14 de jun. de 2011

Os putos



É domínio publico em Blogsville que eu + wans usamos dos serviços de putos. Se você chegou agora por aqui, vasculhe pelo blog as estórias e ocorridos entre nós e os michês assim como para entender melhor como funciona isso entre nós dois e eles, os putos.

Enfim, não é nada demais, aquela pimenta no sexo que depois de anos, fatalmente, torna-se não menos prazeroso mas um quê de datado, normal, fato e sem divãs pois sexo não norteia nosso amor, este sim, guia cada um de nossos atos. Como o primeiro é parte integrante dele e não queríamos um elefante opaco enfeitando a sala, fomos atrás deles e até hoje nos servimos de sua rolas saborosas e cus tenros.

Não cabe a mim e nem desejo mesmo emitir sentenças, sabe lá como e porque os putos acabaram sendo quem são, fazendo o que fazem mas, me reservando por um momento o benefício da dúvida, não seria mais fácil um emprego dos chamados honestos ao invés da difícil vida fácil? O leitor pode, assim como eu, pensar no SIM e alegar um sem fim de motivos justificados para que os putos sejam vistos como acostumados ao bem/bom.

Acho mesmo que é essa facilidade que atrai os putos para essa vida e, uma vez lá dentro, como sair e encarar um trampo comercial ou algo que vai render em um mês o que se poderia tirar em uma semana ou menos? Essa grana fácil deve ser o chamariz além da possibilidade de cair nas g(ar)a(s)cãs de uma bicha rica que possa bancar o boy em troca de sexo farto e uma profusão de ‘eu te amo’ diretamente proporcional à conta no banco ou bens que o puto consegue acumular no período de tempo em que a bicha ainda acredita nas promessas vadias ou até que outro puto mais atraente ou convincente a roube do puto acomodado.

Há que se pensar que uma vez ingresso na vida, sair dela deve ser algo complexo pois salvo os putos que investem mesmo e seriamente em estudo e carreiras que possam apagar ou amenizar seu passado devasso, não se tem muito o que fazer se, assim de supetão, o puto resolve levar uma vida séria. O corpão, aquele ar de sexo que não desgruda do corpo vão segui-lo para sempre e aquele risco de trombar um cliente sempre estará à espreita, na esquina, logo ali. Talvez por isso muitos acabem voltando à vida mesmo diplomados e certos de que seriam sim ótimos profissionais e não duvido disso mas o CV não tem histórico profissional ou referencias que se possa citar como confiáveis. Como se trepar fosse sinônimo de incompetência quando é o exato espelho disso, é trabalho árduo e que deveria mesmo ser posto no CV e visto com certo respeito pois trepar com os outros por grana é coisa que pesa não apenas no corpo, sua mercadoria mas, na alma, esse preço eu mesmo não imagino como deve ser pago.

Talvez por isso alguns dos putos que passaram por aqui tinham um ar vazio, abestado não de nascença ou acidental mas feito pela vida mesmo e pelas escolhas que ele fez ou foi forçado a fazer. Sim, alguns buscam a vida por fazer fácil uma grana, com disse, que levariam anos para poupar mas outros queimam a mesma quantia deslumbrados pelo mundo fácil do sexo pago. Voltando, alguns tem mesmo esse ar vazio, oco, como se essa vida lhes tivesse sugado até o tutano e deve ter feito mesmo. Quando os putos entravam aqui em casa eu podia inalar esse ar perdido mas deixava ele de lado pois a função ali era ele nos dar prazer em troca de algumas notas, prestação de serviços pura e simples e as mazelas que ele tinha ou vivia me eram tão caras quanto as dos famintos da Somália leia-se algo triste mas tão distante de mim que não me interessa de forma imediata, tenho mais com o que me preocupar.

Dos putos que saímos, alguns já vimos na rua, ponto mesmo, aquele espera fria e incerta pelo (próximo) cliente. Um deles, Tiago (sabe-se lá que nome ele usa hoje, eles mudam mais do que se pode acompanhar numa tentativa vã de emprestar ares novos a quem já é da praça ou mesmo enganar eles mesmos assumindo outro nome e aparência – um corte de cabelo, mais ou menos bombado – para dizer-se como novo) já vimos mais de uma vez nas redondezas e, neste fim de semana, Sábado, madrugada, vimos outro, Tony Lee (você pode achá-lo no Olimpos ou Malicia).

O reconheci de cara e Wans também e acredito que ele tenha nos reconhecido mas ficamos naquele situação de eu sei que você sabe que eu te reconheci mas não falei com você porque você é um michê e só falo com putos quando quero fuder e não para dizer boa noite. Porém, no milésimo de segundo em que eu lhe catei o olhar e ele o meu houve um pedido de socorro, uma frágil e tênue cortina foi deposta e pude ver nos seus olhos aquela pergunta ‘o que faço aqui?’, uns olhos perdidos, vazios e que se encheram daquela pose profissional quando os meus lhe reconheceram e mesmo assim incapazes de disfarçar que nós sabíamos um pouco mais dele alem do que a rua revelava.

Tiago é a mesma coisa, sei que ele mais de uma vez nos viu passar e nós o vimos ali na rua, não lhe pude ler os olhos mas ficamos naquele situação de trepei com ele e nem lhe olho na cara agora? Tudo bem, foi pago, não tenho a menor obrigação de ficar lhe deitando firulas e polidezas mas, assim uma pessoa que você sabe a intimidade, não amigo pois não houve tempo para isso e nem era o intuito da coisa mas houve nu, provamos um do outro, sexo, muito próximo mesmo e depois na rua, você passa pela pessoa e nada?

