O ano vai estrebuchando minha gente, vai soltando os últimos suspiros tentando de todo jeito se agarrar ao pouco dele e de nós que resta, não tem jeito, sabe que vai acabar e nós vamos seguir de mãos dadas com seu sucessor, o rei está morto, longa vida ao rei.
Fatalmente, conforme os dias que anunciam a morte do ano se achegam, num processo de morte similar mas nem tanto vamos fazendo aquela pesagem do que foi o ano que está indo pra cova, retrospectiva, lista de acertos e erros, culpas e acusações, lamentos e alegrias. Balanço, fecha a conta e passa a régua e essa conta tem de fechar ou não tem de fechar e se não fechar, bem, recauchutamos o que sobrar dela em metas para o novo que já chega.
Às vezes acho pernicioso fazer esses balanços, me passa uma sensação de finitude e meio derrota, como se tivéssemos apenas esse ano para dar certo, fazer certo, viver certo mas, por outro lado, penso que esse sentimento de encerramento e fechamento é benéfico pois nos faz encarar o que foi bom com gosto e um sorriso - quando possível - e o que não foi tão bom como provável sucesso no ano que vai nascer.
Eu tenho uma dificuldade imensa em fazer esse balanço, pode ter alguma compulsão ou TOC mas eu fico relembrando tudo e tentando não esquecer de nada. O que foi bom, ótimo, excelente? O que foi ruim? O que fiz certo e o que fiz errado? Não consigo lembrar a cor da cueca que vesti hoje pela manhã, como lembrar de trezentos e sessenta e cinco dias? Minha família é pródiga naquela doença que rouba e devora memórias, poderia ser ela já me sondando e roubando as minhas aos poucos mas acho que é mesmo essa falha de por em pesos o que se passou comigo.
Mas, se posso dizer as coisas boas que se passaram - não vou falar das ruins porque segundo aquela autor russo as infelicidades, cada um de nós as tem a sua maneira, mantenhamos então a elas na esfera do privado - poderia dizer:
Em Julho fui na FLIP 2019 com meu querido amigo Roberto Muniz Dias onde participei do lançamento da antologia A RESISTÊNCIA DOS VAGALUMES da editora NÓS:
Essa antologia, organizada pela Cristina Judar e Alexandre Rabelo, é de extrema importância considerando o cenário de obscurantismo que se acerca de nós no atual (des)governo e conta com nomes de peso como podem ver na imagem acima.
O lançamento em Paraty - e depois em SP - serviu para expor nosso trabalho e abrir um foco de resistência e, fora esse evento e livro foda, flanar pela FLIP com Roberto, encher a cara no bar de vinhos, comer e participar de mesas diversas conhecendo autor@s divers@s foi e sempre é uma experiência foda ainda mais para quem escreve.
Sai de lá feliz e falido porque devo ter comprado metade da feira mas livros são, algumas vezes, melhores que pessoas.
Também tive o prazer de ver duas peças do Roberto montadas aqui em SP:
Roberto é meu amigo há mais tempo do que já posso lembrar e tem construído uma carreira sólida na dramaturgia, partilhamos das alegrias e tristezas de escrever e seguimos tentando deixar nosso nome em algum lugar nem que seja para falarem mal da gente.
Depois de me incorporar as estatísticas em Julho, o tempo passou a sobrar e foi com esse tempo extra que vi algumas belezas na 43 MOSTRA DE CINEMA - devo ter visto uns 27 ou 28 filmes:
Fora o que vi em casa em Dvd ou streaming, pelo Letterbxd - onde tenho conta, a soma é de 142 filmes vistos, nada mal penso eu. Já do lado da leitura, acho que bato a meta de ler 45 livros esse ano, já estou no 44 e 45 que você pode acompanhar no Goodreads.
Depois veio o convite do Alexandre Rabelo para ajudar ele na coordenação do MIX LITERÁRIO que integra a programação do MIX BRASIL em sua 27 edição este ano:
Foi um evento foda que ocupou a Biblioteca Mario de Andrade, para mim foi um tesão do caralho ter ajudado na organização do evento, das mesas, conhecido gente incrível que está produzindo literatura de qualidade e de resistência e, se puder e me quiserem, estarei lá ano que vem com certeza! Acabei descobrindo um lado meu que não conhecia de organizar e produzir.
O mais foda foi ter mediado mesa com Santiago Nazarian, Samir Machado de Machado e Cidinha da Silva, confesso que gelei quando Rabelo me pediu pois exceto por Cidinha eu mal conhecia as obras dos outros dois mas, me preparei bem e acho que a mesa foi um sucesso além de ter conhecido Santiago - fã do Suede, trocamos altos papos, se é fã do Suede não tem como não ser gente boa - e Samir cujo TUPINILANDIA está na lista de leitura para em breve.
Meu segundo livro de contos deveria ter saído ainda este ano mas, devido a alguns imprevistos, tive de adiar para 2020 - e Cristina Judar sabe o quanto me ajudou nesse processo todo aliás não só ela mas Alexandre Rabelo também. O livro está pronto, projeto gráfico foda feito pelo Fabiano Souza, tudo certo, só batalhar a publicação e, ano que vem, meti na cachola que vai ser meu ano na literatura, tenho mais material pronto, um ou dois romances em andamento e outro sem fim de ideias que eu estou bolando não apenas sozinho mas com outras pessoas.
Falando nisso, esse ano nasceu o ORGULHO CAST podcast no qual eu, Paulo Sergio e Fabiano Cardoso falamos de livros e literatura LGBTQIA+, a ideia nasceu como resposta a tudo isso que está acontecendo no país e resolvemos abrir essa frente para mostrar que a gente pode até sofrer mas jamais seremos calados! O podcast é quinzenal trazendo, a cada episódio, um livro diferente com os comentários e opiniões dos três.
Acho que de forma resumida foi isso, tive perrengues? Claro que tive mas nada que fosse demais, se entrar nessa conta de fim de ano, apesar de tudo, não posso me queixar de 2019, das pessoas que conheci, dos amigos que ainda tenho, das coisas que fiz, dos porres que tomei, de tudo que comi, de tudo li e do meu amor pra vida que é Wanderson Wans, 17 anos de vida comum e junta e misturada.
Pode vir 2020, pode vir que eu tô bem pronto!
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