18 de mar. de 2011

casos de polícia

Ficar em casa tem suas desvantagens, poucas mas elas existem. Uma delas é estar a mercê do que passa na TV seja aberta ou paga, ilusão pura achar que a segunda vai livrar você do marasmo pois mesmo ela tem seus dias de 'não passa nada que preste nesta merda'.

Ainda assim, é melhor do que a TV aberta, terreno fértil de programas destinados ao sensacionalismo, donas de casa frustradas e entediadas e descocupados como eu. Existe também sempre a possibilidade de ligar o DVD e assistir a um filme o que faço sempre que a aberta e a paga parecem competir na programação desinteressante.

Mas, confesso que às vezes a atração pelo bizarro fala mais alto e isso aconteceu ontem quando resolvi assistir ao 'Casos de Família' no SBT, o tema do programa era 'Será que ele é gay?'. Vamos por partes.

1. Trata-se do SBT, emissora notoria por nao ter lá assim uma programação de primeira e que anda mal das pernas porque seu dono há muito devia ter entrado no baú e ter sido posto a sete palmos

2. Dentro da 'proposta' da emissora, o programa em questão está ótimo pois se propõe a tratar desavenças familiares ou afins o que realmente faz mas num clima de feira livre quase tele-catch

3. A apresentadora Cristina Rocha parece estar na varanda conversando com a vizinha e, diferente de Regina Volpato, sua antecessora, não trata as pessoas como adultas e procura mesmo entender o problema, buscar uma possível solução além de atuar como mediadora. Cristina, provavelmente instruida pelo dono da casa, quer e faz o circo pegar fogo fazendo a alegria da 'palhaçada' geral

Enfim, isso apenas para localizar o leitor. Como o tema ontem era 'da classe', fui eu lá ver o que sairia desse chapéu de mágico de segunda. Engraçado como as emissoras realmente se segmentaram de acordo com as classes sociais pois os gays que estavam no SBT não são os mesmos gays que se poderia ver na Globo, Record ou Bandeirantes.

Lá, a impressão era de que tinham pego os viados na porta da emissora ou, sem preconceitos, no Largo 13 ou da Concórdia (tinha uns cafuçus que me deixaram fazendo a Shakira = 'loca, loca, loca'). Na verdade, penso mesmo se não pagaram para um pessoal na rua ir no programa e passar aquele vexatório todo o que não me surpreenderia se for verdade, acho que os unicos gays legitimos eram um casal participante do programa, um outro cara que só de abrir a boca já entregou o jogo e as da platéia.

E começou o show de horrores. O lance era adivinhar, dentre os dez caras no palco, quem eram os gays e quem eram os heteros sabendo-se que a proporção era de 50% cada. Cristina brincava com a platéia, perguntando como saber quem é gay e quem não é e daí desfilou-se na tela um sem fim de absurdos. Não satisfeita, ela fazia questão de tirar a prova de cada 'dica' de como pegar um viado com cada um dos moços do palco. Para coroar tudo, havia um semáforo onde os gays deveriam, ao fim do programa apertar a luz verde para indicar que eram gays, os heteros deveriam apertar a luz vermelha e havia um amarelo que servia talvez para o 'bis' ou aqueles que ainda não resolveram (claro que esse não usado). Teria sido a associação de cores relacionada a  gay = dá o cu = libera = verde / hetero = não dá o cu = não libera = vermelho?

No final, os heteros não precisavam fazer nada mas o gays precisavam abrir um imenso armário que estava no palco, sacar de lá uma capa dourada e uma tiara e usá-los, preciso explicar? Acho que não. Longe de mim me tornar um politicamente correto, um chato de plantão; quero que ainda se possa fazer piada de viado e que possamos rir dos outros e de nós mesmos sempre. Sem isso, já disse aqui outras vezes, não há porque lutar por direitos pois acima dos direitos civis existe, penso eu, direitos como liberdade de expressão e não quero meus direitos sob os escombros dos de outros. Como disseram por aí, não concordo com o que você disse mas vou defender com unhas e dentes seu direito de dizê-lo.

