7 de jan. de 2021

a liberdade e suas fronteiras

 


Conviver em sociedade é para os fortes.

Ainda mais em tempos como estes quando todos acham que tem direito a tudo e não devem nada, a individualidade e hedonismo promovidos pela vida on-line confundem as fronteiras da vida real e as pessoas acabam achando que suas vidas-casas são extensão de seus feeds e páginas e que as podem simplesmente bloquear desafetos e quem não aceita suas ações sem culpa e seguir fazendo o que bem entendem.

Adicionemos uma geração que veio de lares onde limites e NÃO eram coisas raras ou inexistentes e uma pandemia que forçou todos e obrigatoriamente exercer um convívio que não estavam habituados e a receita para o desastre está completa. Com a rotina carregada de trabalho, estudo e diversão, pouco contato tínhamos com as pessoas com quem dividimos espaços comuns, principalmente me prédios e condomínios. A pandemia forçou essa convivência indireta e abriu feridas que dificilmente uma vacina irá fechar.

Há uma noção escrota de liberdade amparada pelo conceito pré-existente e reforçado pelo Bolsonarismo de que, se estou pagando, posso fazer o que bem entender vide a quantidade de casos de Bolsonaristas que bradam aos quatro ventos seus direitos de pagantes ofendendo e humilhando sem culpa para depois meter um atestado de distúrbios emocionais, lamento, falta de caráter não é doença, é falta de caráter e só.

Passei por algo assim onde moro. Morador ou moradores de um andar faziam reuniões que se estendiam até altas horas da madrugada com música e conversas animadas, janelas abertas como se somente eles morassem no prédio.

Reclamei uma vez ao síndico e mesmo assim voltou a acontecer.

Reclamei novamente e dessa vez fui um pouco mais incisivo, quem me conhece sabe bem como, e comentei que se ele não resolvesse o caso, eu mesmo resolveria só que não seria legal para ninguém porque eu ia meter o louco e tacar fogo nessa porra.

Aparentemente, o morador recalcitrante foi enquadrado e dia desses, pegando o elevador com o síndico:

Tudo bem?

Tudo bem!

Como foi de fim de ano?

Bem, em casa, não dava pra sair e você?

Em casa também, não saímos, ficamos quietos.

Pois é, o morador do NN não teve mais nada né?

Olha, se teve, eu não ouvi, se não viajou..

Viajou mas voltou, passou as festas aqui, não teve barulho né?

Eu não ouvi, se tivesse ouvido você seria o primeiro a saber.

Pois é, falei com ele novamente depois daquelas vezes porque não dava mais..

Não mesmo!

Ele disse que vai mudar, disse que é muito complicado morar aqui..

Não é complicado, é só seguir as regras de convivência agora, se você quer morar em lugar que você pode fazer o que bem entender sem ter reclamação, sugiro um casa ou um sítio..

Fim da conversa e fim de mais um morador que não está preparado para conviver em sociedade.

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