3 de mai. de 2011

cegos








Lendo hoje o Naipes e o DPNN cheguei nisso aqui e acho que são idéias que carregam entre si uma relação de causa e efeito que demandaria um estudo mais profundo mas vou apenas expor minhas percepções aqui neste post.

Creio que todos aqui procuram, na medida do possível, mater-se informado, ler um jornal ou revista, assistir aos mesmos na TV. Porém, esses meios que deveriam nos prover de informações, opiniões, análises e afins só fazem, raras exceções, vomitar sobre nossas casas desgraças, assassinatos, tudo que há de mais escabroso e pérfido, a notícia mesmo vem em último plano pois ela não importa mais aos cérebors liquefeitos pelos sangrentos diários.

Isso vende mais, mais fácil falar sobre atrocidades que sim, acontecem de fato, de forma histriônica, clamando o povo à ficar indignado, enojado e com a impressão de que o mundo está se desfazendo ao seu redor, que vigor a lei do cão, Talião e cada um é por si e Ele contra todos. Assim, toda emissora tem seu Datena (ele mesmo, coitado, preso à fórmula que ajudou a sagrar mas numa posição cômoda pois os bolsos estão cheios mas não é uma besta não, é articulado e culto coisas subjugadas pelo personagem hidrófobo que entra em vários lares diariamete).

A desgraça vende muito mais, ela cega e deixa todos anestesiados e à mercê da mídia e autoridades. Não se promove realmente a noticia como via de dialogo e transformação mas como massificação e cabresto no melhor estilo pão e circo. As raras exceções sejam impressas ou eletrônicas acabam ficando restritas a circulos fechados enquanto o resto vive das carniça jornalistica.

Existem coisas boas acontecendo? Claro que sim! Nem tudo está perdido? Não, não está! E sou um dos pessimistas de plantão, creia-me! Olhar só o errado, o negativo é mais fácil e causa menos estresse, nivela todos nós pois se está ruim é pra todos e não pra meia dúzia. Já falar de amor ou coisas boas pode causar inveja, rancor pois um pode achar que recebe menos amor do outro ou que as coisas estão boas demais para fulano e cicrano e para si nem tão bem assim.

A inveja não brota das desgraça, brota da harmonia, do amor mesmo, do bem estar pois é do humano querer que seu proximo se foda e ficar por cima dele, ainda não chegamos a esse nivel de consciencia que nos permitirá isso e acho pouco provável que 2012 faça algo a respeito. Como disse DPNN, falar de amor e coisas boas é chato pois quem quer saber disso quando se pode mostrar sangue vivo na tela? Guerra on-line? Chacinas e afins? Isso distraí mais que passar noticias boas e assim vamos crentes que tudo vai mal e que estamos fadados a nos foder ad eternum, conformados, resignados, abatedouro.

Se falássemos as coisas boas também e sugerissemos mudar o foco por um momento, talvez as pessoas começassem a se importar realmente com suas vidas, em melhora-las e demandar das autoridades o que se precisa para que isso aconteça retirando o véu individualista que toda essa mídia de massa nos impõe. Essa mesma cultura do eu, de cada um por si e, penso eu, a americanização de nossa sociedade onde cada vez mais ter sucesso, dinheiro, carro do ano e ter 'chegado lá' é valorizado tem um respaldo enorme nas redes sociais onde o contato fisico foi trocado pos scraps, twitter, fotos e msn.

O outro não é mais alguem de carne e osso e tem valor apenas pelo que é exposto em sua rede social. Daí chego ao Naipes com o video do 'Free Hugs', um abraço, coisa simples, que deveria ser corriqueira mas que somos incapazes de fornecer, abolimos o hábito do contato fisico e às vezes até memso com quem nos é intimo, ninguém aceita o toque, uma invasão, avanço, ato de guerra. Claro que é normal recusarmos contato fisico de pessoas que desconhecemos afinal que empatia temos com elas? Mas, não teriamos chegado a um ponto em que esse contato humano foi tão execrado que se torna real apenas quando exposto de forma hiperbólica nos 'noticiários'? Seria esse o unico tipo de contato humano que tolerariamos?

Não estariamos trocando uma coisa pela outra? Esquecendo que tudo isso pode ser sanado com um simples sorriso e talvez um abraço? Cada vez mais afastamos as pessoas de nosso convivio, preferimos as pessoas que são vendidas na rede e as que aparecem na TV sofrendo pois aliviam a nossa dor, tem gente sofrendo mais que você, viu? Reclama de quê? E tem de reclamar mesmo pois só assim para se aperceber do que lhe está sendo negado sendo de direito.

