26 de abr. de 2022

O contador de histórias

Todo mundo adora uma boa história, se for bem contada então ainda melhor.

Não é a toa que a história, de forma geral, acaba sendo contada por quem vence grandes batalhas ou por quem sabe contar melhor o seu lado dos fatos ou seja, quem controla a narrativa, controla a história.

Não é preciso ir muito longe para comprovar isso, basta dar uma olhada na Rússia de Stálin, China de Mao, Alemanha de Hitler e, porque não, Brasil de hoje.

A melhor maneira de fazer com que as pessoas acreditem em algo é controlar a narrativa, fazer com que apenas o seu lado da história seja levado a sério e tomado como verdade incontestável, deixemos de lado debate, argumentos ou análise, confie no que estou dizendo, eu sei do que falo e posso provar mesmo que essas provas sejam estapafúrdias.

O controle da narrativa não acontece da noite para o dia, nem Jesus conseguiu isso que dirá presidentes e afins. Isso ocorrer de forma lentar e persistente, é um trabalho dedicado feito mais simples pela agilidade e pouca veracidade das redes sociais; antes, se você quisesses saber se algo era verídico ou não, teria de se debruçar sobre o assunto, ler vários jornais, análises, discutir até chegar em alguma conclusão enquanto hoje, se está no Google ou aquele youtuber ou influencer falou com certeza deve ser verdade, não é preciso se dar ao trabalho de analisar, a informação já vem pronta e sem abertura para contestação, aquilo é uma verdade e você não precisa se preocupar em analisar porque isso já foi feito para você, apenas ouça e aceite.

O Bolsonarismo aprendeu essa lição muito bem e está muito na frente enquanto a esquerda segue tentando entender como fazer isso. Desde antes de assumirem o poder, os Bolsonaristas já utilizavam a posse da narrativa como seu meio de consolidar suas ideias e planos e, mesmo quando questionados, jamais deixaram a narrativa sumir ou mudar e, no final das contas, a mentira contada mil vezes acaba virando verdade.

Através da construção de uma narrativa única e que não admite contestações, o Bolsonarimos criou raízes que não podem mais ser arrancadas, em torno de um projeto de governo e país embasado em valores nacionalistas, tradicionais e religiosos, ele se ergueu feito colosso e farol para todos que não acreditavam mais numa sociedade justa e que preferem a meritocracia ao invés de igualdade e que, convenhamos, é a cara do brasileiro médio.

O controle da narrativa está cimentado, vejam como as redes sociais Bolsonaristas não perdem tempo em contestar quaisquer fatos ou acontecimentos com outras versões dos fatos sempre citando a liberdade de expressão, opinião e de que são perseguidos por expressarem seus ideais, não há comprovação, não há argumento apenas o discurso de que são perseguidos sem informar de que fazem o mesmo ou, quando confrontados com provas irrefutáveis, usam as mesmas desculpas, foi tirado de contexto, não deixaram margem para explicação e se vitimizam apontando o dedo para a patrulha ideológica.

Bolsonaro e seus seguidores assumem esse tom messiânico em suas narrativas, não existe contexto aplicável, não existe debate de ideias, apenas as mesmas histórias contadas com palavras diferentes e não importa se não correspondem aos fatos porque estes precisam dobrar-se a narrativa e não o oposto. Então pouco importa se eles defendem a tortura, se defendem o preconceito, o racismo, o machismo ou qualquer outra barbaridade, dentro da narrativa Bolsonarista isso não importa porque não são os fatos que importam mas a narrativa e ela está sob controle.

Não seria de espantar que esse controle fique ainda mais ferrenho com a proximidade das eleições e muito pior num eventual segunda mandato o qual, se vier, talvez a história que será estudada no futuro seja bem diferente da que conhecemos afinal, o que seria mudar a história para quem a está escrevendo?

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