26 de mai. de 2010

festa, noites, guetos e o tanque..



A Festa

Lendo o 'intro' hoje sobre a  Parada que se achega e que não me dá vontade alguma de celebrar. O ideal se perdeu e ainda que tenha visibilidade, esta se dá não pela luta por direitos que deveriam ser nossos de nascença mas por sermos arautos da irreverência, da alegria, da liberdade, ou qualquer outro adjetivo usado pela mídia de forma pejorativa como se uma vez ao ano as jaulas pudessem ser abertas para que os viados possam circular livremente num ato caridoso da sociedade que nos enxerga como alívio cômico mas não como elegíveis para direitos civis.

Somos bufões? Apenas este tipo de viado serve tem o aval da sociedade? Perdi a conta de quantas vezes ouvi fizer que não pareço viado, que nem imaginavem que eu fosse. Porquê? Se eu fosse afeminado seria mais aceiável? A normalidade não pode andar de mãos dada com a viadagem pois rompe os estereótipos e mostra que somos sim como todos e, portanto, com os mesmo direitos que estes gozam.

Esse carnaval carnal de agora só depõe contra nós ainda que a visibilidade seja melhor do que ostracismo mas alguém precisa rever o conceito da Parada e voltar a dar um tom mais politizado. Ela deveria servir para mostrar que estamos aqui e temos uma voz e não que vamos dar o cu na rua.

Infelizmente, hoje, vale mais a segunda opção.

Noites e guetos

Há muito não saio à noite. Já tive meus momentos notívagos, quando a noite era minha e fazia dela o que bem entendia e fugia para casa quando o sol começava a dar sinais de vida.

Hoje, a idade me tirou o saco para isso, podem me acusar de ter me fechado para as  novidades, de rabugice e o que mais desejaram mas, nas poucas e raras vezes que ainda me disponho a sair, só reafirmo que tomei a decisão certa.

Tudo igual, tudo do mesmo jeito apenas com gente cada vez mais nova. Qual o objetivo de filas sem fim, gente se aglomerando, se apertando, buscando fechar a noite com a comanda vazia e o corpo cheio?

Não, sou mais dos amigos em casa onde bebemos os que se quer e ouvimos o que queremos ou de algum bar onde se possa conversar com calma ou mesmo flertar livremente sem o peso de fechar a conta da noite no azul.

Novamente, isso vale para mim e para os que comungam de minha fé. A noite não mudou, ainda está lá e os guetos persistem mesmo porque é impossível exterminá-los ainda que, de certa forma, deponham contra nossa luta pois mostram na nossa cara que, internamente, nos segregamos e como almejar algo maior se nem mesmo nos unimos num clube único.

Claro, isso é utópico, a segregação dentro de um mesmo grupo é inevitável pois são interpretações de um mesmo tema que arrecadam para si simpatizantes. Ingênuo achar que os ursos vão frequentar o mesmo local que a barbies e que as phynnas vão fazer footing na Vieira.

O gueto precisa existir como panteão da cultura de cada sub-grupo o que só enriquece o todo mas, não se pode tomar a parte pelo todo e nesse ponto somos fracos pois isso é comum de acontecer e não sabemos, nessas horas, nos unir em uníssono e o discurso se fragmente e a voz não é ouvida pois a sociedade tem a audição bem ruim.

Não sei o que vai ser da noite, nem posso tegiversar sobre posto que mal a frequento mas espero que seja algo que promova uma integração maior entre as tribos e que dê uma consciência maior de comunidade ao invés de pista de dança.

O Tanque

Esfria e todos já se preocupam com o verão pois o corpo pede mais calorias além das que já consumimos motivados pela tv e outras mídias.

Essa ditadura é ridícula e patética, preservada pela indústria da moda e do entretenimento e pela sociedade que idolatra Apolo e não Minerva. Tudo é cíclico e um dia o barroco vai retornar e então, eu vou estar na moda e vocês que perdem séculos nas academias e vigiam a balança como a hora da morte, vão estar por fora.

cursum perficio....

6 comentários:

  1. Parada: nunca fui, só ouço falar.

    Noite: frequentei bem mais a noite alternativa hétero de SP (Madame Satã, Retrô e coisas do tipo). Da noite gay, bem pouco, mas gostei da maioria que conheci até agora, nem que seja como experiência sociológica...rs...

    Tanque: Não curto caras bombados, mas também não sinto atração por caras obesos (não confundir com gordinhos)kkk sou adepto da virtude aristotélica. Milénios atrás, Aristóteles já dizia: "a virtude é o meio termo entre dois vícios, o vício da falta e o vício do excesso". Falando assim, até parece que sou o sarado (loooonge disso), mas não concordo com a idéia de que quem cuida do corpo é alienado. Alguns são, mas tá cheio de gente bem mais alienada nas universidades, com a cabeça atolada nos livros. Dou aula na USP, sei bem disso...

    Guetos. Na minha visão, o grande problema é a gente chamar pelo mesmo nome coisas que são totalmente diferentes entre si. "Gay" acaba sendo um grande guarda-chuva sob o qual se abrigam pessoas que não tem nada em comum - às vezes, nem sexualmente. É por isso que implico com muitas coisas da militância. Negar a diversidade e achar que todos são iguais é ir contra a natureza. Mas eu sou apenas um feliz direitista reacionário...kkkk

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  2. Todas questões sempre recorrentes. Acho que o importante é a gente ter noção do que nos faz bem. Não, necessariamente, tentar apenas acompanhar outros, isso é perda de tempo.

    Nunca achei a Parada relevante, mas tá aí e tb n vai ser extinta tão cedo.

    Noite? Sempre fui um tatu e moro numa cidade restrita a eventos noturnos. E algo que aprendo aqui, não posso ficar restrito ao clube A ou boate B, a vida pede diversificação.

    Tanque: voltei à academia mas não desejo lavar roupa de seu ninguém.

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  3. Perfeito em cada vírgula! Entendo que tenha generalizado (tem gente muito boa na parada, noite, academia), mas foi perfeito!

    E a house tá quaaaaaase open. :-)

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  4. Perfeito sim ... mas abro uma excessão em minha vida qdo vou a Sampa ... talvez por viver em uma cidade um tanto quanto provinciana, a efervecência da vida paulistana ainda consegue encantar-me [mas aquela menos badalativa]... por falar em Sampa semana q vem estarei aí ... delícia ...

    bjux

    ;-)

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  5. Parada... taí uma coisa que já me deixou alucinado, com preparativos mil nas semanas que antecedem, com direito a subir no trio elétrico e dançar alucinado em cima do tablado para a multidão...

    Hoje em dia? Sem o menor saco ou vontade!! Se for esse ano, só se for pelos amigos que arrastaram para lá e com direito a algum convite vip no trio elétrico. Ficar no meio da multidão, sendo empurrado e pisoteado, to fora!!

    Virou um grande Carnaval mesmo, perdeu a graça... Atualmente, acho mais que queima nosso filme do que reinvidica alguma coisa!

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  6. Nunca fui notívago, e nem precisei frequentar muito para perceber que é uma coisa cansativa e repetitiva. Abençoado seja meu poder de observação.

    Agora sobre o tanque, eu sou meio paranóico com o meu corpo... Nem muito para aparecer. Nunca tive o corpo perfeito, e minha genética nunca vai me permitir chegar lá, a não ser que eu faça uso de substâncias complementares, que abomino. Mas gosto de me ver no espelho com um corpo legal. Algo na minha cabeça associa isso com saúde, não sei porque...

    Beijos Melo!

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