Eu já fui muito pior em termos de gênio e temperamento e a idade e outras cousas moldaram de outra forma o que sou hoje, ainda tenho cá minhas rabugices e manias mas aprendi à duras penas que olhar para o melhor é uma saída viável, veja bem, olhar para o melhor e não simplesmente aceita-lo de braços abertos não importa como ele chegou ou parece pois isso me cheira a alienação e, da mesma forma que o vicio pelo pior cega, essa sublimação de que tudo está bem tem o mesmo efeito. Mas, se você aprende a ver que no meio de tanta merda existem sim possibilidades, realidades, saídas, alternativas, então a vida adquire um outro gosto, textura e tons.

Por essas e outras eu sempre beijo meu Wans quando ele chega do trabalho, antes de dormir e quando ele sai de manhã. Porque esse contato me faz ver que há o bom no dia, mesmo que ele me traga adversidades, ele ainda será algo bom pois essa recompensa de ter o toque, o beijo, o calor dele me dão a certeza de que existe algo bom no mundo e que sempre se pode fazer melhor no dia seguinte.

8 comentários:

  1. Oi menino
    Tenho muita dificuldade com redes sociais. Não consigo desenvolver um longo papo através do MSN, pois gosto do toque, do olho no olho, do cheiro. Até entro para essas redes, mas não consigo me soltar. Cada vez mais vou ficando ilhado,pois hoje as pessoas se contentam em teclar. É mais prático e fácil de não ser você mesmo.
    Bjão

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  2. pois é, qrido, pois é, ultimamente eu tenho sentido tanta inveja de boas notícias, muita inveja.

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  3. Eu fico muito feliz e agradecido por ter em minha vida pessoas que não são alheias ao toque e ao contato "real". Até por isso mesmo adoro te "cutucar" no Facebook. Poderia ter botão de abraçar e de beijar também, por ali. Mas nunca deixarei o "real" ser sumplantado pelo virtual. Aquilo é mais um "espera que em breve a gente se vê e aí eu cutuco-abraço-beijo de verdade". :-)

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  4. Eu, assim como você, prefiro acreditar que está tudo perdido de uma vez, embora mesmo assim ainda lute por algumas coisas.

    O pessimista vai sobreviver no fim, porque é o único que não fica se iludindo e está preparado para tudo.

    Beijo Melo!

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  5. Foi incrível o tanto de gente que disse nos comentários do meu post coisas do tipo: 'não gosto de gente feliz, não daria um abraço, se eu encontrasse gente dando abraços na rua torceria pra nao virem pro meu lado'
    Fiquei assustado sabia? E olha que eu conheço o pessoal pelo menos virtualmente, por posts e textos e não imaginei que teriam estas reações.
    Isso deve explicar um pouco o que vivi faz pouco com um cara. Medo de ser feliz, medo do que é bom, medo de ter e de perder. Só pode ser!

    bjo querido. Obrigado pelo post, pelas citações e por ter gostado dos meus free hugs.
    Um grande abraço pra vc, pro maridão e um beijo na careca!
    ;]

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  6. Eu gosto do contato real, gosto de conhecer as pessoas virtualmente sim e poder trazê-las pro meu mundo e entrar no mundo delas!
    Acho que coisas boas existem mas a gente tem que fazer com que elas aconteçam se manter uma pose descrente de tudo é que elas não surgem mesmo!

    Beijos

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  7. Meu caro, acredite, você é sempre uma boa notícia nesse mundodemeudeus!!!!! Hehehehehe! Bjundas!!!!!!

    E isso que vc ainda não provou do meu figo... hahaha!

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  8. Quem me conhece fora do mundo virtual sabe que eu sou um eterno otimista. Prefiro ser assim, se eu pensar que tudo vai ficar sempre pior, melhor cometer o suicídio de vez, viver pra quê? para cultivar o sadismo?

    Voc~e sabe que eu sou um grande crítico do Lula, mas também sei reconhecer seus méritos. E o maior, foi trazer um ar de otimismo na população. Infelizmente não veio com medidas que transformassem o otimismo em algo concreto, mas teve sua importância.

    O que me incomoda realmente é entrar em sites e blogs gays e ler só notícias negativas sobre ser homossexual. Duvido que a vida dessas mesmas pessoas seja algo assim tão ruim 24 horas por dia!

    Mas é aquela velha história que você bem explicou aqui no post, as pessoas oferecem aquilo que o público quer ler. Eu percebo isso lá no blog: posts que tinham como tema as agressões contra homossexuais recebiam trocentos comentários, em geral parecia até que a pessoa não tinha lido o que eu escrevera... por outro lado, textos mostrando conquistas e o lado bom da vida praticamente eram ignorados...

    Mas eu acho que cabe a nós, gays, mostrar que ser gay vai muito além de fugir do espancamento 24 horas por dia... afinal de contas, a gente sabe que ser gay é muito bom, né?

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