13 de jan. de 2011

as travestis

Leio no momento isto aqui:


O livro foi escrito por Don Kulick, antropólogo sueco gay que fez um estudo sobre as travestis de Salvador por volta de 1996 e a linguagem é simples e direta, acessível para quem, como eu, está fora do meio acadêmico. Por incrível que pareça, a obra foi publicada no exterior há mais de dez anos e somente em 2008/09 ganhou uma tradução para o Português. 

Ainda que todo esse tempo tenha ido desde então, o tema ainda é atual e guardadas as proporções de quando foi escrito, me parece traçar um retrato bem interessante dessas que são as párias das párias pois estão fora da sociedade e fora de nosso grupo. 

Pessoalmente, vou pensar duas vezes antes de fazer piada sobre travestis (ok, nem tanto pois não quero ser um dos 'corretos' de plantão. Quando perdermos a liberdade e capacidade de fazermos troça de nós mesmos, estaremos fadados ao fim). Acho que todos nós, homossexuais masculinos, temos praticamente a mesma concepção sobre as travestis e deve ser a de que são gente suja, perigosa, escória e que não se deve manter como amizade. 

Ainda que falemos o contrário aqui ou pessoalmente para dar ares de liberais, no fundo, entre paredes, não desejamos mesmo ter contato com essas que não são mulheres ou homens mas algo no meio do caminho. Qual de vocês tem amigos travestis? Digo amigo mesmo, de ir em casa, ouvir lamentos, estar presente, não de dizer oi quando vê na rua fazendo ponto, se tanto. Nós aqui não temos. 

Esse livro, ainda que represente um visão única, me deu outra dimensão da realidade das travestis além de me deixar com gosto de quero mais (só não quero sair com elas...) e vou procurar mais literatura sobre o assunto (dicas são bem vindas). Mostrou como sua sexualidade e comportamento são complexos e como eu tinha sim um pré-conceito do que eram elas e que na verdade mal arranhava a superfície do que elas realmente são e representam. 

Quem puder, leia.

8 comentários:

  1. Eu queria entender porque todo mundo que vai estudar travestis vai pra Salvador. Tenho um livro de 1990, por aí, que já falava sobre o tema, tanto que até é citado no livro quanto custava pra ser bombada com silicone industrial.... em cruzados, hauahauh

    Enfim, na faculdade tem um transexual (eu acho, hauahua) que já é avô (o mais doido de ó paí ó é que as histórias dele além de reais, são relativamente comuns no pelô) e tinha outro que era travesti mas não tinha um corpo feminino, assim como a maioria das travestis que conheci em Salvador. A maioria parece mais um cafuçu de vestido e maquiagem, hehe. Me dou muito bem com eles, hehe, tendo várias conversas de comadre, hehe.

    Aqui em SP tenho um conhecido. O irmão de uma grande amiga minha e ele era a típica trava truqueira. Saímos pra beber uma vez, compramos bebida vagabunda num buteco igualmente vagabundo, brigamos com o dono do bar que estava bêbado e saímos por aí andando aleatoreamente enquanto ele ia contando os causos da vida dele, hehe. Cheguei vivo e extramente bêbado em casa. Só não nos falamos mais porque ele some no mundo, literalmente, nem pra família dá notícia. (Nessa saída eu tinha 16-17 anos)

    Sempre admirei as travestis, apesar de serem bichos difíceis de lidar, hehe.

    Quanto a literatura, tive aula com um professor na faculdade chamado Fernando Antônio de Paula Passos. O trabalho que ele desenvolveu é todo sobre teoria de gênero e sexualidade, no meio disso sempre aparece uma travesti, hehe.

    O lattes dele é http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4783989D0

    Outro que tem é o Muniz Sodré, talvez tenha algo na produção dele, principalmente no livro "Império do Grotesco"

    Tem um ramo das artes cênicas/antropologia chamado etnocenologia, que é o estudo das manifestações espetaculares de determinados povos, grupos e etc.. Na etnocenologia deve ter algo, mas não sei indicar nomes

    Abraços e boa pesquisa

    ResponderExcluir
  2. Só pra contextualizar, faço faculdade de dança, e querendo ou não, na faculdade temos de lidar com todo o tipo de pessoas, desde ex-gogos a evangélicos radicais, hehe

    ResponderExcluir
  3. realmente querido. o preconceito é grande e este assunto é tao polemico que ninguem quer nem falar a respeito!

    ResponderExcluir
  4. Vc bem sabe o quanto nos divertimos com elas ali perto de casa, mas no fundo, é triste saber que até mesmo nós temos preconceito justamente por eles serem quem são. Infelizmente a vida é assim. Tentemos então melhor os nossos pré-conceitos.

    E vc pergunta se temos amigos travestis. Claro que sim, e Deividy é o quê?

    ResponderExcluir
  5. Eu não tenho amigos travestis. As poucas vezes (2x) que conversei com um... não me deixaram muito confortável. Sinto-me um tanto confuso, lol.

    Assim que puder eu colocarei minhas mãos nesse livro e lerei também. Já está na wishlist, hehe

    ResponderExcluir
  6. Eu tinha "travestifobia". Explico: quando eu era criança (7, 8 anos), para chegar na escola tínhamos de cortar caminho por uma viela que tinham vários cortiços, todos habitados por travestis. Um dia, eu, CDF que só, cheguei antes do portão da escola abrir. De repente, vejo uma travesti sem camisa, com os peitos de fora, cheia de sangue, com uma faca na mão, correndo atrás de uns garotos que mexeram com ela... trauma total.

    Depois, eu já adolescente, se mudou uma para aminha rua. Minha mãe era amigona dela, mas eu tinha medo.. ainda mais porque ela era chegada num moleque e vivia perguntando dos meus amigos.

    Nunca tive amigos travestis, e acho que você pegou no ponto certo na sua análise.

    Sugiro que você veja o documentário sobre a Cláudia Wonder, o "Meu Amigo Cláudia", é bem legal e está disponível nos sites de download por aí...

    ResponderExcluir
  7. Fiquei super-curioso.. Vou caçar o livro...

    ResponderExcluir
  8. Eu nunca tinha parado para pensar nisso, de verdade. Não me lembro de algum dia já ter falado com uma travesti, as poucas vezes em que vi uma de perto foi em festas, boates, ou na rua mesmo. Não sei se tenho preconceito com relação a isso exatamente por nunca ter tido contato (acredite, a falta de contato foi puramente falta de oportunidade, nunca evitei tal contato antes). Tenho curiosidade de conhecer alguma, mas confesso que nunca cogitei a possibilidade de ter algo com um travesti, pois associo eles mais a mulhres do que a homens...

    Um grande beijo Melo... Até o próximo

    ResponderExcluir

one is the loniest number...

lembranças aleatórias não relacionadas com a infância

Lembrança #10 Lembro de uma festa ou rave ou balada que eu ajudei um amigo a organizar num tipo de sítio eu acho. Estava separado do meu nam...