6 de jan. de 2011

buy buy brazil

Quanto mais escuros os tempos, maior a necessidade de luz, muita luz. Ainda que eu tenha abandonado por pura misantropia a sétima arte, nada contra estúdios famintos por grana ou escrúpulos da arte e afins, me dói fundo ver que uma sala tão marcante quanto o Belas Artes vai sumir do mapa paulistano correndo o risco de virar uma loja de departamentos na melhor hipótese e mais um stand center da vida na pior.


Não precisamos de mais lojas, de mais consumo, de tabletes, aifones, emepêtrês, quatro eo caralho, não precisamos de mais porcaria eletrônica que já nos causa estresse, desgostos e depressão pois não sabemos dosar seu uso e entramos em parafuso. Não precisamos de nada mais, não precisamos precisar.


Por um momento, ponho de lado minha misantropia e pergunto: niguém se importa com a morte de Belas Artes? Hoje baixamos tudo pela rede antes de sair nas salas, de músicas a filmes e longe de enveredar pela questão de direitos autorais estamos cortando aos poucos os laços da vida social, de fuçar lojas de discos buscando coisas novas, de ir ao cinema juntos, passar pela catarse grupal que a sala promove, de ter contato com outros que não seja pela rede social, eu sei da sua vida por elas e vice-versa. Precisamos fazer o movimento inverso, desligar, desacelerar, diminuir, despressurizar.


As coisas que deveriam facilitar nossas vidas estão nos matando ou só eu vejo isso? Ok, eu tenho um blog, estou aqui mas ele é meu escravo e não inverso e meus eletrônicos me servem e não eu a eles. Não quero ficar deprimido porque meu e-mail está vazio ou meu celular não tocou ou ninguém me tuitou hoje. Menos é mais.
E assim, o Belas Artes vai embora porque ninguém precisa de uma sala de cinema de verdade quando temos multiporraplex com zilhões de salas com som ultrafuckingsurround3Dtwilightzone. Quem precisa de uma sala antiga, decadente e que só passa filmes que ninguém quer ver?


Nós precisamos, e muito. Nunca precisamos tanto. Foi lá que assisiti a muitos bons filmes, quando o cinema ainda era habitável, as pessoas tinham noção do que fazer lá então. Não se trata de dar espaço ao pregresso, isso não é progresso, matar um sala de cinema para por no lugar um comércio é lamentável e triste é que o dono do imóvel ou autoridades e empresários não vejam que precisamos sim de mais incentivo a cultura e não podar-lhe os membros.


Espero mesmo que isso acabe por se tornar mentira e que salvem, ainda que aos 45 do segundo tempo, a sala e me proponho a jejuar de minha misantropia para ir até lá fazer preotesto e ver um filme até. No meio tempo, vou mesmo tentar assistir à retrospectiva que parece que farão lá.


É o mínimo que posso fazer.

7 comentários:

  1. Verdade, tu não está vendo isso sozinho.Uma lástima..
    O mundo hoje se divide entre os que são alguma coisa porque comprem e os que sofrem quando dizem que não tem um Ifone, e que procuram comprar coisas que tem o preço que valem.
    Agora imagine eu, vivendo na meca do consumo...
    O pior é que nem jornal aqui as pessoas daí lêem.Em resumo, só confersam sobre futilidades e como se sentem.
    bjo
    Desopilei mei f;igado aqui.

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  2. Como ficou claro que o Maluf (não-filho do...) não quer saber de conversa, o que podemos fazer é ignorar a loja que abrir ou tacar ovo/cagar na porta da mesma ou... Dar prejú mesmo.

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  3. Vi muitos filmes por lá. Acho que é o destino de todoas as salas de rua, hoje em dia cinema é só shoipping center (talvez seja uma simbiose mais perfeita entre o local e o conteúdo, né?).

    O cinema que eu frequentava quando criança virou bingo, e depois uma igreja evangélica...

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  4. odeio isso..o BA estava agonizando. estou triste pq junto com ele também vai um pedaço da nossa história.

    lembra do Astor(onde é a Cultura hj), do Metro 1e2 (onde é uma igreja), do Studio Alvorada (onde é a Bio Ritmo do CjNacional)?....pois assim caminha a humanidade....pro buraco.

    bjo

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  5. e assim caminha a contemporaneidade ... aqui em BH já fecharam todos os espaços alternativos ... cinema agora só aquelas salas q cheiram a pipoca de micro-ondas dos shoppings ... uma pena mesmo ...

    bjux

    ;-)

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  6. Que pena...
    Veja pelo lado bom. Pelo menos não fizeram como na minha cidade, cujos poucos cinemas que haviam aqui foram transformados em Igreja Universal do Reino de Deus...

    Um abraço Melo

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  7. É terrível ver a mesquinhez e a mediocridade dando de 10 na arte e na cultura. É triste ver tantas casas de espetáculo virando igrejas ou lojas de departamento. Não que seja contra uma ou outra, mas parece que a cultura é sempre a prejudicada. Pow, será que tem sempre que ser num teatro, num cinema, num local onde o pouco de cultura nesse país tem lugar?
    Só espero que Sturm consiga realmente outro bom patrocínio e abra a casa outra vez.
    Dedinhos cruzados, pé de pato mangalô 3 veiz.
    Beijokas.

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