19 de jul. de 2010

mano y mano



Nota: quando escrevi este texto nem mesmo tinha lido o Intro ou 2Lost e são textos excelentes sobre o tema. Espero que aprecie este e que leia os outros também pois creio que resumem bem o que muitos de nós pensam. loveasalways,m.

Quando achamos que nada mais podia acirrar a rixa entre nós e nossos ‘hermanos’ eis que eles num acesso de vanguarda inigualável aprovam a união de pessoas do mesmo sexo. 

Só nos resta engolir seco e aplaudir esse avanço da sociedade portenha que joga poeira em nossos olhos ainda mais quando, segundo pesquisa, a maioria da população daqui é contra a adoção por casais homossexuais. Sempre disse aqui que sou contra extremismos e que não desejo ver nossa luta pautada pela intolerância contra a qual tanto lutamos mas, às vezes... É uma linha muito, mas muito tênue entre lutar e impor e às vezes acho que cruzamos essa linha de forma não intencional (procuro acreditar). 

Francamente, certas vezes vejo nossa militância mais preocupada em causar, aparecer e apontar dedos para os intolerantes do que efetivamente fazer algo para promover nossa almejada igualdade de direitos e com isso, municia ainda mais nossos opositores que devem sim ser respeitados ainda que seus motivos sejam pouco claros pois são embasados em uma lei que ainda leva ranço de um Estado impregnado de religião que lhes outorga, sem maiores direitos a dialogo, direito de dirimir sobre o que é ou não aceitável e em uma cultura que ainda é muito jovem para entender que fé e direito são como água e óleo. 

Já cansamos de repetir que não desejamos transformar a sociedade num grande Gala G (ainda que alguns fossem gostar) e que a instituição do casamento só nos interessa enquanto meio de assegurar direitos inerentes a cidadania e não a um grupo especifico de indivíduos. Porém, como disse acima, somos encarados como ameaça ao status quo assim como o aborto o é pois dá poder a quem não deve tê-lo e quando isso é feito abrem-se portas que jamais poderão ser fechadas e a estrutura social nunca mais será a mesma. 

Não falta vontade às vezes de fazer tudo isso mudar à força, na marra, no salto mas então, qual a glória da conquista? E qual seu valor pois pode ser questionada assim como hoje questionamos quem se opõe a nós. Acho que o avanço de nosso vizinho abre um precedente enorme para nós e acredito mesmo que, apesar de tudo, dentro de talvez mais uma década esse assunto será resolvido pois salvo em Estados teocráticos a tendência é uma separação efetiva entre Estado e Igreja ainda que esse efetivo seja meio velado muitas vezes. 

Tudo que é diferente assusta o humano, fato. Nenhum de nós gosta do diferente, gostamos do que já conhecemos, dos que nos é familiar, que nos dá sensação de segurança, casa, segurança e são poucos os que podem dizer de peito aberto que abraçam sorrindo o que não conhecem. Porém, o diferente hoje é o mesmo de amanhã e cabe a nós mostrar que somos os mesmos todos os dias e que nunca foi nem nunca será nossa intenção destruir o que existe e instaurar uma ditadura homossexual como disse certo político tempos atrás. 

Quando uma minoria luta por seus direitos geralmente é acusada de querer subverter a ordem das coisas, de querer mudar o que sempre foi assim e coisa e tal e não é preciso ir muito longe para ver isso. E como ouvi alguém dizer por aí: ‘Se modelos definissem orientação sexual, casais heteros jamais gerariam filhos gays....’

5 comentários:

  1. eita ... o Melo sempre tocando direto na ferida ... mas sou um otimista nato ... ainda acredito no efeito Orloff ... é pagar para ver ...

    bjux

    ;-)

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  2. Pois é Melo, este assunto está no nosso inconsciente coletivo! Vamos torcer para que o exemplo argentino seja seguido em nossas terras. Por enquanto acho difícil. Fui dar uma olhada nos sites das principais organizações gays daqui do Brasil, e nada, acredita? Era o momento de aproveitar a maré portenha e colocar o assunto em evidência, mas tenho minhas dúvidas se esse povo quer realmente estas conquistas ou prefere manter seu curral de vítimas nas mãos para interesses próprios.
    Eu particularmente nem me beneficiaria, já que não tenho planos de casar (nossa vida está ótima assim), mas quero que as pessoas tenham o direito de escolher.

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  3. "dá poder a quem não deve tê-lo". Pois é, o diferente pode até existir, mas só se eu deixar e sob minha supervisão. nada de dar asinhas redbull ao diferente. vai que ele caga na minha cabeça?

    Triste com o comentário certeiro dos dois perdidos: realmente era uma boa hora de levantar uma bandeira.

    Mas também sei que é bem complicado juntar muitas cabeças realmente pensantes pra seguir numa direção correta, seja qual for o assunto. O ser humano quer o poder. Quer a imposição e o conflito, porque quer ser o mais importante - independente da causa que se esteja defendendo. Assim, as coisas demoram... mas caminham...

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  4. Eu acho que pode até gerar um efeito em cadeia e resultar em algo aqui. Na verdade, seria o ideal. Mas é aquela história que foi mencionada acima: muitos só se ligam num assunto quando lhe é de interesse, e nessa hora, nem todo mundo está em sintonia. E é assim que se perdem oportunidades...

    Beijos Melo!

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  5. Bem sabes que era a hora ceta de fazer algo. Eu torço com muita fé para que isso se realize. Torço para que um dia consigamos nos casar de papel passado e tudo. E quem sabe numa igraja. Sim, sou desses!

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