No trabalho
No trabalho, ele que faz pós me entrega uma pesquisa.
Ele: ‘Responde pra mim?’
Eu: ‘Claro, o que é?’
Ele: ‘É pra pós, uma pesquisa, não precisa por nome...’
Eu: ‘De boa, mas sobre o que é? Aqui em cima diz Pizzaria Temática’
Ele: ‘Isso mesmo, é o negócio que vamos abrir, o tema é futebol’
Eu: ‘Putz! Não tem muito a ver né? Claro, Pizzaria logo vem na cabeça as cores da Itália e etc...mas, futebol? Só pelo fato da pizza ser redonda, não pode vender calzzone...’
Ele: ‘É, responde aí please (sic)’
Respondo e depois lhe entrego a pesquisa. No mesmo dia, horas depois, ele comenta ao fone ao fone as pesquisas que conseguiu.
Ele: ‘Pois é, acho que tá bom. É, não precisa mais não mas tem umas que vou te falar, tipo essa aqui, o cara não gosta de futebol, não gosta de esporte, não assiste, não vê, não faz nenhum esporte, que vida é essa? O cara mora numa caverna!’
Finda a conversa, levanto e me dirijo a ele:
Eu: ‘Deixa eu ver essa pesquisa que você disse aí’
Ele: ‘Qual?’
Eu: ‘Essa que você disse que não gosta de nada’
Ele: ‘Ah! Essa aqui, é mesmo’ e me entrega a dita cuja.
Eu: ‘É, só queria ter certeza, é a minha mesmo...’
Ele: ‘........’
Fim da conversa.
Saudosa Maloca
Talvez a idade seja culpada pelo saudosismo que me acomete sazonalmente.
Cada vez que passo por certos lugares, tenho uma vontade (que irá se concretizar em breve) de visitar certos pontos que de uma forma ou outra foram importantes para mim e fotografá-los antes que, como muitos, sumam do mapa. Coisas como o Burger & Beer que deu lugar à Linha Amarela do Metrô ou o Ferros Bar que hoje é algo como uma loja de móveis antigos.
A Boite Sky, o Corsário e tantos outros que pertencem agora a um tempo em que ser guei era novo e não tendência e digo isso não com amargura pois acredito que ser guei deva ser algo tão comum como ser hetero mas, não posso deixar de pensar que aquela aura de ‘mistério’, de proibido, ainda que presente hoje atenuou-se muito vide o natural avanço do tempo e dos costumes.
Pode ser que hoje seja mais fácil ser guei mas o preço que pagamos por isso foi a perda do ‘glamour’ da coisa. Reminiscências de um guei maduro.
O Adeus (não dado)
Como diria o bom Dr. Lecter: 'Cobiçamos aquilo que vemos todos os dias'. Fato.
O cotidiano dá tons de desejo ao que deixaríamos passar como refugo e aquele rapaz de poucos atrativos transveste-se de 'simpaticidades' com a cobertura dos dias que se passam e que deixam os olhos menos restritos e mais atentos aos detalhes que se não ditam o todo fazem dele parte e mesmo lhe dão o quê para atrair a atenção.
Isso aliado ao fato de que ao amar o feio, este bonito lhe parece. Enfim, creio que expus meu ponto e voltando a vaca (jersey) fria, no trabalho, existia (verbo passado pois será assim conjugado a partir desta data no tocante à sua pessoa) um garoto de, pela aparência, seus máximos vinte anos, não mais.
Nada demais, sem copo torneado, sem grandes belezas dessas de editoriais de moda mas com um certo quê cativante de minha atenção. Um jeito de sorrir e umas feições que me faziam desejar tê-lo nem que fosse por uma noite apenas. Um certo ar de malandragem não natural, daquelas de bravata perante os amigos, essa coisa de macho demarcando território, ainda novo, mijando pelos cantos.
Contentava-me me vê-lo pelos corredores ou mesmo em mesas próximas sem nunca ter consumado a chance de falar-lhe fosse por motivos de serviço ou mero acaso. Ele, creio eu, apercebeu-se de meu olhar de leiloeiro que põe a vista em artigo fino e pouquíssimas vezes em que nossos olhares se cruzaram ele se desviou do meu pois o desejo devia estar cravejado na íris.
