reaprender, remodelar, repensar e o pior adaptar. Foi assim quando Fibonacci introduziu os algarismos arábicos na Europa em 1202 e os comerciantes insistiam em usar os romanos, da mesma forma os EUA se recusam a adotar o sistema métrico e usamos como teclado algo que foi inventado por alguém que simplesmente esqueceu que 90% da população é destra.
Mas o pior medo é que sejamos suplantados por algo que criamos e que se mostra melhor do que nós mesmos. De certa forma, ter filhos não é a mesma coisa? A diferença está na forma em que se faz a coisa. Porém os filhos são a seqüência natural dos fatos e devem suplantar seus criadores, é o que se espera deles. Uma máquina é criada para um fim específico e deve atender esse fim até cair em desuso ou não ser mais possível dar-lha a manutenção adequada.
Pensar que ela pode pensar é outorgar-lhe ares de igual e de que pode então julgar-nos ultrapassados e dispor de nós da forma de desejar afinal são elas o próximo passo na evolução. Mas, isso assume um pressuposto: que elas, as máquinas, desenvolverão uma inteligência cognitiva e como isso pode acontecer se o criador mesmo não sabe como isso funciona em seu ‘computador pessoal’ e assim não o pode reproduzir na criatura?
Somos frutos de milhões de anos de evolução e mutações fortuitas. Ainda que aceitemos a hipótese de que as máquinas possam adquirir esse tipo de inteligência por si através de algum tipo similar de evolução, estaríamos falando de milhares ou centenas de anos posto que elas seriam mais rápidas em seu aprendizado.Acho então que esse complexo de Frankenstein (termo cunhado por Asimov) é meio indevido e fundado no medo do que os avanços podem nos trazer ainda mais se estes possuírem formas humanas.
No entanto, lutar contra isso é inútil. O melhor seria repensarmos como interagiremos com essa tecnologia e como ela pode nos ser útil ao invés de encontrar seus perigos e possíveis defeitos.
febeapá
É impressionante o FEBEAPÀ no qual ainda vivemos. Vide esta noticia. Tudo bem que neste caso ainda se pode argumentar que tal alegação faça parte da abstinência mas a verdade é que tratamentos que prometem ‘transformar’ os gays em heteros ou ‘normais’ são oferecidos normalmente.
Não acredita? ‘Google it’ e verás. Ser homossexual representa uma ameaça tão grande à sociedade? Existiria uma conspiração gay em andamento e que pretende derrubar toda a estrutura da família cristã? Enfim existe algo que justifique tanto medo? Esse pavor está no fato de que subvertemos a ‘ordem natural’ das coisas as quais nos foram impostas por um condicionamento moral embasado na religião onde o sexo é sujo mesmo quando usado para fins procriativos.
Considere também o fato, ainda que com peso menor, de que esse estilo de vida não promove exatamente o crescimento demográfico e isso é tiro certo nos currais eleitorais, comunidades religiosas, elites dominantes que precisam de gente para que o status quo se perpetue. O peso maior, no entanto está na moral e bons costumes. No fundo, trata-se não da questão sexual em si posto que o sexo será feito mesmo ainda que nas alcovas. Trata-se de uma questão de ‘escolhas’.
Veja, não disse que escolhemos nascer/ser gays pois creio que tal coisa esteja além de qualquer escolha. No entanto, representamos um estilo alternativo de vida e tudo o que é diferente deve ser banido, desestimulado e até estigmatizado pois todos devem seguir o padrão ditado pela sociedade homgenizando todos numa alienação dominical sem fim.
Se condenamos o que vai na contra-mão da sociedade então estamos com o todo, seguros, secos. Se não questionamos somos aceitos e fica mais fácil de por-nos o cabresto. Assim mais fácil é condenar do que entender que os gays não querem transformar a sociedade num gigantesco ‘dark room’ (ainda que alguns de nós fôssemos adorar) nem invadir residências cristãs e forçar pais de família a dar o cu (ainda que alguns o façam às escondidas).
