3 de jan. de 2012

ah if i catch you....

Não sou dado a intelectualismos ainda que me ache razoavelmente culto mas quilômetros à distância de ser um intelectual e, o que é afinal ser isso? Não sei e não tenho muita vontade ou desejo de descobrir.


Talvez ser intelectual esbarre mais no prolixo e hermético do que realmente haver conteúdo no que se diz ainda que algumas pessoas, realmente parecem gozar de um intelecto mais afiado, afinado e apurado, dotados pelos genes mas devidamente desenvolvidos por anos de estudos com afinco em uma ou diversas áreas.


O que incomoda não é esse cristão que realmente está em um patamar não acima ou nós abaixo mas apenas diferente de nós, meros mortais. O que incomoda são os que se acham dignatários desse título como se fossem capitanias hereditárias sem ter efetivamente o que se precisa, 'what it takes' para ser da classe.


Por outro lado, nós aqui de BV não somos, à nossa maneira, intelectuais? Não é de certa forma ser intelectual escrever como e o quê escrevemos? Tudo que lemos aqui, desde confissões pueris, rusgas de opinião, idéias e ideais, desabafos, ficções e um sem fim de letras não faz de nós assim, uns intelectuais ou precisamos ser Caetanos, Machados, Eças, Arnaldo Antunes?


Ruim fica quando pregam que precisamos sim do intelecto e que abnegar das estapafúrdias cotidianas que cada mais vez bestificam as pessoas. Claro, seria ótimo que todos lessem Clarice, João Antonio, Gogol, Dostoievski e ouvissem Mozart talvez, jazz, rock clássico ou os indies e alternativos que aqui em casa adoramos e não Michel Teló e um sem fim de 'sertanejos', 'românticos', cantoras de sexualidade dúbia, funk que deve ser ouvido sempre sem fones de ouvido e outras tantas de triplo sentido, versos grudentos e para tirar pés do chão.


Não gosto mesmo, detesto mas entendo quem ouve, como isso vende e é sucesso e não adianta brigar e torcer o nariz, o que posso fazer é não deixar entrar aqui em casa e evitar, ao máximo, frequentar locais que toquem esses tipos de música assim como não compro livros com títulos que lembrem estórias edificantes ou de fundo emocional adocicado e que emprestem às nossas vidas um ar de existência com soluções que são eficientes e eficazes na vida de quem escreveu mas pouco servem no dia a dia nosso pois vida é como cueca, cada um usa a sua.


Deixem os Michéis Telós cantarem e as Elises e afins caírem cada vez mais no esquecimento, não adianta chiar e falar que as pessoas estão emburrecendo se é o que elas realmente querem nesse momento e não edificar o pensamento, a alma, foda-se o pão, mais circo! E isso não vem da genética mas de casa pois é de lá que as pessoas estão saindo já moldadas na mediocridade e digo isso não de forma pejorativa mas, apelando ao sentido mediano da palavra, nem para mais, nem para menos, se estiver na média com os demais estamos todos bem e tirando os pés do chão e cantando músicas tão ocas quanto as pessoas que as compuseram.


De novo, estes são sim intelectuais pois viram a porta aberta entraram e agora, para tirá-los do lugar, vai ser muito difícil afinal, depois de provar melado quem vai querer comer jiló mesmo que argumentemos que bem temperado é bom pacas? Não adianta falar mal, deixemos eles ganharem seu naco pois, como tudo, vai ter fim esse ciclo de abestalhamento e as pessoas podem não voltar assim a ser uns chatos intelectualóides, nem devem e é bom que não sejam mas ao menos, que voltem a ter um pouco de (bom) senso e  que voltem o olhar mais para dentro de si mesmos e para os que dependem de criação e formação para que não tenhamos gerações e mais gerações de gente abestada e tão rasa quanto um pires de leite.

10 comentários:

  1. verdade, não é uma questão de ser ou não ser intelectual ... é só uma questão de gosto um pouquinho apurado ... mas o q fazer em um mundo onde o q conta é o dinheiro fácil e o material reciclável ... e olha q não é uma questão de formação intelectual nem mesmo de nível social ... fui a uma festa de aniversário outro dia, de uma menina fazendo 23 anos ... classe média alta, tudo nível universitário ... pasme ... só ouvi estas coisas ... e ainda tive q observar a cara de empolgação da turma e sair de fininho para não ter o constrangimento de dizer q não rolava de dançar com eles aquilo ... mas enfim ... fazer o que ... quem sabe 2012 não seja mesmo o ano do apocalipse e as coisas mudam ...

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  2. É, complexo, e adoraria dar uma de intelectual e citar Maffesoli e Rogers, mas vou me conter, heheh.