Tiago e Tony, passamos pelos dois assim, vendo, sabendo e sem lhes dar boa noite e isso me deixa desconfortável. Mas como abordar? E se eles nem se lembram de nós (mentira, eles lembram sim mesmo porque, instintivamente, eles lembram quem lhes trata bem e nós aqui sempre os tratamos com respeito e educação). Penso que talvez pudessem adotar uma postura defensiva pois se não os abordássemos para trabalho, estaríamos espantando a clientela e tudo é, no fim, pela grana. Não sei até que ponto eles se cobrem numa carapaça assim dura e fechada para salvaguardar desse mundo sujo aquilo que eles realmente prezam e se é possível, fazendo isso, salvar algo para alguém que se ame mesmo e até se a capacidade de amar pode ser assim tão compartimentada de seu uso meramente sexual e mercantilistico.

Fica então apenas essa ranço meu, essa culpa talvez por usar o puto pelo que ele é e não pela pessoa que ele é mas, é a vida, é o mercado e quando eles estão aqui em casa, os tratamos com respeito e da melhor forma possível não pela grana mas porque eles são mesmo pessoas e que trabalham; mesmo que depois de gozados, na rua, nem lhe digamos uma palavra sequer. 

No fim, prevalece a convenção social mesmo: eu sou o cliente e você o michê; assim, não tenho de lhe dizer nada e nem mesmo andar no mesmo lado da rua que você, sabemos quais são os nossos lugares e quando eu chamar você, para saciar meu tesão, você vira, rindo e sempre disposto mediante meu pagamento e nos trataremos como velhos amigos até que acabe o programa.

12 comentários:

  1. Eu queria muito saber por que éque ão existem (?) putos 40tões/50tões. Tudo bem que a performance não seria a mesma, mas poderiam cobrar mais, sei lá, pela especialidade do produto.

    Talvez o preço no corpo e na alma seja maior do que eu imagino e se cobre mais cedo do que eles gostariam.

    Ou talvez eu que não tenha procurado.

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  2. Edu: os de mais 30 já são raros, muito poucos mesmo mas existem. 40s e 50s nunca vi.

    Nessa 'indústria', tem valor a idade, carnes duras e tenras mesmo porque, como as super modelos, depois de certa idade eles não tem mais clientela; os mais novos chegam sempre mais gostosos e mais atraentes e roubam para si todo o $$$

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  3. Eu tenho mais de 30! E faço em 2 x... hehehe!!!
    Querido... maravilha de análise, de abordagem e de questionamento... bem a ver com essa sensibilidade brutal que tens. Adoro. Não posso opinar mais pois - PASME - eu nunca usei do serviço... talvez um dia, quem sabe... numa visita guiada por SP... hahahahaha! Bjz! Tu é um cara muito especial mesmo!

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  4. Eu já lhe disse q nunca usei e talvez nunca use tais serviços ... não consigo me ver em tal situação ... preconceito? não ... apenas não me desperta a libido com esta intensidade ... prefiro uma trepada com alguém q tb a queira pela simples vontade de trepar ...

    Qto a este sentimento de culpa eu tb não concordo ... vc os trata bem e com respeito e consideração q todo ser humano merece ... paga pelo serviço e pronto ... não fazemos o mesmo com todo e qualquer outro profissional q nos atende ao longo de nossas vidas? Seja o caixa da padaria, o bombeiro, o eletricista ... enfim ... se olhar por aí vc verá q não tem nada de desprezível em reconhecer um puto q lhe proporcionou prazer mas q foi bem tratado e pago ... sei lá ... penso assim ...

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  5. não dá para misturar. O único que usei, sumiu e nunca mais o vi.

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  6. bem, qndo eu tiver mais dinheiro provavelmente usarei mais os serviços destes moços...

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  7. Escolhas são escolhas. É por isso que não se olha nos olhos de quem não se quer saber nada mais profundo. É perigoso descobrir demais sobre aquela alma: podemos nos apiedar.

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  8. Nuca utilizei tais serviços, mas não descarto a possibilidade.
    Bjão

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  9. Esta etiqueta é complicada né? Mas vc tem razão, no fundo é uma transa-ção comercial (hehe). Não precisa falar quando encontra por aí.

    Bj

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  10. Não sei, mas deve ser complicado e até por que nem sempre tem o 'nosso' traquejo, né.
    mas enfim,

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  11. Quero muito ser como vc qdo crescer... Acho que a bem da verdade, é que por mais que tentemos nos livrar ao máximo dessa babaquisse escrota que está a nossa volta, de alguma forma ela sempre influência...

    Vc chegou num nível power golden raio trovão dessa liberdade sexual e no lidar bem com essas coisas, mas ainda sim fica esse rancinho...

    Acaba não sendo igual como qq contato profissional seria, não é como encontrar o corretor que te alugou seu apartamento que vc acenaria normalmente, ou pelo menos levantaria a sobrancelha, sem maiores analises filosóficas a cerca do fato....

    O corretor poderia ser tão sugado e oco pela correria da vida, pelo emprego e os problemas em função da sobrevivência qto o puto... E ainda q vc sentisse que isso seria por um super-excedente de trabalho (e isso inclui o serviço que prestou a vc) n compararia a dor dele com as criancinhas da Somália.

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