Isso serve não apenas para a questão gay mas para praticamente tudo. Se toda a sociedade realmente questionasse porque os gays são tratados como são, as coisas mudariam rapidamente pois não teríamos respostas convincentes ou embasadas em provas científicas. Certamente haveria um pouco de tumulto pois muitas famílias veriam sua estrutura ruir posto que muitos gays ainda se casam e levem uma vida no armário. Alguns talvez preferissem continuar assim seja por afeição, comiseração ou comodismo mas tantos outros abraçariam a nova vida se esta pudesse ser vivida sem medo.
Infelizmente, isso jamais ocorrerá e teremos de tirar nos dentes os direitos que tanto precisamos. E nesse meio tempo, teremos de enfrentar e lutar contra ações como essas que prometem curar os gays.
Não se pude curar o que somos.
Não acredita? ‘Google it’ e verás. Ser homossexual representa uma ameaça tão grande à sociedade? Existiria uma conspiração gay em andamento e que pretende derrubar toda a estrutura da família cristã? Enfim existe algo que justifique tanto medo? Esse pavor está no fato de que subvertemos a ‘ordem natural’ das coisas as quais nos foram impostas por um condicionamento moral embasado na religião onde o sexo é sujo mesmo quando usado para fins procriativos.
Considere também o fato, ainda que com peso menor, de que esse estilo de vida não promove exatamente o crescimento demográfico e isso é tiro certo nos currais eleitorais, comunidades religiosas, elites dominantes que precisam de gente para que o status quo se perpetue. O peso maior, no entanto está na moral e bons costumes. No fundo, trata-se não da questão sexual em si posto que o sexo será feito mesmo ainda que nas alcovas. Trata-se de uma questão de ‘escolhas’.
Veja, não disse que escolhemos nascer/ser gays pois creio que tal coisa esteja além de qualquer escolha. No entanto, representamos um estilo alternativo de vida e tudo o que é diferente deve ser banido, desestimulado e até estigmatizado pois todos devem seguir o padrão ditado pela sociedade homgenizando todos numa alienação dominical sem fim.
Se condenamos o que vai na contra-mão da sociedade então estamos com o todo, seguros, secos. Se não questionamos somos aceitos e fica mais fácil de por-nos o cabresto. Assim mais fácil é condenar do que entender que os gays não querem transformar a sociedade num gigantesco ‘dark room’ (ainda que alguns de nós fôssemos adorar) nem invadir residências cristãs e forçar pais de família a dar o cu (ainda que alguns o façam às escondidas).
Isso serve não apenas para a questão gay mas para praticamente tudo. Se toda a sociedade realmente questionasse porque os gays são tratados como são, as coisas mudariam rapidamente pois não teríamos respostas convincentes ou embasadas em provas científicas. Certamente haveria um pouco de tumulto pois muitas famílias veriam sua estrutura ruir posto que muitos gays ainda se casam e levem uma vida no armário. Alguns talvez preferissem continuar assim seja por afeição, comiseração ou comodismo mas tantos outros abraçariam a nova vida se esta pudesse ser vivida sem medo.
Infelizmente, isso jamais ocorrerá e teremos de tirar nos dentes os direitos que tanto precisamos. E nesse meio tempo, teremos de enfrentar e lutar contra ações como essas que prometem curar os gays.
Não se pude curar o que somos.
23 de nov. de 2009
muscle mary
Dia desses, fuçando no orkut alheio (sim, todos fazemos não adiante torcer o nariz), notei o óbvio. Ursos tem ursos com amigos, barbies tem barbies, femininas tem femininas e por aí vai com raras exceções, muito raras mesmo.
Será sempre assim? Nunca mudará essa escravidão do corpão? Já não vivemos em gueto suficientemente para criar sub-guetos? Nunca vi os heteros fazerem isso, nós mesmo criamos essa segregação obcecados pelo corpão que somos.
Basta alguns quilos fora da escala aceita pela sociedade que as bocas torcem, os olhares ficam reprovadores e somos descartados rapidamente. Acho que essa fragmentação cultural e social dentro de nosso grupo enfraquece de certa forma o todo pois o que os ursos querem pode não ser exatamente o que as barbies querem que pode não ser o que as travestis querem que pode não ser o que as drags querem que pode não ser o que eu quero.
