27 de jan. de 2020

E eu gosto de meninos e meninas

Comecei pensando escrever sobre a famigerada ideologia de gênero mas, tem gente mais capacitada para isso e assim, usando por base este texto de Roberto Muniz Dias - vale a leitura -, decidi ir por outro caminho.

Peço ao querido leitor que atente a esta imagem:


Pense bem por alguns minutos, lhe dou esse tempo para tentar encontra o que está errado, valendo!

(pausa dramática para voltar ao texto)

Vamos lá? Ok.

Esqueça por um momento a ideologia de gênero enquanto teoria ainda que estaremos em sua alçada no que escreverei. Foquemos no quesito MENINOS E MENINAS, percebeu bem o que a lista da escola pede aos pais?

Estamos ante o mais sórdido mecanismo de perpetuação de papéis socias, machismo explícito disfarçado de educação, misoginia velada de lúdico, tudo para deixar calmos os pais de que a escola não está propondo ideologias, apenas perpetuando as figuras que cada um deve ocupar na sociedade.

É notório que o atual governo e sua estrutura estão numa cruzada santa contra qualquer possibilidade que remonte a discussões de gênero e muito menos a qualquer tipo de contestação quanto aos cargos sociais que homens e mulheres devem exercer na vida privada e social, Damares já deixou isso mais do que claro.

É cruel, vil e horrendo uma escola imputar que meninos podem sim ter uma profissão enquanto as meninas terão como futuro pilotar fogão, pia e máquinas de lavar. Fico pensando nessas crianças que desde cedo já tem podados quaisquer sonhos de serem o que quiserem tendo de seguir os papéis sociais que deles se espera.

Na atual conjuntura, a escola está ante um dilema complexo, precisa educar e, em tese, formar cidadãos conscientes e idealmente pensantes mas, a norma que vem de cima não fomenta esse tipo de educação, oprime vide os casos de alunos filmando professores que estavam 'doutrinando' seus alunos.

Os pais, por sua vez, cada vez menos se importam com a educação de seus filhos, jogam tudo para o Estado e escolas como se fosse a obrigação deles formar seus filhos mas não sabem dizer o que esperam, apenas o que não querem e nem disso tem clara certeza muitas vezes.

A educação é um jogo compartilhado, deve ser um caminho trilhado pela escola, pais e alunos em proporções tão equivalentes quanto possível, nesse jogo de empurra quem perde são as crianças que acabam obtendo sua formação de Youtubers e influenciadores digitais já que ninguém fora desse ambiente o que fazer ou dizer.

Esse tipo de ocorrência, dessa lista de materiais, pode parecer algo banal ou até sem sentido, você pode pensar que há coisas mais importantes com as quais se preocupar e eu até concordo mas, pense bem por um momento.

Se desde criança já embutimos o pensamento de que homens e mulheres são diferentes e que cada um deve brincar, usar e fazer de conta conforme seu gênero, pouco ou nada estamos fazendo para diminuir a diferença entre homens e mulheres muito pelo contrário. 

Estamos reforçando comportamentos normativos que futuramente farão apenas aumentar as diferenças entre homens e mulheres, o feminicídio já que a mulher é uma pessoa de segunda classe, e, de tabela, todos os preconceitos socias associados a manutenção dessas diferenças já que uma sociedade com diferenças gritantes entre homens e mulheres, machista e misógina é mais propensa a expandir tais preconceitos a outras minorias como gays, afrodescendentes, imigrantes ou qualquer outro grupo social que esteja abaixo da classe de machos alfa que se perpetua no poder.

Deveríamos estar preocupados com a ideologia machista e não com a ideologia de gênero.

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