14 de mar. de 2010
guei
Uma das lembranças mais fortes que tenho de quando começava a ser guei são as tentativas de ir a um dos guetos (leia-se boites).
Lá se vão mais de vinte anos então afinal, sou bem mais que uma balzaquiana (sendo sincero, já sou uma loba - auuuu - she wolf mode on). À época, namorava minha primeira paixão, o cara que descobriu muita coisa ao mesmo tempo que eu tanto na vida como no amor a dois e que, infelizmente, já não se pode mais encontrar por estas terras. Doce amor, começo e aprendizado, ainda hoje, em momentos esparsos, há que se pensar em como estarias se ainda aqui estivesses mas as águas passaram e eu ainda remo aqui sabe-se deus para onde.
Enfim, primeira tentativa: os dois analisam semanas a fio aonde ir, localização, preço (não tínhamos muito cobre mas, de alguma forma alquimista, a diversão era inversamente proporcional à quantidade do mesmo). Resolvemos ir a uma casa de nome 'Rave' a qual acabou sendo uma das melhores que já frequentei (não é Fernando?).
No dia marcado, os dois rondam a casa ainda fechada, íamos saber que a noite só entra em combustão após as 23:30? Nos muníamos de coragem para entrar pois ainda que soubéssemos o quê éramos e do quê gostávamos ainda resistia um medo primal de entrar de cabeça nesse mundo. Nos sentamos à porta de uma loja quase na frente do clube acho eu e ficamos ali, esperando e ensaiando a hora de entrar.
Não sei exatamente o que se passava em nossas cabeças. Talvez quiséssemos ver quem entrava ali, ou ensaiássemos o que dizer na entrada, se não seríamos barrados, se alguém notaria nossa presença e toda a gama de neurose pré-guei. Por fim, não entramos e acabamos tomando uma cerveja num boteco próximo em ritmo de frustração completa.
Tempos depois acabamos indo finalmente a uma boite, não à primeira selecionada mas à já extinta 'Gent's' (né Fernando?) e no Carnaval não sei bem porque uma vez que sou avesso à essa festa mas, na época, tudo valia.
Ficamos ao mesmo tempo encantados e com medo, era novo para os dois, arrancados pelas próprias mãos à fórceps do mundo imaginado para o mundo guei de verdade numa versão guei de Platão. Depois disso, do cabaço solto, fomos em outras e entramos fundo no mundo mas essa inocência inicial ainda hoje me é cara e doce.
Reminiscências de uma guei mais velha, que seja, você um dia estará lá.
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Rave?
ResponderExcluirGents?
Me sinto uma ninfeta. a lôka
Puxa... pelo visto eu não fui o único que um dia ficou rondando a porta de uma boate gay e não teve coragem de entrar!
ResponderExcluirO mais dramático é que eu estava em Edimburgo, e tinha ido pra lá só pra conhecer uma boate gay, longe da brasileirada que estava comigo em Cambridge, onde eu estudava inglês. Ou seja, de certa forma eu perdi a viagem.
Mas tudo bem: a gente vai dando os passos no ritmo que consegue. Você não estava preparado, nem eu. Um dia, tempos depois, todos nós tiramos o atraso. Aliás, mesmo aos 31, e tendo feito um monte de coisa, ainda tenho que fazer um acerto de contas comigo mesmo, ainda preciso acabar de viver minha "adolescência", pegar geral antes de sossegar o facho :)
o primeiro gueto a gente não esquece: o Clube Z, qdo era na Jau, em 1995.
ResponderExcluirLembro q cheguei as 22hs..apenas eu e o barman..rs..foram 3 voltas no quarteirao enoorme pra poder criar coragem e entrar.
Depois o medo passou e então fui conhecer a Rave(na Bela Cintra) e a Gent's (na Ibirapuera). A época era outra, nada parecida com o culto que se pratica as casas noturnas hoje em dia.
Enfim, gostei do blog!
abraçs
intro, grato pela visita...
ResponderExcluirnão que hoje eu não tenha ainda certo fogo mas ele queima mais devagar e de uniforme.
meio que o facho amornou (não esfriou).
aproveite sempre, com (um pouco de) moderação...
david, valeu a visita...
ResponderExcluirhoje as boites são outra coisa, o ambiente ainda é o mesmo, sinto dizer, quase nada mudou mas, de certa forma as pessoas sim.
talvez seja apenas saudosismo de uma época em que as coisas eram mais 'proibidas' e ainda precisavam ser descobertas...