Aliás onde eu fico nisso tudo? Não sou barbie, não sou urso, não sou drag, sou apenas gay, não é o bastante? Ainda que essa divisão dê certa identidade ao mundo gay, penso mesmo, como disse, se ela não age contra nós pois somos os primeiros a rotular e alocar em castas nossos biotipos e quase como óleo para água é a chance de haver uma mistura entre as partes posto que até mesmo lugares de convívio social são separados ou você sabe de algum urso que tirou a camisa na the week?
Vejo como difícil unificar tudo sob uma única bandeira ainda que basicamente os anseios sejam os mesmos. Nesse meio tempo, sinto por aqueles que deixam o corpão ditar suas escolhas pois perdem chances preciosas.
Além do mais, o tempo é implacável com todos, o corpão um dia cai, eu gordinho não terei muita pelanca pra mostrar por aí.
Será sempre assim? Nunca mudará essa escravidão do corpão? Já não vivemos em gueto suficientemente para criar sub-guetos? Nunca vi os heteros fazerem isso, nós mesmo criamos essa segregação obcecados pelo corpão que somos.
Basta alguns quilos fora da escala aceita pela sociedade que as bocas torcem, os olhares ficam reprovadores e somos descartados rapidamente. Acho que essa fragmentação cultural e social dentro de nosso grupo enfraquece de certa forma o todo pois o que os ursos querem pode não ser exatamente o que as barbies querem que pode não ser o que as travestis querem que pode não ser o que as drags querem que pode não ser o que eu quero.
Aliás onde eu fico nisso tudo? Não sou barbie, não sou urso, não sou drag, sou apenas gay, não é o bastante? Ainda que essa divisão dê certa identidade ao mundo gay, penso mesmo, como disse, se ela não age contra nós pois somos os primeiros a rotular e alocar em castas nossos biotipos e quase como óleo para água é a chance de haver uma mistura entre as partes posto que até mesmo lugares de convívio social são separados ou você sabe de algum urso que tirou a camisa na the week?
Vejo como difícil unificar tudo sob uma única bandeira ainda que basicamente os anseios sejam os mesmos. Nesse meio tempo, sinto por aqueles que deixam o corpão ditar suas escolhas pois perdem chances preciosas.
Além do mais, o tempo é implacável com todos, o corpão um dia cai, eu gordinho não terei muita pelanca pra mostrar por aí.
22 de nov. de 2009
riscado e rabiscado
Lendo hoje o estado online vi isto.
A matéria em si não me disse muito, mais um desses 'flash mobs', coisa de gente conectada com seu tempo e que possui a velociade suficiente para acompanhá-lo.
Muito provavelmente, eu não consegueria estar na hora e local certo se é que tal coisa ainda é possível nessa cidade. O que me chamou a atenção foi este comentário para esta foto:
Nossa visão é deturpada pois os rabiscos profanam o corpo, sagrado em sua forma e ofende os sentidos pois mostra a possibilidade e a necessidade (abençoada) de uns serem ou desejarem o diferente.
Tirar a parte pelo todo considerando-os todos como alienados é deixar sua visão deles como párias tomar a frente. É seu o sacrossanto direito de não aprovar mas não de julgar.
A matéria em si não me disse muito, mais um desses 'flash mobs', coisa de gente conectada com seu tempo e que possui a velociade suficiente para acompanhá-lo.
Muito provavelmente, eu não consegueria estar na hora e local certo se é que tal coisa ainda é possível nessa cidade. O que me chamou a atenção foi este comentário para esta foto:
'Olhando essas fotos, percebemos que já não podemos contar com amplos segmentos da juventude, que ainda não perceberam o quanto que suas vidas e de seus futuros filhos está em risco. Aliás, por falar em riscos, por que o Estadão (nem nenhum outro jornal, que eu saiba) se debruça sobre esse fenômeno cada vez mais gritante nas ruas, de jovens (e nem tão jovens) todos riscados, rabiscados, pixados, como se vê nas fotos? Será que não tem nenhum jornalista capaz de pesquisar e nos explicar o que leva tantas pessoas a se esconderem atrás desses desenhos espalhafatosos, na busca de sensacionalismos que até poucas décadas atrás seriam considerados como pura cafagestagem?'
