O metrô de SP tem pouco mais de 70km de extensão, somados à rede da CPTM, chegamos a pouco mais de 300km de transporte metropolitano. Este aqui é nosso mapa:
E este aqui é, para fins comparativos, o de Londres:
Não adianta rodar, para evitar que a cidade chegue a um nó insolúvel, a única saída é investir de forma séria e pesada em transporte público de qualidade e que cubra a cidade em sua totalidade, integrações entre ônibus e trens, medidas que façam quem tem carro pensar realmente em deixá-lo em casa.
Mas aqui, o governo mama uma quantidade absurda de grana com os impostos sobre os autos e a industria automotiva celebra a cada mês recordes de venda pois o governo lhe estende a mão caridosa para que todo brasileiro possa alcançar esse que, depois da casa, é seu maior sonho. Somos criados para ter carro, depender dele, idolatrar as quatro rodas, capaz de aprendermos a dirigir antes de andar. A mídia joga em nossas caras que ter carro é importante, status, não meio de transporte mas sua definição como pessoa e cidadão, tem carro? você é alguém; não tem carro? não deve ser lá grande coisa.
O gasto para se fazer o metrô é muito elevado e é algo que gera resultados a longo prazo enquanto os carros geram grana quase imediata para os cofres públicos não apenas com seus impostos (30% do valor de um auto é de impostos) mas com a indústria da multa e o que se tem de pagar para que o carro possa rodar 'livremente' na cidade: IPVA, seguro e afins numa cascata de dinheiro que não é do interesse do governo matar da noite para o dia.
De mãos dadas com as montadoras que tem aqui no país mão de obra farta e barata e condições de pai/filho no governo, a situação não fecha e o transporte não é encarado como dever do Estado nem direito do cidadão mas um favor que se faz a quem ainda não comprou seu carro. Ficamos entupidos em avenidas sem fim, um mar de luzinhas vermelhas onde a velocidade média daquele seu carro novo e cheio de opcionais não vai passar dos 11/12km/h e onde pessoas lidam com seus autos como se fossem seus braços e pernas pondo mesmo a vida do pedestre e de outros motoristas como sacrificio no altar dos motores e óleo diesel.
Antes passar esses perrengues no trânsito mas no conforto (?) de seu carro, com seu ar condicionado, sua música, do que andar feito peixe enlatado, não é? Claro, eu mesmo preferiria a primeira opção mas, esquecemos que isso nos pôs num caminho sem volta. Enquanto nos entupimos de carros cada vez melhores e mais fáceis de comprar, a cidade estrangula aos poucos e o que devia ser tratado com respeito, o transporte comum, é deixado de lado, pouco importa se com isso não comprometemos apenas a vida da cidade mas de seus morardores obrigados a se afastar cada vez mais de seus locais de trabalho e gastar mais da metade de suas horas do dia indo ou voltando do/para trabalho.
Não estamos pondo a arma na cabeça mas a boca no escapamento e achando graça.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
lembranças aleatórias não relacionadas com a infância
Lembrança #10 Lembro de uma festa ou rave ou balada que eu ajudei um amigo a organizar num tipo de sítio eu acho. Estava separado do meu nam...
-
Lembrança #10 Lembro de uma festa ou rave ou balada que eu ajudei um amigo a organizar num tipo de sítio eu acho. Estava separado do meu nam...
-
seis horas, ave maria, rosário na mão para entrar no vagão cheio. vai com a turba, vai fundo, não tem volta, apenas vai. seis horas, ave...
-
eu não, eu não e você eu sim, eu sim. essa dicotomia foi se arrastando pra dentro de nós com o tempo, matando aos poucos, pressionando se...
ok.
ResponderExcluirinteressante essa visão sobre o carro.
eu ainda não tenho carro, não tenho nem habilitação e eu confesso que sou mais um que tem o sonho, talvez pelo status do qual vc falou aqui.
mas me fez refletir, realmente me fez.
eu ando de moto, mas também uso bastante o transporte público (meu lado europeu fazendo a phynna). O grande problema, no caso do Brasil como um todo, é que as cidades cresceram de forma desordenada, não foram planejadas. Isso acarreta em gente tendo de fazer deslocamentos gigantescos para ir ao trabalho. Infelizmente as medidas necessárias são impopulares, e nenhum político teria coragem de tomar. Um exemplo é o pedágio urbano, que incentivaria o uso do transporte coletivo. Mas quem vai ter culhão de proibir o uso de carro? Ou de cobrar impostos sobre a circulação em áreas restritas?
ResponderExcluiro grande problema aqui é que mesmo se existisse uma rede imensa de metro e onibus com pontualidade e atendimento decente, o brasileiro, comprou a idéia de Status através do carro vinda dos EUA...além de muitas outras coisas.. logo.. mesmo tendo estação do lado da sua casa o povo vai sair de carro... bom... se em sampa até reclamaram de ter estação de metro com gente diferenciada... ... por ai vai..
ResponderExcluirbjo
Atualmente eu só ando a pé! #FATO
ResponderExcluirEu discordo do Ciello. Acho que se existisse essa rede imensa o pessoal usaria sim. Até quase acreditei que a Copa e a Olimpíada trariam investimentos nesse sentido mas...
ResponderExcluireu só ando de carona e a pé!
ResponderExcluirmas, pro povo desistir do status do carro, o transporte TEM que funcionar!