30 de jan. de 2020
Saída
Tenho, com dois amigos, um podcast sobre literatura LGBTQ chamado ORGULHO CAST - disponível nas principais plataformas, ouve lá, não custa, você ouve coisa pior e até gosta que eu sei!
Gravamos quinzenalmente um episódio em que discutimos um livro previamente escolhido e lido por todos os três e sobre os assuntos e temas que o livro em si aborda e, no último episódio, falamos sobre sair do armário.
Tema delicado.
Todos temos opiniões muito pessoais sobre isso, sobre como e quando fazer, se é ou não preciso fazer e não foi diferente entre nós mas, pessoalmente, creio que essa saída do armário é de vital importância na construção da pessoa LGBTQ que você será.
Sair do armário é uma decisão muito delicada e pessoal, ninguém deve fazer isso por você e esses movimentos de OUTING em que pessoas são arrancadas de seus armários e tem sua sexualidade exposta são horrendos pois ninguém além de você deve saber quando e como fazer isso e mesmo se deseja fazê-lo, não cabe a mais ninguém.
Pode parecer algo fácil de fazer ainda mais se considerarmos que nos dias de hoje, assumir-se pode ser algo menos traumático do que, por exemplo, há quinze ou vinte anos mas, não se engane, ainda é um tema delicado e complexo ainda mais na atual estrutura conservadora da sociedade que está dificultando a vida das pessoas LGBTQ o máximo quanto for possível.
Há várias coisas a pesar na decisão de se assumir como família, amigos, trabalho, sociedade, tudo isso deve ser muito bem pensado e ponderado e, se for preciso, procure ajuda profissional pois às vezes não é um fardo fácil de se carregar sozinho, temos instituições, ONGs e profissionais capacitados para guiar você nesse caminho e ajudar a encontrar a melhor maneira de sair do armário.
Por mais que tenhamos muitos avanços nas questões de visibilidade, representação e direitos LGBTQ ainda somos um dos países que mais matam e discriminam pessoas LGBTQ e muitos de nós, ao dar esse passo tão importante na construção de sua identidade, perdem todo apoio familiar, de amigos e ficam em situação de extrema vulnerabilidade e fragilidade. São comuns ainda, infelizmente, os casos de pessoas LGBTQ que ao se assumirem são expulsas de casa e passam a viver em situação de rua ou são jogadas para a criminalidade ou prostituição porque não veem qualquer apoio vindo de onde quer que seja.
Mesmo assim, assumir-se, falar em alto e bom som que você é LGBTQ, é libertador, ninguém deve ter medo de falar abertamente sobre sua sexualidade, não é algo vergonhoso mas algo a ser celebrado, é parte de quem você é, te define e constrói sua identidade como pessoa.
Esse discurso de que não preciso falar, não desejo expor minha intimidade e coisa e tal é um armário dentro do armário, enquanto você não aprender a lidar com sua sexualidade de forma aberta, direta, não reprimida e naturalmente você seguirá saindo e entrando do armário vezes seguidas o que é um desperdício de vida e energia.
Não devemos ter medo de falar que somos gays, lésbicas, trans, travestis, não binários, seja o que for, precisamos é bater no peito e falar isso aos quatro ventos, não tenha vergonha de ser quem você é, quem estiver ao seu lado é que precisa aprender a lidar com isso, não você e essa a questão principal: antes de se assumir para outros, assuma-se para si, olhe no espelho e diga em alto e bom som EU SOU LGBTQ!
Sem se assumir para você não faz sentido assumir para outros porque você ainda não terá isso resolvido dentro de si, quando tiver, não esconda, não pense que isso deve ficar restrito ao pessoal, ao íntimo, isso é esconder quem você é e você é uma criatura LGBTQ linda e única que merece respeito e amor, não deve jamais ter vergonha de dizer abertamente quem é, essa vergonha pertence ao olhar do outro e esse olhar pouco tem a acrescentar senão julgamentos e opiniões que não irão mudar em nada sua vida ou sexualidade muito pelo contrário.
Ser LGBTQ é uma coisa maravilhosa, ser LGBTQ e poder falar isso em alto e bom som sem medo, sem culpa e com orgulho, não tem preço!
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