7 de out. de 2020

ler é o melhor remédio

 


Esse vídeo é bem interessante e traz dados referentes aos hábitos de leitura brasileiros de 2019, recomendo que vejam ainda que possa parecer  meio arrastado com as apresentações de gráficos e números, vale a pena!

Esperava ver resultados bem mais alarmantes mas, ainda não sentimos todo o impacto do governo fascista, isso só veremos daqui um bom tempo então, os dados apresentados pela pesquisa são até reconfortantes ainda que alguns deles sejam realmente preocupantes.

Entre esses, eu destacaria a leitura da Bíblia como campeã de leitura o que denota claramente a guinada conservadora e teocrática que tomamos e seria interessante ver qual o resultado obtido ano que vem ou no outro ainda para confirmar se realmente estamos na merda ou não. Outro dado preocupante é o percentual de pessoas que não leem supostamente por não terem tempo ou por dedicaram seu tempo a outras coisas como internet, YouTube e, pasmem, Whatsapp.

Se o hábito da leitura já não era algo forte, com o advento da internet e de outros meios de comunicação como o Whats, a leitura acabou perdendo terreno e sendo substituída ainda que, segundo a pesquisa, siga como um hábito para boa parte dos brasileiros e, diferente do que Paulo Guedes atesta, quem mais consome livros não são as classes altas e endinheiradas mas as classes mais baixas e média então, aquele ideia imbecil de taxar os livros porque eles são artigos de luxo vai por água abaixo.

Voltando ao tema da concorrência, ler é algo que demanda atenção, concentração e principalmente tempo. Então, não é de se admirar que a pesquisa indique como razão para não ler a falta dele ou a opção por distrações digitais, vivemos a cultura do imediatismo, do já, do agora e o livro não tem isso, ainda que possamos trocar impressões durante a leitura, geralmente só vamos debater ou conversar sobre ele depois de terminar e isso pode levar tempo dependendo do livro o que vai totalmente contra a necessidade de atenção imediata que as redes sociais pregam e exigem.

Se continuarmos assim, não teremos mais leitores mas sim repassadores, pessoas que só lerão textos curtos no whats ou Twitter e talvez presenciemos um movimento literário que surja para alimentar essa demanda e nova mídia, tudo é possível mas, perderem os também o poder de imersão que um livro nos proporciona e de interpretação já que estaremos optando por coisas fáceis e rápidas de consumir. Obviamente que posso estar equivocado, pode ser que qualquer coisa que surja para suprir essa necessidade tenha sim qualidade e capacidade de promover algum tipo de discussão mas, considerando o já citado imediatismo digital, acho pouco provável.

Leitores não se formam do nada, leva tempo para isso e ao vermos os dados da pesquisa fica evidente que é exatamente isso que as pessoas não querem dispor, não querem abrir mão e isso é muito perigoso pois um leitor formado tem capacidade para discernir fato e ficção não apenas na literatura mas nas notícias que se espalham feito rastilho de pólvora pelos meios digitais, um leito não formado facilmente acreditará em qualquer boato ou meme ou vídeo, exatamente o que aconteceu em 2018 e que favoreceu a eleição do atual presidente que segue forte nas mídias digitais e fazendo de tudo para remover o acesso à cultura e informação porque sabe o poder que isso tem.

Se por um lado alguns números da pesquisa são até animadores, penso que precisamos ter cuidado ao interpretar porque, ainda que as pessoas estejam lendo é preciso levar em conta o que elas estão lendo. Não estou dizendo que todos precisam ler os grandes clássicos ou livros difíceis mas, se estamos criando leitores que estão lendo apenas livros de autoajuda, coaching, motivacionais e livros 'fáceis', não estamos criando leitores de verdade mas apenas pessoas que gostam de ler e novamente massa que pode ser facilmente manipulada e enganada.

Acima de tudo, a leitura precisa ser incentivada não apenas pelo poder público mas pelas famílias, sei que em tempos como o que vivemos há outras prioridades e é totalmente compreensível mas, se não houver um esforço para promover e criar o hábito da leitura e formação de leitores estaremos apenas perpetuando pessoas incapazes de um pensamento crítico e que terão graves dificuldades de expressão oral e escrita como já vem acontecendo.

Ler é o melhor caminho mas precisa ser trilhado com carinho e atenção ou não adianta nada.

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