No máximo compartilhamos um elevador dia desses e não pude deixar transpassar meu deleite me dividir com ele espaço tão diminuto ainda que, idealmente, o desejasse apenas para os dois quando haviam outros presentes. A mente desocupada é parque do cramulhão e fuçando pelas redes internas lhe descobri o nome. Agora, o desejo tinha identidade ainda que fosse algo fútil pois não me interessava por um RG no tesão.
E foram passando os dias e eu há muito que não o via quando hoje, ao final do dia, ele aparece no meu andar, em roupas civis leia-se jeans e afins e começa a se despedir de algumas pessoas. Conclusão ululante: ele ia embora. Obviamente não se despediu de mim, nem mesmo nos dávamos as mãos, que dirá saber quem era eu.
O segui com o olhar sedento enquanto ele fechava o ciclo de despedidas, acompanhei cada adeus até que ele finalmente saiu do setor para nunca mais vê-lo. Guardei a roupa que vestia no fundo da memória, cada detalhe de seu rosto naquele dia e num átimo de desespero cogitei sair atrás dele e dizer que o desejava face seu iminente sumiço de minhas vistas.
Não o fiz, claro mas mentalmente vi quadro a quadro acontecer. São as coisas da vida, essas que cobiçamos forçados pelo cotidiano e que nunca concretizamos fisgados pelas convenções sociais que devemos sempre mandar às favas e nunca o fazemos. Não fique aqui a impressão de que desejava com ele um affair, um paralelo, não vai por aí mas assim como Wans sonha com o ferramenteiro, lá pelo meu trabalhos tenho meus sonhos e um se foi, dois na verdada se contarmos o Paulo.
Resta agora saber o que farei com os que sobraram.
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vamos por partes:
ResponderExcluir1) comigo ocorre o contrário, não que eu seja um poço de testosterona ambulante, mas como gosto de futebol, de rock e de outras coisinhas mais "masculinas" (sic), não acreditam que eu sou gay - embora eu me ache a coisa mais obviamente gay do mundo...kkk
2) engraçado, pois eu ainda sinto esse ar de novidade no mundo gay. Talvez por ser um peixe-fresco neste campo;
3) agora vou ser pedante ao extremo: lendo o seu texto, me lembrei do poema "A uma Passante" do Baudelaire e de outro do Brecht chamado "Recordação de Marie A."
e a beleza sempre estará nos olhos de quem vê.
ResponderExcluirBom dia!
Ah, meus meninos todos que se foram também... Restaram uns canhões que não dão vontade nem de abrir os olhos, rsrs... Mas dizem que a gente não deve fazer essas coisas no trabalho, né? É... dizem...
ResponderExcluirAi, eu consigo visualizar direitinho sua cara quando pediu a pesquisa. hahahaha
ResponderExcluir'Cobiçamos aquilo que vemos todos os dias' - ferramenteiro acabou de sair da minha sala.
Paulo? Puta que pariu de homem gostoso. Uma bunda perfeita e um volume a ser notado.
Melo ... manda o pesquisador me entrevistar para ele ver q este homem das cavernas não é tão raro assim ...
ResponderExcluirSonho não se esvai assim, a não ser q não ousemos ... um Paulo [o de bunda perfeita e um volume a ser notado] pode ter ido ... mas quem sabe né? ... outros Paulos existem ... um não tem uma bunda admirável mas um volume com certeza respeitável ... rs
bjux ...
adoro qdo o Ale nos brinda com seus escritos ...
bjux
;-)
Sr. Ale Melo, informamos que o senhor está sendo investigado sobre possível envolvimento no assassinato da Srta. Vaca Jersey.
ResponderExcluirSolicitamos que permaneça em Blogsville até segunda ordem.
Sem mais para o momento,
Dr. Décio Pinto - Delegado Responsável
Muito ético esse sr. pesquisador XD.
ResponderExcluirMas sei lá... eu gosto de ver como as coisas mudam, se renovam, são substituidas... nos lembram que o mundo não para...
Beijos Melo!