17 de fev. de 2021

quão social é sua rede

 


Estou, oficialmente, uma semana sem acessar o FB, não deletei a conta, apenas exclui o aplicativo do celular e, como acesso muito pouco pelo PC, deu-se o milagre!

Cheguei a pensar em efetivamente excluir a conta mas, como ainda tenho planos de ser um escritor famoso ou razoavelmente conhecido ou maldito, ter uma rede social é algo necessário mas, já andava há tempos com o pensamento de que isso era algo como ter um parasita que, se removido, pode causar a morte do hospedeiro, não é mas a coisa foi construída de um jeito que faz parecer assim, pior talvez que a abstinência de drogas pesadas sejam elas lícitas ou não.

Eu já vinha cansado, do formato, das postagens, das galerias, piadas, memes e tudo mais e não quero de forma alguma pagar de superior ou intelectual que sai de todas a redes porque as considera um tipo de poluição mental ou desserviço social, ainda tenho Instagram e sequer cogito um Twitter porque a pouca experiência que tive com ele deixou claro que é arma de tortura psicológica pesada e deveria, talvez, ser banido ou controlado por alguma instituição, voltando, eu simplesmente cansei do formato, não me apresentava nada que realmente quisesse ter, ver ou compartilhar e essa ânsia toda de compartilhar tudo a todo tempo e cada minuto cobra um preço alto de nós, de nossa vida e sanidade.

Vá lá, podem dizer que eu posto no IG e isso é fato e eu ainda tenho prazer em usá-lo, no momento em que esse prazer deixar de ser, saio mesmo sabendo que as chances de divulgar meu trabalho como escritor sem usar as redes sociais vai cair praticamente a zero sem elas.

A discussão também pode enveredar para o lado de que as redes sociais não são, em si, ruins mas que nós que as usamos as tornamos tóxicas pois não sabemos usá-las o que, friamente, é sim verdade afinal, até onde sabemos (ou nos deixam saber), não é uma inteligência artificial que sai publicando comentários e textos racistas, machistas, homofóbicos ou de ódio e intolerância salvo Skynet já esteja pondo as manguinhas de fora e, ao invés de usar armas nucleares, está apenas semeando a discórdia para depois controlar tudo tranquilamente. Não, quem faz essas coisas somos nós mesmos, não precisamos de uma IA para isso, basta a usar a inteligência ou ausência dela se for o caso para tornar as redes sociais um paraíso cheio de infernos os mais variados.

O problema é que, em termos de redes sociais e comportamento tecnológico, ainda estamos mal e porcamente saindo da infância e entrando na adolescência, a tecnologia está muito mais adulta e madura do que nós e não sabemos lidar, como usar ou manusear criando então esses muros de ódio e raiva digitais, essas correntes de intolerância, esses binários de preconceito. Somos pré-adolescentes digitais, sem saber direito o que estamos fazendo ou como devemos fazer, metendo os pés pelas mãos sem medo ou vergonha e sem qualquer adulto para nos dizer o certo do errado porque até mesmo eles estão adolescendo digitalmente.

Como todo bom adolescente, buscamos gratificação imediata, prazer pelo prazer, quebrar as regras, dobrá-las para ver até onde aguentam, contestar só que, ao invés de irmos às ruas, estamos indo às redes e sem qualquer noção do que estamos fazendo mas obtendo a gratificação que precisamos de forma rápida, imediata e certa independente das consequências que isso traga e, aliás, essa é uma palavra que no mundo digital inexiste.

Estamos reféns de nossos eus digitais, de nossos egos on-line e de nossas fotos e likes, estamos usando como preenchimento de uma carência que não será preenchida nunca pois o algoritmo jamais permitirá que seja preenchida, ele nos conhece bem, melhor que nós mesmos ou nossos pais, ele antecipa o que vamos pensar, o que vamos sentir, ele manipula o que pensamos e dizemos e acreditamos, ele é criminoso, polícia, advogado e juiz, ele nos faz comprar e vender, amar e odiar de forma absoluta sem entender que entre um ponto e outro existe uma séria de caminhos que podem levar ao mesmo destino mas de formas distintas ou até mesmo a lugares diferentes que sequer poderíamos cogitar mas que, controlados pelo algoritmo, passam a ser temidos e odiados.

No fundo, já chegamos ao ponto em que nosso código genético não tem mais letras mas apenas zeros e uns...

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