Porém, esse tipo de programa é um total desserviço e ainda que seus espectadores se divirtam não se tenha desrespeitado ninguém (a coisa estava mais para farsa caricata do que humor ácido), fica para mim uma sensação de às minhas custas pois não se adicionou nada ao assunto, não se mostrou esse ou aquele ponto de vista era apenas um grande circo, nada mais. Porque os que participaram do programa aceitaram faze-lo? Muitos deles se outorgaram como profissão modelo (mais para michê ou go go, devo dizer) e então a exposição sobrepõe o mico?

Não quero que esse tipo de programa seja banido pelas razões que expus acima mas seria interessante que para cada um desses se fizesse outro onde temas gays são realmente discutidos com seriedade (utopia). Isso porémm, implicaria inserir nos humorísticos quadros que mostrassem situações cômicas com gays fora do estereótipo que esse tipo de programa está habituado a exibir e isso, não traria muita audiência não é mesmo?


14 comentários:

  1. Concordo com você meu querido. O grande problema destes programas é justamente isto! Não informar. E ai está o erro! Claro que as emissoras devem divertir, mas o objetivo de uma emissora não é também prestar serviço a todos?

    By the way, ri muito com determinados pontos do texto principalmente quando se referiu ao dono do canal e a "proposta" da emissora!

    Beijos!

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  2. como já diria o grande linguista Saussure: o ponto de vista cria o objeto, e não o contrário.

    Não vi o programa - vou ver o video mais tarde - mas assim que cheguei do trabalho minha mãe veio comentar. E ela veio toda animada, adorou o programa e fez questão de me contar cada detalhe...

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  3. Pois é melo, o único objetivo do programa e entretenimento de uma platéia pobre de espírito.Não tem a menor pretensão de tratar os assuntos de forma séria, pois isso não daria IBOPE.
    Bjão

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  4. fico me perguntando como alguém tem coragem de se expor assim?

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  5. ta eu assistia (e gostava) mas o senhorito não conte à ninguem

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  6. enquanto esse tipo de programa der audiencia e trazer lucro pra emissora, ele vai continuar a existir.
    acredito q um programa 'correto' sobre o mundo gay se fosse feito de maneira correta, com um roteiro decente, traria mto mais audiencia. mas como li dia desses, os produtores brasileiros nao querem mais pensar e preferem o facil e 'senso comum'!

    abraços do voy

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. O programa da Cristina Rocha é popularesco, quer atigir as donas de casa que depois de lavarem, passarem, cozinharem querem mais é ligar a TV para dar algumas risadas ás custas dos outros( que mal há nisso? Nenhum...rs).
    Gostei muito da aborgagem dada pela escritora Maria Adelaide Amaral de Ti-ti-ti ao casal Julinho e Thales ( achei mto digna a forma como ela abordou a temática gay sem ofender ou ridicularizar um aspecto tão importante da sociedade).
    Abraços e linda semana.

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  9. Então, programas sérios não dão audiência, é uma pena.
    Essa perspcetiva norteia programas como esse, Big Brother e uma série de programas que não sabem entreter o telespectador e promover nele uma crítica, porque o telespcetador de hoje foi criado absorvendo tudo o que a mídia produz, ele não foi educado a refletir, se fosse, programas como esse seriam ignorados pela maioria.

    Problema só nosso? Não mesmo, na maioria dos programas da tv aberta européia e americana, pipocam lixos como esse.

    Beijao!

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  10. S.A.M disse tudo.

    SBT é o cúmulo do circo do "pão e circo".

    Programas inteligentes tão em falta na TV aberta.

    Bjo e abraço, o/

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  11. E vamos dar pão & circo pra galera!!!!
    Freak show define.
    Mas tem coisas que são tão trash que eu assisto só pra me indignar!!!!
    Hahahahahahahahahha!!!!
    Batendo claras em chantilly com teu retorno!!!!
    Bjzzz!

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  12. Medo, muito medo! Eu ligo a tv só pra assistir DVD, sério. Acho tudo tão ruim...

    Bj

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