O ato de 'rabiscar ou 'riscar' a pela é quase tão antigo quanto a própria humanidade. O contexto de tal ato muda conforme a época em que este se encaixa. Houve tempos em que era marca certa de cafajestes e fascínoras, piratas, escória, putas e afins. Vale lembrar que estes são estigmas criados por nós ocidentais para estes 'rabiscos' pois em outras culturas soa considerados arte ou mesmo status.
Nossa visão é deturpada pois os rabiscos profanam o corpo, sagrado em sua forma e ofende os sentidos pois mostra a possibilidade e a necessidade (abençoada) de uns serem ou desejarem o diferente.
Tirar a parte pelo todo considerando-os todos como alienados é deixar sua visão deles como párias tomar a frente. É seu o sacrossanto direito de não aprovar mas não de julgar.
pastelão
A contrapartida de Ciao.
Trash total, interpretações pra lá de over, estereótipos aos montões, enredo de quinta, enfim, tão ruim que é bom.
Partindo do modelo das comédias 'high school' e "American Pie' (referência explícita literalmente) esta queria fazer o mesmo mas com um enfoque gay. Os tipos estão todos lá, só que gostam de meninos: o atleta, o nerd, o afetado, o comedor (uma sapatão, claro) e o virgem bem intencionado. Todos atrás de uma única coisa: perder a virgindade antes do fim do verão, esse estigma de filme americano para adolescentes, depois reclamam que sua sociedade é toda torta.
Enfim, salvo alguns momentos impagáveis como um sonho 'Carrie', não tem muito no filme que valha assistí-lo. Porém, alguma coisa ali, talvez pelo 'peso' de minha idade, me deixou com um certo saudosismo de quando me descobria e queria/pensava sexo 30hs por dia mas, lá no fundo, o que queria mesmo era alguém pra mim lição de moral do filme no final das contas.
Na verdade, se não for levado a sério, vale como tentativa de trazer um enfoque gay para um tema clássico. Afinal, não passamos pelas mesmas dúvidas, dilemas, anseios e expectativas?
Assista se tiver tempo ou estiver sem fazer nada.
hello/goodbye
Ciao serve tanto para dizer oi como tchau. Fato linguístico.
Infelizmente, nós gays não estamos contidos num gueto sob um único aspecto vide este filme que, até onde vai meu conhecimento, numca tocou as telas daqui e se o fez foi de forma restrita a algum festival ultramegafechado daqueles que participam apenas meia dúzia de inciados.
Pena. É um drama excepcional em minha opinião. Trata a questão da perda como renovação posto que podemos muitas vezes estar presos ao que julgamos ser nosso objeto de desejo pois, como diria Dr. Lecter: 'Cobiçamos o que vemos todos os dias...'
Também fala algo, entendo eu, sobre não guardar para si sentimentos. Pior que as oportunidades que tal sinceridade poderiam gerar é o fato de não poder nunca mais tê-las pela simples não existência do outro.
No fim, tem-se aquela sensação de como nos conhecemos pouco, como não nos falamos e como acabamos procurando por respostas 'longe de casa' quando estas, ainda que possam não ser as que desejávamos ouvir, estavam sim aqui ao lado.
Assista sem falta.
em pedaços...
A realidade em si pode ser extremamente decepcionante. Talvez a decepção esteja no esquecimento ao qual jogamos as coisas simples do dia a dia.
Fomentados pela velocidade e pela ânsia do chegar (não importa aonde) essas coisas perdem-se no caminho e quando tentamos resgatá-las é tarde demais.
Talvez por isso, ao ler isto aqui não tenha sentido uma guinada em minha vida, nem mesmo cheguei aos prantos quanto em outras coisas que li. Mas, de alguma forma, ver essa vida cheia das mesmas (com as devidas proporções guardadas) dúvidas, anseios, desejos, re(pressões), o sentimento de 'não sou só eu' fica.
Doce, poético e sincero. Leia.
19 de nov. de 2009
this time of night...
Era noite em são paulo.
