8 de jan. de 2020

E o ódio ainda cega...

Escrevi aqui sobre aquele incidente da Karol Eller o qual acabou por se mostrar bem diferente dos fatos reportados pela 'Youtuber'.

Claro, é revoltante uma figura que pertence ao universo LGBTQ - e não adianta renegar, ela é sim parte do L do LGBTQ, desejar que ela não seja ou que seja expulsa da comunidade é um ato homofóbico sim - usar a homofobia que a duras penas foi criminalizada como saída para tal situação mas, como só podemos nos fiar no que diz a mídia e a polícia, prefiro ainda lhe conceder o benefício da dúvida.

Mesmo que tenha sido ela a iniciar o enrosco todo e que, em assim sendo, tenha automaticamente perdido a razão, não posso deixar de pensar que em algum momento o cociente homofobia veio somar no calor da discussão o que merece nosso mais forte repúdio.

No pior cenário, temos uma mulher lésbica, aparentemente conservadora, apoiadora do messias e crítica do movimento LGBTQ e sua militância, crente do conceito de vitimismo e mimimi e que, ao se defrontar com uma situação adversa e potencialmente danosa e perigosa a si, resolveu alegar homofobia como se houvesse criado repentinamente uma consciência LGBTQ apenas por que lhe era, então, conveniente.

Isso no pior cenário porque mesmo sendo ela tudo isso que mencionei, não teria então direito de alegar ter sido vítima de homofobia? Ou a criminalização serve apenas para ativistas e gays de esquerda? Se é assim então há algo de muito errado conosco porque não podemos exigir que tal direito seja aplicado apenas para os gays deste lado de cá, alijar os gays de direita desses direitos é agir como os héteros e praticar a homofobia também.

O que devemos fazer é tentar entender porque pessoas LGBTQ não conseguem se encaixar ou encontrar uma voz na comunidade e trazer essas pessoas para nosso lado criando vozes que dialoguem com elas, não afastá-las e execrá-las.

Se existem gays de direita e conservadores o problema não é que eles estão aí mas que nós, enquanto comunidade e voz de uma parcela da sociedade, falhamos em abrir os olhos dessas pessoas que acabaram, consciente ou inconscientemente abraçando o 'inimigo' pois ele soube dialogar e dizer o que elas queriam ouvir.

Acho compreensível que existam gays de direita e que repudiem a militância e tudo mais, não adianta fazermos cara feia e achar que eles não existem ou tem graves problemas mentais, ao considerarmos essas pessoas como traidoras ou não dignas da luta LGBTQ as estamos empurrando cada vez mais para os braços do outro lado e enfraquecendo o nosso que posa de intolerante municiando a sociedade hétero com argumentos que não conseguimos refutar.

Eu espero que Karol tenha entendido onde errou e que todo esse caso tenha ajudado a abrir seus olhos mas, se ela ainda seguir convicta de suas posições não cabe a nós fechar as portas a ela mas sim mostrar que estaremos sempre com elas abertas para aceitá-la.

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