15 de dez. de 2020

do que se pode ou não tocar e sentir (as mesmas coisas?)

 



Existem coisas palpáveis, tangíveis, possíveis, comungando realidade ainda que esta seja algo por demais subjetiva posto que cada um a experimenta com base em seus próprios valores, bagagem, vivencia, sentido e sentimento (não confundir); o real daqui pode ser imaginário aí e vale o oposto, oxalá fossemos todos menos real e mais onírico, feitos de pó de estrela, luz morta-viva de uma galáxia distante, renascida em cada gene mudo que não grita por não deixarmos que o faça e assim, abrir as portas de um mundo mais de gente e menos pseudo-pessoas.

E existe isso, essa coisa cegamudasurda que descarece desses sentidos cinco para fazer-se aqui, algo maior e que depende tanto de atos menores, simples, ínfimos, micro, nano. Mas ímãs que somos, ao invés de grudar o que presta, atuamos nos polos opostos afastando o que se deve e aproximando o que não presta, sina certa da raça, buscar o que sempre esteve na mão achando-o anos-luz distante apenas para na hora sem volta arreganhar bocas e olhos para a verdade quando ela ri de nossa cara ante o tempo perdido.

Mudar? Fácil demais, sim, é, basta pouco, um gesto, um ato(mo), um segundo, milésimo, um oi, olá, te amo, saudades e quero te ver e, um pouco mais de esforço, nada demais, só um pouco mais de boa vontade, de querer mesmo, e essas palavras tomam carne, membros e troncos, abraços, beijos, mãos e olhos. Então, sugiro que no ano próximo que de novo só tem o nome, façamos por merecer essas palavras em vida, em hóstia sacramentada, louvada, transubstanciada, metafisicadeada, empurrando goela abaixo de alguns dos 365 dias modorrentos que seguirão a certeza de que amamos quem nos ama e que desejamos mais proximidade dos que estimamos.

Deixemos as palavras para os léxicos, para os políticos, para as novelas e para nós escritores que sabemos seu real valor, que elas sejam veiculo de trazer para cá, para dentro, para os (a)braços seus, meus, nossos e vossos que são amigos amados e que as lembranças trazem cada vez que conclamadas um gosto doce na boca, um ar novo ao sangue, um olhar de dias melhores, de tempos mais lindos, mais de tudo ainda que seja do mesmo se esse mesmo for com as pessoas certas; não é tédio, nem aborrecido quando à volta estamos com quem conta.

Saiamos mais de nossos trinômios ou equações sem solução para buscar um no outro o ‘x’ da questão, em nós mesmos pouco resolve se a adição depende de mais um e nunca menos um ainda que preciso é ser inteiro mas esse inteiro só faz ser quando agregado aos demais. Por isso mesmo quero mais de todos vocês no ano que vem, vem vindo, chegando, sorrateiro, matreiro, esperto, de faca na mão para dar o golpe de misericórdia no agonizante, cansado, de guerra e nós de batalha.

Prometer? Nunca, não vou pois promessa é divida e dessas já estou cheio das que nunca paguei mas, fica o esforço cimentado de que arrancarei a pele dos ossos para ser mais a vocês e que vocês sejam mais a mim, sem cobrar nada que amizade não é agiota nem cheque especial ou cartão. Tudo se vai de uma forma muito fácil e rápida, meus caros, olho para o lado e vejo gente que não é mais ou que foi um dia e hoje é menos que uma sombra platonesca na vida enquanto eu, do lado de cá da caverna, não sei como trazer de volta para a vida iluminada aqui fora e, nesses momentos, em fato, não há que se fazer muito além de estender a mão, ombro e dar a quem precisa paciência, amor, um afago e aquele sorriso legendado ‘eu sei, eu sei’.

Fantoches de nós mesmos, cortemos as cordas e apontando o dedo ao pupeteiro feito aquele passarinho gritemos ‘Nunca mais!’. Antes que a terra e o universo nos repossua, sejamos felizes, é simples, fácil, nada custa e nem dá assim tanto trabalho, nós é que gostamos de complicar.

Um comentário:

  1. Amei tudo, especialmente o último parágrafo! Que chamada à ação mais linda!

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