6 de abr. de 2020

Eu te amo meu Brasil

Hino Bandeira Flâmula Brios Velório Caixão.

Brasileiro é algo saído de um laboratório estranho, de alguma combinação misteriosa que deu um povo meio nem lá nem cá mas que sabe seu lugar sem igual no mundo.

Carlota bateu as tamancas ao sair daqui para não levar da terrinha nem um mísero grão de pó e nós que descendemos de quem ficou estamos até hoje batendo essa mesma poeria de nossos sapatos.

Nunca tivemos assim um senso de nacionalismo tipo o Made in USA salvo na sazonalidade de eventos como copas do mundo, olimpíadas e afins quando a nação vira canarinho e parece lembrar que vive debaixo da mesma bandeira. Passado isso, voltamos a viver em pequenos brasis.

Durante a ditadura - e sim, foi uma DITADURA por mais que seu presidente diga o oposto - num frêmito ufanista, todos cantávamos EU TE AMO MEU BRAZIL EU TE AMO, era a época do AMEO-O OU DEIXE-O que ajudava o regime a manter o povo em rédea curta e exaltava os valores nacionais mascarando as barbáries que os milicos cometiam debaixo do verde e amarelo onde rios de sangue corriam mansos.

Agora, vivemos a mesma coisa repaginada através do desgoverno Bolsonaro, BRAZIL ACIMA DE TUDO-DEUS ACIMA DE TODOS com a adição desse conteúdo teocrático apavorante. Fustigando as massas com fervor nacionalista, Bolsonaro vai enfiando goela abaixo sua agenda neoliberal, conservadora e 'cristã', PÁTRIA ARROMBADA BRAZIL.

O mais triste nisso tudo é que se antes já éramos um povo tímido e até mesmo envergonhado em ostentar símbolos nacionais, expressar nosso amor ao país que nos pertence, com a eleição do messias fomos exilados de vez dessa prerrogativa.

Há de entender - e não sou eu que irei explicar isso, há gentes mais capacitadas para isso - porque nunca tivemos esse orgulho nacional salvo em ocasiões isoladas. A melhor explicação penso que a deu Nelson ao nos alcunhar de eternos vira-latas mas, acho que nossa vergonha anda de mãos dadas com nosso orgulho porque ao mesmo tempo em que achamos brega usar as cores nacionais, batemos no peito e adoramos o reconhecimento de sermos brasileiros.

Temos orgulho em sermos brasileiros mas não em sermos do Brazil porque ser brasileiro é uma ideia, um conceito que vai além de fronteiras, bandeiras e cartas magnas enquanto o país é algo obscuro e fadado a ser associado a coisas menos edificantes e de que sim devemos nos envergonhar ou seja, somos brasileiros mas não somos do Brazil, renegamos essa associação como se brasileiro fosse algo alem da pátria, uma condição eterna que independe de fronteiras, um estado de espírito.

Essa dissociação de pátria/nacionalidade nos persegue e creio que nos perseguirá durante muito tempo ou para sempre, quem sabe? Não existe um Brazil mas vários e digo isso não de maneira sociológica ou antropológica mas com a ideia de cada um nós carrega um país dentro de si que é totalmente distinto do conceito de nação que deveríamos ter como um todo.

E o pior é o roubo que o conservadorismo fez de nós mesmos, do orgulho em sermos brasileiros como disse mais acima. Deturparam de tal modo que passamos a associar nossas cores, bandeira, hino e tudo mais a moralismos, religião e vertente ideológica a ponto de execrarmos tais símbolos pátrios como se fossem parte de um rito de exorcismo.

Acho que passou da hora de roubarmos de volta esses símbolos que eles nos tiraram e deturparam mas, para isso, precisamos que o Brazil em mim possa falar com o Brazil em vocês e que todos esses Brazis possam falar entre si e numa só voz gritar BASTA!

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