Da janela aberta outras janelas abertas para a nossa, cada uma fechada em si.
Era noite em são paulo.
Na TV ligada nada muito novo ou velho, apenas o mesmo de sempre, perdido na mesmice da semana. No quarto, nada de muito novo também, apenas o mesmo amor de sempre, intacto, imutável, sereno.
Era noite em são paulo.
As luzes piscaram, algumas vezes, rápidas, oscilantes, fraquejavam. Foram-se de vez logo após deixando pra trás nada além de breu. Nossas vidas são regidas pela ausência ou presença de eletricidade, fato.
Quando ela se vai, ouvem-se gritos de comoção menores apenas dos que são ouvidos quando ela retorna. Ficamos olhando afora, para outros que também desprovidos de luz voltavam sua atenção para o exterior buscando algo que lhes preenchesse os olhos. Livres momentaneamente da máquina alienadora, notam os detalhes que os cercam por anos, mudos, sem pedir nada em troca contentes com o simples fato de ali estarem e só.
Os que não podem viver um segundo sem luz agarram-se às novas lanternas em que se converteram os fones móveis, os menos afortunados usam velas mesmo. Distinguimos alguns flashes, incluindo um nosso. Era um fato tão incomum e tão proporcional ao tamanho da cidade que merecia ser perpetuado em ‘filme’.
Era noite em são paulo.
As travestis se aconchegaram mais às sombras pois nela são mais livres, imperfeições tornam-se apenas detalhes ignoráveis, a falta de luz é um excelente fotoshop.
Pensamos em como se fazia quando as velas reinavam absolutas, que fazer? Onde ir? Como chegamos a esse ponto de dependência de algo que, no fim das contas, não sabemos controlar direito?
Vivemos presos a fios mui finos, como cabelos fracos, feitos pelas nossas mãos habilidosas mas ainda assim fracos. Basta um deles romper-se para que sinais de barbárie se manifestem entre nós. Teremos o dia em que todos os fios vão se romper.
Até lá, sempre será noite em são paulo.
face it, you're old!
Envelhecer é fato incontornável, inexorável.
A sensação, creio eu, não vem de dentro onde se conserva fresca a flor jovem regada não pelo sangue lento e corrompido, mas pelos sonhos vívidos que jamais morrem e servem de amparo à senilidade pois então parecem-se mais com realidades do que metas nunca atingidas, a prerrogativa do ancião.
De fora é que vem o veneno da velhice, das pessoas que não estão mais, das idéias que não são mais, dos ideais que pouco eram, dos lugares que já não são. Entram e se apegam ao dna provocando sua degradação.
Em certos lugares isso para mim é muito evidente. Como na faixa em frente ao que foi um dia o Cine Belas Artes onde havia, um dia:
Bar Baguette: lugar nostálgico onde tomei incontáveis porres e onde podia usar até mesmo o telefone. Onde chamava o garçom pelo nome e conhecia o dono. Onde podia sair sem pagar e acertar na próxima.
Esfiha Chic: sempre aberto para matar aquela fome de final de noite ou aquela antes de cair na noite
Burger & Beer: um clássico que apenas as balzaquianas conhecem. Deve ter sido um dos primeiros bares gls da cidade, fervia de Sexta a Domingo, bebida farta, porções divinas e flertes à vontade. Sinto pela nova geração que não poderá conhecer um lugar tão acolhedor.
Ainda restam alguns dinossauros por ali como uma pizzaria das antigas mas o resto, ou está fechado, aguardando que a região seja renovada (como o Bar Riviera do qual só restou o luminoso informando que um dia ali se vendeu Chopp Brahma) para que um dia volte a receber pessoas ou está em constante mudança indo de concessionária de motos a loja de complementos alimentares, Mcdonalds, salão de beleza, escola de dança e por aí vai.
Esses lugares que já não são me enchem de uma nostalgia agradável mas, ao mesmo tempo, dão-me conta do tempo que passou e de tudo que vivi ali. Chego mesmo a cogitar passar em frente os lugares e postar-me no mesmo pedaço de calçada, porta, enfim, tentar resgatar algo desse passado que aos poucos vai me deixando.
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