    Minha opinião é de que tudo tem seu valor. Assim como ouvir só Michel Teló te estraga, ouvir só Brahms também. A riqueza de conhecimentos só se dá no cruzamento deles, só assim que se desenvolve o senso crítico e também a liberdade de transitar em conhecimentos e por consequência, em ambientes diferentes.

    Brinco que o mal do século XXI é que as pessoas hoje não tem referencial, se tornaram anestesiadas a tal ponto que todo conhecimento se torna unidimensional. Na época do global, as políticas locais e restritivas que ganham poder....

    Abs !

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  3. É Melo... Na verdade acho que nada é absoluto, sabe? Esse lance de ser intelectual ou não, é lance de autoafirmação... Se a pessoa precisa disso, fazer o que, né? Deixa ela ser o intelectualóide sem noção, minha vida não vai mudar por causa disso.
    O importante mesmo, para nosso próprio benefício, é ter bom senso... Sim, bom senso, vc tocou no ponto certo. Se existem músicas boas e músicas ruins para cada um, isso é ótimo, afinal de contas somos seres humanos, e se não discordássemos serial falta de personalidade, não é? Logo se todos nós considerássemos esses sertanejos, funks, axés, pagodes, e etc (...) como submúsica e não escutássemos, aí é que não seríamos intelectuais mesmo, afinal de contas estaríamos criando e incentivando um comportamento de massa, e estaríamos negando a capacidade mágica e bela que o ser humano tem de ser único e de não pensar igual. Na verdade, Melo, eu acho que, não o intelectual por si mesmo assim tachado, mas o cara que é esperto e tem bom senso não tá nem aí pro que tá nas top listas da rádio, pro que que está se esgotando nas prateleiras das livrarias... Essas pessoas (que tem bom senso), simplesmente se interessam por aquilo que as agradam, sem negar que sofrem sim influências externas mas que antes de tudo, o que prevalece é o SEU próprio gosto. Eu por exemplo, gosto de ouvir a Lady Gaga, acho que ela é muito louca e tem uma voz bonita, sou menos inteligente que os outros por causa disso?

    Um grande abraço, e obrigado pelo texto BRILHANTE! :D

    Até o próximo...

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  4. deixa eu ver se eu entendi seu texto, veja se estou errado...

    primeiro vc argumenta que o intelectualismo é ruim, e (na minha opinião) confunde o intelectualóide com o intelectual ao usar um pelo outro no texto, pra num segundo momento admitir que os blogayroz também são um tanto intelectuais (o que concordo completamente, inclusive nos sentidos foucaultianos da coisa), mas tudo isso me pareceu um prólogo pra vc se desculpar pq não gosta dos micheis teló da vida?
    ai vc por fim xinga, diz sua opinião (a qual concordo plenamente), diz que as pessoas gostam disso pq são moldadas medíocres em casa (concordo tb)
    porém do nada vc diz: "De novo, estes são sim intelectuais pois viram a porta aberta entraram e agora, para tirá-los do lugar, vai ser muito difícil afinal, depois de provar melado quem vai querer comer jiló mesmo que argumentemos que bem temperado é bom pacas?" e ai eu não entendi mais nada...

    me explica?

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  5. Tô longe de ser intelectual. Mas acho que já aprendi que essas coisas a gente deixa pra lá, deixa quem curte curtir, e a gente que siga com a nossa vida. Deixa o cara fazer o trabalho dele, tem gente que gosta né?

    Beijo Melo!

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  6. Desde que Michel Teló e afins não toquem no meu ipod e na minha casa, tá valendo.

    Caetano pode ser o intelectual que for, mas de uns tempos pra cá, acho que ele ficou meio bicicletinha. Pois é, intelectualidade d+, dão argumentos de 0.

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  7. esta história está até rendendo bem... não sei se você se lembra, mas todo tipo de música, tal como a eletrônica e afins, no seu início sempre foi cheia de restrições e críticas tanto boas quanto ruins. Até música clássica já teve seu momento de fama e popularização. Somos mais do que nunca basicamente consumistas de fast food. Nunca o mundo teve que presenciar tanta informação e tanta variedade assim justamente pela tal da globalização. As informações estão mais rápidas, assim como os desinteresses. Até beatles hoje seriam considerados apenas moda e mais uma boy band. Só o tempo dirá se isso irá se perpetuar ou cair no esquecimento. Quem sabe daqui umas décadas não existirá as festas do ano 01 e um dos hits será este? onde todo mundo canta e se lembra? Agora, quando que a humanidade, em toda a sua história, não precisou de criação e formação? Sempre toda solução trará novos problemas.

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  8. Tu publica um livro, faz sucessos e ainda fala que não é intelectual??? Orra, melhor rever seus conceitos, pois tu é intelectual sim, além de ter uma vasta experiencia que a vida lhe proporcionou....

    Gosto de sua expressão, pois tu é o que é e o resto foda-se...
    Abraços

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  9. não vim para explicar
    vim para confundir...

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