30 de jun. de 2020

filosofia barata

Pequena Análise Filosófica de SEGURE O TCHAN


Pau que nasce torto
Nunca se endireita

Aqui vemos claramente uma alusão, utilizando de um ditado popular, sobre como as classes e seus membros são subjugadas pelo status quo vigente. A ideia central versa sobre a inviabilidade de qualquer mudança social ou comportamental já que somos essencialmente crias de nosso ambiente social sendo incapazes de fugir de nosso destino posto que tais forças são inexoráveis, incontornáveis e impossíveis de serem quebradas.

Menina que requebra
A mãe pega na cabeça

O mote neste verso é sobre como a infância pode ser corrompida por vícios e tentações numa clara alusão à falibilidade dos pais em prover um ambiente estável de criação. A cultura na qual a criança está inserida acaba assumindo o papel paterno e materno enquanto os pais, impotentes, apenas conseguem expressar surpresa através de gestos de desespero e quase resignação ante sua incapacidade de gerir a criação da prole.

Domingo ela não vai
Vai, vai
Domingo ela não vai não
Vai, vai, vai

Temos aqui claramente uma alegoria religiosa. Enquanto a canção clama para a festa, para a carne e tentações mundanas, há umas constatação de que o objeto alvo da mesma se recusa a participar pois, no dia sugerido, Domingo, claramente um dia dedicado ao resguardo e divino no catolicismo, ela não poderá ir pois precisa cumprir com seus deveres para com o divino.

Segure o tchan
Amarre o tchan
Segure o tchan tchan tchan
Tchan tchan

Este verso dialoga claramente com o anterior e com os antes dele. Enquanto se prega uma entrega a festa, tentações da carne e do espírito, luta de classes e revolução sexual até, no verso anterior temos uma ode à moderação já que mesmo ante os convites tentadores, ela não vai pois é Domingo. Ainda assim, o desejo latente é forte e então, é preciso 'segurar o tchan' ou tudo há de descambar e a ordem, mantida sob uma estrutura tênue, será desfeita.

Tudo que é perfeito
A gente pega pelo braço
Joga ela no meio
Mete em cima
Mete em baixo

Já neste verso podemos ver a revolução latente pois mesmo ante as recusas e espanto paternos numa luta para evitar que a mudança de costumes e até mesmo social se dê, o cantor incita ao prazer como via de atingir os objetivos revolucionários e de desmonte da estrutura social e moral vigentes e normativas.

Depois de nove meses
Você vê o resultado
Depois de nove meses
Você vê o resultado

O cantor encerra sua ode deixando claro que a revolução do prazer, do sexo e a corrupção do status quo são inevitáveis e que este, por si, apenas gesta o que virá sendo o período de uma gestação humana idealizado como o necessário para parir uma nova geração que será livre dos conceitos e preceitos da sociedade vigente.

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